História Não odeie Park Chanyeol - O inimigo dorme ao lado

                                                                                          
O céu estava limpo, o sol era vibrante, os pássaros cantavam e transitavam entre as várias árvores do campus, no céu as nuvens que preenchiam o espaço azul formavam desenhos engraçados se você olhasse fixamente para elas, o falatório era notável no ambiente, as pessoas andavam de um lado para o outro observando a cena um pouco assustadas e paravam imediatamente para acompanhar o destinatário do tumulto que estava acontecendo.

Naquele exato momento tudo que estava acontecendo era muito comum para os veteranos daquela faculdade, mas não para os calouros que olhavam abismados, coitados.

— Você vai ver o que eu vou fazer com você seu imbecil! — Chanyeol disse raivoso, olhou para o grupo de artes plásticas que estava com uma barraca bem ao lado da minha. Você já deve imaginar o que aconteceu. Artes plásticas e tinta tinham tudo a ver.

Ele exibiu o sorrisinho que eu já estou familiarizado. Aquele sorriso, em específico, significa que ele vai estragar meu dia, que infelizmente mal tinha começado. 

Mas vamos para o tópico de probabilidades de eu, Byun Baekhyun me safar dessa.   

A velocidade é muito importante nesse momento, mas é claro que ele vai ganhar pois se comparamos a velocidade entre nós dois, é a mesma coisa que botar uma lebre e uma tartaruga para competir em uma corrida então…

 1 —  Aceitar o desafio e tentar correr atrás da lata de tinta que está mais próxima de mim.  

 2 — Fugir até meu pulmão saltar pela boca. O que não era tão ruim, mas para Byun Baekhyun fugir nunca é uma opção! 

3 —  Enfrentar o grandão quando ele pegar a lata de tinta, que provavelmente ele vai pegar. 

Eu tinha três opções ao meu dispor então resolvi escolher a primeira, sem pensar muito, é claro. 

— Parem de se encarar e comecem a brigar logo, seus idiotas! — Alguém muito nervoso falou. 

Quando nós saímos do transe corremos em direção às tintas que estavam no chão, não muito longe de onde estávamos. A menina de cabelos pretos e curtos que estava pintando um quadro nos olhou como se fossemos marcianos, ele pegou a lata de tinta primeiro, mas o que mais me surpreendeu foi que eu também alcancei a mesma lata de tinta milésimos de segundos depois dele. 

Ele puxou a lata, eu puxei de volta. Isso me lembra do episódio do refeitório quando a Momo ficou toda suja por causa de sua insistência. Pelo jeito o Park tem muito em comum com ela, mas é aquele ditado, né? "Você é o que você come". 

Dei uma risadinha breve o que resultou no relaxamento dos meus braços, eu já não era tão forte como Chanyeol, então as puxadas que ele dava já me faziam arrastar meus pés na grama sujando meus tênis branquinhos. 

Ele puxou a lata com força, mas minha mão não estava mais segurando, eu como um iludido tive a breve esperança dele se sujar como aconteceu com a Momo, mas não foi isso que aconteceu, porque a lata estava fechada. Que mundo cruel!

— Tão fraco! Você nunca vai se tocar que não é páreo para mim? — Falou calmamente se aproximando e abrindo a tampa da lata. Eu engoli em seco, mas bem seco mesmo, pois já imaginava o que iria acontecer. 

— Se eu não fosse páreo, não iríamos brigar tantas vezes e você não se importaria tanto em perder uma discussão contra mim — Disse e soltei um sorrisinho quando vi que ele se sentiu abalado momentaneamente. 

— Você é um tremendo de um arrombado pra falar assim comigo — ele pareceu pensar um pouco — ah, esqueci... o pessoal não te chama de virgem? Deve ser verdade então, quem iria te querer, não é mesmo? — tentei não me sentir ofendido, ele sempre dizia algo do tipo, eu já estava acostumado. 

— O que uma coisa tem a ver com a outra? — revirei os olhos, como sempre ele estava sendo prepotente — Se sente rebaixado por sempre perder pra um virjão que segura toalhas e garrafas d'água, quando o bundão aí está jogando?

— Isso não importa, você sabe que essas discussões infantis nunca me prejudicou, agora não posso dizer o mesmo de você, já que tem me manter uma boa reputação para não perder… — se aproximou mais um pouco de mim, em suas mãos a lata já estava aberta colocou a mesma em cima da minha cabeça, mas não a virou, seus lábios encostam levemente em minha orelha — a sua bolsa estudantil, não importa também porque você nunca poderá fazer nada contra mim — falou firme em um tom claro de deboche.

Antes que eu pudesse contestar alguma coisa ele virou a lata com tinta azul no topo da minha cabeça, imediatamente ouvi as pessoas rindo e outras surpresas. Pude sentir o cheiro forte atravessando minhas narinas e o líquido escorrendo pelos meus fios pretos. 

Como eu tinha prometido a mim mesmo que esse ano eu não iria ficar parado com aquele tipo de coisa, assim que ele se afastou eu me virei e vi que a mesma menina já estava com outra lata em mãos, então eu me aproximei da mesma e peguei a lata. 

— Ah, Não. De novo não! — a menina fofinha dizia. 

— Me desculpe, mas eu preciso fazer isso — eu até que me senti mal pela pobre menina. 

A lata já estava aberta e Chanyeol estava de costas se exibindo para o time. 

— Ei! Chanyeol! — quando ele se virou não pensei duas vezes, joguei a tinta na cara dele.

— Byun Baekhyun!! — ele avançou em cima de mim já com o punho levantado, mas graças a umas aulinhas de defesa pessoal que fiz nas férias, consegui me esquivar, mas não consegui me livrar do outro soco que ele me deu logo em seguida bem no meu rosto. No rosto não, cara!  

Eu fui com tudo para cima dele, com o peso do meu corpo e do impulso que eu tinha dado nós caímos no chão e eu fiquei em cima dele com uma perna de cada lado, acertei seu rosto com um soco com toda força que eu tinha, depois outro e mais outro.

 Eu não entendia...  porque ele não está revidando?
  
— Byun Baekhyun, por favor saia de cima de Park Chanyeol e me acompanhe até a minha sala! — Ao ouvir a voz do Reitor, não tive reação. Agora a situação era grave — Você também deve me acompanhar Chanyeol, preciso de explicações — Ditou sério já saindo do local, olhei pra baixo e eu ainda estava em cima do Chanyeol. O rosto dele estava todo sujo de tinta parecia uma abóbora gigante, já que a tinta que joguei nele era laranja. 

— Sai de cima de mim! — ele gritou e com o susto que eu levei fui saindo logo — estava gostando é?

— Gostando de te bater? Estava sim — Dei um sorrisinho vitorioso. 

— Baekhyun — Me virei assim que ouvi meu nome — Como você pôde fazer isso? Sabe que esse comportamento vai te deixar com grandes problemas — Luhan disse passando as mãos em meus cabelos e tirando o excesso de tinta do meu rosto. 

— Nós tentamos te tirar dali, mas os caras do time não deixaram a gente passar — Kyung lamentava ao mesmo tempo que me entregava um lenço.

— Está tudo bem, a culpa foi minha, me exaltei e fiz o que não devia — passei a mão no cabelo, não conseguindo ajeitar nada por que a tinta já estava endurecendo. 

—  Se o Reitor quiser te expulsar, lembra que meu pai é advogado, ele conhece seus direitos — Luhan disse determinado, eu apenas ri. Eu tinha bons amigos.

A sala do Reitor era grande e bem decorada, caracteres japoneses decoram um grande vaso em sua mesa. Tivemos que ficar em pé, visto que o diretor não nos deixou sentar em seu sofá de couro.
 
— Byun e Park não é a primeira vez que vejo vocês sendo o centro da confusão no campus da minha faculdade. Então eu vou dar a chance de vocês se explicarem dessa vez — Ditou sério, com os braços cruzados. 

— Sr. Kim você precisa acreditar em mim — Eu e Chanyeol falamos em uníssono. 

— Deixa eu falar primeiro — Tentei fazer uma manipulação, eu não queria falar primeiro, estava com um certo medo. 

— Nunca! Eu vou falar primeiro — Chanyeol me empurrou para trás passando na minha frente e ficando bem em frente ao Reitor. Dei um sorrisinho de canto, ele caiu direitinho — Estava eu e os caras do time jogando bola, mas bem fraco, pois era apenas uma demonstração para atrair os novatos. A bola infelizmente acabou acertando o Baekhyun, pedi educadamente a bola de volta — levantei as sobrancelhas, saindo de trás do grandão — Ele foi mal educado e furou a bola! Mas eu joguei fraco, não coloquei força nenhuma! 

— Eu tive tontura e derrubei os bolos do meu clube, se isso foi fraco senhor Kim, eu não quero ver o forte — expliquei, vendo Chanyeol revirar os olhos. 

 — Está bem, sabe essas coisas acontecem Byun — ele sabia que a culpa era do Chanyeol e estava tentando limpar sua barra — Foi errado da parte dos dois iniciarem uma briga logo na recepção dos calouros! Eu não quero mais essas brigas na minha faculdade, vocês são dois adultos!! — Eu sou adulto, Chanyeol tem a maturidade de criança do Jardim de infância — Dessa vez não vou aplicar nenhuma divergência, mas se brigarem assim de novo, no meu Campus, vou enviá-los para o Conselho Universitário — aquilo sim era ruim, então apenas concordei com a cabeça, com cara de bom moço — agora vocês podem ir. 

— Até mais sogrinho — ouvi Chanyeol dizer assim que passei pela porta. 

Voltei para meu quarto para tomar um banho e quando eu estava entrando com os pés na entrada, levei um baque tão forte que caí no chão. 

— Eu sabia que os smurfs existiam! — levantei o olhar e encontrei o Donghyun parado me encarando. 

— Sabe o que os smurfs sabem fazer? — ele negou — cosquinhas!! — fui pra cima dele, mexendo meus dedos em sua barriga. Eu não era assim, mas estava de bom humor e aquele menino é um fofo.

 
— Para Baekhyun... para.... — O coitado não estava conseguindo respirar e quando parei seu cabelo estava todo desarrumado e suas bochechas rosadas. Ele parou e me encarou, encarou mesmo, tanto que estava me deixando assustado. 

— O inimigo dorme ao lado — Disse. 

— Dong, tá tudo bem? — Coloquei minhas mãos na frente do seu rosto e ele voltou do transe — você me assusta, moleque. 

— Por quê? — Perguntou curioso. Ele já me falou uma vez que não se lembra das coisas que fala, é por isso que eu me afasto quando estamos virando amigos próximos. Não me culpem, eu gosto dele, mas eu preciso de um tempo para recuperar meu psicológico. 

— Você só tem essas visões comigo... e elas me assustam — fui sincero. 

— Não faço por mal, devia se acostumar, porque só quero o seu bem.  

— Meu bem? — Eu estou confuso, essa é provavelmente a conversa mais profunda que já tive com ele. 

— É, você não entende agora, mas um dia vai entender e não vai demorar muito. 

Eu realmente não entendia, preferi deixar o papo morrer ali mesmo. Me levantei para separar a roupa que usaria depois do banho, virando de costas para o menino. 

— Baekhyun! — tomei um susto quando Luhan apareceu na porta do quarto — estava falando com quem? Ouvi sua voz lá do corredor.

Olhei para a cama em que o Dong estava sentado, mas ele não estava mais lá. Deve ter saído rápido e Luhan não viu. 

— Estava falando com minha mãe no telefone — Não sei porquê mentir, as palavras apenas saíram da minha boca. Parei uns minutos sem entender a minha reação, eu estava me sentindo muito estranho.

—Ah, sim — ele balançou a cabeça — toma banho rapidinho, para dar tempo de comer e ver a divisão do quarto depois — Me disse, logo saindo. Encarei a cama novamente antes de entrar no banheiro.

...

O refeitório estava lotado. Tipo muito cheio mesmo, apesar de ser o refeitório central. Estava cheio de gente nova e isso me deixou uma nostalgia gritante. É meu último ano do curso de música, não posso dizer que foi cem por cento incrível, mas conheci pessoas que levarei para vida, como o Kyungsoo e Luham, meus melhores amigos. Que sem dúvidas quero levar pro resto da minha vida.

Foi difícil encontrar os meninos naquela multidão, eu consegui os ver perto da enorme janela, ao me aproximar um pouco mais, vi que ao lado do Luhan tinha um garoto de cabelos castanhos escuros igual do Kyungsoo e queixo bem marcado, quanto mais perto eu ficava dele, mais bonito ele ficava. 

Sentei ao lado do Soo e na frente do Luhan, eles já estavam me entregando a minha bandeja cheia de comida. Agradeci. 

— A fila estava muito grande e ia demorar muito para você pegar sua comida — Luhan começou — Não tinha o leite fermentado que você gosta, peguei o de banana — concordei. 

— Obrigado! E quem é esse? — perguntei apontando para o garoto bonito que está ao lado do loiro, não pude evitar comentar sobre aquela presença. 

— Esse é Oh Sehun, o novo membro do clube — Luhan apresentou com um sorriso — E também é calouro.

— Sou Baekhyun, Byun Baekhyun — ele sorriu tímido, apertando levemente a mão que eu tinha estendido para ele.

Logo em seguida, comecei a contar o que aconteceu na sala do Reitor, quando ouvi Sehun falar pela primeira vez:

— Park Chanyeol é o capitão do Red Tigers, não é? — alguém avisa pro novato que esse nome é proibido nessa mesa?

— Ele mesmo — Soo respondeu — Conhece ele? 

— Eu falei com ele hoje, fui fazer o teste pra entrar no time e ele falou comigo — ergui a cabeça — Ele parece ser legal — essa foi boa, não evitei rir. 

— Se você diz, novato.

— Você passou no teste para o time?  — Luhan parecia curioso. 

— Passei! eu sempre gostei de futebol americano, na minha escola eu era o arremessador e capitão também, então acho que eu surpreendi eles, o Park até falou que eu tenho um futuro brilhante pela frente se eu escolher jogar profissionalmente — Disse animado, apesar de ser tímido no início ele estava se soltando aos poucos. 

— E você pensa em fazer isso? — Luhan continuava perguntando.

— Não sei. Eu gosto de futebol, mas gosto muito de design de moda, que é o curso que estou fazendo. — Terminou seu suco, deixando na mesa e continuou — Alias, vocês sabem o motivo de ter veteranos dando números para os calouros? Quando eu passei por eles, eles me deram 10, o que isso significa? — Eu não podia nem fazer qualquer tipo de julgamento, pois Sehun era realmente um 10. 
 

Sehun era um garoto maneiro e estava sendo muito bem-vindo no nosso grupo, eu gostava que aos poucos nossa mesa se enchia, me surpreendeu mais ainda a conexão que Sehun teve com meu loirinho Luhan, eles não paravam um minuto de conversar, até Kyungsoo largou o celular e percebeu, olhou pra mim levantando as sobrancelhas perguntando se eu tinha notado aquele lance ali também.    

...

Já estava no fim da tarde e o sol estava se pondo. Passei pela entrada do alojamento e logo percebi a aglomeração. Esqueci completamente da divisão dos quartos, me enfiei entre as pessoas mesmo recebendo umas cotoveladas e olhares feios.

Procurei meu nome, até não acreditar que estava realmente do lado daquela pessoa, continuei procurando como se tivesse acontecido um tipo de erro. Infelizmente não tinha. 

                             
 ParkChanyeol e Byun Baekhyun — Quarto 210