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História Não vele, revele - Embora o tempo passe...


Escrita por: twofold

Notas do Autor


E é com a maior alegria que apresento esse projeto a vocês, caros leitores.
Espero que curtam a história, tanto quanto curti desenvolvê-la.
Só vou me apresentar rapidinho, prazer @exbur. Só isso mesmo haha.

Vou tentar ser breve, mas caso não esteja afim da melação, pode pular direto pra história ♡.

Bem, eu deveria ter postado NVR há um tempo, mas nunca é tarde.
Recentemente fez três anos que uma garota incrível apareceu em minha vida, e sim, essa fic é um presente meu para ela @raviossa. Um projeto onde pus meu coração, e nossas personalidades.
Ela não sabe, mas eu a enganei dizendo que ainda estava fazendo seu presente quando na verdade ela já tinha o lido e nem se tocou disso, haha’. Era só pra despistar.
Bem, moze, eu só quero dizer que sou grata por você ter lutado tanto por mim, tanto por nós. Sei que já tentei me afastar, mas você com uma determinação e motivos que até hoje guarda a sete chaves no coração, me segurou e não me deixou partir, como muitos já fizeram.
Eu sou impulsiva e muitas vezes apática, mas você está sempre ao meu lado, e só o que te peço é que permaneça, mesmo que soe egoísta.

Te amo, moze ♡.

Voltando a NVR. Sempre quis abordar esse tema, e pode não parecer, mas é muito desgastante de escrever. Sim! Pois você se coloca no lugar dos personagens e sente a decepção. Bem, o começo, como eu suponho que a maioria já sabe - sinopse para quem leu e tal - é bem triste. Mas vamos ficar no aguardo e na torcida desse casal liendo, para o qual sofremos horrooores.

Boa leitura, queridos cottonzinhos.

Capítulo 1 - Embora o tempo passe...


Fanfic / Fanfiction Não vele, revele - Embora o tempo passe...

“As coisas ficarão melhores, ou serão esquecidas, conforme o tempo passe”.

Como estas palavras de conforto parecem não ser o suficiente para te deixar conformado,

mais uma vez eu fico inquieto...


 

Capítulo Um

 

Dizem que... “A pior distância não é aquela que se mede em quilômetros, e sim aquela que você está de frente para quem ama, mas ela não se importa nem um pouco de estar ali. Se distancia na mente, no coração e só deixa a carne, como se fosse melhorar alguma coisa. É quando a conversa termina, e o silêncio incomoda. E pior, é saber que o vazio não é ausência de assunto e sim de entusiasmo, de vontade.”

 

Baek Hyun estava sentado numa cadeira por trás da mesa, suas filhas ocupavam os lados, uma na direita e outra na esquerda, uma em frente a outra riam. Assunto é o que não faltava a mesa com seus dois tesouros. Mas faltava com o seu marido, Park Chan Yeol, que estava sentado na outra extremidade, bem a sua frente. Ele tem aquele sorriso largo e desmedido, assim como olhos amendoados, que são comumente expressivos e brilhantes.

 

Quando fora a última vez que teve um olhar desse direcionado a si? Pensava Baek Hyun.

 

Chan Yeol, que a todo momento brincava com suas filhas, acabou olhando para a frente e seu sorriso vacilou quando encontrou o olhar de Baek Hyun. Seu marido mantinha uma taça na mão direita, vez ou outra bebericava o vinho contido nesta, entrementes sustentava uma expressão tão mórbida quanto a de um condenado.

 

Conteve um suspiro de decepção e o chutou por baixo da mesa, lhe dando o melhor olhar de “fique aqui por elas”, voltando a brincar com as meninas posteriormente.  

 

— Não vai comer, papai Baek? — Charlotte indagou, o dedicando um olhar atencioso.

 

Ela tem olhos amendoados e expressivos, iguais ao do pai, mas de uma cor esverdeada. Sua pequena tinha um sorriso absurdamente caloroso, cabelos negros e sua pele é morena. Ela amava deixar seus cachinhos longos soltos, assim como Baek Hyun amava vê-los em movimento, com a graça que apenas um criança poderia ter ao fazê-lo.

 

— Não estou com muita fome, sweetheart. — disse com a voz baixa e cansada, mas o olhar genuíno de carinho ainda prevalecia.

 

— Você nem tocou na comida. — Yoo Ra, a filha mais velha, comentou.

 

Ela possui um olhar de preocupação, que se assemelhava ao seu próprio. Sempre a achou tão madura para seus quinze anos. Ela tinha traços orientais, seus olhos pequenos de pálpebras caídas evidenciava isso, contudo ela também é mestiça.

 

Assim como Chan Yeol.

 

Cada dia mais ficava impressionado com as características que encontrava em suas filhas e que muito se assemelhavam a sua e a de Chan Yeol, mesmo que elas fossem adotadas, e muitas diferenças fossem notórias.

 

— Papai está cansado. — Baek Hyun respondeu ternamente, pondo a taça sobre a mesa.

 

— Vamos fazer o seguinte, — Chan Yeol falou animado, capturando a atenção das meninas — se forem fazer o dever de casa agora, eu deixo vocês escaparem da louça.

 

Claro que para ser um bom pai, e se esquivar de certos problemas, tinha que aprender o quê usar para conseguir o que queria com as filhas. Então numa agilidade só, elas deixaram um beijo estalado na bochecha de ambos os papais, e aos risos subiram correndo pela a escada.

 

Chan Yeol riu ao se levantar, começando a recolher os pratos. Quando chegou perto do marido, respirou fundo, sentindo o olhar pesado do mesmo em sua direção. Pegou a louça rapidamente e seguiu até a pia.

 

— Não pode pelo menos fingir que se importa com o dia delas? — Chan Yeol indagou, dissipando o silêncio incômodo.

 

— Eu não preciso fingir, eu realmente me importo, — voltou a pegar a taça com a mão direita, analisando o conteúdo da mesma — só estou muito cansado hoje.

 

— Você sempre está cansado. — acusou, ligando o registro da torneira para a água fluir.

 

— Porque meu trabalho me exige isso.

 

— Eu também não trabalho, por acaso?

 

— Mas não precisa passar o dia inteiro fora. — Chan Yeol desligou o registro e olhou para frente, enervado.

 

A parede branca não lhe dando nenhum suporte para acalmar-se. Até o momento a troca de palavras entre ambos, embora fosse carregada de sentimentos ruins, era calma. O que a tornava perigosa, pois tal calmaria característica sempre precede a um caos posterior.

 

— Eu desisti de ser promovido por sua causa! Lembre-se disso antes de tentar esfregar essa merda na minha cara. — revidou entredentes, quase esganiçado, para que suas filhas não os escutassem discutir novamente.

 

O riso soprado e desdenhoso de Baek Hyun se propagou pelo ambiente, aquecendo o interior de Chan Yeol de uma forma ruim e perigosa. Seu marido não deveria lhe tornar quente por motivos bons?

 

— Claro, porque você é o pai exemplar...o cara que faz tudo perfeito! E eu sou o cretino, que não fez nada certo nesses doze anos de casados. — debochou, entornando o líquido contido na taça por completo na boca, tomando tudo.

 

Baek Hyun se pôs de pé, indo a passos lentos até o marido para por a taça dentro da pia, pelo menos naquilo pouparia ele. O olhar de Chan Yeol pesava em si, e por mais que o tempo passasse, ele nunca conseguiu ser menos óbvio, seus sentimentos sempre transbordavam dali. Para Baek Hyun era fácil lê-los, mas por dois anos não conseguia mais decifrá-los corretamente.

 

— Porque você faz isso? Dificilmente temos uma conversa adulta aqui, porque você sempre pega o que eu disse e transforma no que eu não disse. Você simplesmente deturpa tudo!

 

Chan Yeol falou baixo pela proximidade, embora o nível de raiva o induzisse a querer gritar. Baek Hyun escorou seu quadril no balcão da pia, cruzando os braços rente ao peito. Ele poderia ter mil brigas com seu marido, mas ao contrário de muitos casais em meio a crise, preferia tê-las bem perto dele. Por mais ridículo que isso soasse, só naqueles momentos podia sentir o calor de Chan Yeol.

 

— Se não quer saber o que penso, e se incomoda com o que eu falo, simplesmente pare de falar comigo. — Baek Hyun retrucou simplista.

 

Não eram essas as palavras que deveriam ser ditas, mas o que se fazer quando o impulso de continuar a ferir quem também o fere constantemente se torna indomável?

 

Chan Yeol o encarou com os lábios comprimidos em uma linha fina, seu olhar era trêmulo e dolente. Baek Hyun gostaria tanto de poder passar a mão pela testa dele e lhe tirar aquela carranca raivosa dali com um beijo. Mas como o fazer quando não se existe mais a reciprocidade? Chan Yeol queria apenas lhe afastar, e embora fosse errado, ia no ritmo dele.

 

— E não é isso que estamos fazendo? Por dois malditos anos! Nos calamos porque sequer suportamos o que o outro tem a dizer. — disse exausto, escorando a mãos na borda da pia, depositando seu peso nos braços ao abaixar a cabeça entre eles — Isso não é vida.

 

Baek Hyun sabia que não, repetia isso a si mesmo todos os dias, mas quando as palavras saiam da boca de Chan Yeol parecia ser uma realidade dura demais. Tudo vindo de seu marido era mais pesado para aceitar.  

 

— Acha que eu também não estou cansado? Tudo o que eu quero é que se coloque no meu lugar por um momento. Mas ao invés disso você me vem com um pedido de divórcio. Acha que foi isso que eu planejei para nós? Acha que foi por esse final que me dediquei tanto? — a pergunta saiu abalada pelo choro preso na garganta.

 

Baek Hyun respirou fundo, olhando para cima. É difícil conter as lágrimas quando se toca bem na ferida ainda magoada.

 

Embora certo, aos ouvidos de Chan Yeol seu esposo soava tão individualista. Quando ele o fazia se sentia invisível. Até onde sabia, estavam em um casamento, e embora estivesse abalado, ainda era uma união que envolvia duas pessoas, mas Baek Hyun sempre dava um jeito de sobrepor tal condição.

 

“Eu planejei…”

 

“Me dediquei…”

 

O casamento é o ‘nós’, pois é gerado da união. Duas mentes, duas almas.

 

As palavras egoístas de Baek Hyun o feria tanto.   

 

— Eu não entendo porque continua desejando que as coisas saiam sempre da forma como você quer. Eu também me dediquei, Baek Hyun, mas parecia nunca ser o suficiente, porque sempre estava errado se nada estivesse de acordo com o seu plano. — Chan Yeol disse após limpar as lágrimas.

 

— Alguém tinha que tomar as decisões, cacete! Se eu fosse esperar sempre por você ainda estaríamos na Coreia, nos escondendo como criminosos.

 

Chan Yeol ergueu a cabeça para poder fitar Baek Hyun, virando-se completamente para este, que sequer parecia pestanejar antes de lhe atirar tantas acusações. Estas que sempre o deixava indignado de uma forma tremenda, o que era evidenciado pelo seu olhar.

 

— Eu não te pedi para fazer isso, ninguém pediu! Você mesmo se pôs nessa posição. E não fale como se eu fosse um incapacitado, eu sei tomar minhas próprias decisões! A questão é que te irrita saber que eu continuo insistindo em tomá-las a meu modo.

 

— Então acha que a porra do divórcio, que foi uma decisão única e exclusivamente sua, é a solução para nós? — ironizou, vendo o marido vacilar — É por isso que eu me coloquei nesse posto, Chan Yeol. Você sempre pensa na saída mais fácil, não importa as consequências. Enquanto eu sempre me ferrei para cuidar dos mínimos detalhes, porque eles sim são importantes.

 

Mais palavras acusatórias, mais feridas. Poderia um dia, cicatrizar tudo? Ambos não falavam sobre tal medo, mas deveriam, pois era o fio que ainda os sustentavam juntos antes do desastre iminente.

 

Chan Yeol piscou letárgico, a dor era tanta que suas pálpebras pesavam pelo desgaste emocional. Seus lábios trêmulos sustentava um sorriso triste de decepção. Não era para ele estar ali, sorrisos deveriam ser exclusivos da felicidade. Mas ele estava diante da luz da sua vida, do seu maior motivo de felicidade, e agora tristeza. Baek Hyun estava tão devastado quanto si mesmo, mas continuava sendo o cara mais bonito do seu universo. E isso que é o amor, encontrar a beleza oculta onde mais ninguém a encontraria.

 

— Então o quê aconteceu com o seu tato para os mínimos detalhes, se deixou exatamente eles passarem até chegarmos ao ponto que estamos? — ironizou cruelmente.

 

Aquilo era um insulto dos grande para Baek Hyun, mas a raiva típica de desaforos não veio, apenas a decepção. A dor que transbordava do olhar que costumava ser seu raio de sol, e agora Chan Yeol tinha olhos negros como um bosque vazio. Agora Baek Hyun conseguia entender bem o que diziam sobre o amor também poder fazer doer até sangrar.

 

— Se fosse tão observador quanto se gaba, saberia quando começamos a andar para lados diferentes.

 

— Mas eu percebi, Chan Yeol. — sussurrou, pois forças para gritar lhe faltavam — O meu erro foi continuar andando...ao ter a esperança de que poderíamos nos encontrar novamente.

 

Percebendo a dolência nas palavras do marido, Chan Yeol quis lhe responder a altura. ‘Sim, nós ainda podemos nos encontrar’. Entreabriu os lábios e o olhou com firmeza, e Baek Hyun esperou por algo, sabia que viria.

 

Mas então o seu celular começou a tocar.

 

Chan Yeol então engoliu não só as palavras, mas um bolo de raiva junto. Ele sentia um ódio imensurável toda vez que aquele maldito celular começava a tocar. O pior de tudo, é que seu marido largaria qualquer coisa que estivesse fazendo para responder, e daquela vez não foi diferente. Escutou a voz séria do marido ao atender a chamada e se afastar, indo para longe de si, como vinha fazendo há dois anos.

 

Então os dias se resumiam àquilo entre os dois. Brigas ao amanhecer, se tornaram mais cotidianas do que um ‘bom dia’. Discussões, ao saírem para seus respectivos empregos tomaram o lugar do tão necessitado ‘eu te amo’, antes de partir. E os carinhos de ‘boas vindas’, do ‘senti sua falta’, ao chegar de um dia exaustivo, se tornou em mais uma porção de acusações e insultos.

 

Então é perceptível que está se aproximando do fundo do poço, quando as discussões se tornam regras em vez de exceção, e de repente, se transforma na única linguagem da relação. E a única opção é ficar calado e não dar opiniões, para que o que já está desgastado, não se corroa mais e suma ao virar pó levado pelo vento.

 

Chan Yeol terminou de lavar a louça sozinho, pois após a troca de palavras afiadas Baek Hyun lhe deixou e fora para o quarto, dar atenção a seu bem mais precioso: O celular.

 

Mas era sempre assim, após discussões um dos dois ia embora e o outro ficava sozinho. Pois seria insanidade demais ir para o mesmo lugar. Fariam o quê? Amor? Não, não! Criariam apenas mais feridas um no outro.

 

No entanto durante todos os anos, com altos e baixos, e todas as desavenças, eles nunca deixaram de dormir na mesma cama. Talvez fosse pelo orgulho, mas eles nunca chegaram a falar sobre isso exatamente. Nenhum abriria mão do conforto por uma discussão. Se era pra dormir com raiva, era melhor dormir em um lugar confortável.

 

Chan Yeol já estava deitado, quando seu marido abriu a porta do banheiro e atravessou pelo batente. Baek Hyun cheirava a erva doce e lar. Ele vestia apenas uma calça cinza do pijama, seu marido nunca foi fã de blusas, mas passou a extingui-las durante a noite desde que se mudaram para Brighton.

 

Desviou seu olhar da zona perigosa e desejosa que era Baek Hyun e voltou a prestar atenção na tela do notebook. Um peso a mais se fez no colchão quando ele subiu neste e engatinhou até o travesseiro, se jogando ao seu lado sem lhe direcionar um único olhar. Sorriu minimamente com aquela mania dele de engatinhar e se jogar, era fofo, mas se tornava sexy quando suas intenções eram de se jogar no próprio Chan Yeol e não apenas na cama fria.

 

Baek Hyun ligou a televisão embutida na parede que ficava em frente a cama, vez ou outra olhava de relance para Chan Yeol, apenas pela visão periférica, mas o marido estava tão concentrado na tela do notebook que sequer reparava.

 

Suspirou frustrado então.

 

Com o passar dos anos havia cada vez menos momentos ao dia em que eles se olhavam nos olhos. Mas após um tempo, havia um conforto perturbador em não terem que lidar realmente um com o outro, porque de algum modo, acabaram se conformando com a desconexão.

 

E mesmo a noite, quando podiam finalmente ficar juntos, olhavam para a frente. Um para o notebook e outro para a televisão, um livro, o celular, apostilas do trabalho. Qualquer coisa que não fossem eles mesmos.

 

Sim, estavam cansados do dia, mas ambos possuíam o mesmo medo em comum: O medo de que se olhassem um nos olhos do outro, em busca de algo, não haveria nada lá.


 

        

“ — Vamos Chan Yeol, olhe para mim! — ordenou de forma suave, tentando não rir.

 

— Eu não posso, — murmurou com a voz abafada, pois suas mãos grande cobriam sua face — estou com vergonha…

 

— Não está tão ruim assim, vamos...

 

— É porque não é você que está maquiado feito uma mulher.

 

Chan Yeol reclamou ao olhar para Baek Hyun, que tentava com todas as forças não rir.

Seu marido foi o escolhido, entre suas filhas, para participar de uma peça da escola, onde elas teriam que escolher um dos pais para a tal participação. Chan Yeol estava com o rosto completamente maquiado, nada exagerado, mas que lhe davam uma suavidade feminina. E a peruca longa e preta ajudava.

 

— Você está lindo, — Byun falou entre as tosses de riso — quer dizer, linda. Desculpe.

 

— Era pra você ter sido escolhido. — murmurou com um bico infantil.

 

— Eu que tive que me transvestir na última peça, nada mais justo. — comentou ao passar a mão pela face do marido — Não pense demais sobre isso, esqueça a vergonha na cara. — disse entusiasmado — Você nunca teve isso mesmo.

 

Chan Yeol riu e afastou — de forma dramática e exagerada — as mechas do cabelo falso para trás do ombro, empinando o nariz logo em seguida.

 

— Eu estou linda, certo?

 

— A minha garota é a mais linda. — caçoou e ambos riram.

 

Baek Hyun estava em pé, entre as pernas do marido, que estava sentado. O camarim improvisado, que nada mais era que uma sala de aula, estava vazio, e em breve Chan Yeol entraria no palco com suas filhas para a peça.

 

— Acho que eu devo ser completamente louco de amores por você. — Baek Hyun confessou, olhando nos olhos do marido — Mesmo engraçado desse jeito, não consigo parar de te olhar e pensar o quanto você continua bonito.

 

— Se você não parar de zombar da minha cara, eu vou te foder hoje usando essa peruca. — retrucou e ambos caíram na gargalhada — Ou melhor, eu coloco ela em você.

 

Baek Hyun fez sinal de silêncio ao pôr o indicador em seus lábios e logo depois, teve os mesmos beijados pelo marido. O silêncio no camarim parecia os envolver mais e mais um no outro. Escutavam apenas a respiração, e o som do beijo se propagar.

 

Quando se afastaram, bem pouco, ficaram numa troca de olhares que segredava muitas coisas. Naquele momento, Chan Yeol pensava que nunca achou antes que poderia se sentir tão feliz por estar pagando o maior mico pela família que construiu com o homem à sua frente. E Baek Hyun pensava que seu marido poderia se vestir de mil e uma coisas, mas se em cada fantasia, enquanto pudesse encontrar o seu olhar brilhante e expressivo, eles iriam apenas rir e seu amor — por incrível que pareça — apenas iria aumentar.

 

— Eu amo os seus olhos… — Baek Hyun segredou baixinho.

 

— E eu amo os ter, para poder admirar você.”



 

Geralmente a sexta-feira era o dia preferido das filhas do casal Byun. Não por ser o último dia de aulas da semana, pois por incrível que pareça, elas amavam ir a escola.

 

Mas o carinho dedicado a tal dia, se dava pelo fato de ser o único onde seus papais juntos, e com canções de passeio, as deixavam na escola, para logo mais tarde, após o fim das aulas, as levarem para comer alguma besteirinha não muito nutritiva em algum fast food. Às vezes eles iam ao supermercado e compravam ingredientes para eles mesmos se aventurarem nas receitas e cozinharem algo, como pizza, lasanha, hambúrguer ou salgadinhos recheados.

 

O importante é que sexta-feira costumava ser o dia da família.

 

Se sentiam tão amadas daquela forma.

 

Mas as pequenas sabiam que as coisas não eram mais as mesmas em sua família. E isso era visível, por mais que seus pais tentassem esconder.

 

Desde que descobriram que os pais estavam passando por um divórcio, tudo se tornou incerto. Yoo Ra, em seus quinze anos e cheia de crises existências típicas da adolescência, tentava não se deixar emergir nisso. Se focava em dar suporte a sua irmã caçula, Charlotte, que temia ser abandonada ou mandada para o orfanato.

 

Elas estavam encolhidas sobre o sofá, na sala, a espera dos pais para as deixarem na escola. A televisão estava ligada, passava algum desenho aleatório no canal, mas a concentração de ambas estavam no andar de cima, onde ocorria mais uma briga. Embora seus pais tentassem não deixar tão evidente este fato, vez ou outra, podiam escutar uma voz mais exaltada que a outra.

 

— Nós vamos ter que ir para o orfanato?

 

Charlotte indagou, sentindo um aperto no peito apenas em pensar naquela hipótese.
 

— Claro que não, pequena. Porque acha isso?

 

Yoo Ra disse de forma branda, o braço que estava pelos ombros de sua irmã, a apertou mais no abraço. Tentava lhe passar segurança da melhor forma possível.

 

— Eles vão se separar! Papai Chan nos disse isso.

 

Fungou a caçula. Era tão doloroso saber que seus papais passavam por aquilo.

 

Yoo Ra respirou fundo, relembrando da conversa que seu papai Chan Yeol havia tido com elas, no início da semana.

 

“Eu e o seu papai Baek, não estamos mais felizes nesse relacionamento. Não queremos afetar vocês, nossos tesouros, com algo que é apenas culpa nossa. Por isso vamos nos separar".

 

Depois disso Charlotte saiu correndo, deixando para chorar apenas no conforto do seu quarto. E ela achava tão injusto ter só apreciado o conforto da família por alguns anos, para já ter que ficar sem uma novamente.

 

Yoo Ra, que nunca fora de demonstrar bem o que sentia, apenas permaneceu a olhar o pai. Algumas lágrimas caíram, mesmo que sua expressão continuasse ilegível. Então como Chan Yeol conhecia as dificuldades que a filha tinha em expressar o que sentia no momento, se aproximou e a envolveu em um abraço apertado, que resultou em muitos soluços angustiados.

 

— Nós não vamos deixar isso acontecer.  

 

Yoo Ra afirmou, se afastando para olhar sua irmã nos olhos.

 

— Mas...os papéis do divórcio...o papai Chan já assinou.

 

Lamentou, passando as costas da mão pelo nariz já avermelhado.  

 

— Mas o papai Baek, não.

 

— E que vamos fazer?

 

— Se lembra quando brigamos feio, e ficamos sem se falar por um mês? — Indagou e viu a caçula aquiescer confusa — Então eles dois nos trancaram no porão e…

 

Sorriu ao incentivar a memória juntamente a criatividade da irmã. Ficou satisfeita quando os olhinhos esverdeados se iluminaram e ela sorriu exaltada.

 

— Apenas saímos de lá quando fizemos as pazes!

 

Completou extasiada, por finalmente estar captando a ideia, batendo as mãozinhas uma na outra em ansiedade.

 

— Então… — Yoo Ra incentivou novamente.
 

— Vamos fazer o mesmo com eles!

 

Com sorrisos cúmplices e olhares decididos, ambas correram até o porão para articularem tudo da melhor forma possível.

 

As crianças estavam determinadas.

 

Iriam fazer pelos pais o mesmo que eles fizeram por elas: As deram motivos para continuarem unidas, apesar de suas evidentes diferenças.  

 

Embora a esperança conseguisse crescer em um lado, do outro ela ruía cada vez mais.

 

Entre as quatro paredes do quarto do casal, que não era a prova de som, Chan Yeol passava a mão pela face, aborrecido demais para pôr em palavras. Baek Hyun simplesmente estava falhando com sua obrigação de pai descaradamente e isso irritava muito Chan Yeol.

 

Nas sextas eles acordavam cedo e preparavam o café da manhã para as meninas, e isso era algo imutável, até Baek Hyun resolver passar o dia todo na cama. Ele nunca tinha feito aquilo, nunca deixou de ser prudente com as crianças, mas naquela manhã ele estava impossível.

 

— Baek Hyun, por favor, levanta da porra dessa cama, e vamos levar as meninas para a escola. Ao menos isso, faça hoje!

 

Chan Yeol andava de um lado para o outro no quarto, bem em frente a cama, onde seu marido estava deitado.

 

— Eu já disse que não vou.

 

Respondeu morbidamente, e o outro parou e pôs as mãos na cintura ao lhe encarar furioso.  

 

— Você não quis nem tomar café com as crianças hoje. Além de que elas tiveram que entrar no quarto para buscar algum carinho da sua parte. Pelo amor, Baek Hyun! Elas esperam pelo dia de hoje ansiosas, pois é o único que podemos passar mais tempo juntos.

 

Baek Hyun sabia disso, mas não era por mal que agia de tal forma, ele simplesmente não encontrava forças para continuar. Estava tão fraco que sequer sabia como iria se levantar para ir trabalhar. O desgaste emocional estava o definhando gradativamente. Ele amava as crianças, e embora sempre tentasse ser forte, sabia que não era de aço.  

 

— Já disse que estou cansado.

 

— Você sempre está cansado! Qual é o seu problema?

 

— Você! Você é a porcaria do meu problema! Eu estou cansado de você. Não aguento mais ter que fingir, fazer isso com elas é pior do que mentir.

 

— As crianças não precisam se aborrecer com os nossos problemas.

 

— Como se eu planejasse aborrecê-las com nossos problemas. — retrucou, vendo o marido rir com escárnio. O que o irritou em muito — Céus! Você pode me dar um pouco de crédito também?

 

— Apenas aguente por mais um tempo. Hun? Não é tão difícil, só vamos levá-las e voltar. Simples!

 

— Você nunca me escuta, não é mesmo? Eu já não suporto fingir que estamos bem. Na ida, cantamos músicas alegres e sorrimos, mas na volta, parece que estamos retornando de um funeral. Você acaba comigo assim...

 

A voz de Baek Hyun estava embargada, nem forças para controlar isso possuía no momento. Contudo Chan Yeol fez o pior que podia, simplesmente o ignorou e respirou fundo, olhando para o relógio com impaciência. Acabado estou eu, isso sim! Pensou.

 

— Não quer ir? Foda-se! Eu vou fazer minha parte. — disse rudemente.

 

Chan Yeol saiu do pé da cama e fora pegar uma pasta, que antes repousava sobre o criado mudo, jogando-a sobre a cama, perto do marido.

 

— Eu preciso desses papéis assinado até a segunda-feira a noite. — Chan Yeol disse ao tocar na maçaneta, mas sem forçá-la — O advogado está impaciente.

 

— Eu também estou.

 

— Apenas assine, e seus problemas vão se resolver.

 

Baek Hyun olhou para a pasta agora em mãos, e embora desgostasse do uso do humor naqueles momentos, acabou rindo sem realmente achar graça, fora um ato involuntário.

 

— Não se resolve, ou salva, um casamento com o divórcio.

 

— Não estamos tentando salvar mais nada, Baek Hyun. — afirmou ao abaixar a maçaneta para abrir a porta.

 

Nesse momento o olhar de Baek Hyun caiu sobre o marido de forma tão dolosa, que suas pernas fraquejaram. Aquilo não fora como um soco, foi como uma facada.

 

— Apenas assine, então cada um seguirá com sua vida.

 

Palavras ácidas de uma verdade, que embora absoluta, era dolorosa.

 

Chan Yeol saiu do quarto e voltou a fechar a porta atrás de si, deu passadas apressadas pelo corredor e desceu as escadas. Como aquela casa, que antes costumava ser tão grande e calorosa, pôde se tornar tão pequena e abafada? Era como se ela gritasse “eu não sou mais um bom lar”.

 

Procurou pelas filhas assim que chegou a sala, e não as encontrou, mas as bolsas com o material escolar estavam no sofá.

 

Chamou pelas meninas até escutar algumas risadinhas e elas logo desceram as escadas. Chan Yeol arrumou o cabelo bagunçado de Charlotte e passou a mão pela bochecha corada de Yoo Ra. Elas estavam ofegantes. Ele estreitou os olhos e sorriu de forma desconfiada. Se tinha algo que ainda mantinha aquele lar aquecido e suportável, eram suas duas chamas de vida, suas filhas.

 

— O que estavam fazendo?

 

Indagou risonho, as meninas tentavam disfarçar a vontade rir também.

 

— Brincando. — responderam em uníssono e deram de ombros.

 

— Vamos, papai vai deixar vocês na escola hoje.

 

Disse ao apontar para a porta e pegar as bolsas das filhas.

 

— E o papai Baek? — Charlotte indagou enquanto saltitava até a porta.

 

— Ele não pode ir hoje, sweetheart. — respondeu ao pegar as chaves.

 

As meninas se entreolharam, mas ao invés de dar lugar a tristeza, elas deram as mãos e se apoiaram. Elas tinham esperanças de que aquele momento conturbado iria passar. Tinham muita fé, pois eram o que tinham de mais precioso enquanto ainda não tinham pais e eram sozinhas. A fé e a esperança as fizeram ter perseverança e encontrar uma família, e seria dessa mesma forma que juntas a manteriam.  

 

Do quarto, Baek Hyun escutou a porta da entrada ser fechada.

 

Se sentiu tão mal por não se despedir adequadamente das filhas, mas se desse de cara com Chan Yeol novamente, sabia que não iria se controlar. Ele não queria chorar na frente das meninas, sinceramente não podia. Quando saiu da cama, resolveu descer as escadas para poder acompanhar através da janela a pequenas entrarem no carro do pai e logo depois partirem.

 

Era sempre ele que colocava o cinto de segurança em Charlotte, ela amava esses mimos. Já Yoo Ra preferia fazer sozinha, porque segundo ela, tinha duas mãos pra isso. A irmã sempre a chamava de boba por não se deixar mimar. Tinha medo de retroceder e perder o amor das crianças. Lembrava bem como foi difícil conquistar Yoo Ra, já que ela era muito apegada a Chan Yeol no começo, mas com o tempo e muito carinho, ela se abriu e aceitou todo o amor que tinha a dar como pai e amigo.

 

Mas o medo de perdê-las era forte e doloroso, assim como o de perder Chan Yeol.

 

Poxa, aquilo era tão...injusto. Eles deram tanto um do outro para estarem ali, onde foi que se perderam? Aquele não era um castelo de areia, suas vidas eram como um forte alto e com bons alicerces, não poderia ser desfeito com qualquer tormenta.

 

Após respirar fundo, deixou a primeira lágrima rolar livre. Tentou como pôde deter as outras, mas uma vinha após a outra. Como uma chuva forte em torrencial.

 

Passou a mão pela face e ergueu a cabeça, como se assim fosse estancar as lágrimas. Assim como se estanca um sangramento nasal. De qualquer forma, ele estava cansado daquela rotina de chorar sozinho todas as vezes que brigava com Chan Yeol. Mas não estava cansado o suficiente para jogar todos os anos de casamento fora com apenas uma assinatura e uma divisão de bens.

 

Baek Hyun era um homem de palavra, e mesmo que por vezes falhasse, jamais iria voltar atrás com o que havia prometido a Chan Yeol.

 

Mesmo que ele demonstrasse não lhe amar mais.

 


Notas Finais


Primeiramente, espero que tenham gostado, faz tempo que não posto nada então estou super nervosa. E sobre os erros, me perdoem e não desistam pq ainda é cedo e eu posso concertar haha
Claro que qualquer erro muito alarmante que notarem, podem me avisar que eu concerto na hora, viu? To meio que enferrujada nessa parada de postar fic.

Segundo, para que não haja desentendimentos - e xingamentos desnecessários - ‘Não vele, revele’ já está concluída. Então ninguém aqui vai ficar sem atualização. Sim, isso não é propaganda enganosa. REPITO. NÃO É...okay! haha
Será uma shortfic, e tem exatamente sete capítulos já prontinhos. (Um obrigado especial a ~Jark, por me lembrar de avisar isso haha ♡) Espero que todos tenham um bom dia, boa tarde ou boa noite. Dependendo em qual momento do futuro você está. E nos vemos na semana que vem.

Terceiro...Te amo moze ♡

~exbur


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