História NaruHina - Escrito nas Estrelas - Inverno

Estou apaixonada por você... Do fundo do meu coração, eu realmente estou apaixonada por você!

Duas almas ligadas, um amor que não conhece limites. Ela esperou ele por anos, sempre botando a vida dele antes da sua própria. Ele, um tanto lerdo para perceber isso, se deu conta de quem realmente amou durante muito tempo e finalmente criou coragem para correr atrás. Passaram por tantas tribulações e obstáculos, morte e batalha quase os separou, mas no final eles estavam juntos. Uzumaki Naruto e Hyuuga Hinata, o par que tinha que acontecer. Todos pensavam assim, mas o loiro era o único a não perceber. Sempre foi gentil com todos, e com o passar dos anos recebendo cada vez mais carinho e reconhecimento, não soube diferenciar o quê era realmente amor, e quase perdeu a mulher da sua vida. Deu sua própria vida para salvá-la e mesmo assim ela partiu, mas no fundo sabiam que iam ficar juntos, era o destino.

Ironicamente, Naruto nunca acreditou em destino. Há muitos anos atrás, quando Neji tinha total vantagem em sua luta no Chuunin Shiken, as palavras do rapaz acordaram dentro de Naruto uma grande raiva e vontade de vencer. Ele não era nenhum gênio, só era um pássaro preso numa gaiola que queria se libertar mas recusava demonstrar isso. Estava ainda mais desesperado do quê o próprio Naruto, que sempre viveu sozinho, abandonado e sofrendo. Mas era ela. A pequena de cabelos escuros com tons azulados que chegavam a brilhar levemente, com seus olhos perolados que muitos julgavam ser estranhos, algo demoníaco. Ela sofreu muito por isso, pensou que não tinha sentido em sua vida, vivendo para um padrão que ela simplesmente não conseguia alcançar. Se de um lado ela era abandonada e insultada pelas outras crianças por ser uma menina de olhos estranhos, de outro lado sua própria família a julgava como inútil, incapaz de ser a sucessora da poderosa família Hyuuga, portadora do Byakugan.

Hinata sempre se sentiu sozinha, mas tudo isso mudou quando viu aquele sorriso pela primeira vez. Era algo tão novo, sincero e ao mesmo tempo belo. Seu rosto na neve, os joelhos um pouco machucados devido a sua queda, seus olhos marejados por ter sido a causa do sofrimento de alguém que considerava como um irmão. Foi naquele dia, no velório do pai de Neji, que deu sua vida para evitar que Hinata ou seu pai fossem os causadores de uma guerra, que ela pousou seus olhares no menino que salvaria sua vida de tantas formas. Lá estava ele, tão pequeno mas ao mesmo tempo intimidador, seu olhar preocupado com a menina estirada no chão naquele dia tão frio. Nem mesmo com toda a sua vestimenta Naruto conseguia ficar aquecido, perambulando pelas ruas sozinho com seu próprio pensamento. Aquela época sempre era tão dolorosa pra ele, tomava sempre a mesma rua, com o mesmo frio que chegava a doer na pele de tão agudo. Mas o pior de tudo era não ter ninguém o esperando, seus pais não estariam em casa com um chocolate quente pronto para o aquecer, ou até mesmo um simples abraço. Ele vagava as ruas solitário, até encontrar algo tão frágil mas ao mesmo tempo tão bonito. Naruto abriu bem seus olhos para ter certeza do quê via, a pequena moça jogada no chão, não parava de tremer.

Demorou um tempo mas finalmente criou coragem para estender seu braço até a menina que tomou um susto com aquela ação, não estava acostumada com uma gentileza como aquela - Oe, se ficar aí vai congelar - O olhar azulado do garoto que até agora estava tão preocupado se tornou um sorriso que mais parecia uma âncora que Hinata queria se agarrar para o resto da vida. Sua felicidade era visível e contagiosa, emanando do menino e chegando até ela, fazendo-a acreditar que a vida ainda valia a pena, de quê talvez o destino dela não era ser um fardo para todos, a causadora de tantas mortes só por causa do seu sangue e do seu nome. Hinata tremia bastante, mas estendeu vagarosamente sua mão até se encontrar com a de Naruto, que impaciente logo a puxou. Suas peles se tocaram naquele momento, na mesma sentiram um calor sem igual, totalmente estranho e de certa forma apavorante. Tudo estava tão frio, mas naquela simples união, era como se uma chama ardesse logo ao seu lado. Naruto e Hinata passaram poucos segundos que mais pareciam uma eternidade se olhando, seus olhos falavam mil palavras ao mesmo tempo, uma verdadeira história sendo contada e compartilhada em questão de milésimos de segundos. Era inevitável, ambos se apaixonaram um pelo outro na mesma hora.

Sem mais delongas, Naruto logo a puxou, levantando a pequena Hinata da neve e correndo com ela pelas ruas, sem nenhum destino exato. Passaram um bom tempo ali até que Hinata se viu na obrigação de dizer aonde morava já que o pequeno loiro insistia em a acompanhar até a sua casa, sentia uma vontade estranha de a proteger de tudo quê pudesse a machucar.

E assim era, tantos anos depois...

Naruto estava só com a sua camisa preta, encostado numa árvore enquanto Hinata dormia confortavelmente em seus braços, sua cabeça repousava de maneira leve em seu peito, e Naruto a envolvia com o braço, precisava sentir aquele calor e aquele amor que a simples presença dela passava pra ele. Sua jaqueta tomava conta da maior parte do torso da morena, servindo como uma espécie de lençol, um pouco desnecessário julgando pelas roupas já adequadas ao frio da mesma, mas mesmo assim Naruto se via na obrigação de cuidar dela. O Uzumaki passou a noite inteira com a cabeça erguida e encostada na árvore, seu olhar pairava sobre as estrelas, contando-as e logo mudava para a lua. Um movimento repetitivo mas de maneira nenhuma cansativo, a curiosidade o deixava acordado e o movia para fazer tal coisa ao invés de dormir. O pensamento não deixava de passar pela sua cabeça.

"Neji, será que você esteve certo esse tempo todo? Sobre destino, eu quero dizer... Vendo essas estrelas agora, eu vejo que claramente todas foram criadas com a única função de iluminar a escuridão da noite, e que elas nunca iriam mudar, não importa o seu esforço. Eu sei que eu mudei o meu caminho graças às suas palavras, mas eu me pergunto... Será que... Será que eu sempre estive fadado a ficar com Hinata? Eu me odeio por ser tão lento, eu deveria ter percebido os seus sentimentos há muito tempo. Acho que parte de mim esteve com medo, com medo de admitir que eu nunca estive sozinho, que na verdade eu sempre fui observado, protegido e amado por ela, e isso me deixa com medo. Com medo porquê eu sempre pensei que enfrentava aquela dor da solidão sozinho, mas que na verdade ela estava lá o tempo inteiro, pronta pra segurar minha mão, mas tão tímida para fazer isso. Talvez se eu tivesse percebido isso antes... Talvez eu estaria ainda mais forte, e todas aquelas vidas não teriam acabado de maneira tão injusta na guerra... Talvez você não teria morrido e estaria aqui pra ver o quão ela está feliz ao meu lado.

Eu prometo, Neji... Nunca mais vou a soltar, não importa o quê aconteça. Esse era o meu destino, eu sempre estive ligado à ela, e é por isso que a minha vida não é só minha. Arigato!"

O tempo passou de maneira calma, Naruto e Hinata aproveitavam as poucas horas que passavam juntos, graças à prisão domiciliar de Hinata e o quão ocupado Naruto estava com as missões. Mas mesmo assim, bolavam jeitos de se encontrar e roubar alguns beijos, ou de simplesmente se encostarem numa árvore e trocar caricias enquanto compartilham de algumas histórias. Com o tempo, Hinata pôde realmente perceber o quão sozinho Naruto esteve na infância, se arrependendo por ser tão tímida e não ter confessado seus sentimentos antes. Naruto sempre a interrompia, dizendo que era ele o culpado de tudo, e que ainda devia muitas desculpas à ela. Mesmo nesses momentos tão tristes, ainda encontravam felicidade e conforto nos braços um do outro, uma forma de se aquecer naquele frio terrível.

O inverno tinha oficialmente chegado à Konoha. As ruas tinham sumido em baixo da neve, e os pequenos flocos brancos não paravam de cair do céu sempre escuro. Já faziam mais de duas semanas que Naruto e Hinata não se via, o quê causava uma grande tristeza em ambos, a saudade mais parecia ser uma espada que penetrava Naruto constantemente, contava os segundos para ver aqueles olhos perolados novamente e sentir o seu doce beijo. Hinata mal saía do seu quarto, estava presa ao casaco que tricotava sem parar, tinha que o deixar pronto até a volta do seu namorado. Hanabi se via frequentemente olhando a sua irmã mais velha pela abertura na porta, preocupada. Sabia que ela dava tudo de si quando se tratava de Naruto, mas mesmo assim se preocupava, trazendo pequenos doces para ela, gesto que alegrava bastante a mais velha. Hinata sempre fora viciada em doces, um dom que Hanabi julgava ser irritante, já que Hinata tinha um corpo escultural mesmo comendo muita porcaria. Sempre chegava no quarto da mais velha cheia de doces, bufando de raiva ao ver Hinata devorando toda aquela comida sem engordar nem um quilo, Hinata sorria meigamente da reação de Hanabi. 

- Nee-sama, ele vai demorar muito? - Hinata abaixou a cabeça, seus olhos perolados fitavam o tecido vermelho devidamente tecido em sua coxa, mas seus pensamentos estavam longe. No seu rosto, uma expressão de solidão que não fazia questão de mostrar, na verdade nem percebia que mostrava. Suspirou - Não sei, Hanabi... Mas agora que eu finalmente acabei o cachecol, vou esperar na porta do seu apartamento. - A pequena arregalou os olhos com as palavras da mais velha, que agora esboçava um pequeno sorriso, o brilho sincero em seus olhos a deixava mais bela ainda à medida que a luz da lua tomava de conta do quarto, pairando sobre seu rosto. Hanabi partiu do quarto após dar um longo abraço na sua irmã, que logo saiu de casa em direção ao apartamento de Naruto, que infelizmente era longe do complexo residencial do clã Hyuuga.

Naruto acabara de sair do prédio do Hokage, suas mãos enfiadas no bolso como se procurassem abrigo e calor em meio a todo aquele frio. Andava lento e de cabeça baixa, seus pelos arrepiados e sua cabeça pesada após escrever o relatório da missão, mas o quê mais predominava em sua cabeça naquele momento era o medo. O medo que sempre sentia no inverno ao andar por aquelas ruas.

"Eu sempre tomo esse caminho, mas a dor continua a mesma... Eu sei que não vai ter ninguém me esperando, só aquele quarto frio e vazio. É tão frio, tão frio que chega a doer..." - Eram essas a palavras na cabeça de Naruto. Ele odiava os passos que tomava em direção à sua própria casa nessa época. Se a solidão não bastasse, ainda sentia a dor daquele frio tão perfurante, sentia que era uma das noites mais geladas de sua vida. Só queria o calor de sua amada Hinata, mas sabia da delicada situação que ela se encontrava por causa do seu clã, e naquela hora não podia nem imaginar de ir vê-la, só pôde andar para a sua casa com o mesmo sentimento que sentia todos os anos.

Parou em frente ao enorme prédio e suspirou, subindo devagar os vários degraus até chegar no último piso. Seu olhar fixado no chão enquanto caminhava sem tomar conta de seus arredores, sua mão fazia uma confusão dentro de bolso à procura de sua chave, até que se deu conta da morena sentada no chão logo ao lado da porta da sua casa, a cabeça apoiada nos joelhos, seu corpo inteiro tremendo bastante. Foi dominado por um turbilhão de emoções misturadas naquele momento, a maior delas sendo a preocupação por ver a sua amada daquele jeito - Hinata! Você vai ficar doente! - A moça levantou rapidamente sua cabeça, seu coração apertou-se de tanta felicidade, reconhecendo primeiramente aquela voz e depois passando seu olhar pelo loiro que estava alto em sua frente, com uma expressão de preocupação no rosto - Ah! Bem vindo de volta, Naruto-kun! - Sua voz era tão meiga e calmante, Naruto não mais se sentia sozinho e em sofrimento naquela noite dolorosa. Olhou-a parado enquanto a Hyuuga se levantava com esforço, tirando de seus braços um lindo cachecol vermelho, e estendendo até as mãos do Uzumaki - Eu tinha algo que queria muito te entregar o mais rápido possível!

A mão de Naruto tremia enquanto ia em direção ao tecido - Eu finalmente tricotei o seu cachecol, estava te devendo isso há muito tempo - "Como? Como ela conseguia ser tão altruísta? Enfrentou esse frio tenebroso, e passou tanto tempo tricotando, só para me dar o cachecol que eu perdi naquela noite..." - Naruto estava em choque com o presente da morena, que olhava para ele com aquele lindo sorriso que só ela tinha, que aquecia facilmente o seu coração. O loiro acordou do seu transe e logo correu para envolver a morena num breve porém apertado abraço, queria aquecê-la mesmo estando ainda mais gelado que ela, temia pela sua saúde - Hinata... você deve estar congelando! - Hinata sorriu entre o abraço do namorado, passando suas mãos pelas suas costas até agarrar sua jaqueta preta, queria sentir o seu aroma mais um pouco, sentia tanta saudade dele, mas logo afastou seu corpo do dele, olhando-o fundo nos olhos enquanto mantinha o mesmo sorriso.

Arigato, mas já é tão tarde... Eu-- Naruto levou seu dedo até os lábios de Hinata, selando-os e a interrompendo naquele mesmo instante. No seu rosto estava estampado o mesmo sorriso bobo de sempre, seguido por olhar reconfortante - Ao menos me deixe acompanhá-la! - Hinata assentiu com a cabeça, e logo sentiu sua mão ser entrelaçada pela mão grande e firme de Naruto, que caminhava junto ao seu lado pelas ruas frias, seu cachecol já em volta do pescoço, o aquecendo.

Abaixava cuidadosamente o tecido de tempos em tempos para dar uma boa respirada, soltando o ar pela boca que saía bastante visível pela neve pesada que tomava conta do ambiente. A respiração nesse tempo frio era um pouco complicada para todos. Naruto fechou os olhos, se alegrando com o conforto e calor que o cachecol o provia, apertando um pouco a mão de Hinata que caminhava de cabeça baixa, perdida em seus pensamentos, fazendo-a levantar a cabeça para olhar para o rapaz - Isso tá muito, Hinata! Você tricota muito bem! - A morena se viu um pouco vermelha com aquele elogio, era inevitável ficar assim mesmo estando mais próxima dele - Arigato! Eu realmente queria ter terminado ele há muito tempo e ter dado pra você quando retornou para a vila, mas... Gomenasai! - Hinata abaixou a cabeça outra vez, mas logo se surpreendeu com a parada brusca de Naruto, que com os dedos em seu queixo levantou sua cabeça lentamente, até que seus olhares se encontrasse mais uma vez - Você tricotou isso especialmente para mim e esperou todo esse tempo para me dar, certo? Só por isso eu sou incrivelmente grato! Estou muito feliz. Arigato! - Naruto deu uma leve gargalhada vendo o quão travada Hinata estava com aquelas palavras, e logo resumiu sua caminhada, ainda de mãos dadas.

- Ei, Hinata... Por quê você iria tão longe... só por causa de um cachecol? - Hinata olhou Naruto de relance e logo voltou a olhar para a neve que tomava conta de seus pés, sorrindo - Porque... foi algo que o meu primeiro amor usava. - Na mesma hora Naruto parou bruscamente a caminhada dos dois, seus pelos se arrepiaram e o sangue subiu até a sua cabeça, ficando aquecido no mesmo instante, fazia uma careta estranha que Hinata não pôde deixar de rir - "Quem?! Quem?! Quem será?! Vou matar esse infeliz! Ela é minha!!" - Hinata tentava conter seu sorriso botando os dedos na boca, mas logo voltou a falar, tirando Naruto do seu estado de nervos enquanto ela discursava, sua voz era tão mais bela acompanhada daquele sorriso - A pessoa que me salvou quando eu estava sendo intimidada por algumas crianças más... mas que acabou sendo covardemente espancado... E eles acabaram com o seu cachecol. - Não demorou muito até que Naruto percebeu de quem Hinata estava falando, se lembrando em flashes do dia em quê perdeu seu cachecol ao salvar Hinata de algumas crianças que a humilhavam na floresta perto da Academia.

- Então eu tinha que, algum dia, refazê-lo de maneira adequada e agradecer à ele propriamente. Por isso que dessa vez, eu vou falar perfeitamente. - Hinata tomou a frente de Naruto, um forte brilho tomava conta de seus olhos perolados, seu sorriso parava o loiro no tempo, o botando em transe, Hinata alisava gentilmente a mão do Uzumaki com seus dedos finos e graciosos - Muito obrigado por me salvar aquele dia! Eu fiquei incrivelmente feliz. Desse dia em diante, todo esse tempo... eu te desejei. Eu te amei o tempo todo, e até mesmo agora... Eu te amo!

Naruto a olhava incrédulo, sua boca tremia não só pelo frio, sua cabeça tentava processar todas aquelas palavras, mas falhava ao ver aquele sorriso da morena que o derretia facilmente por dentro, removendo toda a sua infelicidade e tristeza. Hinata virou seu corpo rapidamente, fazendo menção de correr embora - Gomenasai! Já está tão tarde e você mal descansou e de qualquer jeito virando essa esquina já vai estar perto da minha casa, então boa no-- Hinata sentiu um forte aperto na sua mão antes do seu corpo ser trazido de volta para a proximidade de Naruto, que a olhava com desejo. Deixou que a morena caísse em seus braços e logo levou sua mão até seu rosto, aproximando-se rapidamente para um beijo agitado, a boca de Naruto ainda tremia, e Hinata estava tomada de surpresa, mas a sensação era a mesma de sempre, senão melhor. Ambos sentiam tanta falta dos lábios um do outro, era impossível não se emocionarem ao sentir aquilo novamente.

Se separaram por falta de ar, Naruto olhava Hinata que estava incrivelmente vermelha e em choque, começou a acariciar seu rosto novamente. O vento soprava bastante os pedaços de neve que pareciam se mover em sincronia ao redor do casal - Eu já te disse antes, não? Eu te disse que sou eu quem deveria estar pedindo perdão. Todo esse tempo e eu não percebi porque eu era extremamente estúpido e um tapado qualquer, na verdade não me acho merecedor do seu amor. Você esperou tanto tempo por mim e o meu maior medo é não ser esse cara que você sempre sonhou e sempre amou. Eu não sabia nem dos meus próprios sentimentos nem de suas emoções, e mesmo assim, depois de todos esses anos... - Os olhos de Naruto agora brilhavam bastante, suas bochechas vermelhas e uma sensação térmica agora agradável, mesmo que a cada palavra que saía de sua boca soltava um ar dominado pela neve. A sinceridade nas suas palavras chegava a assustar Hinata, que se via cada vez mais incapaz de segurar sua vontade de chorar e se jogar nos braços do seu amado - depois de todos esses anos... todo esse tempo, sem exceção, você amou o grande tapado que eu sou... "Um fracassado de se orgulhar", foi assim que você me chamou naquele dia, antes de lutar contra Neji. Você nem imagina como aquilo me deu força e vontade de vencer, eu me senti imbatível. Sem aquelas palavras suas, eu certamente teria perdido. E eu... - Naruto apertou ainda mais a mão de Hinata contra a sua, uma única lágrima já escorria de seus olhos, emocionando Hinata que se permitiu chorar também - Arigato, Hinata!  Obrigado por sempre me observar todo esse tempo, e obrigado por nunca desistir de mim, e acima de tudo... Obrigado por me amar todo esse tempo! - As lágrimas escorriam pelo rosto macio da morena incessantemente, tentava professar palavras em agradecimento mas a felicidade que sentia simplesmente a sufocava, deixando-a incapaz de fazer qualquer coisa - Hinata, eu te amo!

Mesmo tendo ouvido essa frase tantas vezes, Hinata nunca se cansava, se sentia mais amada e apaixonada a cada vez que a escutava. Naruto levantou sua mão calmamente, tirando do bolso uma única chave, a deixando sobre a mão da morena que arregalava os olhos olhando aquilo - E também... para quê você não tenha que ficar esperando do lado de fora! Não posso te deixar pegar um resfriado por minha culpa... - Aquele sorriso... novamente aquele sorriso que a deixava drogada de alegria. A mão firme e grande do loiro a acariciava de maneira tão terna que chegava a dar sono, mas o aperto em seu coração a deixava bem acordada naquele momento. Ela fechou a mão que segurava a chave e com todas as forças disse olhando para o Uzumaki que a fitava curioso, esperando por uma resposta - Sim! Eu aceito! 

Se envolveram num abraço apertado que durou minutos e, relutantes, se despediram e tomaram caminhos diferentes. Hinata segurava aquela chave perto do seu peito que transbordava de emoções, ainda não conseguia parar de chorar.

Já distante dali, Naruto andava com as mãos no bolso, não mais de cabeça baixa e triste, e sim com um olhar erguido e um sorriso estampado no rosto, se sentia bastante aquecido. Suspirou e olhou pra lua que iluminava toda aquela imensidão escura que era o céu, sentindo os flocos de neve caírem vagarosamente em seu rosto e ao seu redor.

"Algumas vezes eu me pergunto... Todo ano eu voltava por essa mesma rua, até mesmo no frio excruciante do inverno e era tão frio... tão frio que eu mal conseguia aguentar. Mas agora, as coisas estão diferentes do quê eram antes. E mesmo que uma brisa tão fria como essa arrepia todos os meus pelos e dói pra caramba, por alguma razão hoje...

Eu me sinto aquecido!"