[Hayate Gekko]
— Um por vez se apresentem e entreguem os pergaminhos — pedi quando notei que eles já haviam digerido a ideia de que serão um grupo.
Essas crianças parecem ser bons ninjas, mas ainda assim precisam passar por exames. Porém, antes preciso que se apresentem, caso não se conheçam, o que é muito provável já que moravam em vilas diferentes.
Os alunos se entreolham, esperando alguém tomar iniciativa, mas acabou que ninguém quer ser o primeiro.
Pelo menos não temos um exibido por aqui. É importante ninjas serem discretos.
— Então está bem, eu mesmo escolho — disse sorrindo e logo então essa maldita tosse voltou a me perturbar.
Assim que me recompus, apontei para a garota na fileira do meio. Se ela teve coragem para sentar-se na primeira carteira, terá para se apresentar agora.
A jovem de cabelos notavelmente azuis, ainda com receio no olhar, se levantou e veio até mim, entregou o pergaminho e ficou em pé ao lado de sua mesa.
— Azure Fang, do País da Água — ela falou simpática e sorriu, logo olhando para trás, para seus colegas.
Abri rapidamente o pergaminho, li as informações e o enrolei em seguida, colocando sobre a mesa do professor. Azure se sentou em seu lugar.
Eu sei essas informações de cor. O pergaminho faz parte do primeiro teste, que teve início na aldeia deles. Era algo simples e fácil: a folha deveria chegar aqui inteira, sem ser furtada ou perdida.
O segundo teste também já foi feito; era simplesmente chegarem aqui. O prazo para comparecem à Academia Ninja da Aldeia da Folha foi de uma semana, independente se moravam perto ou não. Muitas vezes recebemos missões de ida à lugares que nunca fomos, com dias contados, então é importante ter um bom senso de localização e de tempo.
Claro que um aluno foi favorecido por já habitar pelas redondezas. Eles também precisam saber lidar com isso — as injustiças.
— Ótimo! — tossi um pouco. — Agora você mocinho. — Apontei o dedo indicador na direção de quem já conheço.
Ele é um bom ninja da Folha, ultimamente se destacando com o uso de seu kekkei genkai.
Rapidamente o garoto me entregou o pergaminho, sem o menor sinal de medo ou vergonha.
— Sou Scarlet Blaze, nasci nesta vila, País do Fogo. — E então sorriu tranquilo enquanto acomodava-se em seu lugar.
— Vamos ver... — Me escorei na mesa enquanto os observava. — Que tal você? — Indiquei com dedo indicador na direção de uma garota loira vestida com um kimono.
— Claro — ela falou baixo, praticamente precisei ler seus lábios para entender a palavra. A jovem sorri nervosa enquanto caminha até a frente para me entregar suas informações. Passei os olhos rapidamente por seu pergaminho. Ainda acho a parte que descreve suas habilidades interessante.
— Meu nome é Breeze Dancer, vim do País do Vento. — Então ela sorriu de uma maneira que não pode ser descrita com outra palavra, senão provocante.
Coloquei o pergaminho de Breeze sobre a mesa, juntamente com os outros.
É no mínimo curiosa a escolha deles por seus lugares na sala. Acredito serem bem individuais, por não sentarem-se próximos uns dos outros. Terei de trabalhar a união do grupo.
Azure à frente demonstra que ela é corajosa e geralmente toma decisões corretas. Tem segurança no que faz, por isso não há medo em se esconder.
Scarlet gosta de ser o centro das atenções, principalmente quando é melhor do que os outros em alguma tarefa. É orgulhoso e quer ser notado.
Breeze me intriga. Ela está próxima à janela, o que pode significar que ela não gosta de estar presa. Não me parece alguém de decisões fortes.
O garoto atrás de Dancer se esconde nas sombras e isso é algo preocupante. Das duas uma: ou ele se esconde para defender ou para atacar. De qualquer forma, exala perigo.
Do outro lado, resta o jovem que está de certa forma separado dos demais. Ele entende que é diferente e por isso se mantém à distância. Deve ter muito poder, mas não sabe o controlar com perfeição.
— Você de preto aí no fundo! — falei em tom mais alto e a costumeira tosse acompanhou minhas últimas palavras.
O garoto com cabelo branco como a neve se aproximou silenciosamente e entregou o pergaminho em minhas mãos. Não pude deixar de conter minha animação interior ao ver que ele realmente carrega uma espada. Lendo o pergaminho, relembro que ele ainda não completou a idade dos demais.
— Midnight Blade. País do Raio — se apresentou sério, me olhando diretamente nos olhos, em claro desafio.
Há algo que ele esconde — talvez um segredo. Mesmo sendo criado para tornar-se um dos ninjas dos elementos desde pequeno, algum mal intencionado de sua vila pode ter clandestinamente o treinado para que seja um espião e descubra os segredos daqui. Preciso ficar de olho em todos, mas principalmente nele.
— Bem, acho que agora sou eu — disse o moreno do lado esquerdo da sala ao perceber que é o que restou.
Caminhando pesadamente, veio até a frente da sala me entregar o pergaminho. A aparência dele realmente remete a taijutsu.
— Meu nome é Crimson Fist, sou do País da Terra. — Ele sorriu nostálgico, provavelmente recordando-se de seu antigo lar.
Hora do terceiro teste.
— Crimson! — gritei antes que ele se acomodasse em seu lugar. — Ali fora no corredor, ao lado da porta, há uma caixa com algumas melancias. Poderia por favor pegar uma e trazer para cá? — pedi com uma voz calma e em seguida tossi sem que pudesse evitar.
Obediente, Crimson foi sorrindo buscar o que pedi, ansioso pelo teste e/ou para comer. Enquanto isso, a expressão dos outros é de confusão. Não sei o porquê de tanto alvoroço se apenas pedi uma fruta.
Logo Fist voltou, segurando em seus grandes braços uma enorme melancia sem a menor dificuldade, ainda com os lábios curvados.
Indiquei para que ele colocasse em cima da minha mesa, ao lado dos pergaminhos.
Levei a mão à boca por educação quando tossi e enfim falei:
— O trabalho é todo seu, Midnight.
O ex morador do País da Terra se sentou, por não precisar mais ajudar, enquanto o menino de olhos azul escuro seguiu em direção à fruta.
— A corte em cinco pedaços — disse baixo quando ele se aproximou.
Rápido e preciso, em um piscar de olhos pude ver a polpa vermelha da melancia.
— Perfeito. Cada um pegue um pedaço. — Sorri olhando a expressão interrogativa no rosto deles.
Todos em pé, cada um com uma fatia na mão e a encarando milimetricamente.
— Podem comer. Mas sem jutsus! Não será necessário — afirmei com os braços cruzados, ainda encostado na mesa.
— Isso é um teste Hayate-sensei? — perguntou Azure, não contendo a curiosidade.
— Não oficialmente. É apenas... um café-da-manhã. Somente quero que sejam bem recebidos. — Sorri de lado e sentei em minha cadeira para observá-los com maior conforto.
Fang cheirou a fruta e deu a primeira mordida com vontade, mas quase se engasgou com uma semente.
Ela primeiro sentiu se não havia veneno, porém estava tão preocupada com isso que esqueceu-se de um pequeno e importante detalhe.
Crimson aproveitou a deixa e deu boas mordidas, ignorando as sementes e as mastigando com normalidade. Parece estar gostando.
Não tem problemas ao se arriscar; enfrenta as partes ruins sem medo para saborear o doce com rapidez. Porém, o jeito mais rápido muitas vezes não é o mais indicado. Ele está deixando uma marca de sujeira.
Scarlet sorriu, tirou as sementes com a ponta dos dedos, logo mordendo sem pressa a polpa.
Tomou o caminho mais simples para degustar o doce, provando a frase "devagar se vai ao longe". Não se importa em ser o último a terminar. Realmente bem seguro de si e de seus atos.
Wind lidou bem retirando as sementes rapidamente, mas ao dar pequenas mordidas se embaraçou com o caldo, molhando-se e ficando irritada. E quando isso aconteceu, sorriu e observou os outros, tentando e conseguindo melhorar seu desempenho. Não deve estar acostumada com esse tipo de fruta; deserto não é generoso no quesito alimentos.
Boa com detalhes, é ligeira, mas não sabe ter paciência. É ousada e pode tirar vantagem das coisas. Ela deveria tentar fazer tudo do jeito certo de primeira, pois pode não haver segunda chance.
Após olhar todos, Midnight começou. Cortou a fatia em partes menores e retirou as sementes usando uma kunai, para então comer. O início pode ter demorado, mas ele mastigou tudo rapidamente e sem barulho.
Dependeu muito da kunai; não pode ser sempre assim. Parece ser o tipo de pessoa que é calma quando tudo vai bem, mas deve se irritar fácil quando as coisas dão errado. Porém, é inteligente, lembrando de usar o que tem disponível em seu arsenal.
— Limpem a sala, voltarei depois para iniciar o Exame Genin.
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