Ariana seguiu os passos sem perguntar. Assim que passou pela grade, o homem a ajudou se levantar e com mais claridade. A jovem pôde ver quem à tirou daquele lugar e do ponto de vista do monstro. O rapaz era alto, com o porte físico mediano, tinha cabelos castanhos e os olhos eram de cor avelã. Ao ficarem de pé, o homem deu um leve sorriso amigável.
-- Essa foi por pouco... Mais alguns minutos e você viraria almoço daquele monstro...
Ariana abriu um sorriso nada amigável.
-- Não precisa ficar se gabando, mas já agradeço por ter me ajudado a sair dali.
O rapaz olhou da cabeça aos pés de Ariana, notou que ela era pequena de altura, mas mostrava uma personalidade forte. Ele colocou as mãos no bolso da calça e tentou ser simpático:
-- Está ciente de que, aquilo não é humano... Precisamos buscar ajuda.
O homem tentou arrobar uma porta de ferro, mas infelizmente estava emperrada. Ariana encostou na parede, sentindo um pouco da costela esquerda doer:
-- Tem uma abertura ali -- Apontou o rapaz para a janela meio fechada.
Ariana permaneceu imóvel e pôs as mãos na costela, fazendo um olhar de dor. O rapaz se aproximou.
-- Você está bem? -- Ele se aproximou, quase colocando as mãos no ombro dela.
-- Sim, apenas estou tentando me recuperar do que houve -- Ariana fez sinal para que não se aproximasse.
-- Me desculpe, eu nem me apresentei... Eu me chamo Dylan, Dylan O'brien -- O jovem deu um sorriso e uma piscadinha de olho.
Ariana olhou sem reação para Dylan. Assim como ela, Dylan tinha um ferimento na perna. Apesar de toda a simpatia dele, a garota não conseguia sorrir. Permaneceu calada, mas se desencostou da parede.
-- Eu me chamo Ariana Grande... O que está acontecendo aqui? -- Ela perguntou, esperando uma resposta lógica.
-- Não sei, acordei em um lugar "estranho"... Mas lembro que minha motocicleta sofreu uma colisão na estrada... -- Dylan olhou seriamente para a rua nebulosa.
Ariana percebeu a semelhança eram enormes entre eles: Ambos haviam chegando na estrade de Nashville e sofreram acidente. Depois disso, não sabiam o que havia acontecido na cidade. O chalé que Michelle e Candice comentara tanto, parecia uma farsa. Estava mais para uma noite de Halloween do que uma comemoração de ínicio de verão. A lembrança da morte de Chace fez seus olhos lacrimejarem. Notando que Ariana havia ficado em pequeno estado de choque, Dylan se aproximou, se curvando à altura do rosto dela:
-- Vamos ficar bem. Acredite em mim - A voz dele parecia sussurrar e ao mesmo tempo, demonstrava preocupação.
-- Nenhum aparelho de comunicação funciona... Só se encontrarmos outro na cidade -- Ariana levantou a cabeça e seus olhos não lacrimejaram mais.
-- E nenhuma pessoa? -- Dylan voltou a postura normal.
-- Vi um vulto... Mas poderia ser coisa da minha cabeça. Acredito que não teremos ajuda tão rápido... -- Ariana olhou para a rua silenciosa.
-- Deve ter mais pessoas... Minha banda parecia atrair bastante público.
Ariana olhou para a postura de Dylan, ainda perdida no que ele acabara de dizer.
-- Sabe... Eu sou o baterista na Banda Fear Minds. Esqueci de comentar esse detalhe.
A garota logo notou que ele estaria sendo tão simpático. Artistas, músicos, gostavam de puxar papo fácil com mulheres para ter status. Geralmente os vocalistas e guitarristas, tinham mais facilidade em conquistar mulheres. Que grande sorte! Seu crush acabara de morrer, suas amigas haviam desaparecido e estava a sós com um integrante da banda Fear Minds. Isso poderia ser ironia do destino? Dylan olhou para a janela meia fechada do armazém, mas resolveu checar a rua. Ambos caminharam até um beco escuro, do lado oposto da grade de ferro que eles haviam passado. Havia um portão agradado e estava trancado. Seria impossível pular, pois tinha arames farpados e poderiam se machucarem. O rapaz olhou para Ariana:
-- Acredito que um pé de cabra consiga abrir isso -- Dylan falou em tom de voz baixo, pois sabia que o monstro poderia escutá-lo.
-- No galpão. Me ajude a subir pela janela, talvez encontrarei algo que possa ajudar... -- Sugeriu a jovem.
Sem criticar, Dylan acenou a cabeça positivamente e os dois voltaram quietos pelo mesmo caminho. A janela na qual Ariana citou, estava a alguns metros acima do normal e obviamente precisaria de um impulso para poder subir. Ela se posicionou e com a ajuda de Dylan, alcançou a janela. Ainda tinha em mãos, a lanterna (o objeto poderá lhe ajudar a clarear o lugar escuro). Assim que pulou, Ariana caminhou devagar, olhando para todos os lugares: Havia prateleiras metálicas nas paredes e algumas caixas empoeiradas. No canto inferior (no alto) das paredes, umidade e teias de aranhas revelava que o galpão foi abandonado há muito tempo. A garota caminhou até a porta e destrancou, posicionando a lanterna sempre para frente. Respirou fundo e entrou na sala seguinte. Estava ansiosa, qualquer criatura poderia surgir do nada e atacá-la novamente e não teria nenhum objeto para usar como arma para se defender. Ao entrar nessa sala, se assustou com um rato que passou ligeiramente à alguns metros à sua frente. Apesar do susto, Ariana olhou para todo o ambiente antes de entrar: Assim como o galpão anterior, não havia ninguém, sendo que o lugar estava sujo e largado. Ela avistou que tinha mais armários de madeira e então resolveu abri-los. A porta do armário de madeira estava emperrada, e a garota precisou deixar a lanterna na mesa e forçá-la a abrir com as duas mãos. Ao tentar abrir, a sombra da mesma jovem do hospital passou atrás dela, deixando um cheiro de alecrim onde Ariana estava. Em mãos, Ariana conseguiu um pé de cabra e pegou mais uma lanterna, encontrada por sorte.
-- Dylan pode me ajudar iluminando os lugares com isso... -- Ariana pegou a lanterna, que era mais grande do que a sua.
O pé de cabra estava enferrujado, mas ainda dava para usá-lo. Ao retornar pela porta, encontrou um desenho em folha de sulfite, com alguns desenhos e símbolos, mas o que mais chamou a atenção foi a forma que uma figura de ''jovens" centralizada no papel e estava com manchas de sangue recente. Ao lado dessas garotas, tinha um desenho de uma escola, o símbolo era um escudo azul marinho, como se fosse um medalhão. Na borda do papel, trazia a seguinte legenda :
"Ginásio Pentecostal de Nashville..."
Ariana leu o nome da escola em voz alta e ao voltar a postura de pé, a garota (que estava na van de cabeça baixa) parou na porta. Ariana se virou rápido ao sentir a sensação que alguém estava atrás dela, fixando a lanterna na garota, que tinha os braços sujos de sangue, e suas pernas esfoladas. Seus olhos eram negros, e a pele pálida. Não poderia estar mais viva, pois era evidente que seria um cadáver, ou zumbi. Ariana gelou e se arrepiou, dando alguns passos para trás. A garota da "misteriosa" da van, de forma ereta e estranha, deu um passo a frente e largou um pedaço de papel em seus pés. Essa permaneceu de pé por alguns segundos e então passou correndo e Ariana tentou se defender, mas ao passar pela Ariana, a "garota da van" se transformou em poeira. Nesse momento, Ariana havia fechado os olhos e tinha feito bloqueio com o braço. Ao passar esse momento bizarro, a jovem abriu os olhos, ofegante e tremendo muito, notando que havia um pequeno pedaço de papel que a jovem havia largado no chão, e então resolveu pegá-lo. Com letra de forma, estava escrito: Taíssa Lange. Com sua percepção lógica, Ariana relacionou que a menina se chamava Taíssa e ela queria que a Ariana fosse para o ginásio. Seria um sinal para descobrir o que aconteceu naquela cidade.
Ariana guardou os papéis e voltou para o lado de fora, seguindo novamente para o galpão, arrastando uma pequena mesa para se apoiar e poder passar pela janela. Dylan estava apoiado de frente e notou que ela jogou o pé de cabra e uma lanterna, e em seguida começou a passar. Dylan gentilmente auxiliou Ariana a pular da janela, segurando-a pela cintura e a apoiando, até ficar no chão. Apesar da gentileza, Ariana tirou as mãos dele e cortou o clima "cavalheiro".
-- Estou bem... Não se preocupe! -- Ariana o olhou séria.
Dylan deu um leve sorriso, passando a mão no próprio cabelo.
-- Pela demora, pensei em arrombar a porta para ver se estava tudo bem.
-- Eu ainda pensei que tivesse me abandonado.-- Ariana lhe entregou a lanterna, com nenhum sorriso.
-- E por que faria isso? Não sou esse tipo de pessoa que a mocinha aí pensa de mim, sabe... Aliás, precisamos um do outro, se não... -- Dylan pegou o pé de cabra no chão, planejando como arrombaria a porta de ferro.
-- Se não?? -- Ariana o olhou, super desconfiada.
-- Seremos brinquedos daquele maluco com máscara de minerador. Você não quer morrer decapitada...-- Dylan posicinou o pé de cabra no vão da porta e com um tranco, a destrancou em seguida.
Ariana nada falou, mas apoiou as mãos na cintura.
-- Não acredita mais que a ajuda irá vir? -- Dylan o desafiou.
-- Ter esperanças é bom... Mas por enquanto, temos um ao outro. É hora de ficarmos unidos. Não pense em correr por aí sozinha... -- Dylan a olhou, com um olhar sensual e sério ao mesmo tempo.
Dylan abriu o portão, ecoado um barulho alto (como porta de castelo).
-- Primeiro às damas... -- Dylan fez um gesto "amigável" para que Ariana fosse para frente, e ela obedeceu, olhando secamente para ele.
Ao passarem pela porta, Ariana e Dylan pararam em uma rua completamente deserta. O céu estava escuro, sem nenhum sinal de estrela, ou lua. O silêncio ecoava mortalmente.
-- Esperava estar mais movimentado... -- Comentou Dylan, olhando para os carros estacionados, com portas abertas e alguns com vidros quebrados e sem pneus.
-- Não acredito que ainda não caiu a ficha... Estamos em um lugar bizarro, sr. Esperança... -- Ariana o olhou comica.
-- Pensamentos positivos são sempre bons, sabe... -- Dylan deu uma piscadinha de olho.
Após o diálogo, um ruído estranho ecoou no lado inferior da rua. Era como se arrastassem correntes pelo asfalto, ecoando um barulho terrivelmente assustador. Dylan e Ariana se olharam.
-- Escutou isso?? -- Ariana esbarrou no braço de Dylan.
-- O barulho veio de lá... -- Dylan apontou para a direção "norte" do lugar.
-- Será que algum carro funciona? -- Ariana correu para perto de um carro, e Dylan a segurou, pela mão.
-- Espere, você realmente vai querer roubar um?? -- Dylan a olhou com surpresa.
-- Temos outra saída? -- Perguntou Ariana, olhando para dentro do carro, através do vidro.
O rapaz então avistou um carro de polícia, estacionado a poucos metros dali. Se tiver funcinando o rádio de comando, poderia chamar ajuda. Dylan não queria se arriscar deixando Ariana para trás, pois para ele, seria covardia.
-- Tenho uma idéia! -- Dylan puxou Ariana pela mão, mas a garota soltou imediatamente.
Eles caminharam até o carro de polícia , que estranhamente estava com as portas abertas, o vidro dianteiro quebrado. Muito suspeito, Dylan suspirou, e no impulso, resolveu ligar o rádio.
-- Câmbio, Câmbio... Alguém na linha? -- O rapaz tocava no painel.
Ariana tirou do bolso do shorts, o papel que a Taíssa havia largado: Seria uma pista para onde deveriam ir? A jovem lembrou da cena bizarra, na qual a garota passou correndo entre ela, fazendo a arrepiar. Dylan tentava ligar, mas sem sucesso.
-- Está quebrado... Droga, teremos que buscar ajuda a pé mesmo... -- Dylan avistou um revolver no banco passageiro e parecia carregado de munição.
-- Precisamos ir no ginásio de Nashville -- Ariana comentou.
Dylan olhou a arma e ainda pensativo, não sabia se pegava. Principalmente porque seu pai era xerife e ensinou a manuseá-la, porém não era especialista em disparo, sendo que poderia colocar a vida de Ariana em risco.
-- Taíssa Lange... Ela quer que vamos nessa escola -- Terminou Ariana de falar.
O rapaz voltou a olhar fixamente para Ariana, que estava encolhida e apoiada no carro, tremendo por conta do frio. Não havia outra chance, isso teria que ser a saída. Pelo menos, uma arma seria uma ajuda para tentarem se defenderem de qualquer criatura. Dylan pegou o revólver e a examinou com cuidado : Não sabia se era manual ou automática.
-- Se isso for um sinal para onde devemos ir... Então vamos. -- Dylan saiu de dentro do carro.
Ariana permanecia de rosto baixo, estava pálida e passava as mãos nos braços para tentar se aquecer. Dylan olhou para a rua vazia, e então uma voz masculina assustou os dois:
-- Largue a arma e ponha as mãos na cabeça...-- A voz masculina ordenou.
Ariana e Dylan se viraram e viram de pé, um xerife apontando uma arma em direção à cabeça de Dylan.
CONT
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