História Nashville - O despertar do Mal - Confissões

        Ariana não conseguia falar. Ao ver que sua amiga tinha morrido, sua voz era fraca e triste. Seu olhar estava fixado ao chão. Dylan abraçou-a.

         -- Eu sempre estarei aqui... -- Ele tocou carinhosamente no rosto de Ariana.

        Ariana cedeu o abraço, apoiando seu rosto no peitoral do rapaz. Isso a fez relaxar seu corpo, sentindo a quentura e o aconchego de Dylan. Ela não queria soltá-lo, mas ainda estavam em um pesadelo real. O rapaz percebeu que ela levantou o rosto, e então, aproximou seu queixo, sentindo a respiração e os lábios de Ariana bem próximo do seu, mas a jovem se afastou em seguida, quebrando o clima:

       -- Precisamos chegar lá...

       Dylan a olhou sem entender:

       -- Para onde? -- Ele respondeu.

       -- Para a casa da dra°Jéssica Lange...-- Ariana limpou algumas lágrimas.

       O rapaz não entendia o que ela queria falar.

       -- Taíssa falou para ir até lá?-- Dylan questionou.

       -- Não sei se foi ela... mas encontrei uma pista que leva até a casa da mãe.-- Ariana respondeu, olhando para ele.

        -- Mãe?

        -- A dra. Jéssica Lange tem duas filhas: Taíssa e Lily. Ambas desapareceram no ano passado. Fizeram buscas em volta do chalé, na cidade.... Mas já se passou um ano e nenhum sinal delas até hoje. Sei lá, acho que elas faleceram, mas mesmo em espirito, Taíssa quer me avisar sobre o verdadeiro culpado.

       Dylan permaneceu calado.

       -- Puxa, dever ser horrível perder duas pessoas importantes assim, e não ter uma resposta.

       Ariana parou por alguns segundos.

       -- Não vai me chamar de louca, por acreditar em espírito?-- Ariana o encarou.

       A sobrancelha de Dylan se levantou, e sua expressão era confusa.

       -- Por quê não confiaria em você?! Só temos um ao outro. -- Dylan olhou para os lados.

       -- Não compreendo. Como é o único a acreditar em mim... Chace, Alex, Michelle... Eles eram meus amigos e não acreditavam em mim...-- Ariana  apoiou as mãos na cintura, com um olhar confuso.

       Dylan deu um passo à frente.

       -- Ás vezes, nem tudo é o que parece ser.... Conheci uma garota que se importava profundamente com a própria aparência. Começamos a namorar, mas o nosso "amor" era conturbado, se é que posso chamar de amor.

       Ariana o olhou:

       -- E o que isso tem haver com acreditar em minhas loucuras?

       -- Ela se aproximou de mim porque eu era músico, mas não me apoiava, não me escutava, não apoiava minha banda e criticava porque eu tocava bateria. Ela nunca enxergou que eu não queria ser como meu pai, o xerife. Apesar da "farsa" que éramos, eu me sentia vazio. Sabe quando você se sente diferente do resto do mundo?-- Dylan ficou ao lado de Ariana.

        Ariana entendia como Dylan se sentiu, solitário por dentro, incompleto. Seu relacionamento era uma fachada, para não levar estereotipos de seus colegas de banda.

        -- Sei como se sente...-- Ariana cedeu para a conversa continuar.

        -- Então numa noite, eu a vi transando com o Dereck, o vocalista da Fear Minds.

        Os olhos de Ariana se arregalaram.

       -- E aí?

       -- E aí que eu resolvi acabar com essa farsa. Discuti com Dereck e justo um dia antes da Fear Minds partir para a viagem e isso abalou o clima do grupo. Eles foram na frente e eu decidi ir depois, com minha moto. Daí você sabe o resto: Parei aqui com você -- Ele abriu um leve sorriso.

       Dylan não comentou sobre o encontro do monstro de máscara de minerador, pois não sabia como havia parado em um necrotério e foi uma experiência bizarra que não queria compartilhar tão cedo. Se Ariana soubesse, ficaria mais em choque e também surgiria mais questões sobre o mistério da irmãs. Uma luz clareou a mente de Ariana.

        -- Minha mãe sabia o que aconteceu com as filhas da Dr.a Lange! Ela tentou me avisar o quanto seria perigoso ir á um lugar onde desapareceu duas garotas. Eu não a escutei. Deveria ter feito mais perguntas ao invéz de desobedecê-la!-- Ariana se apoiou em um pilar de concreto.

       -- Isso mudaria o destino. -- Dylan completou.

       -- O quê?! -- Ariana o olhou.

       -- Se soubesse a verdade, não viria para cá e não nos conheceríamos. Seu amigos morreriam e eu...

       Ariana tocou em suas mãos.

       -- Não pode ser...

       -- O destino? Sim, é o destino. Você teve a oportunidade de não ver seus amigos morrerem, de conversar com um estranho, de evitar esse pesadelo...Mas escolheu ir e agora estamos aqui. -- Ele completou.

        Ela soltou as mãos dele.

       -- Ainda quer saber por que sou o único que acredita em você?-- Ele a  olhou sensualmente.

        Ariana estava começando a perceber o que Dylan dissera: Seria verdade ou papo furado? Seu coração lhe deu um aperto, mas não de angústia, mas de euforia. Seu coração queria lhe ceder uma beijo, mas sua mente bloqueava essa idéia. Ariana ainda desconfiava de Dylan, pois ela era muito anti-social. A pergunta de Dylan batucava sua cabeça. Por que ele acreditava na "loucura" dela.

        -- Por que?

        -- Porque eu... eu...-- Ariana ficou à frente e suas palavras saíam em um tom suave e sério.

        Ariana o olhou, ainda confusa.

        -- Porque eu... Tenho medo de te perder e isso é uma sensação estranha, eu sei. Desde quando te salvei, eu sabia que tinha feito a escolha certa, mas não sabia o quanto me sentiria tão completo.

       Os olhos de Ariana se espreitaram.

        -- Jura mesmo.... mas que xaveco sem sal...-- Ariana se virou, dando as costas e quebrando o "clima".

        -- Você me pediu uma resposta e se não quiser acreditar, é uma questão sua. Não sou desses homens que acredita levar mulheres no papo.

        Ariana se lembrou de quando foi salva por ele e pela ajuda de pular do trem. Pequenas ações que fizeram eles se aproximarem de uma maneira especial. O rapaz saiu em direção ao portão de ferro.  

         -- Vamos! Temos uma casa para ir...-- Ele abriu o portão.

         Ariana ficou calada e então se juntou à ele. Do outro lado da rua,  tirou a cartaz que Lily deixou na escola. Leu o endereço e ambos não sabiam como chegar lá, sem mapa. Voltar para a estação seria loucura. E se o monstro estivesse lá? Sem falar que custariam a chegar na estação. Dylan permaneceu parado, segurando o revólver.

         -- Tem planos se sairmos vivos daqui?-- Ela perguntou olhando as ruas vazias.

         A garoa havia cessado, dando espaço para relâmpagos terríveis no céu.

        -- Se ao menos sairmos vivos, quero voltar a ter minha linda vida de músico e não viajar sozinho por muito tempo... -- Dylan retrucou.

        Ariana o olhou.

       -- E eu quero voltar pra minha casa e abraçar minha mãe fortemente.

       Ambos trocaram olhares e Ariana disfarçou, lendo a cartaz.

       -- Zona oeste! Estamos na zona leste, e a casa da Jessica fica do lado oposto!-- ela deu uma leve sorriso.

         Ariana se alegrou, dando uns pulinhos de euforia. Dylan tirou um cigarro do bolso para fumar.

        -- Desde quando fuma?-- Ela esqueceu da euforia e ficou séria.

        -- Desde quando entrei na banda. Se você quiser ser um artista bem sucedido, faça coisas loucas. Ninguém curte artistas certinhos...-- Dylan colocou o cigarro na boca-- Você por acaso não tem isqueiro?-- Ele perguntou com o cigarro na boca.

        A indignação de Ariana era evidente:

        -- Estamos com um possível psicopata à solta e você vai dar uma pausa pra fumar?!

        -- Preciso de tempo. E se isso for apenas um sonho? Talvez já estamos mortos.

        Os olhos de Ariana o fuzilaram.

         -- Como pode pensar dessa maneira? Eu ainda pensei que podia confiar em você, mas estava errada.-- Ela tirou o cigarro da boca dele -- Isso faz mal. Não precisa fumar para mostrar que é rebelde. Já tentou ser você mesmo?

         Após dizer essas palavras, Ariana jogou o cigarro no chão e em questão de segundos, o rapaz lhe puxou para perto, lhe dando um beijo.

         -- Atrevido! -- Ariana virou o rosto e se afastou dele, suando um pouco.

         Ambos sentiram-se quentes quando se beijaram e o rapaz respirou ofegante, olhando a garota surtar.

         -- Nunca mais se aproxime desse jeito! Eu sabia que você era um canalha. Você não passa de um aproveitador!

         Dylan passou a língua nos lábios, sentindo o batom que Ariana usava deixando-o um pouco excitado. Ariana mordeu os lábios se afastando ainda mais dele.

         -- Ok, se quiser ainda me acompanhar, vai ter que se comportar.

         Dylan deu um passo à frente, ficando próximo novamente.

         -- Ah, e mais uma coisa...-- A garota se virou.

         Ariana lhe acertou um tapa no rosto.

         -- Isso é pelo beijo roubado.-- Ela o olhou seriamente.

         O rapaz passou a mão no rosto e Ariana continuava a caminhar, até avistar Taíssa parada no meio da rua. Estavam indo na direção certa, a zona oeste. Ariana começou a apressar seus passos e Dylan a seguiu. Passaram em frente à várias lojas e casas silenciosas. A forte sensação que a casa da Dra° Jessica Lange estava próxima lhe deixava arrepiada. Em poucos minutos seguindo Taíssa, Dylan e Ariana chegaram na rua Smelt Grand. Ofegante, a garota perdeu de vista a "visão" de Taíssa, mas o importante é que estavam perto.

         -- Poderia jurar que andaríamos mais... -- Ariana comentou feliz.

         O rapaz ainda estava perdido no beijo que roubara de Ariana e apenas concordou com a cabeça. Ariana avistou Lily, a mulher que acompanhava Taíssa na entrada do colégio. A mesma entrou em um portão no final do quarteirão. Ambos os jovens seguiram para lá e se depararam com um muro de folhagem.

         -- É aqui... -- Ela olhou o portão preto de lanças e a caixa de correpondências: Lange's.

         A jovem abriu o portão e Dylan ficou parado, observado Ariana.

         -- Hey, eu preciso dizer uma coisa também.

         Ariana se virou.

         -- Você beija bem.-- Ele deu uma piscadinha de olho.

         Ariana retribuiu com um leve sorriso.

                                                                                               CONT
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