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História Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru, suas córneas e seus sentimentos


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. Mais um capítulo :)

Perdoem os prováveis erros. Os termos técnicos da doença e da intervenção médica para o Sesshoumaru, eu os pesquisei, mas não há como descrevê-los 100% corretos. Sou de Humanas, sorry XD kkkkkk
Caso alguém aí entenda mais sobre afecções de córneas e micropuntura com radiofrequência, fique à vontade para corrigir e/ou acrescentar o que for necessário nos comentários. Eu editarei o texto. :)

Capa do capítulo: créditos a jojosjuaninhas, do Deviantart.

Temos casalzinho novooo... <3

Boa leitura!

Capítulo 16 - John Sesshoumaru, suas córneas e seus sentimentos


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru, suas córneas e seus sentimentos

 

Bankotsu Stewart era um homem naturalmente charmoso de vinte e nove anos. Moreno de pele clara, cabelos negros e curtos, um olhar penetrante e voz atraente, o escocês era formado em Ciências da Religião e Física. Tinha um currículo impressionante de cursos e atuações curtas em diversas instituições de ensino pela Irlanda e Gales.

Com uma carta de recomendação da Igreja da Escócia, ele chegava à Igreja Presbiteriana da Cidade de Londres pouco antes do início do Seminário para Professores de Escola Dominical e se apresentava ao Bispo James, o ancião daquele rebanho.

— Então é o senhor o nosso palestrante?

— Sim, irmão — disse o moreno alto, com um sorriso impecável.

— É um prazer ter o senhor conosco, meu caro — respondeu o idoso, conduzindo Bankotsu para dentro do grande templo. Professores de diversos lugares da Inglaterra se acomodavam nos bancos com cadernos, canetas, Bíblias e revistas de estudo. Uma silhueta, porém, se destacou no meio da multidão aos olhos do palestrante escocês.

Ann Kikyou se acomodava na banqueta do piano da Igreja quando, por acaso, seu olhar se encontrou com o de Bankotsu e ela, muito surpresa, lhe sorriu timidamente, ao que ele sorriu de volta. Estava feliz ao ver aquela jovem bonita e aplicada ali. Assim que a reunião terminasse, iria falar com ela.

 

***

 

Rin Tibiriçá, sentada no sofá da sala de leitura de Ferguson Manor, sorria para o smartphone. Kohaku estava se comunicando com ela pelo WhatsApp.

Rin, hoje eu vou à missa às dez, na Catedral de St. Paul. Tu queres ir? Sabes onde fica a igreja?

Ela respondeu de volta:

Não sei, mas posso pedir a Iza ou ao seu Toga pra me levar.

A resposta veio rápida.

Pois bem, veja com eles e me dê resposta. Vou ficar muito alegre se tu vieres participar comigo.

O sorriso de Rin se alargou e ela chegou a dar uma pequena risadinha. Por acaso, Izayoi entrava ali.

— Iza — chamou-a a brasileira. — Você pode me levar à missa na Catedral de Sanpôu?

Misa? Sí, cariño — sorriu a espanhola. — Dificilmente vou a igrejas católicas, mas faço questão de levar você.

— Eu vou apresentar o Kohaku pra você.

— Quem é Kohaku?

— É um garoto que conheci no Instituto, ele é muito gente boa — sorriu a morena. Izayoi a encarou por breves momentos e riu. Aquela empolgação da jovem era um tanto óbvia.

Un muchacho, huh...?

Andando devagar por ali, meio desorientado pela claridade, John Sesshoumaru sentiu seus ombros enregelarem com o que ouvia.

Então ela estava pensando em outro...

 

***

 

Enquanto isso, na casa dos Wright em Wetherby, Raymond Inuyasha desempenhava sua atividade favorita: bolinava sua namorada de todas as formas possíveis e imagináveis, se abstendo apenas de penetrá-la, apesar de Kagome desejar muito que isso acontecesse. No fim das contas, nem ele mesmo sabia o porquê desse receio tão grande.

 

***

 

Terminada a reunião, os presentes se cumprimentavam e Bankotsu se acercou de Ann Kikyou, sorridente. A moça lhe sorriu de volta.

— Gostei muito de sua palestra, Mr. Stewart. Além de bom orador, o senhor é um bom professor também.

— Oh, muito obrigado, minha prezada Miss Wright. Bondade sua. Está de saída?

— Sim, vou para a estação de trem.

— Permita-me acompanhá-la, por favor — e o homem a surpreendeu, oferecendo-lhe o braço de forma cavalheiresca. Kikyou corou levemente, aceitando a gentileza; ambos saíram de braços dados da igreja, conversando animadamente sobre as interpretações sociológicas do pensamento teológico calvinista.

A jovem estava encantada com o seu professor; aquele homem, diferente do seu patrão, a respeitava muitíssimo, não se aproximando demais de si. Bankotsu era muito polido e correto em suas palavras; o fato de ser um calvinista convicto a deixou ainda mais interessada em conhecê-lo melhor. E, Jesus, como ele era bonito!

Deus, será que o Senhor respondeu minhas orações e mandou este varão para eu esquecer de vez aquele ateu?

— Miss Wright? — chamava Bankotsu e ela, sobressaltando-se, retomava sua postura.

— Me perdoe, irmão. Eu estava distraída.

— Então... Eu perguntei sobre seu emprego, minha querida.

— Eu sou assistente de um advogado. Ele também é presbiteriano.

— Gosta do que faz, Miss Wright?

Kikyou lembrou-se de como seu patrão a deixava ressabiada e suspirou profundamente.

— Bem, é preciso trabalhar, não importa onde. Sendo sincera, não gosto muito de trabalhar lá.

— Entendo. Já pensou em abrir seu próprio negócio? Talvez você tenha o dom de empreender. Ser empresária. Eu acredito que você seja capaz de gerir um negócio com maestria...

As bochechas da moça coraram absurdamente.

— O s-senhor acha mesmo?!

— Por que não? A senhorita é extremamente observadora, sagaz e tem deduções perspicazes, além de um raciocínio rápido, o que é uma qualidade essencial. Eu reparo em seus apartes na sala de aula, são todos muito inteligentes. No mundo empresarial, precisamos de pessoas como você.

— Você fala como se tivesse um empreendimento.

— Tenho. Uma loja de instrumentos musicais em Glasgow — disse Bankotsu, sorrindo largamente ao ver os olhos de Kikyou crescendo nas órbitas. — Parece que você gostou da ideia.

— Meu sonho é ter um piano... — murmurou ela, expressão sonhadora.

— Piano? Temos diversas marcas e diversos preços.

— Mas, por ora, não posso fazer dívidas. Estou pagando o meu curso e o de meu irmão.

— Entendo... Bem, mas não quer dizer que a senhorita não possa ver um catálogo. Podemos nos encontrar esta semana e você veria nossos modelos, o que acha?

— Seria bom... — respondeu ela, corando de novo. Bankotsu a olhou com certa melancolia e sorriu mais uma vez. Aquela moça parecia interessada nele. Esforçada, bonita, gostava de trabalhar e de estudar. Um bom partido.

Ela seria uma ótima esposa! Se eu não fosse gay, poderia tentar ser feliz com ela, refletiu ele, tristonho.

 

***

 

A missa na Catedral terminava e Izayoi, propositalmente, saiu andando na frente de Rin, que conversava animada com o sanmarinense Kohaku. Era um jovem de vinte e três anos, de sorriso fácil e levemente tímido. Inteligente, tinha diversos assuntos interessantes e declarava seu amor pela Virgem Maria e pela Igreja Católica. Rin estava se sentindo totalmente à vontade consigo, principalmente depois que ele dissera estar disposto a cooperar com o grupo de apoio a crianças e adolescentes em risco, sem se importar de que a coordenação do grupo era composta por espíritas kardecistas.

Kohaku Agnelli era um rapaz de mente aberta e coração bom. A jovem morena o olhava com carinho e estima crescentes, ao que ele correspondia sem medo. Izayoi, ao olhar discretamente para trás, não se surpreendeu que os dois viessem de mãos dadas e passos lentos; logo em seguida, o rapaz se despedia de Rin com um beijo singelo no rosto e um forte abraço.

A brasileira enfim se aproximou da espanhola com um sorriso bobo no rosto.

— Viu o passarinho verde, chica? — indagou a mulher, divertida. Rin levou as mãos à face, rindo também, envergonhada.

— Não sei, Iza... Kohaku... Ele é tão legal! Acho que gosto dele, sei lá... Sempre quis conhecer um cabra bom assim. A gente se identifica...

— Sério, querida?

— Sim, Iza... Acho que... A gente se completa.

 

***

 

Andrew Miroku, em seu quartinho bagunçado na cidade de Coventry, recebia a ligação de Sandie Cameron.

— Fofinho, tenho uma surpresa.

— Surpresa, Mrs. Cameron? Qual?

— Estou em casa — respondeu Sango, provocante.

— Mas... Mas eu imaginei que a senhora iria querer que eu a buscasse no aeroporto. Veio com quem? — contrapôs Miroku, enciumado.

— Com um taxista qualquer, querido. Então... O que está esperando?

— Ah... A senhora me quer? — murmurou ele, cheio de ansiedade, o coração batendo forte no peito.

— Te quero, Miroku. Te quero metendo bem gostoso entre minhas pernas, te quero me chupando daquele jeito carinhoso que só você sabe fazer, te quero me... Que barulho é esse?!

— E-eu... Ai. Pisei de mau jeito e c-caí aqui nos d-degraus do ônibus... T-tomara que meu dente não tenha quebrado. Aiii, ai...

— Já está na rua?! — indagou ela, surpresa.

— Claro... Depois de propostas tão boas como as suas, eu seria um louco se não saísse correndo para ir vê-la, meu amor...

Do outro lado da linha, Sandie disfarçou um suspiro. Ele continuava apaixonado e ela... Ela tinha medo de amar alguém de novo. Por quanto tempo mais Miroku aceitaria aquele arremedo de relacionamento?

 

***

 

Segunda-feira de manhã.

John Sesshoumaru era arrastado para fora de seu quarto por Naraku Octavio, que, naquela manhã, acordara bastante mal humorado, coisa difícil de acontecer. A família instava com o loiro para que facilitasse as coisas; era o dia da primeira ida ao centro de reabilitação para deficientes visuais. Ele, porém, gritava que não queria sair de casa de jeito nenhum.

À parte de todos, Rin estranhou que o irritante filho dos donos da mansão estivesse abrindo somente o olho esquerdo e digitou algumas frases em português no tradutor de seu smartphone; talvez seria necessário ela intervir.

— Eu não quero ir! NÃO QUERO! — exclamava Sesshoumaru.

— Sesshoumaru, você não tem opção. Precisa ir, precisa fazer o treinamento. É para o seu próprio bem, seu teimoso — asseverava Toga, sério. Naraku, por sua vez, já gritava com o amigo.

— Você é um frouxo, sabia? Um frouxo! Eu fazia quatro sessões de hemodiálise por semana e não dava esses chiliques! Seja homem, seu filho da p***!

— VOCÊS NÃO PODEM ME OBRIGAR A FAZER O QUE EU NÃO QUERO!

— Sesshy, o que está acontecendo?! — indagava Izayoi, já bem nervosa com aquelas reações despropositais do enteado. Aos poucos, Rin resolveu engolir o ressentimento e se aproximou devagar dos envolvidos naquela tormenta.

— Naraku...

— O que foi, Rin? Está assustada? Sinto muito — respondeu ele em um espanhol rápido, meio impaciente. — Eu realmente não queria fazer você presenciar uma palhaçada dessas logo pela manhã, só que...

— Por favor, solta ele.

Sesshoumaru fechou os olhos com força, ainda mais irritadiço, ao notar que ela estava ali, vendo a cena que era para ser restrita apenas à sua família. A morena, porém, disse pausadamente, tentando não errar na pronúncia das palavras:

Él siente… Él siente dolor en su ojo de-re-cho (Ele sente dor no olho direito).

A balbúrdia cessou e todos, exceto o loiro, olharam-na atônitos.

— Não é dor, Rin, é manha! Ele está acostumado a.. — ia dizendo Toga Ferguson quando a jovem o cortou, reiterando:

— Sesshoumaru tiene dolor, por eso... Ah... Por eso está muy irritado, ¿cierto, Sesshoumaru? (Sesshoumaru está com dor, por isso está muito irritado, certo, Sesshoumaru?)

As atenções agora se voltaram para Sesshoumaru, escorado na porta de seu quarto. Lentamente, ele fez um gesto de afirmação com a cabeça e, engolindo em seco, disse num murmúrio:

— Quero ficar sozinho com Iza... Iza... Onde você está?

— Aqui, querido – respondeu a mulher, mansamente, colocando a mão na cintura dele e o conduzindo para dentro do quarto. – E vocês três, nos deem licença.

— Mas... – iam protestando Toga e Naraku, porém Izayoi foi mais incisiva desta vez:

— FUERA. FUE-RA (fora)!

 

***

 

No quarto, sentados na cama...

— Sesshy, o que você está sentindo no olho direito?

— Está doendo muito, parece que tem areia. Pode fechar as cortinas, por favor?

— Sim, fecho — e a mulher fechou as cortinas, voltando a sentar-se ao lado dele. — Mas o que dói não é apenas seu olho, não é, mi hijo?

O loiro baixou a cabeça em direção ao ombro da madrasta, surpreendendo-a. Ele não era dado àquele tipo de aproximação. Contudo, ela foi além e levou a cabeça de Sesshoumaru ao seu colo, ao que ele não recusou e se acomodou ali, meio tímido.

Sesshoumaru estava deprimido naquela manhã.

— Iza, eu sou tão fraco assim por não conseguir aceitar que vou ficar cego?

— Oh, meu Deus... Que pergunta! Claro que não, Sesshy.

— Mas é o que eles dizem.

— Querido... Eles não querem que você sofra, é isso. Seu pai e seu irmão acreditam que você tem potencial para superar essas dificuldades e...

— Eu NÃO TENHO, Izayoi. Está sendo horrível perder a visão, mas o que mais me incomoda é essa cobrança para que eu supere logo, coloque um sorriso no rosto e saia por aí bancando o cego feliz e bem-resolvido...

E Sesshoumaru ergueu os olhos fechados e lacrimosos para a madrasta.

— Será que ninguém nesta casa descobriu que eu estou com medo de ficar cego?

— Ah, Sesshy... — Izayoi pôs a mão sobre a testa dele. — Pobrezinho. Por que não disse antes?

— Eu digo isso sempre, mas vocês não me ouvem, seus malditos! — retrucou ele, se sentando de novo. — E, segundo aquele maldito Toutousai, eu não deveria sentir dor, mas...

— Então devemos ir até ele.

— Não, Iza, não. Meu pai vai me deixar nervoso e...

— Você vai COMIGO.

— Mas Naraku vai querer ir junto.

— Eu não vou deixar. Você já está vestido para sair, acho que podemos ir logo... A luz do dia está te incomodando?

— Bastante.

Izayoi foi até o armário do enteado e de lá trouxe um par de óculos escuros e o colocou em Sesshoumaru, cuidadosamente.

— Lindo, Sesshy.

— Não gosto que me chame assim, mom.

— Mas eu acho tão fofo — respondeu ela, com um pequeno sorriso feliz por ter sido chamada de mãe por ele. — Me espere enquanto vou lá fora resolver com os teimosos.

A espanhola, então, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Como esperava, seu marido e seu outro filho do coração estavam ansiosos no corredor e se precipitaram em direção a ela, cravejando-a de perguntas. Izayoi, contudo, apenas disse:

— Se não estou enganada, vocês dois têm compromissos. Por que não deixam que eu resolvo com o Sesshy?

— Ele já a convenceu de deixá-lo ficar em casa de novo? — protestou Naraku, sendo seguido por Toga:

— Esse John... Como é difícil lidar com ele!

— Parem, vocês dois. Ele não me convenceu a nada, só precisa de um tempo. Vamos sair mais tarde — replicou Izayoi, muito séria.

— Amor — interveio Toga, olhando com severidade para a esposa, que sustentou seu olhar. — O que você está fazendo?

— Estou sendo a MÃE do Sesshy, Toga. Gostaria que não interferisse e confiasse em mim, por favor.

O espanhol acabou se intrometendo no assunto também, exclamando:

— Não, mãe. Deixe eu ir resolver esse problema de Sesshoumaru. Conheço esse moleque mimado muito bem e...

— Não. Você não o conhece e eu não vou deixar você falar nada, Naraku Octavio. Entendeu?

A severidade do olhar de Izayoi foi o suficiente para calar o psicanalista que, em todos os quatorze anos de convivência com a espanhola, jamais a desobedecera. Naraku olhou para o lado, irritado, mas não disse mais nada, a não ser um “qualquer coisa, me liguem”.

Assim, o moreno foi embora para seu consultório. Em seguida, Toga Ferguson também saía da casa, deixando apenas Izayoi com seu enteado e a nova moradora da mansão, que ficara em total silêncio durante toda a situação em família.

Só então Sesshoumaru abriu devagar a porta; prático como sempre, já havia telefonado para Toutousai Geltschimidt, o oftalmologista que acompanhava seu caso. Por sorte, conseguiram vaga para as nove; teriam vinte minutos para chegar lá.

— Está pronto, querido?

— Estou.

— Se não se importa, Rin vai conosco.

— Não, mãe. Por favor, ela não... Ela vai me... Me ver, ver meus olhos... Acho que estou horrível...

— Ela não pode ficar aqui sozinha, menino. E não é preciso que ela entre no consultório.

Com dificuldade, Sesshoumaru abriu o olho esquerdo, avistando o padrão de cores preto-pele-rosa-azul a dois metros de distância. Foi difícil não conter o rubor nas faces. Rin conseguia fazê-lo entrar em um total vai-e-vem de sensações. Contudo, se não fosse por ela perceber seu incômodo...

— Rin — disse ele, assustando um pouco a moça, que o olhou surpresa. Desde o dia do beijo, eles não se falaram mais.

Dígame, Sesshoumaru.

Gracias — resmungou ele, caminhando devagar em direção à porta da sala. Izayoi disfarçou um sorriso. A situação em si não estava das melhores, mas ver seu enteado tentando ser grato era uma evolução e tanto.

— Pode contar comigo — disse ela em português mesmo, seguindo Izayoi e ele para fora da casa.

 

***

 

Toutousai Geltschimidt era um médico judeu muito conceituado e conhecido no Reino Unido por seu talento em cirurgias oculares; tinha uma aparência um tanto curiosa, já que seus olhos eram saltados e grandes. Ele agora observava com atenção os olhos de John Sesshoumaru e dizia, de forma descontraída:

— Ceratopatia bolhosa, Mrs. Ferguson.

— O quê? — indagou o loiro.

— É uma complicação que pode ocorrer quando o paciente tem distrofia de Fuchs. Suas córneas, Mr. Sesshoumaru, já estão inchadas por causa da distrofia. O que aconteceu é que, agora, se formaram pequenas bolhas no epitélio das córneas. E olhe aqui, Mrs. Ferguson... — fez ele, mostrando a Izayoi o olho direito injetado do rapaz. — Neste olho uma bolha se rompeu, por isso ele está com dores mais intensas.

— Ah, meu Deus. E o que o senhor pode fazer, doutor? — perguntou a espanhola, preocupada.

— Eu recomendo uma micropuntura com radiofrequência, que é um tratamento bastante eficaz contra a ceratopatia e que vai ajudá-lo a esperar pelo transplante de córneas sem tanto sofrimento.

— É um tipo de cirurgia?

— De certa forma, sim. Podemos fazer o procedimento hoje mesmo, na parte da tarde, se os senhores quiserem.

— Eu quero... — murmurou o loiro.

— Não é preciso se preocupar. Tome este comprimido aqui, vou aplicar um colírio anti-inflamatório no senhor.

A madrasta de Sesshoumaru o serviu enquanto perguntava se era necessário aguardar na clínica e Toutousai afirmou que não era necessário. Afinal, o comprimido dado a Sesshoumaru era um ansiolítico; o loiro precisava dormir um pouco.

Em alguns instantes, os dois foram dispensados. Rin os aguardava na sala de espera e se aproximou, devagar e silenciosa.

— Está tudo bem, Iza? — perguntou a mocinha.

— Sim, está, cariño. Voltaremos mais tarde para que o doutor faça um tratamento novo nos olhos do Sesshy. Agora não dá porque ele tem mais pacientes.

— Do jeito que você fala parece ser tão simples, mãe — resmungou Sesshoumaru, aborrecido.

— A forma como você vê é que define se é simples ou não, meu querido. Você pode escolher sofrer com o medo, pode escolher encarar com frieza e pode escolher o caminho do meio, o equilíbrio.

— Lá vem você com essas baboseiras budistas...

Os três seguiam devagar em direção ao estacionamento da clínica. A jovem brasileira permaneceu em silêncio, apenas observando.

Ela agora estava condoída, mas não queria mostrar a Sesshoumaru que estava com pena dele, imaginando que isso apenas o deixaria mais nervoso. Izayoi dava partida no veículo quando o loiro, sentado no banco do passageiro, indagou:

— Por que ela está tão quieta, Iza?

— Quem, filho? Está falando de Rin?

— O que tem eu? — fez a jovem.

— Ele quer saber por que você está calada, querida — explicou Izayoi.

— Peraí — respondeu ela, digitando algo no smartphone e exclamando em seguida: — Tienes sueno, Sesshoumaru.

— Não se diz sueno e sim sueño, Rin. Sueeee-ño — corrigiu ele. — Sí, tiengo sueño. P****, você percebe tudo, hein?

— O quê?

— Nada. Olvídelo. Forget it.

— Es-que-ça — completou Izayoi em português.

— Ahhh tá.

 

***

 

À tarde, Naraku Octavio ia fechando as janelas de seu consultório para ir embora quando o telefone tocou.

— Iza?

— Oi, querido.

— Sesshoumaru foi à reabilitação? Fiquei preocupado com ele o dia todo.

— É sobre isso que precisamos conversar, cariño.

— Quer que eu vá até aí? Estou fechando o consultório...

— Não quer receber sua mama? — brincou ela.

— Como?! Você está aí embaixo?

.

O rapaz saiu afobado para ir até o portão receber a espanhola, que estava vestida com uma calça vermelha e uma túnica indiana estampada. Cheia de cores, do jeito que Naraku gostava de vê-la. Abraçou-a e a trouxe consigo para dentro do consultório, sentando-se com ela no divã.

— Pensei que traria Rin.

— Não, pedi a ela para tomar conta do Sesshy enquanto vinha aqui. Logo vamos ter que voltar à clínica de Mr. Geltschimidt.

— Voltar?! Como assim, vocês estiveram lá mais cedo? O que aconteceu?

Em rápidas palavras, a mulher relatou os fatos para ele, que ficou chocado.

— Mas eu não posso acreditar! Então ele vem sofrendo com dores todos esses dias?

— Começou no sábado. Ele também não conseguia dormir.

— Ele não me contou nada! — protestou Naraku.

— Ele disse que você e o pai dele não o levaram a sério.

— Claro que não! Ele é manhoso, Iza. Abaixa a cabeça por coisas mínimas e...

— Naraku.

Ele se calou ante a seriedade da voz da espanhola.

— Você já parou para pensar que Sesshoumaru tem o tempo próprio dele para se acostumar com a perda da visão?

— Mas já vai para seis anos!

— E daí?! — retrucou ela, sisuda. — Você também exige de seus pacientes que “se virem” para se recuperar de seus problemas emocionais o mais rápido possível?

— Não, mas com Sesshoumaru é diferente, porque...

Não é diferente, meu filho! Ele é um ser humano! Acho que você se acostumou tanto com ele de que se esqueceu disso. Seu irmão tem sentimentos e você está ignorando-os. Você está magoando Sesshoumaru.

O moreno olhou atônito para Izayoi, olhos enormes.

— Você acha?

— Tenho certeza. Agora ele está fazendo um pequeno repouso e... Para quem você está ligando?!

— Espera, mama. Espera, não vou sossegar enquanto não tirar isso a limpo!

— Naraku, não!

O espanhol telefonava, afobado, para o amigo, que atendeu sonolento. Izayoi meneou a cabeça; às vezes Naraku conseguia ser mais impulsivo do que uma criança.

— Sesshoumaru!

— Quem é? — murmurou o loiro, meio perdido.

— Sou eu, idiota! Como assim você esteve passando mal por dias e não me contou?

— Ah, é você, Octavio? Bem, eu contei, seu desgraçado, mas você me chamou de frouxo e disse que minha postura era a de um derrotado.

— Como eu poderia imaginar que era verdade e não manha?

— Simples. Bastava parar e pensar que sou de carne e osso; não é porque nasci rico que não sofro, como você acredita. Quer saber, senhor Naraku Corajoso? Esqueça.

— Como assim? Não há como esq-

— ESQUEÇA. Não há como confiar num cara que me nega o direito de ter medo. Já pensou nisso, Naraku? Não é só você que tem medo do escuro. EU TAMBÉM TENHO. Só que, não sei por qual motivo, o mundo entende você e não pode me entender — rosnou Sesshoumaru, já totalmente desperto e bem irritado. As mãos de Naraku tremiam e ele estava lívido, tomado de forte sentimento de culpa.

— Sesshoumaru... Eu não sei o que dizer... Eu...

— Não precisa dizer nada. Não quero mais falar com você. Já deu.

— O QUÊ?!

— Você não precisa de um frouxo como eu em sua vida. Boa sorte na conquista do mundo, senhor Naraku Corajoso.

E a ligação foi encerrada.

 

***

 

Bankotsu amarrava os cadarços dos tênis para fazer uma caminhada quando seu celular tocou; ao ver o número, o moreno suspirou profundamente antes de receber a chamada.

— Pois não, Mr. Lefevre? — disse ele, formalmente.

Monsieur Stewart... — respondeu Jakotsu, magoado com a frieza do outro, mas mantendo sua postura. – Liguei para informá-lo de que precisamos que substitua Monsieur Sesshoumaru Craddock nas próximas duas semanas.

— O que houve com ele?

— Seu problema se agravou, ele agora sente dores e fotofobia.

— Lamentável. Vou orar por ele.

— Faça isso. O pobre precisa de oração.

— E Sir Ferguson deve estar mal, não?

— Ainda não o vi, foi Mr. DeMarco que me telefonou...

Bankotsu deu um sorriso irônico.

— Quanta formalidade para falar do seu amante.

— Ei, ele... Ele não é meu amante! Aquilo que aconteceu na sexta foi...

— Foi você tentando chamar minha atenção se esfregando num vadio promíscuo como ele.

— Ban, por favor...

— Não me chame assim nunca mais, Lefevre! Você me decepcionou!

— Quem ne decepciona é você, fazendo de conta que não sente nada por mim. Por que não assume o que é?!

— Assumo que sou homem de caráter, fiel e leal aos meus propósitos e sentimentos! Você nunca me verá aos beijos com outro.

Jakotsu mal sentia as lágrimas descendo por seu rosto imberbe, furioso.

— Eu te amo, seu tolo! Mas já não suporto mais esperar sua indecisão!

— Eu também não suporto mais ter que ser fiel sozinho! — exclamou o escocês, já bem exaltado. — De que adianta eu me guardar tanto para o homem que amo, sendo que ele se entrega ao primeiro que aparece?

— Você... Você disse que me ama?!

— Droga... — Bankotsu deu um tapa na própria testa. — Não sei por que você se espantou, Jakotsu. Você sempre soube disso... Dos meus sentimentos.

— Ban... Você pode ser feliz comigo. Vamos nos casar! Você não precisa largar a igreja...

— Não é por causa da igreja, Jakotsu! E você sabe muito bem!

— Mas, Ban...

— É Mr. Stewart para você, Mr. Lefevre — sibilou o homem. — Eu não vou perdoar você por ter tido a coragem de transar com aquele imundo que sai pegando qualquer ser humano que aparece em sua frente. Desde que comecei a trabalhar no Instituto, aquele espanhol nojento deve ter ficado com mais de dez pessoas!

— Eu errei! — e o francês começou a soluçar, escondido dentro do banheiro da coordenadoria. — Eu sei que errei, Bankotsu. Mas me dê uma chance, só mais uma... Eu prometo que...

— Você já me traiu outras vezes. Sobre mais uma chance... Acho que quem precisa de mais uma chance sou eu.

— Do que... Do que está falando?!

— Eu conheci uma moça...

— VOCÊ É GAY, BANKOTSU! VOCÊ NUNCA SENTIU TESÃO POR MULHER NENHUMA!

— Não grite, não sou surdo. Interessante que, para você, tudo se resume a tesão, desejo, prazer, CORPO... Não pensa que um relacionamento leva em conta algo chamado AMOR? Você é escravo do seu corpo? Pois eu não sou.

— Você está blefando...!

— Posso aprender a gostar dela. E posso esquecer do que sinto por você. Na verdade, eu QUERO esquecer, pois ultimamente só estou tendo desgostos.

— Pelo amor de Deus, não faça isso comigo!

— Pare de gritar dentro do local de trabalho. Não seja antiético, seu escandaloso. Vou desligar.

— Bankotsu...!

— É bíblico: tudo que o homem semear, isso colherá. Se você não repensar suas atitudes, vai acabar sozinho. Adeus.

Bankotsu ignorou os soluços do francês e encerrou a chamada, suspirando com dor na alma. Ele nunca havia amado alguém como amara Jakotsu, entretanto não via futuro num possível relacionamento sério entre os dois. O francês gostava de provocar ciúmes nele, e isso o deixava fora de si; todavia Bankotsu não extravasava seus sentimentos, o que levava Jakotsu a entender que ele não se importava.

O escocês sentiu os olhos arderem, mas se recusou a chorar. Jakotsu não merecia aquilo, pensou ele.

Seu smartphone ainda estava em suas mãos.

Discou o número de Ann Kikyou. Sabia que jamais poderia oferecer amor algum àquela jovem mulher, mas estava decidido a, pelo menos, conhecê-la melhor, travar uma boa amizade, se permitir aproximar de alguém que fosse parecido consigo. A voz dela disse “boa noite, Mr. Stewart!” do outro lado da linha e ele notou que ela estava sorrindo.

Deus, me perdoe. Não quero que ela se iluda comigo.

— Miss Wright, estou incomodando?

— Não, de forma alguma, irmão. Eu acabei de depenar uma galinha...

— Uau. O que teremos para o jantar? — brincou ele.

— Galinha assada com purê de batatas e molho de cebola. Meu irmão gosta, então resolvi fazer para ele.

— Ah, irmã... Por que será que eu moro tão longe da sua casa?

— Ora... — riu Kikyou, corando. Inuyasha, que descascava as batatas, olhou curioso para ela. — Eu... Eu nem cozinho tão bem assim, Mr. Stewart.

— Você é bem modesta. Deve ser uma ótima cozinheira. Mas liguei por outro motivo...

— Outro motivo? Qual?

— Tenho aqui o livro que você queria ler, “Comentários sobre I e II Tessalonicenses e Tito”, de John MacArthur.

— Que interessante. Eu gostaria muito de lê-lo... O senhor pode me emprestar? Nossa próxima aula no Instituto é daqui a duas semanas.

— Não é preciso esperar tanto. Eu tenho uma viagem para Craven na quarta-feira... Posso passar por Leeds e entregá-lo a você.

— Sério?! — Kikyou arregalou os olhos.

— Sério.

— Eu... Eu fico muito grata, irmão. Muito mesmo.

— Não é nada demais, querida. Preciso desligar. Foi um prazer...

— O prazer é todo meu, Mr. Stewart.

— Chame-me apenas de Bankotsu, Kikyou. Fique com Deus.

— Fique com Deus também... Bankotsu! Até quarta-feira!

E assim a ligação terminou, com Kikyou deslizando os dedos pela alça do avental, aérea. Inuyasha resolveu interromper seus devaneios:

— Mana. Mana. MANA!

— Humm? O que foi, Ray?

Ray não! Escute... Você estava conversando com aquele professor presbiteriano do Instituto?

— É, ele... Nós trocamos nossos números — respondeu ela, vermelhíssima. Nunca havia sido cortejada antes, então tudo era uma enorme novidade. — Estamos nos tornando amigos.

— O que ele quer com você?

— Ora, Inuyasha... Nada. É só amizade... Eu acho.

O rapaz arqueou uma sobrancelha, cismado. Ele tinha quase que absoluta certeza de que Bankotsu poderia ser tudo, menos heterossexual.

Que Deus me perdoe se eu estiver julgando indevidamente, mas aquele professor tem jeito de ser um viadão pior do que Mr. Jakotsu. Como Kikyou é ingênua!

 

***

 

O restante da tarde e da noite se passaram a passos de pseudópodes de ameba para o dolorido Naraku Octavio. Ele já havia perdido muitas coisas na vida, mas perder a amizade com o “lordezinho mimado” era algo que ele não poderia suportar. Contudo, endureceu-se ao ver que Sesshoumaru não atendia mais às suas ligações.

— Eu não sou um menino, sou um adulto. Posso esperar para resolver isso outro dia... Amanhã, ou depois...

O espanhol se corroía com a ideia de que havia exagerado nos últimos meses com John Sesshoumaru. Analisando de forma racional, o loiro estava certo; Naraku conseguia ter paciência com todo mundo, menos com ele. O fato de terem amadurecido juntos parecia ter dessensibilizado o psicanalista para com Sesshoumaru; sem contar que, por conhecer bastante os defeitos do amigo, o espanhol às vezes se antecipava em suas conclusões sobre o que o outro sentia ou pensava.

Doía em Naraku saber que ele, que procurava tanto ser compreensivo, havia sido preconceituoso para com o loiro, que mais do que nunca precisava de seu apoio. Será que ele ainda estava com dor? O tal procedimento tinha sido bem feito?

Então, o espanhol se enfiou dentro de seu carro às duas horas da manhã, depois de notar que não conseguiria dormir sem ver Sesshoumaru, e se foi para Ferguson Manor, entrando sem a menor cerimônia. Procurando ser silencioso, destrancou portões, andou pelos vários jardins frontais da mansão e abriu a porta da sala cautelosamente, seguindo adiante até chegar ao seu destino — o quarto fechado do amigo, que ressonava tranquilo. Acendeu a luz; Sesshoumaru havia colocado máscaras para dormir.

Naraku se perguntava se deveria interromper o sono do loiro quando este se remexeu, inquieto, na cama; o espanhol se ajoelhou à sua cabeceira, preocupado. Viu os novos colírios do amigo sobre um criado-mudo. Subitamente, Sesshoumaru balbuciou algo, sonolento.

— N-Naraku... Onde...

— Eu estou aqui — sussurrou o moreno, voltando-se para ele. — Aqui, John. Vim te ver.

— Veio me ver...?

— É, eu... Vim te ver e vim para...

— Para quê?

— Para t-te pedir desculpas, eu tenho... Tenho sido um estúpido...

Tem sido, não. Você É um viado estúpido, seu cuzão.

— Sesshoumaru, eu juro que nunca quis menosprezar a sua angústia, eu...

— Já chega, Naraku — cortou-o o loiro, se sentando na cama e retirando a máscara do rosto, exibindo curativos em ambos os olhos. — Você é irritante, sabia? Que eu saiba, eu disse mais cedo que não queria mais saber de você.

— Mas você não pode fazer isso!

— Não posso? Não posso por que, há alguma lei que me proíba de querer distância do meu ex-melhor amigo?

— O que disse...?! — a essas alturas, os olhos de Naraku mal cabiam em suas órbitas.

— Eu disse EX-MELHOR AMIGO, seu hispânico de merda. Eu odeio você.

— Sesshoumaru, não...

— Fui tolo em te considerar como meu irmão por todo esse tempo. Te dei um rim, te dei a confiança que não havia dado nem ao meu pai para que hoje você me rotulasse como um fraco, um frouxo, um derrotado. Pois bem, eu sou mesmo um derrotado. Ficarei cego, mas posso me virar melhor sem você por perto me fazendo sentir um lixo humano.

— Isso não é verdade! — exclamou o espanhol, desesperado. Suas mãos tremiam e ele olhava para o loiro com o mais absoluto pavor. — Eu nunca pretendi...

— Nunca pretendeu, mas conseguiu, Naraku. Afinal, o mundo é de quem supera as próprias limitações, não é? E, se eu não supero, não mereço ser feliz, não é verdade?

— Pare com isso! Eu não...

— Eu te ODEIO com todas as minhas forças — afirmou Sesshoumaru, friamente. — Fora da minha vida, por favor.

O loiro escutou um fungado e aproveitou para acrescentar:

— Sabe, Naraku... Pena a minha cegueira estar tão evoluída. Eu gostaria muito de ver uma coisa.

— ...

— Eu adoraria — e ele colocou os pés no chão, enfiando a mão por baixo do travesseiro — ver a sua cara de c* na CÂMERA.

— O q-que...

Em meio às lágrimas, Naraku assistiu incrédulo ao seu amigo levando uma corneta de brinquedo aos lábios e tocando-a estridentemente. Em poucos segundos, o quarto foi invadido pela família Ferguson, Rin e os empregados da mansão. Izayoi trazia um bolo e todos cantavam “parabéns para você”. O espanhol tremia incontrolavelmente e tentava articular uma palavra qualquer, mas não saía nada de seus lábios descorados.

— Q-q-q-q-q... Que p-p-porr-

— John, meu filho, você pegou pesado demais. O coitado está chorando de verdade! — dizia Toga, puxando o moreno para um abraço. — E para que filmar uma bobagem dessas?!

— Naraku, você é um filho da p*** com Alzheimer. Esqueceu que dia é hoje? — indagou Sesshoumaru, se levantando com algum esforço e erguendo os braços, à procura do amigo. — Hoje é o nosso aniversário de transplante. Nove anos de uma vida nova para você, seu chupador de pirocas.

Izayoi puxou delicadamente o braço de Sesshoumaru até que este alcançasse o moreno, que estava à beira de uma síncope. Naraku Octavio tinha um ponto fraco: caso fosse rejeitado por alguém que amava, ele entrava em pânico.

— Sesshy, você exagerou — comentou ela, enquanto o loiro abraçava um Naraku que finalmente explodia em um choro alto e lhe bagunçava os cabelos. — Pobrezinho. Nana, era brincadeira dele.

— E que brincadeira, hein? Ave-Maria — disse Rin, já cortando os pedaços de bolo para servir as pessoas. — Vocês são tudo coisado.

— Não estranhe, Rin — comentou o dono da casa, rindo. — Eles são assim mesmo, mas se amam.

— Não amo não, pai. Eu odeio esse espanhol arrombado. Iza, por favor, acalme a bicha, senão ela vai infartar.

— M-m-mama... — tartamudeou Naraku, que iria demorar bastante para se acalmar depois daquilo. — Mãe, v-você sabia d-disso...?

— Não, meu bem — e Izayoi pegou nos braços do seu menino de 1,75m e fê-lo sentar-se em uma poltrona. — Eu fiz esse bolo mais cedo, mas era para a gente comer amanhã. Só que o Sesshy, você o conhece... Armou tudo isso, sabendo que você não iria aguentar e viria aqui falar com ele de qualquer maneira.

— S-Sesshoumaru, cabrón... Eu q-queria que o seu c* se enchesse de pulgas e que seus b-braços fossem curtos d-demais para que pudesse se coçar... — soluçou o moreno, inconformado. — Sabe q-que eu não gosto dessas brincadeiras...

— Você é tão previsível, seu retardado. Tenho outros planos para nós.

— P-planos?

— Vou te levar a Liverpool. Concerto com Cecilia Bartoli e Orquestra Filarmônica de Berlim, sábado, sete da noite. Já comprei seu ingresso... — sorriu o loiro, enquanto o espanhol dava um sonoro grito:

— AAAAY, minha santa Cher, é hoje que eu MOR-RO!

Byakuya, em roupas de dormir, se aproximou com uma pequena caixa de som que tinha um pendrive acoplado.

— Mr. Sesshoumaru, posso ligar agora?

— Oh, claro, Byakuya. Chegou em boa hora!

— Para... Para que isso? — perguntou Naraku, cada vez mais atordoado.

— É uma comemoração, seu viado. Não existe comemoração sem música. Byakuya, ligue isso. É hora do show.

Um solo de piano ecoou do aparelho e o espanhol, reconhecendo de chofre a canção, desatou a rir.

— Sesshoumaru, sua louca, eu não acredito! — e, ao som de I Will Survive, Naraku se esqueceu de toda a aflição de minutos atrás e se pôs a dançar, sem reservas, no meio do grande e espaçoso quarto do seu melhor amigo, que também arriscava uns passinhos tímidos, receosos, devido aos curativos nos olhos. A família Ferguson e Rin se dobravam em gargalhadas. — Eu te amo, minha diva loira gostosa!

— Me erra, otário! Não quero macho nenhum me amando não!

 

***

 

 


Notas Finais


Quem mais aí ama a #Izayoi? kkkk <3

Volto depois para editar estas notas.

Obrigada a todos que estão acompanhando!
Beijos da Mamãe

~Okaasan


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