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História Nem por Meio Milhão de Libras! - Seriam Sesshoumaru e Naraku azarados no amor?


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. Mais um capítulo! Com um personagem novo! *-*

Vou responder a todos os comentários assim que puder. ;-)

Perdoem eventuais erros, principalmente no que toca ao momento da Rin no grupo de oração. Eu entendo um pouco sobre a Renovação Carismática Católica, mas não conheço os encontros (sim, eu pesquisei, mas não obtive a informação que queria ainda).

Não me batam, meninas do ship SessRin, não me batam!
HIHIHEHEHAHAHAHA (risada malégna do Saga de Gêmeos)

A imagem dos dois amigos desiludidos não me pertence; créditos ao fanartista.

Boa leitura!

Capítulo 21 - Seriam Sesshoumaru e Naraku azarados no amor?


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - Seriam Sesshoumaru e Naraku azarados no amor?

***

 

— Ninguém te ama como Eu, ninguém te ama como Eu! Olhe para a cruz, esta é a Minha grande prova... Ninguém te ama como Eu...

E lá estavam Kohaku Agnelli e Rin Tibiriçá, olhos fechados e mãos erguidas, cantando com um grupo de católicos falantes de português, no terraço de um apartamento não muito longe da Abadia de Westminster. Para a jovem indígena, aquele era um momento ímpar — estava cantando uma de suas canções favoritas, junto com pessoas que falavam seu idioma e ao lado de um amigo a quem ela considerava muitíssimo. Não demorou para que as lágrimas descessem pelo rosto moreno.

— Está tudo bem, Rin? — indagou o rapaz, baixinho.

— S-sim, estou bem... Só emocionada mesmo.

Kohaku, então, colocou gentilmente seu braço sobre os ombros de Rin. Iriam rezar o terço da família.

— Bendita sejais, Maria, por Jesus que nasceu em Vós! — disse um jovem ruivo de olhos verdes, enquanto os demais respondiam:

— Santa Família de Nazaré, a Vós nos consagramos: guiai, sustentai e protegei as nossas famílias na paz, e no amor; e aumentai a nossa fé.

Após rezarem o terço, houve o momento de oração, onde cada pessoa foi orientada a clamar a Deus por quem estivesse ao seu lado. Rin sentiu suas mãos sendo envolvidas pelas de seu acompanhante e corou, mas logo parou de prestar atenção nelas e fez uma prece em voz baixa em favor de Kohaku. O clima era de fervor e comoção e diversas pessoas choravam, abraçadas umas com as outras. A jovem brasileira abriu os olhos e viu que o ruivo se aproximava deles e pousava a mão no ombro do sanmarinense, gentilmente. Kohaku abriu os olhos e sorriu para o recém-chegado:

— Vieste orar conosco, Shippou?

— Vim, mano — disse ele, sorrindo, e agora se virando para Rin. O português do jovem Shippou era tão pesado quanto o de Kohaku. — Oi, querida. Como é teu nome?

— Rin.

— Há alguém de tua família para quem tu queres que eu ore?

— Sim... Um casal do meu país. Kouga e Ayame.

— Vamos a pedir uma graça de Deus para eles.

Shippou então fez uma linda súplica em favor dos queridos de Rin, que acabou chorando também durante aquele momento que ela considerou maravilhoso. Sentia-se leve, com uma serenidade no interior da alma e uma paz indizível, apesar da saudade implacável do casal brasileiro. Minutos depois, o ruivinho se afastou, indo orar com outras pessoas. O ambiente permanecia praticamente mágico aos olhos da morena. Então, Shippou voltou a pegar o violão.

— Vamos cantar mais uma música, irmãos — anunciou ele. — Porque o mundo, as aflições da vida, os problemas do cotidiano podem até nos fazer chorar, mas Deus quer ver um sorriso em nosso rosto e a fé cada dia mais forte em nossos corações. Amém? — e o ruivo começou a solar Noites Traiçoeiras.

— Deus está aqui neste momento, Sua presença é real em meu viver...

— Ai, que lindo! — murmurou Rin, chorando de novo e erguendo as mãos para o céu. — Eu amo essa música.

O momento religioso durou mais alguns minutos até que finalmente chegasse ao fim. As pessoas se abraçavam efusivamente, comentando sobre o fervor do culto católico. A morena, que não era tão dada a se aproximar de pessoas desconhecidas, se limitava a receber os abraços dos convivas quando mais uma vez o ruivo Shippou se aproximou. Era de baixa estatura, quase do tamanho dela. Seu modo de olhar era sereno e era praticamente impossível não se sentir à vontade perto dele.

— Mais uma brasileira no grupo... — comentou ele, gentil. — Rin, não é? Estou feliz por ver-te aqui celebrando conosco. E, Kohaku, obrigado por trazer a moçoila.

o quê? — indagou ela, intrigada.

Moçoila... — e os dois rapazes riram. Shippou se explicou: — Perdoa-me, sou português. Há muitas coisas diferentes entre a nossa língua e a vossa.

— Ah, sim... Deve ser igual lá na casa da Iza, quando eu digo uma coisa diferente... — afirmou Rin, sorrindo. — Bichim, tu é de Deus. Amei a sua oração pelos meus amigos.

— Tu és bem-vinda para vires sempre que desejares, Rin. E tu também, Kohaku. Sei que tu és mais tradicional, mas acredito que te sentistes bem entre nós.

— Senti-me muitíssimo bem, apesar de não ser um carismático — concordou o rapaz. Rin estava olhando para ele, que ficou surpreso ao encontrar com seu olhar e corou. Shippou disfarçou uma risadinha e abraçou os dois.

— Espero por vós na próxima semana aqui. Foi um prazer conhecê-la, Rin. Sinto que você tem dons.

— Ah... Tenho?! — indagou ela, intrigada.

— Certamente que sim. Podemos falar sobre isso na próxima reunião.

— Eu a trarei, pode deixar — afirmou Kohaku. — Que as bênçãos de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima te acompanhem, Shippou.

— Amém! Digo o mesmo para vós.

— Boa noite, Shippou! Fique com Deus — disse Rin, despedindo-se do ruivo, enquanto seu companheiro lhe estendia um capacete; ambos saíam do local. Empolgada, ela comentou: — Kohaku, eu... Eu estou impressionada! Que encontro maravilhoso! Sério mesmo que tu vai me trazer na próxima terça?

— Claro, Rin — respondeu ele, montando em sua motocicleta e aguardando a morena se acomodar atrás de si, já na rua. — Trago-te quantas vezes desejares.

Os dois jovens saíram de moto, voltando para Paddington e conversando animadamente sobre o momento de oração, ao passo que Kohaku tirava as dúvidas da jovem sobre o que era o movimento carismático católico. Não demorou muito para que chegassem perto de Ferguson Manor, a belíssima mansão onde Rin vivia. Apearam da moto e, por um instante, Kohaku ficou extremamente quieto ao receber o capacete das mãos da brasileira. Ela, por sua vez, estava corada e afogueada, sem saber exatamente o que esperar.

— Então... Rin — murmurou o sanmarinense. — Devo confessar-te uma coisa.

— O quê?

— Tu me fazes feliz — sorriu ele, dando um passo em direção a ela, que não se esquivou. Rin queria o abraço que veio a seguir, junto com um afago gentil em seus longos cabelos negros.

— Tu me faz feliz também... — murmurou a jovem, encantada, como que em um sonho.

Logo o rapaz tomou coragem e roçou os lábios nos dela, que retribuiu o pequeno carinho e então trocaram um beijo doce. Rin fechou os olhos e se entregou àquele momento novo e inesperado com Kohaku quando, perto deles, uma voz grave e muito afetada soou:

¡Ay, mi corazón! Não façam isso na minha frente, yo soy uma bicha pura e recatada!

O casal se assustou ao ver Naraku Octavio chegando também à mansão, com um sorriso zombeteiro. O psicanalista estava com os cabelos ligeiramente úmidos, que cobriam uma pashmina preta que ele usava, cobrindo um suéter cor de creme. Suas calças eram azul índigo e, além de um par de óculos de aro preto, o espanhol estava com brincos pequenos de brilhantes e um relógio masculino. Sensual e perfumado, pronto para a noite. Rin, calada, considerou o visual de Naraku e pensou consigo o quanto ele estava bonito e viril.

Por sua vez, Kohaku começou a balbuciar um pedido de desculpas, afinal Ferguson Manor também era do espanhol (apesar de ele não saber disso, já que Toga o colocara como herdeiro junto com Sesshoumaru em segredo).

— Pode ir parando, bofe. Então, vocês estão namorando, é?

— Bem, Mr. DeMarco, nós... — ia dizendo o garoto quando Rin o interrompeu:

— Estamos sim, Naraku. Eu iria te contar, mas...

— Mas eu sou uma mona enxerida e vi tudo — respondeu ele, levando os dois jovens a rirem. — Então, Mr. Agnelli... Espero que cuide muito bem da nossa indiazinha. Eu sou muito ciumento com minhas amigas rachas.

Rachas? — indagou o garoto. — Eu não entendi.

Rachas quer dizer mulheres, viado. Agora ouça-me com atenção. Rin é a caçulinha da nossa família. Se você magoá-la... — Naraku estreitou os olhos e disse, ameaçador: — Pode dar adeus a essa pombinha branca que você guarda dentro da cueca, porque serei capaz de ir até ao Vaticano atrás de você para arrancar seu piruzinho e servi-lo em rodelas, refogado com azeite e cebola, acompanhado por vinho branco. Estamos entendidos?

Kohaku encarou Naraku com olhos enormes, vividamente assustado, e enfim olhou para Rin, que estava vermelha de tanto segurar o riso.

— É brincadeira dele, Kohaku... — afirmou a morena, tentando não gargalhar da cara medrosa do rapazinho.

— Oh... Err... Eu jamais faria isso... Mesmo que eu a magoe, não será intencional, Mr. DeMarco. Pode ficar tranquilo, vou zelar muito bem por esta joia de grande valor que é a Rin — afirmou o jovem, aconchegando Rin em mais um abraço. — Querida, preciso ir. Eu te telefonarei. Fica com Deus.

— Vá com Deus, lindo, se cuide. Tchau! — exclamou ela, feliz e sorridente. — Mais tarde nos falamos.

— Boa noite, Mr. DeMarco — disse ele a Naraku, dando partida na moto e arrancando suavemente.

¡Buenas noches, muchacho!

Só então o espanhol se virou para dar atenção à jovem morena, esfuziante em seu macacão jeans e tênis coloridos. Naraku não conseguiu evitar certa melancolia; Rin parecia tão bem, tão feliz... Tão mais segura do que ele. Pôs a mão no ombro da moça e ambos caminharam para dentro da propriedade.

— Fico feliz por te ver sorrindo, cariño.

— Ah... É, eu... Eu tô feliz, meu bem, acho que ele é a pessoa certa pra mim. Sabe quando você encontra aquela pessoa que te entende, te completa e com quem você se identifica?

Pessoa que me entende e me completa?, pensou o psicanalista, amuado. Não existe essa pessoa.

— Não...

— Hã?!

— Oh... Desculpe — disse Naraku, apressadamente, tentando disfarçar. — Quis dizer que te entendo.

A jovem passou um braço pela cintura delgada do homem, num gesto displicente e companheiro. Caminhavam devagar pelo jardim de dálias.

— Naraku, bichim, tu deixa eu te perguntar um negócio?

, chica.

— Por que tu não arruma uma namorada, ou um namorado?

— Para quê? — riu ele, sarcástico. — Estou correndo de compromisso! De prisão! Ninguém vai colocar uma coleira em mim... Uma diva deliciosa como eu tem mais é que se jogar na pista!

Rin riu, mas logo ficou séria de novo.

— Sem querer ofender... — afirmou ela, olhando profundamente nos olhos dele, que, a princípio, se sentiu um pouco encurralado. — Acho que tu queria era que te colocassem uma “coleira”. Acho também que tu queria muito ser de alguém, mas não assume.

— ...

Ver a verdade sendo jogada tão diretamente em rosto levou o espanhol a perder a frieza por uns segundos fugazes e encarar a brasileira, pálido. Ela soube que tinha acertado em cheio e se condoeu; ver o lado verdadeiro daquele homem que aparentava ser tão bem resolvido a incomodava.

— Desculpa, mano. Não quis te aporrinhar.

— Oh... No, no. Estoy bien. Sobre ser de alguém, Rin... — suspirou. — Você é jovem, linda e forte, pode sonhar, ter seus anseios e projetos de vida. E eu, bem... Eu sou de uma família: sou de John, sou de Iza e Toga... E, como você também faz parte dos Ferguson, sou seu também. Isso para mim é o suficiente. Isso me faz bem.

— Eu entendo... Mas tu não espera encontrar, tipo... Um amor?

Amor? Quem, eu?

A mente de Naraku nublou-se por breves segundos enquanto ele sentia todos os pelos do corpo se arrepiarem com a lembrança da única pessoa que o fazia pensar no sentimento chamado amor. Contudo, ele preferiu disfarçar com uma de suas risadas.

— Oh, mi dulce chica... Perdóname. Mas eu não acredito nesse tipo de amor.

— Como não?!

— Não consigo. Creio em coisas concretas... O amor entre pais e filhos, entre irmãos, eu até consigo aceitar, com algumas ressalvas. O sucesso profissional, que é minha maior ambição... Nisso eu acredito.

— Ah, Naraku... — Rin balançou a cabeça. — Mas o amor existe, sim.

— Desculpe, meu anjo. O conceito de amor, como vocês o veem, é demais para minha cabeça. Como disse, acredito muito em coisas concretas. Concretas, sólidas, grandes, duras, roliças... Se forem mais ou menos deste tamanho, acredito mais ainda — completou ele, com um sorriso safado e fazendo um gesto de “grande” com as mãos. A morena ficou muito envergonhada, mas não resistiu e começou a gargalhar.

— Ave-Maria, seu baitola sem-vergonha... Se fosse outra pessoa, eu tinha te derrubado aqui mesmo.

— Você se ofendeu? — indagou ele, preocupado. Geralmente poupava Rin de suas graçolas indecorosas, mas aquela tinha escapulido.

— Não, abestado! Eu sei que você não fala essas coisas para me desrespeitar.

Perdóname, querida. É que eu gosto tanto de rola que... — ao dizer isso, Rin deu um grito e gargalhou efusivamente. — O que foi, Rin?

— N-nada não — soluçou ela, arfante de tanto rir. — Bicho besta!

— Octavio! — chamou John Sesshoumaru lá de dentro da sala de estar, quando ouviu de longe a voz do amigo. — Anda logo, seu arrombado! Vamos nos atrasar!

— Atrasar? Pensei que você estivesse vindo para cá ver a gente — indagou a morena. Viu que o homem ao seu lado recuperara a máscara habitual de “não me importo” e, agora, piscava para ela, malicioso.

— Vim apenas buscar a loiraça ali. Vamos sair hoje, querida. Se fosse somente um passeio como o de domingo, eu a levaria comigo, mas é um programinha mais adulto.

Meio intrigada e sem entender direito a inferência, Rin indagou:

— Oxe, como assim um programa adulto? Eu já tenho dezoito, sou adulta também.

— Rin... — e o homem se inclinou para dizer-lhe em tom sigiloso. Ver Naraku se fazendo de tímido era muito bizarro e a jovem sentiu vontade de rir. — Ah, Rin, você é igualzinha a Iza. Não consigo falar certas coisas com vocês sem ficar desse jeito... Sou uma gay muito tímida. Então, fica constrangedor eu te contar que estou saindo para dar uma surra de bunda em algum bofe escândalo que encontrar por aí.

Rin acabou rindo de vez apesar de sentir vergonha. Era aquele o jeito do seu amigo, então fazer o que, senão se acostumar?

— Octavio! — gritou Sesshoumaru de novo. — P****! Dá um tempo na fofoca!

— Vamos entrar, linda — convidou-a o espanhol, conduzindo a jovem para dentro da mansão. Sesshoumaru já o esperava de pé, com seus óculos escuros, barba de um centímetro, camiseta vinho de gola rolê e mangas compridas, calça slim de sarja e brincos tão minúsculos quanto os do amigo (não que Sesshoumaru gostasse de brincos, de fato; porém as joias complementavam seu visual informal e ele sabia que ficava atraente com os pequenos brilhantes). O loiro, a pretexto de coçar os olhos, retirou os óculos escuros por alguns instantes a fim de ver como Rin estava. Não conseguia discernir muita coisa, mas intuiu que ela estaria linda no meio daquele borrão azul que lembrava o jeans.

A jovem brasileira, por sua vez, não escondeu que estava olhando, admirando mesmo, o homem alto a poucos metros de distância. Lindo, sim; perfumado como o espanhol, trajado com roupas elegantes e informais, Sesshoumaru era como um modelo internacional aos seus olhos.

Ele era absurdamente bonito.

Entretanto, Rin não via nada mais além de beleza física. Já tinha formulado no coração que aquele belo homem era vazio e fútil. Deu-lhe um singelo “good evening” e não teve muito ânimo para entabular uma conversa. Faltava pouco para as dez da noite.

Naraku preferiu fingir que não notou o clima pesar e foi até o amigo, exclamando com convicção:

— Mas que mona lin-da! Ai, minha Santa Cher! Eu MORRO só de pensar que vou para a balada com uma delícia dessas ao meu lado!

— Eu mereço — resmungou o loiro. — Eu mereço ter uma bicha louca como essas atrás de mim...

— Fico na sua frente também, se quiser. De quatro, em pé... Você escolhe.

— Vai se f****, Naraku!

— Mas não é para isso mesmo que a gente vai sair? — indagou ele, com falsa inocência. Rin disfarçou o riso. — É exatamente isso que eu quero. Hoje eu vou dar até cansar...

— Isso você faz todos os dias — retrucou Sesshoumaru, com garrafas d’água nas mãos, já estendendo uma para o moreno, que o corrigiu:

No, no, no. Eu não dou todos os dias. Sou versátil. Gosto de comer também.

Vendo que o caldo engrossava, Rin achou por bem se ausentar dali e ir para o seu quarto.

— Ah... Então, falou... Boa noite pra vocês. Eu vou pro meu quarto — anunciou ela, indo em direção às escadas. Foi surpreendida por Sesshoumaru, que a interpelou, sisudo:

— Pensei que estivesse dormindo. Onde você estava?

— Eu estava em um grupo de oração, rezando o terço da família.

O loiro meneou a cabeça ostensivamente, magoando a jovem com um comentário de desdém:

— Quanta ilusão, garota. O que acha que vai conseguir falando com bonecos de porcelana?

— John, o que está dizendo?! — interrompeu-o Naraku, boquiaberto. — Você não tem vergonha de ser tão grosso, seu merda?!

A morena parou por breves instantes com a mão sobre o corrimão da escada. Ouvir aquilo lhe doeu mais do que um tapa na cara — afinal, ela havia feito uma prece especial por Sesshoumaru durante a oração. Não tinha simpatia por ele, mas queria vê-lo bem e sadio. Não era justo ouvir tal coisa!

— Deixa pra lá, Naraku — retrucou Rin, já subindo as escadas mais uma vez. — Não ligo pro que dizem da minha fé.

— Você deveria largar essas bobeiras de religião para lá, Rin — treplicou Sesshoumaru, diante dos olhos arregalados de Naraku, que NÃO conseguia acreditar no que o amigo estava fazendo. — Isso não passa de um monte de mentiras que espertalhões inventam para arrancar dinheiro dos bobos e mantê-los sob seus pés. A religião é um câncer que estraga esse mundo.

A brasileira, porém, não lhe deu resposta. Subiu as escadas, sentindo o coração se revoltar. Ela estava tão bem até há poucos minutos atrás... Lembrou-se do clima amoroso e místico promovido pelas pessoas que rezavam no encontro. Do carinho e da fé compartilhada com Kohaku, dos pedidos piedosos de Shippou durante a oração...

Trancando-se no quarto, Rin se sentou em sua cama e, teimosamente, engoliu a imensa vontade de chorar que a corroía. Enxugou com raiva algumas lágrimas que molharam seu rosto e se pôs a procurar o pijama.

— Aquele duma égua não merece minhas lágrimas. Nem sei porque ainda me importo.

Então ela teve a lembrança do beijo delicado trocado com o sanmarinense Kohaku há pouco menos de uma hora atrás. Assim que colocou sua roupa de dormir, Rin abriu o perfil do rapaz no Facebook e olhou para a foto dele, sorridente com suas sardas e seu crucifixo. Deu um pequeno sorriso. Aquele beijo significava uma promessa de um namoro sério e bom. Afinal, ela gostava de Kohaku. E muito.

— Se aquele cabra da peste do Sesshoumaru não tivesse me beijado... O meu primeiro beijo seria do Kohaku.

O beijo que Sesshoumaru lhe roubara era avassalador, desnorteante. As memórias iam e vinham da mente da morena; por breves momentos ela pensou no loiro como um homem de carne e osso, não o filho-do-parente-da-rainha que se achava melhor do que todos por ser um britânico.

Contudo, a forma desdenhosa como ele se referiu à sua fé levou-a a ter mais antipatia pelo loiro.

— Kohaku... Se tu me pedir em namoro... Vou aceitar. É contigo que eu vou ser feliz nessa terra de gente maluca — murmurou ela, apagando a luz e indo se deitar, não antes de procurar a playlist do Padre Fábio de Melo no YouTube para ouvir enquanto o sono não vinha.

 

***

 

Já do lado de fora de Ferguson Manor, dentro do carro, o espanhol discutia com Sesshoumaru, que insistia em dizer que não estava errado.

— Você tem noção do que acabou de fazer com Rin, seu filho da p***?! — esbravejava Naraku, nitidamente furioso.

— Dizer a verdade é errado agora, arrombado? Aliás... Eu só repeti para ela o que VOCÊ vive dizendo.

— Você não me vê dizendo isso para pessoas que acham que Deus existe! Há uma coisa na vida que se chama RESPEITO e que você, possivelmente, deve ter usado para limpar o c* e jogado no lixo! — berrou o moreno. — Isso não se faz, seu desgraçado! Você magoou a menina! Seu maluco inconsequente!

— Estou pouco me f****** para a sua opinião!

— Não é a minha opinião, são os sentimentos dela, seu mimado do c*****! Rin, para mim, é como se fosse uma irmã mais nova! Eu não posso admitir você maltratando a coitada!

— Por que essa baboseira toda agora?! — revidou o loiro, aborrecido. — O que aquela índia selvagem tem para que você, Iza e meu pai a defendam TANTO?!

— E o que ela tem para que você tanto a agrida?! Será que admitir que está sentindo algo diferente por ela te arrancaria um pedaço? Será que ser honesto consigo mesmo e ver que se apaixonou por ela desde o primeiro dia vai te matar?

— Eu... Eu...

Sesshoumaru arregalou os olhos opacos, aturdido e impactado pela “acusação” de Naraku.

Mas... Não. Inconcebível.

Ele não estava apaixonado, estava? Ele não sentia nada diferente por ela... Não sentia, não podia sentir.

Não é porque ele lembrava o tempo todo da textura dos lábios macios da brasileira durante aquele beijo roubado que poderia estar se apaixonando, poderia?

Não é porque ele ficava louco para entender o que ela dizia em português no andar de cima, nem porque estreitava os olhos na ânsia de enxergá-la um pouquinho a mais que fosse.

Não é porque ele ficou angustiado por não saber o motivo de ouvi-la chorar baixinho de manhã que estaria apaixonado...

Estaria?

Eu, apaixonado por Rin?, refletia Sesshoumaru, atordoado, esquecendo-se até mesmo de continuar a discutir com o amigo ao lado.

O espanhol convergia o Aston Martin para a direita. Estava realmente irritado com o loiro, mas decidiu ir adiante rumo a uma casa de shows. Lá, cada um arrumaria alguém para passar a noite e tudo seria esquecido. Grande silêncio se fez no interior do automóvel; a mente de Naraku não parava de pensar num frenesi sem fim. Sesshoumaru magoara Rin; ele magoara Kikyou. Nem poderia cobrar do loiro, pois estava tão errado quanto ele.

Sesshoumaru está apaixonado, eu tenho certeza. Se ele não fosse tão preconceituoso e estúpido, teria chances com Rin, mas ele estragou tudo. Agora vai sofrer... Como eu tenho sofrido. No fim, somos dois azarados fodidos.

Para piorar, Rin estava namorando Kohaku, que tinha uma personalidade semelhante à dela e, como vantagem, professava a mesmíssima fé. Por mais que Naraku estivesse irritado com o amigo, ele não tinha coragem de contar a Sesshoumaru sobre o envolvimento do casal. Sentia que destruiria o loiro com aquela informação; procuraria o momento oportuno para falar-lhe — o que não era o caso.

Tudo a seu tempo, Sesshoumaru. Só espero que você seja maduro o suficiente para lidar com o fato de que está perdendo Rin por causa dessas inúmeras cagadas que anda fazendo.

 

***

 

No dia seguinte, em Wetherby, Ann Kikyou se arrumava para ir trabalhar quando ouviu que Raymond Inuyasha também fazia algum barulho dentro do banheiro. Logo o rapaz saía dali de banho tomado e vestido com roupas mais formais. Olhou para a moça, um pouco sonolento ainda, coçando um olho. Kikyou sorriu enquanto penteava os longos cabelos.

— Bom dia, maninho. Já de pé?

— Bom dia, Ann... Hoje eu vou dar aula de novo.

— Oh, sim. Então Mrs. Daves gostou da aulinha que você deu ao menino dela?

— Gostou. Se eu conseguisse mais umas cinco ou seis crianças para ter aulas de reforço comigo, teria dinheiro suficiente para pagar a nossa conta de luz esse mês.

Kikyou calçou os sapatos.

— Ora, que bobagem, menino. Eu sempre pago.

— Mas eu quero ajudar, Kikyou. Sempre quis repartir as despesas. Não é junto você trabalhar sozinha.

— Inuyasha, eu prefiro que você estude e consiga um emprego bom. Não tem por que se matar de trabalhar em um emprego qualquer.

— E você? Por que tem que se matar de trabalhar para aquele seboso Mr. Taylor?

— Respeite-o. Trabalho porque prometi à mamãe que cuidaria bem de você e do Andy.

Inuyasha encarou sua irmã. Magra, pequena, mais frágil do que ele. Tão generosa e ao mesmo tempo tão bitolada. Será que ela não entendia que não precisava fazer tudo sozinha?

— Kikyou, por que você não vem comigo visitar a igreja da Kagome?

— Não é óbvio?! — replicou ela, olhando-o séria. — São arminianos, Raymond. Arminianos!

— E daí que são arminianos? E não me chame de Raymond.

— Daí que a doutrina deles é uma heresia!

Inuyasha revirou os olhos.

— Kikyou... Dê um tempo. Eu vou lá com a Kah e até hoje não mudei de confissão teológica por isso. E, provavelmente, nunca mudarei.

— Você deveria ter mostrado a Kagome que o certo é ser calvinista. E esse cabelo...

— O que tem o meu cabelo? — perguntou ele, na defensiva.

— Está quase cobrindo sua nuca! Quando vai cortá-lo?

— Quero ficar com o cabelo grande. Acho bonito.

— Pois deveria cortar, Ray, senão você vai ficar com uma aparência mundana. Isso não está certo! Sem contar que o crescimento do seu cabelo é muito rápido, então daqui a pouco você pode ficar igual ao Nar-

A jovem se calou de uma vez, assustada consigo mesma. Que inferno, o espanhol maldito parecia ter ficado gravado em seu subconsciente. Quando ela menos esperava, lá estavam dezenas de referências à pessoa dele, saltando diante de seus olhos e ouvidos e narinas.

Mas o que mais enlouquecia Ann Kikyou era a lembrança daquelas palavras: quero ficar com você para sempre. Ela não sentia mentira naquilo, por mais que Naraku Octavio a tivesse humilhado cruelmente em seguida. Os olhos dele, por segundos, mostraram a ela uma doçura inequívoca. Não tinha como alguém forjar algo do gênero. Kikyou já estava enjoada daquilo: o cheiro de Naraku, a voz de Naraku, os olhos de Naraku, pareciam estar em todos os lugares, em todas as pessoas à sua volta e até nas partituras das peças que ela gostava de tocar.

Era como se o espanhol fosse uma aranha que tecera uma teia pegajosa, a capturasse e a envolvesse completamente. E, apesar de todos os esforços que Kikyou andava fazia (orações, jejuns e longas horas lendo a Bíblia e livros religiosos), esquecer o sentimento e os desejos pelo psicanalista que a usara e a fizera de idiota era impossível.

Eu mal consigo dormir sem pensar em nós dois juntos, ardendo de luxúria, praticando pecados horríveis misturados a juras de amor... Como eu sou burra! Maldito Naraku!, pensava ela, magoada.

— Mana, você está bem? Você ia dizendo que eu iria parecer com uma pessoa...

— Com um mundano qualquer, tipo aqueles roqueiros, metaleiros, sei lá como se chamam!

— Ann, eu... Ah, deixe. É melhor você correr, senão vai se atrasar para o trabalho.

— Oh, como a hora passou depressa... — fez a moça, surpresa, pegando rapidamente sua bolsa e dando um beijo rápido no irmão. — Cuide-se, Inuyasha. Tenha uma boa aula.

— Vá com Deus, Ann. Cuide-se também.

Logo Kikyou saía, apressadamente, deixando o moreno sozinho. Inuyasha coçou a cabeça, desanimado. Algo perturbava demais a sua irmã; Kikyou, em outros tempos, teria perdido longos minutos de discussão por causa do cabelo que ele queria que crescesse.

O que está afligindo Kikyou?

 

***

 

Numa certa manhã...

— Naraku? — disse Sesshoumaru ao celular. — Por que demorou tanto a atender?

— John... Eu estava ocupado — respondeu Naraku em um tom tão desanimado que o loiro arregalou os olhos.

— Jogando Angry Birds de novo?

— Antes fosse jogando... Estava batendo punheta mesmo.

— Mas você não passou a noite inteira trepando?

— Passei. Com uma mulher e aquele garoto entregador de comida japonesa. Mas isso já não me relaxa mais.

— Ah, que merda... — e o loiro suspirou, passando a mão nos cabelos. — De novo isso? Você não estava curado dessa taradeza maluca?

— É desejo sexual hiperativo...

— TARADEZA, filho da p***. É tudo a mesma merda.

— Não é não, cegueta com demência. Sobre estar curado disso, foi o que aquela acupunturista me disse... — murmurou o espanhol, triste, olhando pela janela de seu consultório. — Achei que conseguia controlar minha ansiedade, mas... Que p****. Eu não sentia isso desde quando estava terminando o mestrado.

— Tenho náuseas só de lembrar daquela época. Mas aquilo foi porque você não estava dormindo direito. Você tem que dormir, arrombado.

— Não dá! Não consigo! Faz três dias que não durmo mais do que duas horas por noite. Estou cheio de clientes, atendimentos a duas escolas e uma ONG... E tenho uns orientandos mais perdidos que você em um tiroteio.

— Então tome um ansiolítico, seu viado estúpido!

— Eu não quero mais tomar aquilo. Vou procurar outro psicanalista, não vou conseguir voltar ao antigo.

— A culpa é sua! Ninguém mandou você comer o cara.

— Minha culpa, não — retrucou Naraku, irritado. — Escute, Sesshoumaru, isso não é engraçado. Aquele cabrón deveria ter o registro cassado. Se não sabia lidar comigo, por que não me encaminhou para outra pessoa?! Mas, não... Eu, cheio de problemas, com uma dissertação para terminar, vou à única pessoa que pode me ajudar a lidar com isso e o que o desgraçado faz? Senta na minha piroca e diz que vai apagar meu fogo!

— E você quer que eu acredite que você não gostou?

— Eu ODIEI! Para sua informação, trabalho com clientes que têm a mesma compulsão e nunca, mas NUNCA, me insinuei para nenhum deles! Seria como se você fosse um diabético e fosse a um endocrinologista e ele te fizesse comer barras e mais barras de chocolates! Eu estava doente e ele me desrespeitou enquanto ser humano e...

— Tá bom, tá bom. Chega de choradeira, sua bicha.

— Para que me ligou? Você queria algo comigo?

— Ah... — Sesshoumaru perdeu o ânimo. — Tenho uma consulta com Toutousai hoje e...

— Eu vou com você se for depois das onze.

Okay. A consulta está marcada para as treze.

— Aliás... — o espanhol consultou uma agenda. — A senhora que viria para a sessão das nove ligou ontem, dizendo que não poderia vir. O próximo cliente vem às quinze horas. Acho que vou para sua casa agora.

— Venha, é melhor do que ficar aí descabelando o palhaço sozinho.

— Iza está em casa?

— Está, sim.

— E Rin?

Sesshoumaru franziu o cenho, com raiva.

— Aquela índia latina maluca sumiu. Sei que ela está aqui, mas nunca mais a vi na sala ou na hora do almoço.

— Ela está te evitando — disparou o moreno. — Você é um narcisista estúpido grosseiro egoísta xenofóbico idiota.

— F***-se, eu não ligo para o que ela pensa — mentiu o loiro. Na verdade, ele se importava muito, mas o estrago já estava feito e Sesshoumaru não era homem de mostrar remorso ou arrependimento. Do outro lado da linha, Naraku meneou a cabeça, em nítido desagrado. Rin não merecia ter sido tratada daquela forma.

Cierto, cierto. Eu apareço aí logo, Mister Magoo.

— Mister Magoo é a p*** que te pariu.

Hasta luego, mona.

Assim a ligação era encerrada. Naraku passou a mão pelo rabo de cavalo e decidiu sair do consultório o mais rápido possível. Tinha monografias e artigos para corrigir, mas sua concentração estava mínima naquela manhã. E, para sua tristeza, seus impulsos sexuais estavam fortíssimos. Era horrível ser escravizado por aquela compulsão, pois era uma das marcas do passado que ficaram em sua psique. Mais horrível ainda era saber que toda aquela ansiedade tinha um nome: Kikyou. O espanhol não conseguia parar de pensar nela.

Alheio às lutas internas de seu amigo, Sesshoumaru procurou no smartphone o número de Kagura Thompson. Era inteligente e discreta, a secretária de Naraku; o loiro sabia que poderia pedir a ela os mais variados tipos de favores que ela os faria em total sigilo. Como o que ele lhe pediria agora.

— Mr. Sesshoumaru? — disse ela, recebendo a chamada.

— Bom dia, Kagura. Preciso de sua ajuda. Pode pesquisar para mim sobre uma pessoa?

— Quem?

— Procure por Ann Kikyou Wright, por favor. Se possível, mande tudo o que encontrar para mim por e-mail... — e, baixando o tom de voz, inventou uma mentirinha: — Ouvi falar que ela é uma oftalmologista muito talentosa, apesar de não ser muito conhecida.

— Ah, sim. Como escrevo? K-I-K-I-O-U ou K-I-K-Y-O-U?

— Não sei. Tente as duas grafias, uma delas deve ser a correta.

Okay, sir. Quer para hoje?

— Não, não é preciso pressa. E aí, curtindo de macho em casa?

— Oh... — a moça corou ligeiramente, sorrindo. — Sim, sim... Eu estou muito feliz com o Bya, Mr. Sesshoumaru. Teve um dedinho seu nisso, não teve?

— Ele sempre gostou muito de você, mas ninguém mandou você ser superdotada... O coitado morria de vergonha de tentar se aproximar!

— Admito que também não permitia a ele essa aproximação. Mas hoje estamos muito bem. Devo dizer inclusive que amo o Bya. Ele é maravilhoso comigo e com Kanna, mesmo não entendendo direito o que dizemos.

Sesshoumaru se sentiu subitamente triste. Seu motorista tivera a sorte de amar e ser correspondido, enquanto que ele...

— Quando vão se casar, Kagura? — indagou ele, tentando disfarçar o incômodo.

— Depois da minha formatura em novembro.

— Muito bom. Vou te dar o vestido de noiva.

— O QUÊ?!

— O vestido de noiva, sua idiota. Ficou surda?

— OH MY GOD! EU NÃO ACREDITO! — gritou a moça ao telefone, já começando a soluçar. — Mr. S-Sesshoumaru, está falando sério?!

— É claro que estou falando sério, Kagura! E eu vou desligar, antes que você queime o almoço de Naraku. Não esqueça de fazer o que te pedi.

— F-faço... Faço, sim, vou procurar pela mulher que o senhor pediu... Aiiii! Que emoção!

— Chega, chega, mulher! Estou ouvindo daqui o barulho de algo queimando no fogão. Vá acudir essa panela!

— Sim, sim, sir... Oh, não... O arroz queimou... — lamentou-se a jovem, enquanto Sesshoumaru encerrava a chamada e se recostava em sua poltrona, no seu quarto.

Olhou para o celular em suas mãos, pensativo.

Se Naraku pensa que vou ficar sendo espezinhado sozinho, está muito enganado. Eu sei que essa Kikyou o deixa abalado... Agora é guerra!

Súbito, batem à porta. O loiro exclamou um “entre”; era sua madrasta, com algo branco nos pés que ele deduziu que fossem botas de borracha.

— Iza, você está lavando os banheiros?

Estoy, cariño.

— De novo?! Você cisma que Miss Wellington não faz direito — replicou Sesshoumaru, revirando os olhos.

— É porque, de fato, ela não lava direito, Sesshy. Para os homens, tanto faz, mas para nós que somos donas de casa fica bem nítido quando alguém faz o serviço de qualquer jeito.

— Eu nunca vou entender isso... Enfim, o que você deseja?

— Descobri a música que Rin estava ouvindo anteontem.

O loiro disfarçou o contentamento; a morena andava ouvindo uma música com certa frequência em seu quarto e ele se roía de curiosidade, porque era a canção que Rin cantava junto. Serena e compreensiva como sempre, Izayoi já havia percebido o motivo verdadeiro da animosidade de Sesshoumaru contra a mocinha. Agora ela tirava seu celular do bolso.

— Gostei da melodia — disse ele, tentando não deixar transparecer seu interesse, que, aos olhos da espanhola, era gritante. — E os arranjos instrumentais também são bons, apesar de eu não ter gostado da voz do cantor.

— Cantores — corrigiu Izayoi, delicadamente. — É uma dupla. Como quer que eu envie?

— Por bluetooth, por favor. Se me mandar via WhatsApp, posso perdê-la no meio dos outros arquivos.

Os dois manusearam seus aparelhos e logo o arquivo desejado estava em posse do loiro. Encostando o smartphone à face, com muita dificuldade Sesshoumaru enxergou o nome da canção.

— Não entendi, Iza... Z-E-Z-E... Como se diz essa palavra?

— Não sei, querido. Vamos esperar Naraku chegar, ele entende um pouco de língua portug-

— NÃO! Digo... Não, não precisa incomodar Octavio, Iza. Ele anda tendo aquelas crises de ansiedade.

A mulher fez uma careta de desagrado.

— Coitado do meu menino. Enfim... Quer que eu abra uma página de traduções de letras de música para você?

— Quero, sim — e ele apontou para um Ultrabook.

A espanhola tomou o aparelho de Sesshoumaru e abriu o navegador em uma página de traduções, entregando-o para ele em seguida.

— Obrigado, Iza — afirmou o loiro, acionando o leitor de tela, um aplicativo que fazia a leitura de todas as palavras dispostas na página da web selecionada.

— Disponha, Sesshy. Preciso voltar.

— Ah... — ele coçou a cabeça, sem jeito. — Obrigado por ter procurado a música para mim.

— Foi um prazer. Quer que feche a porta?

— Sim, por favor.

A espanhola se foi, deixando Sesshoumaru sozinho com seus fones de ouvido e o leitor de tela.

A dita canção que Rin andou ouvindo era “Pra não pensar em você”, da dupla Zezé di Camargo & Luciano. O loiro acessou a tradução por duas vezes, procurando entender o significado, e meneou a cabeça.

— Que música triste — resmungou ele, abatido.

 

***

 


Notas Finais


Sério, eu me emocionei com a Rin cantando as músicas no encontro :')

Música do Zezé & Luciano: https://www.youtube.com/watch?v=JPITxZbf5H4

Ééééééééé, Sesshooooooooooooumaruuuuuuu, vocêêêê estáááá com a típica doooor de cooornoooooo ♫♪
Sério. Kohaku e Rin estão namorando. Mas, convenhamos... Olha o que esse BURRO do Sesshoumaru fez! =X #TodasSeRevolta
Do outro lado, está o Naraku morrendo por causa da Kikyou e a Kikyou morrendo por causa do Naraku. #comofais Pra piorar, a DIVA tem um vício um tanto... Complicadinho! Se eu fosse ele, tomava um remédio. Controle a ansiedade e o periquito, Naraku!

INUYASHA VAI FICAR CABELUDOOOOOOOOO \o/ Uhuul!
E A KAGURA VAI GANHAR UM VESTIDO DE NOIVA, OMG, ALGUÉM ME ABANA! EU ADOOOORO VESTIDOS DE NOIVA #TodasComemora

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Okaasan está escrevendo quando, subitamente, um vulto iluminado enche a sala após arrombar a porta e coloca uma espada em seu pescoço.
Okaasan: Ah neim! Sesshoumaru?! Que é, macho velho?
Sesshoumaru: Quem você chamou de 'corno', humana desprezível?
Okaasan (suando frio): Hihihi... Eu não te chamei de 'corno', disse que você está com dor de corno, é diferente! Mas eu te entendo, amor não correspondido é complic-
Sesshoumaru: BAKUSAIGA!
Okaasan morre torrada. Sesshoumaru se senta ao computador e se põe a teclar:

Sesshoumaru: Enfim, reles humanos desprezíveis que leem estas difamações à minha pessoa, eu, Sesshoumaru, vim reivindicar meus direitos. Não gosto quando lançam minha dignidade à lama, como essa mulher humana andou fazendo e...
Rin aparece no meio dos escombros e arregala os olhos.
Rin: Sesshoumaru-sama, eu queria ler o resto da fanfic! Mas você matou a autora!
Sesshoumaru: Está questionando minhas decisões, Rin?
Rin (com raiva): Estou! Agora traga a autora de volta à vida para que ela prossiga com a história!
Sesshoumaru: E por que eu faria isso?
Rin: Porque eu quero! Vamos... Traga a autora de volta e eu vou te compensar mais tarde (piscadinha marota).
Sesshoumaru revira os olhos.
Sesshoumaru: Eu sempre faço tudo por você... TENSEIGA!
Okaasan levanta azuretada, olhando para todos os lados. Não há ninguém na sala.

Okaasan: Eita bixiga da gata... Acho que ando comendo demais antes de dormir. Enfim... Simbora continuar escrevendo essa bagaceira! \o/

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Beijos, queridos da Mamãe!

~Okaasan


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