1. Spirit Fanfics >
  2. Nem por Meio Milhão de Libras! >
  3. Olhos que voltam a brilhar

História Nem por Meio Milhão de Libras! - Olhos que voltam a brilhar


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. Mais um capítulo! \o/
Faltam quatro capítulos para que eu termine de responder a todos os comentários. AEEEEOOOW!

Enfim, chegamos aos 60 favoritos e eu só tenho a agradecer a todos vocês. *-*

Capítulo especialmente dedicado à @KarinaSesshy que me permitiu inclui-la na trama (a moça loira da recepção do Instituto Nacional de Cegos). Te adoro, mana!

Asmita, que é o loiro da imagem de capa deste capítulo é como eu vejo o Sesshoumaru humano dessa fic: loirão e cheio de músculos, kkkkkkkkkk. Créditos a tabe-chan.

Boa leitura!

Capítulo 23 - Olhos que voltam a brilhar


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - Olhos que voltam a brilhar

***

 

Raymond Inuyasha estava sentado à beira da cama de Ann Kikyou, que dormia. A moça agora tinha constantes enxaquecas e chegava do trabalho aos cacos, como era o caso daquele dia. O rapaz, ao chegar da casa da namorada naquela noite após a briga, preparou um chá e, carinhoso como sempre, se ofereceu para ler um salmo para ela.

Não havia o que ser dito, pois Kikyou mal conseguia abrir os olhos. Ela, entretanto, chamou Inuyasha para um abraço choroso e lhe pediu desculpas por ter lhe agredido.

— Depois conversamos sobre isso, mana. Agora eu quero que você descanse — foi a resposta lacônica dele. — E é claro que eu te perdoo. Sei que você não fez por querer meu mal.

— E-eu tenho tanto m-medo de você ser condenado, Inu... — soluçou ela. — De ir... Para o inferno... Eu s-só quero o seu bem...

— E eu sei disso, Ann. Mas vai ficar tudo bem, okay? Eu vou fazer uma oração e pedir a Deus para me perdoar das coisas erradas que fiz.

Assim Kikyou se tranquilizou um pouco mais e pôde dormir depois de ser medicada e acolhida pelo irmão. Ele ainda permaneceu um bom tempo ali, olhando para a jovem e seus pensamentos voaram.

Entretanto, um gemido na cama chamou a atenção de Inuyasha, que de imediato ficou alerta. Sua irmã, ainda dormindo, começou a chorar de novo e balbuciar algumas palavras emboladas.

— N-não me ama...

— O quê? — fez o moreno, preocupado. Então ele resolveu ficar quieto e não acordar Kikyou, para ver o que mais ela diria. A moça ofegou e se virou no leito, abraçando o próprio corpo e murmurando com voz arrastada:

— Não me ama... Por que fez isso... Naraku?

Os olhos de Inuyasha saltaram nas órbitas.

— Meu coração t-te amou desde que te vi... Cartaz... Corredor... — pausa. — Despertou minha lascívia... Estou... Pecando... — soluço. — Não consigo... Esquecer nossos momentos... V-você me seduziu...

Nessa hora, Inuyasha não conteve um suspiro de espanto. Como assim o coordenador do Instituto tinha seduzido Kikyou?!

Então o moreno foi ligando os pontos e inferiu que Kikyou havia mudado DEMAIS desde a primeira aula no Instituto Craddock. Os rubores no rosto, a constante fisionomia acuada... As calcinhas que ela escondia... E, se ele, Inuyasha, havia ficado balançado com as provocações daquele espanhol, que diria a pobre Kikyou que mal sabia o que era um beijo?

Meu Deus, será que eles transaram e ele teve a covardia de chutar a minha irmã?!

— Ah, ah, ah... — Kikyou chorava abertamente agora. Inuyasha cerrou os punhos, furioso, e delicadamente sacudiu o ombro de sua irmã para que ela parasse de sofrer.

Por fim, Kikyou acordava. Meio confusa, a jovem o encarou:

— Inu... O que foi?

— Você estava tendo um pesadelo, mana. Fiquei preocupado.

— Oh, meu Deus...

Ela realmente estava tendo um pesadelo. O perverso Naraku a tocava das mais excitantes maneiras, fazendo com que ambos perdessem a noção de moral e pudor. Ann Kikyou, então, se entregava ao espanhol e ele finalmente a tomava como sua. Porém, após o prazer, tudo o que ela ouvia aquela voz aveludada e grave dizer eram as palavras “Eu detesto você” e “Tudo foi apenas uma brincadeira”.

— Eu não aguento mais... — murmurou ela, recomeçando a chorar.

— Mana... — pediu o rapaz, a envolvendo em seus braços. — Pelo amor de Deus, me conte o que está acontecendo... Você estava chamando aquele... Naraku — o choro de Kikyou aumentou. — Então eu estava certo... Ele te seduziu e depois te deu um fora, não foi?

— N-não, Inu, não é n-nada disso que você está... — ia dizendo ela, desesperada, vendo que Inuyasha havia entendido algo bem diferente e cerrava os punhos.

— Ele tirou sua virgindade, mana?

— Pare com isso...

— Ele te machucou muito?

— Já disse que não é nada disso! — explodiu a moça.

— Nem sei para que eu pergunto, você não me contaria nem sob tortura! — exclamou Inuyasha de volta, nervoso. — Olha... Esquece. Melhor irmos dormir, esse dia não foi bom para nós.

Assim o rapaz achou por bem para o seu próprio quarto, furioso. Devido à criação rígida que tivera, Raymond Inuyasha se sentia extremamente incomodado com aquela ideia de que sua irmã, uma mulher, pudesse ter sido desonrada por um sujeito como o coordenador do Instituto Craddock.

— Naraku DeMarco... — resmungou o moreno consigo mesmo, punhos cerrados novamente. — Você vai me pagar por fazer a minha irmã passar por isso.

 

***

 

Numa tarde daquela semana, Naraku Octavio seguia emocionalmente exausto para Ferguson Manor. Seu dia foi cheio: atendera várias pessoas, visitara um presídio e ainda recebera a ligação de Jakotsu Lefevre, anunciando que precisaria se ausentar do Instituto porque faria uma viagem de emergência para a França. Isso obrigaria o espanhol a trabalhar a noite todos os dias até a volta do colega.

Não que Naraku não gostasse de trabalhar, mas tudo o que ele mais queria era ir para sua casa, tomar seu Rivotril e dormir. Os episódios de compulsão sexual estavam menos frequentes agora que ele estava tomando o ansiolítico; em compensação, o jovem psicanalista andava um pouco mais lento e impaciente. O corticoide diário que tomava não facilitava as coisas, gerando um pouco de retenção de líquido em seu corpo; Naraku acordou agoniado naquele dia ao notar seu rosto, pés e mãos meio inchados.

— Merda, eu estou horrível! — dissera ele ao ver-se no espelho.

O fato é que o espanhol tinha uma preocupação imensa com a própria aparência; como seu maior medo era o da rejeição, ele nunca se sentia bonito, apesar de dizer o contrário. Temores estes um tanto infundados, pois, apesar de não ser tão corpulento quanto o amigo John Sesshoumaru, Naraku possuía uma beleza física única. Os olhos castanho-escuros, o nariz afilado de europeu, a boca um pouco grande (mas nada exagerado), a pele alva com o mínimo de marcas possível e quase sem linhas de expressão chamavam a atenção de qualquer um. O corpo de ombros largos, tórax e abdômen moderadamente definidos e quadris estreitos com glúteos pequenos e firmes também atraíam olhares, principalmente quando ele ia a piscinas de clubes ou a praias. Os cabelos cacheados, bem cuidados e fartos complementavam seu visual. E, claro, sua postura e atitudes sensuais se sobressaíam a tudo isso.

Contudo, ultimamente o psicanalista dera de ficar inseguro quando pensava em certa presbiteriana intolerante e chegava a se achar feio.

Naquela quinta-feira, Naraku finalmente entrava na mansão que fora sua casa por muitos anos e procurou por Izayoi. Rin, que conseguira enxotar a empregada da cozinha e dava uma boa lavada no fogão, disse a ele que a doce espanhola havia saído.

Aborrecido, o rapaz optou por subir as escadas e ir à biblioteca de Toga, no segundo andar, onde ficava o piano velho, onde ele aprendeu as primeiras notas. Rin, no andar de baixo, terminava seus afazeres e deu uma olhadela para cima, ao ouvir a fúria com que o amigo executava Ballade pour Adeline.

— Eita miséria, vai quebrar a piçarra do piano... — comentou ela. Pouco depois, lavava e enxugava suas mãos e ia até a biblioteca, batendo à porta.

— Entre — foi a resposta. A morena entrou e se aproximou devagar de Naraku, sentado rígido à banqueta.

— Tu tá estressado, não tá? — perguntou ela, afável. Ele passou as duas mãos pelo rosto, soprando todo o ar dos pulmões.

— Um pouco cansado, chica, só isso.

— Quer jogar?

— Jogar?

— É... Capoeira. Até agora a gente só dançou, mano.

O espanhol coçou a cabeça. Não estava em um bom dia, mas talvez aquilo serviria para expurgar suas preocupações. Deu um pequeno sorriso para Rin.

— Você não vai me bater, não é?

— Claro que não, macho. Vamos aprender uns passos básicos, vai servir até pra gente dançar melhor.

Os dois saíram da biblioteca e desciam as escadas. Naraku estranhou o silêncio.

— E Sesshoumaru, Rin?

— Foi com o pai dele pra aquele negócio de orientação e... Como é mesmo?

— Orientação e mobilidade.

— É, isso. Acho que eles não vão demorar a vir embora.

— Por que você não foi junto?

— Diz seu Toga que queria ver como era a tal da aula e pediu pra eu ficar aqui dessa vez.

Assim, Naraku e Rin chegaram até o local de costume onde treinavam maculelê e a morena mostrou a ele como era a ginga básica da capoeira.

 

***

 

Sir Toga Ferguson e John Sesshoumaru, enfim, saíam da sala onde tiveram a primeira reunião com a instrutora do Instituto Nacional de Cegos, uma mulher ainda jovem e simpática chamada Toran. Sesshoumaru estava bem mais tranquilo agora que conhecera o local e viu que não estava sendo tratado como um pobre coitado.

Nas mãos do loiro, alguns materiais para o aprendizado do braile. Na mente, os conselhos da professora, que o estimulou a não fugir de sua condição de deficiente e a buscar todos os recursos à sua disposição para ter uma melhoria em sua qualidade de vida. Apesar de meio reticente ainda, Sesshoumaru estava bem humorado e até mesmo satisfeito.

Ao passarem pela recepção, Sesshoumaru surpreendeu o pai, perguntando se aquela mancha verde na parede era um quadro de avisos.

— Sim, filho.

— Ah... Tem alguém aqui? — indagou o loiro, meio tímido.

— Só a garota da recepção, John. Você quer ver o quadro de avisos?

— Quero.

Os dois caminharam até o objeto, que estava cheio de cartazes diversos, e Sesshoumaru tateou dentro da pastinha de plástico que carregava, retirando dali uma pequena lupa. Receoso, levou o objeto aos olhos e se aproximou bem de um dos cartazes, tentando enxergar seu conteúdo.

— “Coldplay... Show beneficente... Cornualha... 27 de junho”. É isso mesmo, pai?

— Sim, filho.

O mais novo olhou, constrangido, para o pai, que o aguardava pacientemente, com os olhos rasos d’água.

— Pai, eu me sinto tão estranho fazendo isso.

— Não tem nada de estranho, filho — comentou Toga, com a voz meio embargada. — Isso é ótimo.

— Como “ótimo”?

— É ótimo ver você se interessando pelo que está ao seu redor, Sesshoumaru. Você não faz ideia do quanto eu já chorei por te ver trancado naquele quarto, reclamando de Deus e do mundo por não conseguir ver as coisas. Aquele olhar parado, aquele ódio pela vida...

— Mas...

— Sesshoumaru, se você desistisse de lutar, como acha que nós que te amamos ficaríamos?

Sesshoumaru arregalou os olhos ao ver os movimentos das mãos de seu pai, que enxugava as lágrimas.

— Pai, você está chorando!

— Sim, meu filho. O que eu mais queria era ver essa carinha de descobridor dos sete mares em você novamente... — e Toga abraçou o filho com força, sem se importar que estava sendo observado pela mocinha loira da recepção, que discretamente levava um lencinho aos olhos após ouvir a conversa dos dois.

O loiro agarrou Toga de volta, aturdido. Não imaginava que sua postura revoltada provocasse aquela agonia em seu pai. Ele então fechou os olhos e sorriu. Fazia tanto tempo que não era abraçado daquele jeito... Era confortável, era bom. Tomou uma nota mental de procurar seu pai mais vezes para receber mais daquele afeto.

— Pai...

— Diga.

— Quando chegarmos em casa, vou pedir a Naraku que me devolva o trabalho de conclusão de curso daquele aluno que eu não quis orientar.

Sir Ferguson olhou comovido e orgulhoso para o seu herdeiro e sorriu de volta.

— É assim que se fala, meu rapaz. Agora vamos.

 

***

 

— Vem, Naraku! Tá mole demais, macho. Vou de martelo agora e tu vai esquivar de mim.

O espanhol tentava não mostrar que estava morto de cansado. Rin era extremamente competitiva e não havia percebido que os reflexos de Naraku estavam mais lentos devido à sua medicação. A pele clara dos braços dele já estava com alguns pequenos hematomas.

Ele agora se esquivava de costas, quase levando um chute. Olhou meio irritado para a brasileira.

— Rin, acho que você poderia ir mais devagar com esses golpes, yo estoy...

— A gente nem começou, meu . Anda, macho. Ginga e faz uma negativa de Angola aí.

Naraku tentou fazer a negativa e caiu sobre a perna esquerda, sufocando um gemido de dor.

— Eu pensava que tu era mais forte — comentou a mocinha. — Tá fraquinho, hein?

— Pegue leve comigo. Tenho quatorze anos a mais que você.

— E daí? Mestre Kouga tinha trinta e nove quando me trouxeram para cá. Vai, levanta.

O homem se esforçou um pouco e se pôs de pé. Rin, porém, avançou contra ele, fazendo com que ele se desequilibrasse e quase caísse.

— Faz a esquiva, macho! — reclamou a jovem, sem parar de saltar contra ele. Foi aí que Naraku se sentiu acuado e, num reflexo irracional, tentou se proteger dos ataques da jovem.

Ele ficou momentaneamente cego e sentiu a própria mão acertando algo, seus ouvidos recebendo o som desagradável de um grito feminino.

Num segundo a moça segurava o rosto, atarantada, olhando-o com olhos esbugalhados. Ao ver a burrada cometida, Naraku foi ao inferno e voltou.

— C******! — gritou ele, desesperado ao ver que tinha batido no rosto da morena. — Rin! Está machucada?!

— Você me bateu!

Naraku se ajoelhou diante dela, que tremia um pouco de susto.

— Rin, eu juro que não me vi fazendo isso... Está doendo muito? P*** que pariu, não acredito que isso aconteceu!

A moça respirou fundo e prestou atenção na postura derrotada do espanhol. De fato, ele deve ter apenas surtado ao ver que não conseguia se defender dela e atacou. Rin estava, sim, magoada, mas não conseguia sentir raiva dele.

— Macho... Tu me deu uma baita bofetada... — afirmou ela, com um meio sorriso.

— Por favor, me perdoe! — os olhos dele marejaram e ele se sentiu péssimo, falando rápido, meio histérico. — Rin, cariño, eu REALMENTE não vi o que fiz... Acho que não foi boa ideia termos vindo para cá, eu a machuquei... Merda! P****, que dia ruim do c******! Bati numa menina! QUE DESGRAÇA!

— Ei, ei... — Rin se inclinou e tocou os ombros dele, num gesto companheiro. — Tá tudo bem, Naraku.

— Pode descontar — retrucou ele, passando a mão pelos olhos. — Eu mereço. Desconte.

— Ora, deixe de pantim, pra que eu iria descontar? Você já tá todo roxo.

— Eu preciso pagar por ter machucado você... Odeio covardes que batem em mulheres...

— Mas quando se aprende uma luta, isso pode acontecer!

— Mas eu não aceito ter agredido você!

A jovem revirou os olhos.

— Vem, levanta — disse ela, estendendo a mão para o espanhol choroso e o ajudando a ficar de pé; acabou abraçando-o gentilmente. Nesse momento, Rin descobriu que era emocionalmente bem mais sadia do que Naraku. — Tá tudo bem, meu .

— Você me perdoa mesmo?

— Claro. Eu adoro você, Naraku — sorriu ela, soltando-o e dando um passo para trás.

Gingou agilmente e fez uma meia-lua de frente, golpeando em cheio o centro do rosto de Naraku, que caiu gritando.

— C******! Meu nariz! P****, RIN!

— Tu disse que eu podia descontar, não disse? — afirmou ela, ajudando ele a se levantar de novo. O nariz do espanhol estava lavado de sangue. — Descontei, ué. E foi fraco. Não chegou a quebrar teu nariz.

O homem olhava com olhos arregalados para as mãos sujas do próprio sangue, sentindo a cartilagem nasal latejar de dor. Por fim, ergueu os olhos para Rin à sua frente e começou a gargalhar.

— Índia maluca! — exclamou ele, correndo atrás dela, consideravelmente mais calmo e relaxado depois daquilo. — Venha cá, abestada!

— Ai dentro, baitola! — retrucou ela de volta, achando graça no desfecho bizarro que aquele treinamento tivera.

Rin fazia o espanhol se sentir à vontade, mesmo nos dias em que ele não estava bem, como era o caso. E, apesar do episódio desagradável da bofetada, Naraku intuía que aquilo serviu para fortalecer ainda mais os laços de companheirismo entre eles.

Aos olhos do psicanalista, ele agora tinha uma ‘outra Iza’ para quem não precisava maquiar seus sentimentos. Não que Rin pudesse preencher a carência materna que ele tinha, claro, entretanto aquela garota tinha luz dentro de si. A luz que Naraku tanto buscava nas pessoas.

Alheia a tais pensamentos, Rin corria entre os jardins, rindo também, quase sendo alcançada pelo espanhol. E foi aos risos que os dois chegaram a Ferguson Manor.

 

***

 

Já eram quase seis horas da tarde; a brasileira e o espanhol entravam com estrépito e barulho dentro da mansão. Rin sentiu que sua bexiga estava muito cheia e acabou comentando em voz alta:

— Eita bixiga, de tanto rir vou acabar me mijando...

— O quê? — indagou Naraku, com a mão no rosto, confuso com as palavras em português. Vendo-se sem ter como escapar, a morena afirmou, corando:

— Eu preciso fazer xixi...

— Vá ao banheiro de Sesshoumaru mesmo, em vez de subir essas escadas.

A jovem arqueou a sobrancelha.

— Vá lá mesmo, ele não está em casa — insistiu ele. — Sabia que segurar urina faz mal?

— Ah... Tá, eu vou. Daqui a pouco vou te ajudar com esse nariz...

— Não se preocupe, estou bem.

— Bem sangrando desse jeito?

— Nada que uma bolsa de gelo não resolva, chica. Ainda tenho que ir trabalhar...

A jovem, então, se foi para a direita da escada, entrando no quarto de John Sesshoumaru, que estava aberto. O banheiro ficava no fundo no quarto e a jovem, impressionada com a imensa quantidade de livros, mal fechava a boca. Não deixou de sentir certa melancolia ao pensar que o loiro já não poderia mais ler como gostava.

Rin enfim chegava ao banheiro e pôde urinar, suspirando de alívio. Estava louca por um banho, mas era preciso acudir o esmolambado Naraku que havia ficado na sala de estar. A morena sorriu consigo mesma: o espanhol não era muito diferente dos adolescentes com quem ela convivia na roda de capoeira com Mestre Kouga. Ela lavou as mãos e saiu do banheiro, andando devagar dentro do quarto do loiro. Acabou parando diante de uma bela estante de mogno, cheia de livros, revistas científicas, DVDs e jogos, e até mesmo alguns bonecos.

Havia algumas fotos na bancada do móvel; ela se inclinou para olhá-las, sem tocar em nada. Sesshoumaru adolescente na Disney, Sesshoumaru abraçado a um Naraku com vestes de formando, Sesshoumaru beijando o rosto de Izayoi, Sesshoumaru com seu diploma de Mestre em Física Nuclear...

Estranho, ele não tem outros parentes?”, se perguntava a jovem indígena, quando o inusitado aconteceu. A porta do quarto se abria de uma vez e John Sesshoumaru entrava sem cerimônias.

 

***

 

Minutos antes, Naraku Octavio havia se dirigido ao banheiro do seu antigo quarto para lavar o rosto. Não seria suficiente, já que seu pescoço e tórax também estavam ensanguentados. De fato, Rin estava certa: a pancada não lhe quebrou o nariz, agora inchado no topo. O espanhol já havia sido golpeado com mais força em outras ocasiões e a fratura do nariz deixava a área abaixo de seus olhos roxa.

Por fim, ele se despiu e tomou um banho demorado, deixando a água cair sobre suas costas e se sentindo relaxar aos poucos daquele dia comprido. Esqueceu-se de que Rin estava no quarto de Sesshoumaru, que chegava naquele instante com seu pai.

 

***

 

Louca de medo e pavor, Rin ficou imóvel enquanto Sesshoumaru pisava devagar dentro do quarto, com seus olhos opacos. Lembrou-se então de que ele possivelmente não a enxergaria se ela se mantivesse misturada às muitas cores daquela estante. A jovem, então, agachou-se silenciosamente.

Sem desconfiar de que seu quarto não estava sozinho, o loiro trancou a porta atrás de si e seguiu tranquilamente para sua cama, cantarolando baixinho. Parecia bem-humorado; levou a mão ao bolso e retirou dali o iPhone, enquanto tateava uma pastinha de plástico atrás da lupa. Rin, com o coração aos pulos, se perguntava sobre como escaparia dali sem ser notada, já que estavam trancados.

Sesshoumaru tentava ler uma mensagem de texto recebida e resolveu ligar para seu melhor amigo. Naraku, porém, estava longe do celular e não ouviu as chamadas. O loiro, então, disse:

— O que será que aquele viado está fazendo para não atender à minha ligação?

Por fim, ele deu de ombros. Estava satisfeito, seu dia havia sido melhor do que ele imaginou. Recomeçou a cantar:

In the jungle, the mighty jungle, the lion sleeps tonight (Na selva, a selva poderosa, o leão dorme hoje à noite)...

E a morena, agachada junto a uma reentrância da estante, notou horrorizada que John Sesshoumaru estava se despindo. O paletó, o colete, a camisa social, a gravata, as calças...

Owheeeeeeeh um bumbawee... — cantou o loiro, falseteando a voz. Era engraçado, mas Rin estava tão transtornada que nem atinou para aquela musiquinha infantil. Sua cueca boxer era tirada também e deixada no chão.

E, para piorar a situação, Sesshoumaru atravessou o quarto em busca de um condicionador, passando perto de Rin, que ficou com os pensamentos suspensos ao vê-lo totalmente nu a um metro de distância dela.

Ave-Maria! Se esse ‘leão’ dele tá dormindo, imagina acordado?!”, pensou ela, desesperada.

 

***


Notas Finais


Vejam o que o Sesshoumaru está cantando: https://www.youtube.com/watch?v=mwy5uqemp6c

Kikyou sofrendo por causa do Naraku e o Inuyasha entendendo outras coisas... #TRETA

Naraku, meu fi, a Rin NÃO é o Sesshoumaru em quem você bate na cara, tá? Tomou na jabiraca! #TodasOlhaEssaBrasileiraPerigosa

GENTE, A RIN TÁ PRESA DENTRO DO QUARTO COM O SESSHOUMARU PELADO! #ÇOCORRO

Beijos, obrigada a quem tem acompanhado essa história! Adoro vocês, de coração.

~Okaasan


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...