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História Nem por Meio Milhão de Libras! - Confabulações antes da Parada Gay


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. Boa noite! Mais um capítulo!

Entãããão... Capítulo especial dedicado à minha amiga #MoniOliv, sua linda! Parabéns! Todas as viadagens do Naraku são em sua homenagem. \o/

No próximo capítulo, teremos a estupenda experiência da parada gay, me aguardem! kkkkkkk!
Sobre hoje, perdoem os erros. Minha filha tá querendo digitar aqui no note também #HUEHUEBR

Arte da capa do capítulo: Miroku e Sango curtindo o Kama Sutra! Créditos ao fanartista :)

Sem mais, boa leitura!

Capítulo 27 - Confabulações antes da Parada Gay


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - Confabulações antes da Parada Gay

Noite fresca em Coventry.

No quarto cheio de livros de Sandie Cameron, ela e Andrew Miroku estavam concentrados em uma atividade que requeria muita atenção e cuidado. O jovem motorista, de joelhos perante a escocesa, estava sendo penetrado por um dildo anexado a uma cinta que ela vestia. Sango, sabendo que deveria ter cuidado com o corpo de seu parceiro, não tinha pressa em seus movimentos. Miroku, por sua vez, se mantinha bastante relaxado. Já confiava naquela mulher o suficiente para saber que ela não o machucaria. Ela o fazia gozar quase que somente com aquele brinquedo, sem necessidade de masturbá-lo ou algo mais.

Os cabelos dele estavam bem crescidos e tapavam sua nuca. Sango adorava puxá-los quando estava próxima do orgasmo — e, ao fazer a inversão com Miroku, a escocesa ficava bastante pré-disposta àquilo. Como ela mesma dizia, comer um homem era uma maravilha.

E aquele não era qualquer homem — era o homem que estava pouco a pouco derrubando os muros que ela construíra ao redor de seu coração. Era impossível não pensar em Miroku em todos os momentos, imaginar se ele tinha se alimentado ao meio-dia, se angustiar quando ele ficava resfriado, chorar com ele quando ambos sentiam saudade da família.

— S-Sango... Eu... Ahh... — ofegava o motorista, atormentado de prazer.

— Está gostando de dar o rabo, Miroku?

— E-eu adoro... Para você, eu dou, meu amor... Isso é t-tão... OH! Mais forte! — uivou ele, sentindo que ela agora o estocava com mais vigor. — Eu vou goz-

— Não, você tem que gozar dentro de mim, safadinho. Você aguenta uma piroca de borracha no c*, tem que aguentar me esperar...

— Não seja por isso... — ofegou ele, olhando com malícia para Sango. — Eu sou capaz de aguentar esperar você engolir minha piroca que é de verdade... Quer tomar na bocetinha, quer?

— Quero... — afirmou a escocesa, puxando devagar o brinquedo de dentro do canal de Miroku. Rapidamente ela se livrou da cinta e jogou-se ao lado dele, que veio faminto e abriu as belas coxas torneadas, colocando seu pênis duro e dolorido dentro do corpo de Sango rapidamente. Como já haviam tido outras preliminares, ela estava absurdamente úmida, o que permitia a ele ser mais vigoroso em suas investidas.

O casal gemia alto, dizia obscenidades, suspiravam de tesão sobre a cama de Sango. Foi quando um pensamento passou pela mente da escocesa, cujos olhos marejaram no mesmo instante:

Eu... Eu acho que me apaixonei por ele...!

 

***

 

Hey, cuzão! — disse John Sesshoumaru ao telefone.

— Fala, bofe — respondeu Naraku Octavio, voz cansada.

— Como é o nome daquele filme do Robin Williams, em que ele trabalha num hospital psiquiátrico...?

— Humm... Déjame pensar... — nesse momento o loiro ouviu uma voz masculina falando perto do amigo “Quem é, bonitão?” e Naraku respondendo “Mi hermano, Syd”. Um murmúrio mais distante e ininteligível se fez ouvir e o espanhol contrapôs: “Não, Bud, ele é hetero, não vou convidá-lo para vir. Perdóname, muchacho”.

— Quem está aí, Naraku?

— Ah, estou com dois gêmeos dinamarqueses bem dotados aqui no motel.

— Você está trepando com dois gêmeos? Gêmeos viados? Que nojo.

— Não seja hipócrita, Sesshoumaru. Você também costuma trepar com duas pessoas. É a mesma coisa.

— Não, claro que não é a mesma coisa! Eu só pego mulheres!

Naraku ouviu uma voz feminina do outro lado da linha. Logo Sesshoumaru retornou à chamada.

— Então, sua bicha, qual é o nome do filme? Quero falar para as meninas...

— Que meninas?

— Duas gostosas que conheci no Instituto semana passada. Alunas do curso de Psicologia que foram transferidas para Londres. Estamos num motel também.

— E ainda reclama de mim — resmungou o moreno. — Faz tudo que eu faço e...

— Epa, aí não. Eu não dou o c* para machos.

— Então você anda dando o c* para as muchachas. Acertei?

— Vá para o inferno, arrombado.

— Deixe eu falar com elas?

— Para quê?! — indagou o loiro, arregalando os olhos.

Muchachas! — exclamou o espanhol, levando os gêmeos que estavam com ele a se entreolharem, meio confusos. — Buenas noches, como vocês se chamam?

— Brittany e Tiffany! É o senhor o autor daquela tese “Terapia cognitivo-comportamental para depressão com sintomas psicóticos”? — responderam as alegadas moças, entre risinhos. Ambas estavam já despidas e emboladas com Sesshoumaru na cama. Este suspirou entediado.

— Sim, sou eu. Precisam de orientador?

— Tiffany já tem, mas eu não. Quero escrever sobre o bullying na escola — afirmou a que se chamava Brittany. — O senhor pode me ajudar?

— Procure-me no Instituto depois do dia 20, vou ver o que posso fazer por você, chica.

— Aiii, que tudooo. Obrigada! Obrigada!

— Beijo, mona! Deixe-me falar com Sesshoumaru agora.

Um burburinho se fez enquanto o loiro pegava o smartphone de volta e as jovens tagarelavam animadas atrás dele:

— Já acabou, seu empata-f***?

— Ah, agora eu que sou o empata-f***? Quem me ligou foi você, eu estava muito sossegado aqui chupando uma...

— Não quero saber o que você estava fazendo, sua bicha! Então, não se lembrou de qual era o filme?

— Ei, esse filme do Robin Williams não é aquele que os pacientes têm um nível avançado de Alzheimer...? — interrompeu-o Naraku, lembrando-se da trama do alegado filme. Sesshoumaru ouviu a outra voz masculina dizendo “O filme se chama ‘Despertares’, bonitão”.

— Isso, Syd, obrigado — afirmou o espanhol. — Sesshoumaru, é ‘Despertares’.

Okay. Valeu, pode continuar a dar a bunda. Bye.

— Como se eu tivesse parado... Bye, John.

 

***

 

Alguns minutos mais tarde...

— Alô? Naraku? — disse Rin, estranhando que seu amigo estivesse ofegante.

— Rin, meu anjo... Pode f-falar...

— Tu tá passando mal, macho? Parece que tá cansado.

— Ah, eu... Nunca estive tão bem... AI, VIADO...! — exclamou ele repentinamente, sem concluir a frase, levando a morena a afastar o ouvido do celular, assustada.

— Ave-Maria! O que tá acontecendo?

— Me perdoe, cariño, eu estou ocupaaaAAADAAA! BICHA, SUA LOUCA!

— Oh... T-tá, tudo bem, te ligo depois.

— Nãooo... Eu vou a F-Ferguson Manor assim que sair daqui...

— Certo... Beijo, abestado.

— Beijo, abestada — afirmou ele, em português pernambucano.

E, assim que a ligação foi encerrada, o espanhol, que estava ensanduichado entre os gêmeos, pôde exprimir seus reais sentimentos num clamor:

— AI, MEU C*! Muchacho, tenha mais cuidado! Eu preciso desse buraco, não o destrua!

— É, Bud, vá devagar, senão ele me arrebenta também — reclamou o outro gêmeo, chamado Syd, debaixo dos outros dois e agora se dirigindo a Naraku, que estava dentro dele e recebia o outro simultaneamente. — Bonitão, você sempre está disponível para receber ligações? Mesmo nessas horas?

— Não, só fico disponível para minha família. Sou órfão, ex-morador de rua, adotado. Nós, os Ferguson, não temos o mesmo sangue, mas isso não interfere no amor e nos cuidados que temos um com o outro. E Rin é o xodó de todos nós; ela é apenas uma adolescente, mas já sofreu muito na vida também.

— Surpreendente. Você é um ser humano diferente dos que conhecemos — comentou Bud.

— Talvez seja, bofe... Para mim, sou apenas uma diva agradecida à família que tenho. Agora vamos logo, eu não posso demorar a voltar para casa... Rin precisa de mim.

— Oh, então precisamos recomeçar... — interveio o rapaz, retomando sua atividade anterior com pressa.

— AI! MEU C*! — gritaram os dois abaixo dele.

 

***

 

Raymond Inuyasha, sentado em sua cama, escrevia furiosamente em um caderno velho.

Após uma longa conversa com o psicanalista espanhol, de quem ele continuava não gostando, mas agora lhe era muito grato, o rapaz seguiu a orientação de escrever seus sentimentos e avaliá-los por intensidade. Ele agora mordia a ponta da caneta, ansioso, relendo o que escrevera pela manhã:

 

07:26h — Acordei pensando na Kah e bati uma para ela. (Culpa: 40% Ansiedade: 100% Sensação de falta de controle: 60%)

09:45h — Vim da casa de meu aluno. Ele não aprende a escrever sobre a pauta do caderno por mais que eu lhe mostre. (Impaciência: 70% Vontade de gritar: 80%)

13:07h — Fui ao trabalho de Ann Kikyou sem avisá-la para ver se o que o maldito patrão dela está se comportando. Ele não estava fazendo nada, mas a forma que ele olha para ela me dá nojo. (Raiva: 100% Ansiedade: 70%)

13:29h — Miroku me ligou para dizer que vai me dar um celular de presente. (Ansiedade: 60%)

13:55h — Quero muito um emprego, mas as ofertas que aparecem são todas fora daqui. Detesto ver minha irmã arcando com tudo sozinha. Bati uma para me esquecer um pouco disso. (Culpa:90% Tristeza: 80% Ansiedade: 90% Sensação de impotência: 80%)

14:57h — A Kah não pode vir para cá hoje porque precisa revisar seu relatório de estágio. (Ansiedade: 90% Tristeza 90%)

16:02h — Não consigo esquecer de um sujeito que passou por mim na estação de trem hoje. Bati uma pensando nele. Me sinto um lixo. (Culpa: 100% Ansiedade: 90% Raiva: 90%)

17:42h — Ann Kikyou chegou. Sinto-me mais seguro com ela por perto, apesar de ela me perturbar com suas cobranças. É como se eu ainda fosse uma criança ao seu lado. (Sensação de impotência: 80% Vergonha: 100%)

 

Inuyasha relia e riscava as emoções negativas mais recorrentes, comparando os valores. Sua ansiedade estava sempre nas alturas, a qualquer hora do dia, e isso o desanimou.

Aquele maldito Naraku estava certo, eu preciso de um tratamento. Sinto uma vontade irresistível de transar com mulheres e homens, essa ideia não sai da minha cabeça e sinto que já está atrapalhando minha vida.

No dia fatídico em que o caçula dos Wright quis confrontar o espanhol e teve uma terrível alucinação diante do outro, Naraku obrigou-o a contar tudo o que sentia e lhe deu um diagnóstico desagradável: “Você tem desejo sexual hiperativo. Sentimentos de ansiedade, culpa, vergonha, falta de controle recorrente sobre os próprios pensamentos e dificuldade de concentração em qualquer outra coisa que não seja sexo. O primeiro passo para ficar livre disso é assumir que precisa de ajuda. Você não é um tarado safado e sim um homem jovem que tem um transtorno psicológico, que pode ser tratado devidamente com terapia cognitivo-comportamental”.

Sobre o assunto bissexualidade que tanto assombrava o rapaz, o espanhol explicou que não havia nada a ser feito. Não havia um tratamento para ser 100% heterossexual e que Inuyasha acabaria seriamente prejudicado caso continuasse tentando negar aquela característica. Ser bi não era uma doença, não era motivo para vergonha. Comparar-se com outros rapazes da igreja que frequentava não era uma ideia agradável, já que ninguém pode sondar o coração alheio. “Seus amigos podem ser tão bissexuais como você”, dissera Naraku.

O pior de tudo era compartilhar isso com Kagome. Ele tinha certeza de que ela desistiria dele caso soubesse daquilo. “Ruim vai ser se ela descobrir de outra forma”, afirmara o psicanalista. Mas... Não, ele tinha medo, muito medo, além da imensa vergonha. Era um cristão, tinha planos de se casar e ter filhos como um homem cristão e hetero. Inuyasha não acreditava que o amor de sua namorada querida subsistiria a uma bomba como aquela.

Os olhos dele se encheram de lágrimas e a caneta correu desatinada pelo papel.

23:11h — Duvido que a Kah vá querer ficar com um viado como eu. Se ela descobrir, vai me abandonar. Tenho tanto medo! (Tristeza: 100% Culpa: 100% Ansiedade: 100%)

 

***

 

Rin estava ouvindo músicas da Família Lima em seu smartphone quando uma notificação de WhatsApp chegou na tela. Era o espanhol dizendo que estava na mansão e perguntando onde ela estava. A jovem indígena o convidou para ir até seu quarto.

Logo depois, Naraku batia à porta, recebendo um “entraê” como resposta. O espanhol vestia uma camisa larga e grande com o rosto de Marylin Monroe estampado, calça fúcsia, unhas pintadas de vermelho-bordô e uma maquiagem pesada no rosto, que disfarçava em partes a sua fadiga. Rin lhe deu um breve abraço e convidou-o a se sentar consigo.

— Ah, chica, se importa se eu me deitar nesse seu tapete fofo? Sentar não é exatamente uma boa ideia.

— Por que, tu tá com algum problema de coluna?

— Não... — e o espanhol se esticou no tapete, sorrindo enigmaticamente para Rin, que corou. — Meu bumbum precisa de descanso.

— Eita bixiga... — fez a jovem, coçando o rosto, encabulada. Enfim, como já estava quase acostumada ao jeito de Naraku, então buscou seguir com a conversa de forma natural. — Olha... Eu preciso muito conversar com você. Até pensei em falar com a Iza, mas fiquei com medo de ela pensar mal de mim... Me julgar...

¡Qué chorrada! A Iza? Julgando alguém? Ora, Rin, ela é a última pessoa no mundo que faria isso. Sabia que foi ela quem me deu o primeiro vibrador?

O queixo da mocinha caiu.

— Ela te deu o quê?!

— Vou te contar como foi. Ela e Sir Toga tinham acabado de chegar da viagem de lua-de-mel. Naquela semana eu estava muito ansioso por ter uma pessoa nova na casa, apesar de ser totalmente apaixonado por ela. Foi quando a coitada quis fazer pãezinhos para nós e não bateu à porta do meu quarto para me avisar que estavam prontos.

— E... O que tava acontecendo?

— Eu estava me masturbando e ela me flagrou daquele jeito tão... Peculiar. Fiquei desesperado. Meu maior medo era que ela ficasse com má imagem de mim, pois não tinha sequer três dias que ela tinha se mudado para cá...

— Ave-Maria... Cheguei a me arrepiar de gastura — comentou a morena, estarrecida tanto com o relato quanto com a forma tranquila que o espanhol discorria sobre aquele assunto. — Eu morreria de vergonha se isso acontecesse comigo.

— Por isso é bom ter atenção... Você tranca a porta quando se masturba?

— Oxe...! Seu tarado! Eu... Eu não faço isso, seu da peste! — volveu Rin, totalmente envergonhada.

— Por que não? Qualquer garota da sua idade curte “brincar de DJ”... Faz bem para a saúde, sabia? — indagou o espanhol, com uma naturalidade que, para Rin, era assustadora. Criada em um lar relativamente tradicional, não lhe era comum ouvir nem falar sobre sexo.

— Não é melhor você terminar de me contar a sua história? — replicou ela, exasperada.

Naraku Octavio percebeu o desconforto da jovem brasileira e resolveu não se enveredar por aquele tema a não ser que ela o pedisse. Pegando nos próprios cabelos, começou a trançá-los sem pressa, retomando a narrativa:

— Izayoi não imaginava que o meu nível de compulsão sexual era tão alto. A reação dela, a princípio, foi de choque. Mas, ainda assim, não me maltratou em momento algum, só pediu para que não fizesse aquilo sem trancar a porta do quarto. Ah, foi uma tensão imensa. Me vesti, lavei as mãos e saí correndo atrás da mama, já em prantos com medo de ela não querer falar comigo ou cuidar de mim.

— Bichinho d’ocê... — comentou Rin, condoída.

— Ela é maravilhosa, a Iza. Me abraçou e mandou que me arrumasse, já que iríamos sair. Fomos passear no Hyde Park e eu lhe contei que tinha ficado triste com tudo aquilo. Ela foi um anjo para mim, disse que me amava assim mesmo e que eu deveria me aceitar. Imagine a mim, com dezoito anos, com fobia de escuro, depressivo, sem poder sair de casa ou fazer amigos, já que Toga achava que eu poderia ser molestado por qualquer um... Mi papá era superprotetor. Era uma tortura ficar aqui olhando para a cara do Jaken, lendo os mesmos livros, ouvindo as mesma músicas... Não sei se você vai me entender, mas, quando eu tinha a sua idade, me masturbava não por querer prazer e sim por pura ansiedade.

— Ah... Não entendi mesmo não — o rosto de Rin ainda ardia e ela parecia bem incomodada. Contudo, se quisesse se abrir com ele, precisaria ter coragem e suportar o assunto. — Mas continue.

— Depois que abri meu coração para ela, minha vida mudou. Izayoi me deu um voto de confiança e então consegui o direito de sair de casa sozinho, se bem que foi preciso brigar muito com Toga, já que ele tinha muito medo de alguém abusar de mim na rua ou algo do gênero. Ele decidiu então matricular-me num curso de defesa pessoal e ela, em um de dança, para eu descarregar minha energia extra em outras atividades. Além de pagar, ela até se matriculou junto comigo! Nós dançávamos como malucos, era muito divertido. Aprendi inúmeras danças de salão.

Ele deu uma pausa para beber água em sua inseparável garrafinha.

— Iza me deu liberdade de lhe contar tudo o que eu sentia e fazia e foi dessa maneira que passei a me controlar mais. O Naraku Octavio bem-resolvido que você vê aqui só passou a existir por causa dela. Entende?

Rin fez um coque em seus cabelos e se deitou na cama de forma a poder encarar o amigo espalhado no tapete.

— Entendi, sim. Mas por que ela te deu um... Um...

— Um vibrador de presente. Foi engraçado... Ela era uma freira, como você já sabe, e isso não combina com o seu perfil. Porém ela queria me dar algo que demonstrasse o quanto me aceitava desse meu jeito torto e... Bem, o vibrador foi uma grande ideia. Essa atitude de Iza fez na minha cabeça o que o tratamento com o psicólogo não tinha conseguido fazer, que era reduzir minha compulsão em quase 70%.

— Interessante. E como você tá hoje com esse... Esse negócio aí de...

— Compulsão? Hoje ela só volta se eu estiver sob pressão ou muito triste. No mais é perfeitamente controlável. Agora...

O espanhol se sentou sobre o tapete, pegando em um dos pés para fazer uma automassagem e olhando diretamente para Rin, que corou de imediato.

— Agora é a sua vez de me contar o que tem te incomodado, cariño — afirmou ele. Não lhe passaram despercebidas as vezes que Rin tinha mordido os lábios, olhando para os lados como se quisesse fugir.

— Naraku... Macho, se eu souber que tu contou isso pra alguém, eu te meto a mão de peia — contrapôs a morena, nervosa. O espanhol riu.

Chica, pergunte a qualquer pessoa desta cidade sobre quem é o psicanalista Naraku Octavio DeMarco Ferguson (não gosto desse “Ferguson”). Eu sou O profissional, meu amor.

— É por isso que chove de gente mandando perguntas de tudo quanto é tipo nas suas fotos do Facebook? “Naraku, meu filho não me respeita, o que eu faço?”. “Naraku, como faço pro meu namorado ser menos ciumento?”. “Naraku, descobri que minha mãe é lésbica, e agora?”.

— E como são as respostas que você me vê dando?

— “Vamos conversar inbox”.

— Todo psicólogo ou psicanalista precisa ser ético, querida. E, além do mais, somos amigos. Eu só sou filho da p*** com Sesshoumaru e nem assim espalho os podres dele — afirmou Naraku, achando graça nos pudores e na curiosidade indisfarçada da mocinha.

— Ah... — ela olhou para baixo, receosa. — Então eu vou te contar... Hoje é terça-feira, né, então o Kohaku me levou pro grupo de oração e, quando voltamos...

 

***

 

John Sesshoumaru havia chegado há pouco da rua depois de ter se divertido em um motel com as duas estudantes. Como ele se orientava bem no próprio quarto, dispensou a ajuda de Byakuya e, entrando, tratou de tomar um bom banho relaxante.

O loiro estava tranquilo. Havia jantado em um restaurante com as moças; estava sem fome, então resolveu ir se deitar. O sexo a três fora agradável, apesar de ele se trair algumas vezes e chamar as moças de “índia selvagem” em alguns momentos.

Foi aí que, na quietude da noite, ouviu a voz jovial e feminina que ultimamente vinha mexendo demais com seu ser, junto à voz de seu melhor amigo. Seus olhos cresceram nas órbitas.

— Mas que merda é essa?! O que Naraku está fazendo no quarto de Rin?!

Apurando seus sentidos, ele pôde ouvir o que diziam em voz baixa no andar de cima e seu coração ficou descompassado com aquele relato.

Quem é esse Kohaku?!

 

***

 

— Ele me chamou pra ver a coleção de selos que ele tem, sabe?

— Ele mora sozinho?

— Mora. Aí a gente tava de boas, né, conversando, quando me bateu uma vontade da moléstia de beijar ele... E o cabra nem tava esperando. Quando vi, estava no colo dele, dando aquele beijão de desentupidor de pia.

O espanhol conteve a vontade de rir da forma como Rin dizia as coisas.

— Continue, cariño.

— E-eu... Me senti assim meio esquisita... Entende?

— “Esquisita” seria algo como a vontade de encostar muito no muchacho? Assim, sarrar nele?

— Éééééé...

— Oh. Entendo. E ele fez algo de volta?

— Ah... A gente se deitou na cama aos beijos, não era normal aquilo. Ele dava uns suspiros no pé do meu ouvido que chegava a me arrepiar toda. E... — Rin afundou o rosto na cama. — Macho, não sei romper pra frente pra contar o resto. Tô mal com isso.

— Oh... O que aquele muchacho safadinho fez com você, Rin? Suspendeu sua roupa? Brincou de sintonizar rádio com os bicos dos seus peitinhos?

— Tá doido, viado? Eu arregaçaria ele de tanto bater se ele tentasse.

— Mas algo de muito sério deve ter acontecido para você ficar assim tão constrangida.

— Foi que... Ah... Não sei onde que eu tava com a cabeça pra fazer uma merda daquelas. Abracei Kohaku com as pernas e, sei lá, ele... Se esfregou em mim, tava duro lá embaixo... E me bateu uma coisa estranha, uma vontade de continuar com aquilo, até que ele se levantou e me pediu desculpas.

— O quê?! — fez o espanhol, agora realmente espantado. — Ele desistiu?!

— É, ele falou que eu sou uma “moçoila” pura, como dizem os portugueses, e que ele é mais velho e tal... Que não deveria ter me desrespeitado daquele jeito, porque é pecado. Foi horrível, eu chorei de vergonha, uma culpa tão grande. Não sei por que isso foi acontecer...

— Ah, minha linda...

O espanhol ficou de joelhos e se aproximou da jovem, afagando os cabelos dela.

— Tô me sentindo uma vagabunda! — confessou ela, amuada.

— Claro que não, querida... Você não seria uma vagabunda nem se tivesse dado o seu cuzinho para ele. Isso é tão norm-

Naraku escapou por pouco de levar um soco na cabeça, já que estava bem perto da jovem amofinada, que exclamou indignada:

— Para de falar essas putaria comigo, eu não sou tuas nega!

— Oh, perdóname... Não disse isso para te desrespeitar. Mas, Rin, isso é normal. Você tem dezoito anos, tem um namorado, gosta dele. O que tem de feio nisso?

— Tem que eu sou moça de família, direita — volveu ela, meio irritada. — Não sou uma piriguete pegadeira de macho não, visse? Quando for pra eu ficar pra valer com alguém, vai ser depois que eu me casar.

— Pelo menos Kohaku não foi além do que você permitiu, meu bem.

— É, ele é muito sério. Não é igual aquele Sesshoumaru duma égua que me beijou no quint-

— Sesshoumaru fez o quê?!?

 

***

 

No quarto de baixo, o loiro sufocou um grito de desespero. Rin já o havia exasperado ao contar para Naraku que tinha, sim, um namorado e que sentia prazer com ele... Desde quando ela tinha namorado?!

E, agora, estava dizendo com todas as letras sobre o ‘fora’ que dera em Sesshoumaru. Seria infernizado pelo resto da vida!

Rin, por favor, não conte, não conte, não conte...!

 

***

 

— E foi assim que ganhei meu primeiro beijo — disse Rin, desanimada. — De um cabra seboso da bubônica que se acha melhor do que eu só porque é britânico.

— Estou sem palavras — afirmou Naraku, olhando fixamente para a jovem. — Ele sempre me conta tudo e, dessa vez...

— Ainda bem que não contou. Eu não gostei.

— Não gostou do beijo?

— Não.

— Tem certeza, Rin? — replicou o espanhol, persuasivo. Havia notado o desconforto dela ao tocar no assunto. — Se foi seu primeiro beijo, deve ter sido importante para você, sim. E nunca ouvi ninguém reclamar do beijo da loira gostosa... Se bem que nem posso dar muita certeza da qualidade do material, afinal, nunca o beijei! Seria praticamente um incesto...! — riu ele.

— Ah, seu viado abestado... Baitola — ela não resistiu e riu um pouco com Naraku, mas logo o seu semblante se fechou, revelando uma mágoa profunda. — Eu confesso... O momento do beijo em si foi lindo, fiquei até um pouco emocionada na hora. Ele tocou as minhas mãos, meus braços... Meu cabelo... Com tanto carinho, parecia até que ele queria me conhecer de verdade, permitir que eu me aproximasse... Mas, quando me lembrei de que ele tinha me xingado quinze minutos antes, eu... Droga! Por que ele faz isso comigo?

Eu também queria saber, Rin, pois tenho 99% de certeza de que ele se apaixonou por você, pensou Naraku, perguntando o seguinte:

— Você fica bastante magoada, não fica?

— Hoje em dia, não muito, prefiro deixar entrar por um ouvido e sair pelo outro. Mas isso machuca sim. Sabe... Quando seu Toga me achou no abrigo e me mostrou a foto de vocês, eu fui muito com a cara do Sesshoumaru. Tive vontade de ser amiga dele. Agora nem a amizade dele quero mais. Vou trabalhar guiando ele porque o seu Toga pediu, mas só.

— Oh, Rin... Não fique ressentida assim. Sesshoumaru tem esse defeito de julgar as pessoas pela origem, mas não é um mau sujeito, de forma alguma. Se não fosse por ele, nem sei o que seria de minha vida. Ele é um filho da p***, mas é um grande amigo.

— Naraku, tu tá pedindo algo que não posso fazer. Entendo que vocês sejam muito apegados, mas não quero proximidade com ele não, me desculpe. Poxa, ele consegue tratar bem a todos vocês, menos a mim!

— E se ele mudasse com você, chica?

— Se ele mudasse comigo, talvez a nossa convivência ficaria um pouco melhor... Mas eu não me interesso. Namoro o Kohaku e gosto muito dele.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos. Naraku optou por mudar de assunto, vendo que Rin não estava à vontade ao falar de Sesshoumaru.

— Mas, entonces, chica, o que me diz da atitude do seu italianinho ter desistido de te dar um amasso?

— Eu não faço ideia — admitiu ela, vexada. — Na hora... Tava tão bom...

— Será que ele não curte a fruta?

— Fruta? — Rin franziu o cenho. — Que fruta?

— A sua fruta, querida. Tu coño, entendeu? Não? Your pussy¹... — explicava o espanhol, vendo Rin permanecer confusa. — Como você chama a sua vagina em português?

— Eita bixiga da gota, é isso que tu tá me perguntando?! — volveu ela, chocada. — Eu tenho vergonha dessas conversas bestas.

— Já lhe disse que não precisa ter vergonha, Rin. Acho que vou ter que te ensinar umas coisinhas, te dar uns livretos que guardo no meu consultório. Então, só me responda essa pergunta e eu te deixo em paz por hoje.

— Tu não vai rir de mim não, né, macho?

— Claro que não, linda.

A morena estava ligeiramente encolhida ao afirmar, em voz baixa:

— E-eu chamo de xibiu.

Xibiu — repetiu Naraku, expressão de estranheza. — Que palavra diferente... Voltando ao nosso assunto, quero te dar minha opinião.

— Fale...

— Bem, é verdade que eu não tenho a mínima moral para te dar sermões, mas aqui vai uma dica: não tenha pressa para perder sua virgindade. Dizendo em sua língua, não dê o seu xibiu.

A jovem o olhou com grandes olhos, surpresa. Esperava que ele lhe dissesse o contrário.

— Por que, Naraku?

— Simplesmente porque você é uma garota linda e sensível e, também, cheia de incertezas. Mal conhece o próprio corpo. Espere um pouco mais, você não sabe se aquele muchacho é de fato uma pessoa verdadeira...

— Por que o Kohaku iria mentir pra mim?

— Pessoas mentem, Rin. Não importa quão afáveis e generosas sejam. Pessoas mentem, não se esqueça. Ele pode ter no coração coisas que você nem imagina e pode também passar uma imagem daquilo que não é.

A mão de dedos compridos acariciou o topo da cabeça de Rin. Naraku não saberia se explicar naquele instante, mas ele queria muito poder notar ao menos uma chancezinha mínima da brasileira se interessar por seu amigo loiro.

— Tenho certeza de que, se você esperar pelo tempo certo e pela pessoa certa, vai ter a melhor primeira vez do mundo — prosseguiu o espanhol, carinhoso. Rin, agradecida, pegou de leve na franja lisa de chapinha de Naraku. Contudo, algo que ele lhe disse não lhe passou despercebido:

— Como assim a ‘pessoa certa’? Você quer me dizer que não é o Kohaku?

— Talvez seja ele, querida, mas talvez não seja. O mundo dá voltas... Não tire conclusões precipitadas. Prometa para si mesma que nunca, entendeu?, nunca faça algo que não quer somente para agradar a outra pessoa.

— Tá bom... Tá parecendo o mestre Kouga falando — sorriu ela, saudosa.

Rin não estava feliz naquela hora, mas estava consideravelmente mais tranquila. Por fim, a mocinha escorregou e se sentou com o espanhol no tapete felpudo para abraçá-lo, no que foi correspondida prontamente.

— Ah — fez ele. — Pode me tirar uma dúvida?

— Fala...

— Baixei umas músicas brasileiras para aprender melhor a sua língua, mas elas têm uma expressões estranhas. Mesmo consultando o dicionário não consegui entender.

— Coloca aí pra eu ouvir. Volume baixo, tá, o povo tá dormindo.

Rin se arrependeu de ter dito que podia. O smartphone de Naraku começou a reproduzir um som sintetizado de funk, seguido de uma voz que cantava uma letra nada inocente, que levou a jovem a arregalar os olhos e se arrepiar de vergonha: “Essa é a nova putaria pras mina do sururu, elas tão querendo rola no c*”. Muito compenetrado, o espanhol indagou:

— Ouviu? É essa frase que eu não compreendo². O que significa “elas tão querendo rola no c*”? “Tão” é um advérbio, “rola” é sinônimo de “pombo” e “c*” é a sigla do elemento “cobre” na tabela periódica.

— Eu... Eu... Isso...

— Ah... — o homem encarou a moça, sem entender o constrangimento dela. — Você não entendeu isso também? No Brasil deve haver muitos dialetos, acho que é por isso. Essa canção foi produzida no Rio de Janeiro. Você vivia no outro lado do país, não é?

— S-sim...

— Sem problemas, depois eu descubro. E tem essa outra... — Naraku selecionou outro arquivo para reproduzir, desesperando a pobre Rin ao cantarolar a malfadada música: — As novinha tão sensacional...

— E-eu também não sei o que quer dizer isso aí — disse Rin, apressadamente.

— Não, espere, o cantor diz mais coisas. Ele diz a palavra “xota”. A frase: “descendo com a xota prendendo no pau” não faz muito sentido também. “Pau” é madeira e “xota”... Você conhece essa palavra?

— Não faço ideia — mentiu a morena, morta de pudor. — Olha, mano, por que tu não me pede sugestão de músicas em vez de procurar sozinho? Eu conheço um monte, tu vai aprender o português melhor se ouvir as músicas ao invés dessas aí...

— Aceito, querida. O que você ouve?

Os dois passaram os próximos minutos confabulando acerca de canções brasileiras, ao passo que Rin fazia de tudo para que o espanhol não se interessasse por outra letra de funk carioca. Enfim Naraku bagunçou os cabelos dela e se levantou, anunciando que iria dormir.

E, no andar de baixo, um muito deprimido John Sesshoumaru abraçou o próprio travesseiro, olhos a saltar das órbitas.

O loiro nunca havia se sentido tão diminuído na vida. E o pior era saber que fora ele mesmo o culpado por empurrar a doce morena para longe do alcance de seu sentimento.

Ver Rin com outro doía mais do que ficar cego.

 

***

 

No dia 20 de junho, haveria a Parada do Movimento LGBT em Londres, pela manhã.

Sem saber disso, na tarde do diz 19, Ann Kikyou Wright entrava em sua casa após mais um dia cansativo de trabalho. Achou a pequena residência vazia e estranhou.

— Para onde foi o Inu? — indagou ela para si mesma, tirando a bolsa e a colocando sobre o sofá velho. Ia para seu quarto quando, subitamente, um par de mãos a agarrou, tapando seus olhos. — AHH! SOCORRO!

— Buuuu! — fez Andrew Miroku, o autor da brincadeira, soltando-a. A jovem abanou o rosto, nervosa.

— Andy! Que brincadeira é essa? Quase me matou de susto...

— Você anda muito distraída, Ann. Eu estava na cozinha e você não me notou.

Só então Kikyou viu que seu irmão estava totalmente mudado. Apesar das roupas serem as de sempre, os cabelos de Andrew Miroku estavam crescidos e presos num rabo-de-cavalo pequenino; sua franja pesada ganhou novo corte e suas orelhas agora tinham dois brincos de argola discretos. A sobrancelha dele estava delineada a pinça e mesmo a postura de Miroku estava diferente — seus modos agora não eram mais os de adolescente tímido.

Kikyou estava diante de um homem sedutor. A boca da jovem ficou entreaberta enquanto ela perscrutava o irmão.

— Miroku...!

— O que foi, Ann? — perguntou ele, já sabendo que seria recriminado.

— Por que eu não percebi que você mudou tanto depois que saiu de casa?!

— Ah, Ann, eu nem mudei tanto assim... Ei! Mana! — ia dizendo ele, quando de repente a moça começou a chorar e correu para o quarto. — Kikyou! — e Miroku a seguiu. Ela estava sentada na cama, as mãos no rosto, lamentosa:

— Meu Deus... — soluçava ela. — M-Miroku, por que eu não tinha visto antes que você está tão estranho?

— Ah, mana, pare de agir assim, por favor. Desse jeito parece até que você quer que eu me sinta culpado!

— E você não se sente?!

— Sendo sincero? Não. O fato de eu ter cabelo grande e usar brincos não diminuiu a minha fé.

— Mas você agora parece um mundano... — acusou ela, enxugando os olhos.

— Por que, Ann? A minha aparência está ofensiva? Alguém negaria o Santo Nome do Senhor ao me ver assim?

Ela titubeou.

— Não, mas... Se os irmãos da igreja vissem, diriam que...

— Eu não me importo — retrucou ele sério, porém com mansidão. — Os irmãos da igreja ofendem muito mais a Deus com suas fofocas do que eu com meus brincos e cabelo grande. Agora, me responda, mana... — e Miroku se sentou ao lado de Kikyou. — Por que a gente tem que ficar sempre se sentindo culpado por tudo?

— É p-porque erramos muito, por isso a nossa consciência nos acusa.

— Nossa consciência, ou o julgamento das outras pessoas? Vem, me conte por que você tem tanto medo de dar um corte moderno no seu cabelo, por exemplo.

— Eu sou professora de escola dominical! Não posso simplesmente fazer o que quero, Andy, as pessoas estão me observando!

— Viu só? Você não teme o que Deus pensa. Teme o que as pessoas pensam. Já imaginou que Deus pode estar interessado mais no seu coração do que no seu exterior? Eu não imagino Deus castigando você por repicar o cabelo ou usar uma joia.

A jovem fez um bico contrariado, uma lágrima perdida correndo por sua bochecha. O motorista abraçou fortemente sua irmã, beijando-lhe a testa.

— Por falar em joia... Vim te dar duas coisas — afirmou Miroku, acarinhando a cabeça da jovem tristonha. — Um dinheirinho para você comprar um par de roupas novas para você e para o Inu e — ele retirou uma caixinha de veludo de dentro do bolso. — Isto aqui.

— O que é? — indagou Kikyou, curiosa.

— Abra e veja.

Ela abriu a caixinha e se deparou com um par de brincos de nó do amor; eram de ouro com zircônias cravadas. Ficou boquiaberta e Miroku sentiu que havia acertado em cheio. Kikyou abandonou o uso de brincos desde que sua mãe falecera.

— Andy... São lindos! Parecem muito com os que mamãe me deu quando fiz quinze anos... Mas devem ter custado uma fortuna...

— Claro que não, sua boba. Oitenta euros, dividido em seis parcelas. E você merece bem mais do que isso.

— Ah, que amor! Você é incrível, Miroku! Só que... Eu perdi o costume de usar, vou ficar com vergonha...

— Sem mimimi! Vai usá-los, sim!

Satisfeito por ter agradado sua irmã, o motorista se ofereceu para colocar os brincos em suas orelhas. Deu um bocado de trabalho, já que os furos dos lóbulos de Kikyou estavam quase fechados. Por fim, tudo deu certo e os nós do amor agora adornavam as orelhas da moça. Os dois correram até o espelho do banheiro e ela chegou a suspirar de contentamento. Porém recomeçou a chorar e Miroku ficou bastante confuso.

— Misericórdia, Kikyou! O que está acontecendo com você?

— Ah... Eu... — a jovem corou absurdamente. Ela estava feliz com o presente do irmão e imaginou se Naraku a apreciaria com os brinquinhos, mas se lembrou no mesmo instante que o espanhol havia dito que a detestava. Nos pensamentos de Kikyou, ela seria rejeitada por ele para sempre, mesmo que se apresentasse como a mais bela das mulheres. — E-eu não sei! Ultimamente dei p-para chorar como uma tola!

— Você não tem nada de tola, minha linda. E, para mim, você anda chorando como uma mulher apaixonada...

— N-não é verdade — apressou-se a responder. — Não fique pensando essas bobagens de mim...

— Bem, se não é verdade, mostre para mim o sorriso lindo que você tem e pare de chorar. Hoje vou levar você e o Inu para a sorveteria! Vamos nos entupir de sundaes e banana split!

— Nada disso, cada um vai comer o suficiente. Nada de comer demais, a Bíblia diz que gula é pecado! — murmurou ela, terminando de secar o rosto. Miroku acabou rindo.

— Essa é a Ann Kikyou que eu conheço! Então, quando vai comprar as roupas?

— Amanhã mesmo, Mr. Taylor me deu uma folga de dois dias. Vou direto para Londres, lá vou encontrar mais opções de roupas baratas.

 

***

 

John Sesshoumaru estava há exatos seis dias sem sair de dentro de seu quarto, recebendo lá suas refeições. Não houve súplica, choro, argumento ou ameaça que o tirasse de lá. Toda a família Ferguson instou com o loiro, que respondia aos gritos que não queria ser incomodado.

Na véspera da parada gay, Naraku resolveu voltar ao quarto do amigo. Foi recebido com uma apatia assustadora.

— Sesshoumaru... Cara... Sou eu, a diva dos boquetes de quem você tem o privilégio de ser irmão adotivo. Fale comigo.

—...

— Bofe, por favor, reaja. O que está acontecendo? O que te fez ficar desse jeito? Conte para mim.

— ... — o loiro estava deitado de lado em sua grande cama. Seus olhos tinham bolsas escuras sob as pálpebras inferiores e estavam injetados. Seus longos cabelos loiros estavam totalmente bagunçados e ele ocasionalmente suspirava. Parecia mesmo ter chorado momentos antes de ser interpelado pelo amigo.

— Se não falar comigo agora mesmo, vou te virar nessa cama e dar uma chupada nesse cuzinho! Está depilado, não é? — afirmou o espanhol.

— Vai se f****, Naraku! — protestou Sesshoumaru, furioso e enojado. Naraku ficou satisfeito ao ver o amigo demonstrar uma reação diferente e insistiu:

— F**** é comigo mesmo. Vou bater uma punhetinha no seu banheiro e gozar dentro do seu enxaguante bucal. Como você está quase cego, nem vai notar a diferença. Seus dentes ficarão ainda mais brancos.

— Some daqui, p****! — redarguiu o loiro, tentando bater no outro.

— Só saio se você me fizer um favor...

— Que favor, arrombado do c******? Você está me irritando! Vá embora!

— É simples, meu amigo querido. Acordei com vontade de fazer um fio-terra num muchacho loiro. Pode abaixar suas calças, por favor?

Sesshoumaru se atirou contra o espanhol e começou a esmurrá-lo.  Ambos caíram no chão.

— Filho da p***! Não sabe o que estou passando e vem para cá me perturbar! Vá para o inferno!

— O que você está passando?

— Não é da sua conta!

Subitamente Naraku conseguiu subjugar Sesshoumaru sob si e virou-o de bruços no tapete, aproveitando para baixar-lhe a bermuda e beliscar as nádegas do loiro, que começou a gritar para ser liberto.

— OCTAVIO, DESGRAÇADO MALDITO ARROMBADO CHUPADOR DE PIROCAS! VOU TE MATAR!

— Quer deixar de ser escandaloso? Se não baixar o volume dos gritos, a moreninha latina vai aparecer ali a qualquer momento. Você não quer ser visto por ela assim, debaixo de mim e com o olho cego à mostra, quer?

— Me solte agora mesmo, maldito, me solte!

— Eu te solto com uma condição... Prometa que irá deixar de agir como um fracassado e amanhã, às oito da manhã, estará arrumado com a sua fantasia de Thor. Virei te buscar e não admito ouvir um não como resposta.

— Eu não vou sair daqui nem que Sua Majestade ordene, seu... — Sesshoumaru arregalou os olhos ao ouvir um ruído de “clique”. Estava sendo fotografado!

— Que bunda branca, hein? Adorei essa foto! Ficaria incrível com uma legenda do tipo “Eu, segundos antes de ser enrabado”.

— MALDITO! ME DÁ ESSE CELULAR! — berrou o loiro, se debatendo loucamente debaixo de Naraku, que na verdade não tinha fotografado o amigo.

No, no, no. Sua promessa primeiro. Vai para a parada gay comigo amanhã, não vai?

— Eu... Eu... P****! Eu vou nesse c******, seu filho da p*** do c* sem pregas! — exclamou Sesshoumaru, derrotado.

Nada como a velha, incisiva e eficiente pressão psicológica.

 

***

 

¹ — Coño (espanhol) e pussy (inglês) são palavras de baixo calão que designam o órgão sexual feminino.

² — Naraku não sabe os palavrões em português. Os que ele costuma falar estão todos em espanhol e inglês. Para ele, a palavra “rola” significa, de fato, “pombo”.

 


Notas Finais


Nossa... Esse Capítulo foi tão gay, mas tão gay que o meu Word ficou cor-de-rosa #TodasFicaImpressionada

As garotas que estiveram com Sesshoumaru são as loiras Brittany e Tiffany Wilson do filme #AsBranquelas, quem se lembra? Essas: http://3.bp.blogspot.com/-FRwQzOA94iE/VFE-089gPJI/AAAAAAAARIk/H9kEgOeOJ_8/s1600/06.jpg
E os gêmeos Syd e Bud que estão curtindo com o NaraDIVA são na verdade os guerreiros-deuses Shido de Mizar e Bado de Alcor, de #SaintSeiya. Aqui: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/46/f3/af/46f3af5a9d577e394f064fac53348ed3.jpg

Gente, o Inuyasha tem compulsão, tadinho... :( Será que ele vai conseguir superar isso? @MarcianoF, obrigada por me ajudar com o diagnóstico dele. ;)

Nem preciso dizer o porquê de não descrever o Kohaku e a Rin dando uns pega, né? Ninguém quer ler, kkkkkkkk, só a @pifranco que shippa esses dois! kkkkkkkkkk #TodasFicaComPenaDoSesshoumaru

Naraku ouvindo funk e envergonhando a coitadinha da Rin AHUAHUAHUAHAUHAUHAUHAUHAUAH XD

Pobre Sesshoumaru, chegou a entrar em depressão por alguns dias... </3 Ainda bem que o Naraku não deixa ninguém ficar deprimido, HAUHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHUAHAUHAUH

O Miroku é um fofo! Alguém mais aí também o ama? #TodasSeDerrete A Kikyou, tadinha, tá indo pra Londres em pleno dia de parada gay! Seguuuuuuuuuuuuuuura, viadããããão!

Volo depois para editar estas notas! @MoniOliv, linda, parabéns mais uma vez e me perdoe pelos raios de sol, kkkkkkkkkkkkk

Abraços, lindos da Mamãe!
@Okaasan


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