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História Nem por Meio Milhão de Libras! - Desce dendê maré, desce maré dendê


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal! Mais um capítulo!
Desculpas pela demora...

Sem mais, vamos ao texto. A você, mano @MarcianoF, uma singela homenagem e meu muitíssimo obrigada pela ajuda de sempre. :)
Perdoem eventuais erros. Postando às pressas, minha filha quer ver desenho no PC! hihi XD

Imagem de capa: "Sesshomaru x Rin", por Sweet-Palette, do Deviantart.

Boa leitura!

Capítulo 30 - Desce dendê maré, desce maré dendê


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - Desce dendê maré, desce maré dendê

Andrew Miroku havia acabado de fazer uma faxina na casa da família Wright. A seu pedido, Raymond Inuyasha saíra para comprar carne. O jovem motorista pretendia fazer um jantar especial para seus irmãos; ele agora tirava do bolso o seu smartphone novo, porém simples, ao receber uma notificação de WhatsApp. Sorriu ao ver que era Sandie Cameron lhe contatando.

Lindinho, quando vier para cá traga a bandana rosa que esqueci no seu quarto.

Ele digitou devagar, não acostumado àquele tecladinho virtual tão pequeno:

Levo, meu anjo. Você esqueceu também uma pasta cheia de provas.

A mensagem de resposta veio ligeira:

My goodness, que p**** de cabeça ruim a minha! Traga-a para mim por favor, Miroku, vou precisar dessas provas! Então, me diga, como vão as coisas aí com seus irmãos?

Ele iria contar que estava tudo bem quando uma notificação de um número desconhecido apareceu na tela do aparelho. Curioso, clicou no lembrete.

Boa tarde! É você o Andrew Miroku? Soube que trabalha como motorista e estou precisando de um. Meu nome é Yura Smith.

Intrigado, o jovem coçou a cabeça.

— Yura Smith? Quem é essa?

 

***

 

Em Liverpool, Suikotsu Taylor se inclinava sobre uma jovem de cabelos com corte Chanel, nua, deitada em um colchão macio. Ele havia terminado de despir as próprias roupas e devorada o corpo daquela moça com os olhos. Virando-a de bruços, separou suas nádegas e a penetrou no orifício traseiro, gemendo em alto e bom som. Como ele esperava, o corpo abaixo de si não lhe opôs resistência.

Num criado-mudo ao lado da cama, uma seringa.

No braço da jovem de olhos abertos e extremamente parados, um sinal de picada.

— Você é uma delícia, Wendy... — ronronava ele, estocando a com voracidade. — Mas quem eu quero mesmo está em Leeds... Kikyou...

O advogado fechou os olhos, enevoado pelo prazer do sexo. Sua parceira, contudo, estava desmaiada pela força de um medicamento que ele lhe havia aplicado.

— Kikyou...

Aquela jovem mulher era membro da igreja que ele frequentava quando passava por Liverpool. Mal sabia ela que o convite para “falarem sobre livros de história dos judeus” resultaria naquilo.

— Kikyooooooooooou... Me aguarde... — rosnava Suikotsu, enquanto violava a moça de cabelos chanel. — Eu vou fazer tudo isso e muito mais com você... Te desejo há tanto tempo... Não importam... Quantas ampolas... Vou ter que te aplicar... Oooooh...

O homem ofegou, gozando, e levou a mão ao pescoço da pobre Wendy. Apesar de fraca, era existente a pulsação. Ele sorriu torto.

— Assim que eu gosto — comentou ele. — Gosto de mulheres fortes. É bom que você fique viva, dá muito trabalho se livrar de um cadáver.

 

***

 

Naraku Octavio despertou quarenta minutos após Izayoi, John Sesshoumaru e Rin se ausentarem de sua casa. O espanhol levou um susto enorme ao ver a jovem presbiteriana deitada ao seu lado, segurando delicadamente a sua mão. Ann Kikyou dormia um sono tranquilo, encolhida, parecendo ainda menor do que era de fato. Naraku acabou por se aquietar, fitando-a embevecido.

Ela parecia apreciar sua companhia, apesar de tudo. O coração do espanhol ribombou no peito; diante de seus olhos, dormindo em sua cama, estava a fonte de sua insônia, de seus arroubos de desespero apaixonado.

— Kikyou...

Cuidadoso, ele puxou a mão de sob a da jovem e se levantou da cama, indo à busca de seus familiares. A casa estava vazia; ele e Kikyou estavam a sós mais uma vez. Naraku sentiu um estremeção seguido de uma excitação vigorosa, oriunda de sua ansiedade que nem mesmo o Rivotril pôde combater com eficácia naquela tarde. Pensou em ir para o banheiro se aliviar, contudo...

Se Kikyou ainda estava ali, tão perigosamente próxima de si, era porque ela o desejava. Lembrou-se de que Kagura havia oferecido a ela um chá de melissa quando ambos haviam chegado da parada gay. Era esse o motivo de a moça estar ali, nos braços de Morfeu. O espanhol lambeu os lábios meio ressecados e foi para o banheiro. Xingou de raiva pela dificuldade em conseguir urinar com o pênis ereto, já que o fluxo de urina insistia em cair em qualquer lugar que não fosse o vaso sanitário. Por fim, ele pôde fazer sua higiene e aproveitou para tomar mais um banho rápido. Enxugou-se e vestiu somente uma bermuda branca. Olhou para o espelho uma vez mais e decidiu que não haveria jeito melhor de aliviar suas tensões do que se masturbar para Kikyou ao lado dela. A simples expectativa de ela acordar e flagrá-lo fazendo aquilo o deixava louco.

Naraku saiu do banheiro e encarou a jovem adormecida, que se revirara na cama e ficara deitada de costas, os longos cabelos espalhados ao seu redor. A blusa emprestada por Kagura era um pouco folgada, de forma que era possível ao psicanalista avistar a pele por entre os botões; o sutiã de algodão, sem bojo, era branco e deixava pouco a ser imaginado. Ligeiro como uma aranha, o espanhol voltou a deitar-se ao lado dela, baixando a bermuda e manipulando o próprio sexo enquanto a admirava.

Evidentemente, havia possibilidade de tudo aquilo dar errado e ele se embarafustar com ela em mais uma briga, mas Naraku não estava em condições de pensar racionalmente. O autocontrole do psicanalista foi minguando em poucos minutos e, enlouquecido, ele começou a acariciar sutilmente o busto de Kikyou, detendo-se entre os botões de sua blusa. Os mamilos pequeninos se eriçaram sob a roupa.

— Hummmm... Kikyou... — murmurou ele, os pensamentos obscenos pipocando em sua mente. — Esses bicos dos seus seios...

O espanhol acabou não resistindo aos apelos de suas fantasias e, muito devagar, desabotoou os três primeiros botões da roupa da jovem, aproveitando para afastar o sutiã de sobre o seio direito e se deitar colado a ela. A aréola era escura e pequena, proporcional ao tamanho do mamilo. Naraku voltou a agarrar o pênis, enquanto deslizava os dedos pela pele da mama nua de Kikyou. Não era um seio grande (na verdade era um seio bem comum), mas era dela. Isso era o bastante para enlouquecê-lo.

— Você... É tão louca, tão irritante... Mas tão especial ao mesmo tempo... Acho que nunca... Conhecerei outra pessoa... Que me deixe assim, tão... Tão fora... De mim...

Tendo sussurrado tal afirmativa, o moreno se abaixou até o busto da moça e deslizou delicadamente o lábio inferior pelo mamilo dela, observando-a se remexer na cama e levar a mão ao seio, como que afastando o que lhe incomodava. A vontade dele era de arrancar as roupas de Kikyou e possuí-la, mas, por outro lado, Naraku sabia que Kikyou não o perdoaria caso ele passasse dos limites. O que ele estava fazendo naquele instante já era algo extremo, contudo seus sentidos o traíam, o faziam querer provar mais daquele corpo frágil.

Assim, o espanhol se limitou a dar pequenos beijinhos e lambidas suaves no seio direito da jovem, parando quando ela se movia, ansiosíssimo com a hipótese cada vez mais provável de que ela despertasse. A ideia o excitava e o amedrontava ao mesmo tempo — o medo de ser rejeitado prevalecia.

— Huh... Kikyou... Abra os olhos — cochichava Naraku, sentindo que faltava pouco para que seu prazer explodisse — Olhe para mim... Enquanto eu... Chupo seu peitinho... Aaaaaarrrhhh... — o orgasmo o envolveu, enquanto ele rilhava os dentes, se contendo para não fazer barulho. Assim que sua ejaculação chegou ao fim, ele correu a consertar o sutiã e a blusa de Kikyou que, apesar de ter suspirado e se remexido diversas vezes enquanto o psicanalista realizava aquela brincadeira erótica, permaneceu adormecida. — Você dorme pra c******, hein?

Ele olhou para a própria barriga suja de sêmen e voltou a admirar o rosto sereno da moça.

— Nunca conseguiríamos viver juntos — admitiu ele, triste. — Mas... O que eu sinto por você é verdadeiro...

Assim, Naraku se levantou da cama, indo até o banheiro se lavar. Voltando, pensou em voltar a se deitar ao lado de Kikyou quando sentiu uma leve pontada na nuca. Resolveu aferir sua pressão arterial com o esfigmomanômetro digital que possuía; ao abrir, porém, a gaveta da cômoda, o barulho foi um pouco alto e despertou sua hóspede.

Kikyou abriu os olhos, assustada, e susteve a respiração por alguns segundos ao ver Naraku de costas para si, perto da cômoda, vestido apenas com aquela bermuda tão curta. A moça ficou meio atarantada com a visão das coxas seminuas do psicanalista e demorou a articular uma palavra qualquer. Nesse ínterim, ele a encarou, fazendo-a sair do transe e olhar para outra direção, morta de vergonha.

— Algum problema, Wright? — indagou ele, sobrancelha arqueada.

— N-não... Eu dormi?

— Dormiu — respondeu o espanhol, colocando o aparelho no pulso. A jovem, curiosa, se levantou, estranhando que estivesse com sua roupa íntima úmida, e se foi até Naraku, cujos ombros se tensionaram ao senti-la perto de si.

— 160 por 90 mmHg — disse Kikyou, lendo o visor do esfigmomanômetro. — Santo Deus... Está alta! Você é hipertenso?

— Sou.

— Mas você é tão jovem...

— Normal ser hipertenso, devido à caralhada de remédios que eu tomo todos os dias. Mas deixe para lá. Estou com fome, você deve estar também. Quer comer alguma coisa?

— Não... — o estômago da moça roncou alto, contradizendo-a e fazendo com que ela ficasse ainda mais constrangida. Diante daquilo, Naraku relaxou sua postura defensiva e resolveu pregar uma peça na jovem, dizendo com severidade:

— Você vai arder no fogo do inferno, sua pecadora herege. Mentir é pecado, o pai da mentira é o diabo.

— Ah... — Kikyou arregalou os olhos ao ouvir aquilo, mas acabou vendo que o espanhol estava troçando consigo. Pela primeira vez, ela não ficou chateada, levando a mão à boca para esconder que estava com vontade de rir. — Você não vale nada... Bobão.

Naraku tomou-lhe a mão e a puxou consigo para fora do quarto, aliviado por ver o clima entre eles mais leve. Até sentiu vontade de sorrir.

— Vem, crentelha, o viadinho aqui vai preparar algo para você comer.

— Ah... O-obrigada.

— Anda, mona! Vai passar Bob Esponja na Nickelodeon...

Kikyou mirou seu anfitrião com olhos a saltar das órbitas.

— Mas... Bob Esponja é um...

— Vai me dizer que você não conhece Bob Esponja!

— Espere... Naraku, você assiste desenhos animados?!

— É óbvio... Quer algo mais divertido que desenhos animados? — replicou ele, com naturalidade, enquanto entravam na cozinha. — Assisto a todos os canais infantis. Morro de rir com aquele episódio onde o Bob vicia numa música chamada “Embalo Musical”, sabe qual?

— Err... Não, não sei... Achei que você preferisse ver pornog- — e Kikyou se interrompeu, roxa de vergonha ao ter deixado seu pensamento escapulir. Muito tranquilo, Naraku abriu sua geladeira (duas vezes maior do que a da sua visita) e comentou:

— Pode falar “pornografia”, muchacha, a palavra não morde. Parece até que você tem medo de que pirocas invisíveis apareçam do vento para entrarem nos seus orifícios...

— Urgh! Não fale essas coisas para mim, seu indecente!

Cierto, cierto, não vamos ofender seus ouvidos religiosos — e o espanhol revirou os olhos. — Entretanto, se você quer saber, em matéria de pornografia eu sou uma bicha super sensível. Minha categoria favorita é a romântica.

Kikyou prendeu os lábios para não deixar que a pergunta curiosa escapulisse de sua boca mais uma vez. Em sua mente, a indagação: “como é uma pornografia romântica?”. Fingindo não perceber o interesse velado dela, o psicanalista continuou a falar.

— Pornografia romântica é uma categoria muito procurada por mulheres, porque não foca apenas no sexo explícito e machista. Em vez de dar apenas close em uma rola grande sendo enfiada no rabo da atriz, o cineasta prefere mostrar a troca de olhares, suspiros e expressões de ternura, beijos na boca, mãos que deslizam pelas costas... Claro que a rola vai entrar no c*, mas não de forma mecânica. Há todo um envolvimento emocional.

— ...

— Particularmente, eu me sentiria desconfortável se fosse trepar com alguém estando focado apenas no meu tesão, entende? Minha principal vaidade é sair de uma trepada deixando a mulher ou o homem totalmente impressionados com minha capacidade de dar prazer. E, cá para nós, eu sei muito bem o que fazer com a rola, os dedos, o c*, a língua...

— Err...

— Você ainda não entende sobre isso — e ele se virou para ela, a postura predatória. — Mas já imaginou o quanto essa minha língua, em ação, satisfaz uma mulher?

—P-prefiro que conversemos sobre o B-Bob Esponja mesmo... Como é o episódio que você ia c-comentar? — balbuciou Kikyou, azul de constrangimento.

 

***

 

Em Ferguson Manor, John Sesshoumaru se sentiu entediado e resolveu arriscar a sorte, quando ouviu o som de paus se chocando que vinha do quintal da mansão — Rin Tibiriçá gostava de praticar capoeira e maculelê religiosamente às quatro e meia da tarde. Tendo passado um bom tempo ouvindo várias músicas (brasileiras, deve-se dizer) em seu iPhone, o loiro tomou um banho frio e revigorante, vestindo em seguida uma camisa polo e uma bermuda de sarja nova. Deixando os cabelos soltos, ele saiu do quarto e, sem pressa, caminhou para fora da casa, ao que Jaken, o mordomo, interpelou-o cheio de dedos:

Sir John? Vai sair?

— Não, Jaken. Vou andar por aqui mesmo.

— Quer ajuda?

Sesshoumaru franziu o cenho, fazendo uma cara ameaçadora do qual o pequeno mordomo sempre tinha medo.

— Eu ainda estou enxergando e posso muito bem andar sozinho — respondeu ele, de maneira letal. — Agora vá e me deixe.

Yes, sir John — engrolou o outro, se afastando o mais rápido que podia.

Empertigando-se, Sesshoumaru respirou fundo para se sentir um pouco menos inseguro. Era bem mais difícil agora que ele enxergava tão pouco. Mas... O fato é que o loiro queria muito estar perto de Rin, apesar de que ela agora tinha namorado...

“Para ser apenas desejo, eu não teria que ficar constrangido e todo receoso perto daquela índia...”

Era horrível, para ele, sentir o rosto queimar a cada vez que ouvia a voz da cabocla se aproximando de si.

“Será que Naraku está certo? Eu me apaixonei por ela sem perceber? Mas como, se mal consigo enxergar seu rosto? Apesar de que... Mesmo sem a noção exata de seus traços, sei que ela... É uma morena linda, inocente e deliciosa...”

Um vento suave passou por ali, enquanto o loiro andou pelo chão cimentado em direção ao som de pés que batiam no chão e uma música um pouco diferente das que Rin utilizava para treinar capoeira. O jardim de gerânios parecia ter um aroma mais intenso agora que ele enxergava menos. Sob um dos quiosques, a jovem aproveitava para dançar um ritmo que, aos ouvidos de Sesshoumaru, parecia samba.

— “Siga em frente, olhe para o lado, se liga no mestiço na batida do cavaco...”

O loiro se xingava interiormente por não poder ver a dança de Rin, que era um borrão colorido em movimento frenético. E não ficou incógnito por muito tempo; de chofre, a jovem se sentiu observada e parou de dançar, encarando Sesshoumaru com surpresa e certo desconforto.

— Tá fazendo o que aí, macho velho? Quer levar uma mão de peia, quer?

What? — fez ele, confuso. Rin havia falado tudo em português; ela então reformulou a pergunta como pôde, num inglês misturado com espanhol:

— O que você está fazendo aí?

— Ah... Eu... Eu...

Merda, o que eu digo?

— Eu vim te perguntar se... — as bochechas de Sesshoumaru arderam. — Se você pode olhar no WhatsApp se Octavio está online. Eu... Não enxergo aquelas letras, mesmo com o app de alto contraste.

— Ahhh tá... — Rin deixou a postura defensiva de lado. Desligando o player do celular, ela alongou os braços enquanto dizia: — Olha, eu posso até ver isso pra tu, mas acho que ele deve estar bem envolvido com a visita.

— Você pensa assim?

O loiro teve um insight: como Naraku e Rin eram bem próximos, talvez ele poderia ter contado algo a ela sobre a jovem Kikyou. Resolveu sondar a brasileira:

— Acho que Miss Kikyou deve gostar muito dele, mas não é correspondida — afirmou Sesshoumaru, de forma propositalmente desinteressada. Rin não notou suas verdadeiras intenções e rebateu com veemência:

— Meu , cê deve tá doido. Naraku arriou os pneus por aquela moça, tu não visse? Ele ficou todo nervoso quando a gente apareceu lá.

Sesshoumaru ignorou aquela estranha expressão “arriou os pneus” para não quebrar a comunicação com a morena. Prosseguiu em suas considerações:

— Ora... Típico pensamento romântico de mulher — e ele sorriu, irônico. Pela movimentação de Rin, descobriu que ela estava olhando o smartphone. — Ele está online?

— Não... Esteve há mais de duas horas.

— Vou telefonar para ele.

— Nããããão! — protestou Rin, brava. — Não tá vendo que vai atrapalhar o coitado, bicho leso?

— Atrapalhar Naraku? Em quê? — volveu o loiro, se fazendo de desentendido.

— Deixa ele aproveitar esse tempo com a mina que ele gosta, seu chato!

— Ele não gosta dela, sua boba. Aliás, se Naraku gostasse de alguém, eu seria o primeiro a saber.

Rin revirou os olhos.

— Tua vida é tirar sarro da cara dele... Duvido que ele te contaria algo sério assim.

— Você pensa isso de mim? My goodness... — e Sesshoumaru levou a mão ao peito, se fazendo de ofendido. — Rin, eu jamais brincaria com os sentimentos do meu melhor amigo e irmão adotivo... — ele deu um passo em direção a ela. — Naraku é muito, mas muito importante para mim.

A jovem encarou o loiro, acreditando naquela representação. De fato, tinha lógica. Pois, se Sesshoumaru havia dado um dos rins para o espanhol no passado, com certeza ele devia amá-lo muito.

— Então prometa que não vai telefonar para ele hoje — disse ela, firme. — Já que aquela moça saiu de lá de onde o Judas perdeu as botas para ir visitar Naraku, temos que deixar os dois se entenderem.

Sesshoumaru omitiu a vontade de rir. Era óbvio que ele estava louco para apoquentar o amigo. Contudo, se quisesse ficar bem aos olhos da brasileira, teria que dançar conforme a música.

Okay. Prometo. A propósito...

— O quê?

— Eu queria ir ao Chin Chin Laboratories tomar um sundae. Quer ir comigo?

— O Bya vai levar a gente?

— Err... — por aquela, Sesshoumaru não esperava. Havia se esquecido de que ele não tinha condições de dirigir e que Rin nem sabia o que era a direção de um veículo. — Vai, sim. Vou pedir a ele. Então, pode me acompanhar?

O fato de ter dito a Rin que Naraku lhe era importante somou um ponto positivo para Sesshoumaru. Desarmada, a jovem respondeu:

— Oxe, ‘vamo’ lá. Só preciso de um banho.

Os dois começaram a caminhar de volta para a mansão. Quebrando o silêncio desconfortável, o loiro indagou, polidamente:

— Aproveite e me explique que música era aquela que você estava dançando.

— Ah, aquela? É do Leandro Lehart, “Vem dançar o mestiço”. É meio antiga, só que um grupo brasileiro chamado Carreta Furacão ressuscitou essa música.

Carreta Furacão? — indagou o loiro, tentando fazer a conexão entre aqueles nomes.

— Isso. São cinco caras dançando vestidos de personagens de desenhos animados e heróis de gibis com um trio elétrico nas ruas. Massa demais os vídeos deles.

Sesshoumaru não disse nada, mas pensou: “Brasileiros são tão bizarros!”.

 

***

 

Uma hora depois, a noite chegava em Londres quando Rin, Sesshoumaru, Byakuya, Kagura e Kanna experimentavam o famoso sorvete de nitrogênio líquido. Os quatro adultos tiveram a agradável surpresa de ver a irmã mais nova de Kagura dando uma alegre gargalhada ao receber sua casquinha colorida das mãos do atendente, um latino-americano chamado Marciano. A secretária de Naraku não tinha notado que seu noivo pedira, junto da casquinha para Kanna, um brinquedo — a miniatura de Uniqua, a formiga atômica dos Backyardigans.

— Oh, Bya, que fofo — disse Kagura, sorridente. — Kanna está adorando!

— Além da Uniqua, temos o Pablo e a Tasha — comentou o atendente. — Se você quiser, garotinha, eu posso trocar.

— Ela gosta da Uniqua mesmo — redarguiu Byakuya, satisfeito. — Não é, Kanna?

A pequena menina ria, seus olhos brilhavam e ela mal conseguia parar de sacudir a mão esquerda. Aquele acontecimento insólito alegrou e descontraiu todos eles.

Kagura, inocentemente, havia telefonado para o patrão no intuito de convidá-lo a participar do passeio. Ao ver que ele não atendia às chamadas, comentou com os demais à mesa:

— Estranho. Será que Mr. Naraku está bem?

— Por quê? — indagou Byakuya.

— Ele não atende o celular. E, hoje pela manhã, ele estava bem nervoso quando chegou com Miss Kikyou.

— Como assim, Kagura? — perguntou Sesshoumaru, curioso.

— Bem, ele estava na parada gay quando encontrou Miss Kikyou sendo atacada por dois drogados. Graças a Deus ele conseguiu salvá-la e a levou para casa.

Então foi por isso que ele saiu correndo naquela hora...”, pensou o loiro.

A visita de Kikyou não fora proposital e sim um fruto do acaso. Por isso seu amigo estava tão abalado...

Mais um motivo para tirar sarro dele depois. Sesshoumaru sorriu minimamente, voltando sua atenção para a conversa dos demais.

 

***

 

Alheio a tudo isso, Naraku assistia o episódio “Verme no ouvido”, de Bob Esponja, tendo Kikyou sentada ao seu lado no sofá. Cada um com uma bacia cheia de pipoca, depois de haverem devorado um bolo de aveia e nozes com suco de abacaxi. Ele arquejava de tanto rir. Sua voz grave ecoava por toda a casa.

— BICHAAAAAA! — ofegava ele, lançando a cabeça para trás. — Viado, que dublagem divertida... “Me impedir não é legaaaal, você tem que escutar o meu embalo musicaaaal”... HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA... A cara do Lula Molusco! Kikyou, mona, eu adoooooro!

A jovem bem que tentava, mas era impossível não rir das gargalhadas homéricas do espanhol. A bem da verdade, ela mal prestava atenção na TV. “Assistir” Naraku rir daquele jeito era melhor do que qualquer entretenimento.

Em momentos como aquele, o psicanalista se descontraía, se revelava. Um rapaz de certa forma normal, que adorava desenhos infantis, seriados de humor classificação livre. Interiormente, Kikyou se lamentou por saber que seria difícil ele querer algo com ela. Naraku era livre demais para uma jovem tão cheia de regras, preceitos e ideais cristãos.

“Será que ele é feliz?

O episódio chegava ao fim, bem como a pipoca do casal. Ainda havia resquícios de hilaridade na face do psicanalista, quando olhou para sua convidada, razoavelmente relaxada com as pernas cruzadas.

— Você quer ver mais um episódio?

— Não, obrigada. Na verdade, eu... Preciso ir embora. Está de noite, o meu celular quebrou e meus irmãos devem estar preocupados comigo.

— Não precisa ter pressa — e Naraku lhe estendeu o celular. — Ligue para eles e diga que está comigo.

Kikyou olhou ressabiada para o espanhol.

— Mas... Como assim?

— Simples, você dorme aqui e eu mesmo a levarei para Leeds amanhã.

— Está louco?! O que eles vão pensar de mim?!

Yo no sé. E, francamente, muchacha, você é adulta. Você faz o que quiser da sua vida, não tem que dar satisfações a ninguém.

— Não é assim que agimos em nossa família — redarguiu ela. — E, pelo amor de Deus, eu não vou dormir com você!

— Quem disse que dormiríamos juntos? — riu ele, irônico. — Tem outro quarto aqui. A não ser, evidentemente, que você QUEIRA dormir comigo.

— Isso nunca vai acontecer, seu pervertido.

— Cuidado, Wright. Nunca diga “nunca”, você pode queimar a língua... Ou, no caso, se for comigo, pode queimar outra coisa.

— Eu preciso ir embora hoje — protestou ela, sem entender a inferência maliciosa de Naraku. — Eu sou uma mulher de respeito. Não faz sentido dormir na casa de um homem.

Ele revirou os olhos, passando a mão pela franja ainda lisa.

Okay, sua crentelha chata! Eu te levo para casa.

 

***

 

O veículo de John Sesshoumaru acabava de sair da porta de Kagura Thompson, após deixar as duas ali. Rin ia no banco de trás, um pouco menos falante, mas visivelmente mais descontraída na presença do loiro. A comunicação entre eles ainda era meio difícil, mas dava para os dois se entenderem razoavelmente nas trivialidades que surgiam durante o percurso de volta. O herdeiro de Toga Ferguson agora se dirigia a Rin apenas em espanhol.

— Matemática é difícil — protestava ela, tentando não deixar escapulir muitas palavras em português; afinal, ao contrário de Naraku, Sesshoumaru não acessava o app de tradução do seu celular a cada palavra nova que ela dizia, dadas as atuais limitações do loiro.

— Não, é claro que não é. As pessoas que não se esforçam.

— Ah, para, macho velho. Eu estudava, tá legal? Sentava a bunda no chão da varanda da casa de Mestre Kouga e fazia uma renca de exercícios quando estava fazendo o Ensino Médio. Eu estudava e me esforçava, mas minhas notas em Matemática dificilmente eram as mais altas. Só nunca fiquei de recuperação.

— Pois eu sou graduado em Matemática e Física e, até hoje, resolvo exercícios. Faço por puro prazer.

— Oxe, Ave-Maria. Sério?

— Nunca fiquei sem estudar, Rin. É um vício, não consigo passar um dia sem ler pelo menos um artigo acadêmico.

— Bem... — disse a jovem — Eu também gosto de estudar, mas esses meses parada acabaram me “enferrujando”.

— Você pretende cursar uma faculdade? — perguntou o loiro, feliz pela forma tranquila que a bela indígena conduzia o diálogo. Eles nunca haviam conversado tanto antes.

— Ah, eu quero sim. Só não sei ainda o que vou escolher. Seu Toga tava me sugerindo fazer uma licenciatura em Letras, mas não tenho certeza. Aliás... — ela suspirou. — Não tem como eu planejar nada para o futuro.

Sesshoumaru sentiu uma nota triste naquele comentário.

— Por que diz isso?

— Deixa pra lá — replicou ela, olhando pelo vidro do carro. — Né nada não.

O loiro fitou as unhas da própria mão, meio desanimado ao ver que ela havia se fechado para ele de novo. Foi quando Byakuya surpreendeu a ambos, enquanto passavam pela City Road:

— Ei, Miss Rin, eu descobri uma coisa legal aqui e me lembrei de você.

— Uma coisa legal?

Ingenuamente, o motorista sorriu para ela pelo retrovisor. Deu seta para esquerda e estacionou o carro.

— Byakuya, onde estamos? — perguntou Sesshoumaru, confuso.

— Ali — e o jovem baixou o vidro da frente. — “Grupo Muzenza”. É uma escola que ensina aquela luta que você gosta, Miss Rin. Aquela do seu país.

No banco de trás, o queixo da jovem caiu. Ao abrir o vidro, o som de palmas e berimbau preencheu o carro. Não demorou para que Rin abrisse a porta traseira, precipitando-se para fora do veículo. As portas do Grupo Muzenza estavam fechadas, mas isso não impedia que a toada da cantiga se propagasse. A rua estava relativamente deserta.

 

Se a maré não tá pra peixe, não é tu que vai estar

Se o jogo é pra graduado, aluno novo vai ter que esperar

Espera maré baixar, espera maré descer

Desce dendê maré

Desce maré dendê

 

Apressadamente, Sesshoumaru abriu a porta do carro e ordenou:

— Byakuya, leve-me até ela.

— Sim, senhor.

O coreano conduziu o loiro para onde Rin estava, parada, olhando para a fachada da escola. Por sorte, o rapaz era sensível e, assim que orientou seu patrão, que estacou a meio metro de distância da jovem indígena, deu meia volta e esperou pelos dois no carro.

 

Na vida tem seu momento, sua hora, tem seu lugar

Às vezes maré de sorte, às vezes maré de azar

Espera maré baixar, espera maré descer

Desce dendê maré

Desce maré dendê

 

Sesshoumaru fixou seus olhos opacos na figurinha imóvel à sua frente.

Tão mais baixa do que ele... Tão mais jovem. Quatorze anos mais nova.

Tão mais sofrida... Tão nobre!

Quem era ele, diante da grandeza daquela garota? Da menina que, como Izayoi dizia a todo mundo, estava cheia de luz em cada sorriso?

O grande homem tremia levemente. O que Rin representava para si? Era algo grandioso. Ímpar.

Digno de ser cantado pelos poetas, pintado pelos artistas plásticos.

Ele não podia vê-la com nitidez, contudo seu coração disparado a contemplava sem a mínima dificuldade.

Pela primeira vez, John Sesshoumaru quis entender o quanto Rin Tibiriçá sofria no país dele. Sutilmente, esticou a mão para tocar-lhe o ombro; como não discernira bem a distância, sua mão não chegou a alcançar a garota, mas pôde chamar a atenção dela.

— O que foi? — indagou Rin, lutando para que sua voz saísse firme.

— Eu... Confesso que, apesar de ter nascido e crescido aqui, sequer sonhava com a existência dessa escola. Então... Rin... O que diz essa música?

Era uma tentativa de amenizar a angústia palpável da morena. A cantiga que os alunos da Muzenza entoavam era “Espera maré baixar”.

— Ah... — Rin engoliu a vontade de chorar que a sufocava. — F-fala que... Tudo na vida tem seu momento. Assim como a maré do mar tem a hora certa de subir e de descer. Tem a maré da sorte e a maré do azar. Hora de ser feliz... E hora de não ser feliz.

Se bem que eu não posso me queixar tanto, nunca passei fome, nunca fui abusada... Estou numa casa de gente de bem...”, refletia a mocinha, olhos brilhantes de lágrimas a fitar a fachada da escola de capoeira.

Capoeira...

Mestre Kouga, Ayame... A roda... Seus amigos...

O sol ardente do Pernambuco, terra sofrida e castigada pelas poucas chuvas... Sua terra...

 

Mas vale esforço na vida, até mesmo na hora de errar

Quem não tenta, é verdade, não erra; mas ganha quem erra tentando acertar

Espera maré baixar, espera maré descer

Desce dendê maré

Desce maré dendê

 

Em suas memórias, o dia em que endurecera em sua decisão de acompanhar o tal casal para ser modelo na Turquia. Ayame, já muito magoada, havia se retirado para chorar sozinha no quintal. Mestre Kouga, punhos cerrados e narinas alargadas, debatia ainda com a morena, nervoso.

— Rin, tira isso da tua cabeça, moleca! Tu não sabe de onde esse povo é, tu não sabe se eles estão falando a verdade...

— É claro que eles tão falando a verdade, Mestre Kouga! Tu também deveria ser menos desconfiado, minha Nossa Senhora. Eles têm crachás, têm um contrato... Têm até as fotos das outras modelos!

— Isso é mentira, Rin! A cada vez que tu me fala que vai com eles, eu me sinto cada vez mais desconfiado.

— Tu pensa com mente pequena, Mestre Kouga — e ela gesticulava, certa de que estava dando um passo rumo a um bom futuro. — Depois que eu voltar de lá, vou ter dinheiro pra móde nós comprar um lote e fazer uma escola de capoeira bem grande. Vou comprar um carro pra ti, uma casa maior pra nós viver... Por que tu não me entende?! Mestre Kouga?!

A mocinha arregalou os olhos ao ver o homem explodir num pranto convulso e olhá-la com raiva, antes de lhe dar as costas, revoltado.

— Chega, Rin! Eu não aguento mais! Já que é tão ruim viver na minha casa, não vou mais pedir pra tu ficar aqui!

— Mas... Mestre Kouga, não é nada disso...

— Faz o que tu quiser, teimosa! — gritou ele, batendo a porta e saindo. Rin foi deixada sozinha no meio da sala, e, decidida, foi para o seu pequeno quarto, onde sua mala de viagem velha já estava pronta.

— Eles não entendem que eu tô fazendo isso é por nós todos? — resmungou a garota, olhando para o quartinho que a abrigara durante aqueles anos alegres.

 

Todo sofrimento tem sua recompensa, toda luta o momento de glória

E no fim da tempestade, a maré vai baixar e surgir a vitória

Espera maré baixar, espera maré descer

Desce dendê maré

Desce maré dendê

 

Agora, Rin estava ali, no centro de Londres, sem ter como se comunicar com o casal que a acolheu no momento de maior dor de sua vida, quando da ocasião do falecimento de seu pai.

— Rin... — chamou-a Sesshoumaru, suavemente. — Você está bem?

— ...

Ela não estava bem. Estava do outro lado do mundo, deixara pessoas que a amavam de verdade para trás em busca de uma... Burrice!

— Sente vontade de voltar para sua casa? — murmurou o loiro, sabendo que dizia o óbvio. Ela suspirou pesadamente, o crescente ardor no peito a sufocando. A jovem tentou ser forte naquele instante e se virou para Sesshoumaru.

Rin ficou surpresa: o loiro havia retirado seus óculos escuros e a fitava com uma expressão diferente das que ela conhecia. Lembrava... Uma fisionomia de compaixão... Ou seria carinho? Ela não saberia dizer. Os olhos de Sesshoumaru continuavam irritados e ele franzia a testa, pois a claridade o incomodava bastante. Entretanto, nada mais para ele importava além de Rin.

Ignorando a possibilidade de ser rejeitado ou até de levar uma bordoada, o loiro deu dois largos passos e enlaçou a morena nos braços. Ela soltou um gritinho de susto, mas logo a força daquela angústia fez com que suas defesas, uma a uma, ruíssem e ela se deixasse levar por um pranto amargurado e doloroso.

Por sua vez, Sesshoumaru mal podia acreditar. Ele, tão acostumado a ter qualquer mulher que quisesse em sua cama, estava mergulhado no êxtase de poder envolver aquela cabocla arisca em um abraço casto, porém cheio de calor humano, de afeto... De entrega...

De amor...

John Sesshoumaru trocaria todos os orgasmos com outras mulheres por aquele único, inocente e singelo abraço de Rin.

— Não precisa... Não precisa ter vergonha, Rin. Nem de mim, nem de mais ninguém — afirmou ele, pausadamente, simulando uma calma inexistente (afinal, Sesshoumaru estava nervosíssimo como se fosse a primeira vez que tocava uma mulher). — Chorar faz bem... Você se sentirá melhor...

Com o rosto comprimido contra o peito largo do loiro, Rin deixou que aquele torvelinho de emoções a tomasse completamente, levando-a a até mesmo morder os lábios. Tudo lhe doía. Até mesmo aquele abraço ofertado por um indivíduo que, até onde ela sabia, a detestava. As pequenas mãos se fecharam na camisa de Sesshoumaru, que, de olhos fechados, inspirava profundamente enquanto sentia o corpo menor agarrado ao seu.

O cheiro dos cabelos nigérrimos dela, a textura da pele de seus ombros, o busto dela colado ao seu peito, o desatado bump-bump daquele coração que ele tanto queria ter para si... O som daqueles soluços cadenciados...

Eu não quero que ela volte nunca mais. Quero que ela fique aqui... E, mesmo quando eu ficar totalmente cego, quero ouvir sua voz... Esse dialeto cantado e pesado... Essa risadinha...

Os dois ficaram abraçados ali, no meio da calçada, sendo observados com curiosidade pelos poucos transeuntes que por ali apareciam. Rin, apesar da intensa tristeza que a assaltara, não pôde deixar de sentir o refrigério de um abraço sincero como aquele. Aquele Sesshoumaru que a acalentava em silêncio não era o mesmo que a espezinhava continuamente na mansão. Ela nem mesmo poderia crer que ele passaria a agir diferente consigo, mas não importava. Sentiu a mão do loiro acarinhar com doçura sua cabeça e relaxou. Ao longe, encostado no carro, estava Byakuya, brincando com um mini cubo mágico.

O filho de Toga podia ser um preconceituoso insuportável, mas algo dizia à menina que era dele que ela precisava naquela hora. Aquele abraço pôde alcançar seu coração.

— Vamos para nossa casa — murmurou Sesshoumaru.

N-nossa?

— Sim. Enquanto estiver no meu país, minha casa também é sua. Minha família é a sua família. As portas estarão sempre abertas para você, indiazinha da selva.

E meu coração também..., pensou ele, mas se conteve. Não poderia dizer aquilo a ela. Não se sentia em condições de lutar pelo amor de Rin, não com aquela deficiência visual que o atemorizava tanto. Chegaria o dia em que Sesshoumaru não mais poderia contemplar seus pais, seu irmão adotivo, a natureza ao seu redor. Ficaria limitado e frágil. Contudo... Se Rin estivesse por perto, ele suportaria tal infortúnio. A voz e o cheiro dela estavam impregnados em seus sentidos e em suas memórias. O gosto daqueles lábios juvenis e carnudos...

— Obrigada — ciciou a jovem. — Obrigada, S-Sesshoumaru. Acho que já tá t-tarde. Vamos pra casa.

Ela se soltou de Sesshoumaru, deixando-o com um frio impressionante ao afastar seu corpo do dele. Contudo, sua pequena mão tomou a dele e a pôs em seu ombro, e a morena o guiou gentilmente até o carro. Sem nada perguntar, Byakuya abriu a porta para os dois e tomou seu posto, saindo dali e levando o patrão com a garota brasileira no banco traseiro.

O silêncio era absoluto. Rin olhou, surpresa, para o loiro que de repente pegou em sua mão. Ela não entendeu a motivação de Sesshoumaru, mas intuiu que ele, talvez, também não estivesse em um dia legal.

Chegando a Ferguson Manor, os dois se despediram meio constrangidos ao pé da escada.

— Boa noite, Sesshoumaru — afirmou a jovem, falando em voz baixa.

— Oh... Boa noite, Rin. Espero que... Que tenha gostado do nosso passeio...

— Foi legal — respondeu ela, laconicamente. — Foi divertido. Valeu, macho.

E cada um foi para seu quarto.

Sesshoumaru, ao se sentar em sua cama, agarrou o travesseiro, se encolhendo na cama assim que tirou os tênis dos pés.

Constatar que estava apaixonado pela indígena era algo que o deixava assustado de verdade.

 

***

 

Duas horas e cinquenta e cinco minutos depois, Naraku Octavio e Ann Kikyou avistavam a cidade da moça.

Dentro do veículo do espanhol, que resolvera dirigir não muito rápido, a jovem dormiu e acordou diversas vezes; ele, por sua vez, se mantinha totalmente alerta, os sentidos exacerbados devido à presença daquela moça ali. Ouviram várias canções de Yanni — na verdade, ouviram três CDs completos.

O espanhol e a presbiteriana não perceberam que estavam sendo seguidos por um indivíduo desde a entrada em Leeds. A dita pessoa, com os olhos estreitados, não os perdia de vista. E, no porta-luvas de seu veículo, havia um revólver carregado de balas.

 

***

 


Notas Finais


"Vem dançar o mestiço": https://www.youtube.com/watch?v=yAnQvm0LHvQ
Vídeo da Carreta Furacão: https://www.youtube.com/watch?v=tmJ0tzAZ4aM
"Espera maré baixar": https://www.youtube.com/watch?v=vKAQb5H-MVE

Éééééé... Tanta treta, tanto problema...

* Yura procurando Miroku
* Suikotsu estuprador
* Naraku tirando uma cascoooooona na Kikyou (a propósito, a bermudinha dele, eu me inspirei no divoso Freddie Mercury com aquela bermuda branquinha, hihi XD)
* A emoção de Rin e o abraço de Sesshoumaru
* A pessoa misteriosa seguindo o Naradiva e a Kikychata

Volto depois para comentar devidamente!

Abraços! E Feliz Dia das Mães para todxs!

Beijos da Mamãe
~Okaasan


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