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História Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru e a intolerância a beiju queimado


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal!

Gente... Perdoem-me. Meu pc estragou e estou escrevendo a fic como posso no pc do trabalho #TodasMorre Já tentei escrever pelo celular, mas não consigo! Nem responder aos comentários é tão simples quando você tem costume de fazer tudo pelo computador.
Mas... Enfim... Estamos aqui \o/

Sobre o AAAAAI do Inuyasha... Sim, é o AAAAAI do Jailson Mendes Pai de Família. Mas não vejam por um lado depreciativo: o Jailson, além de ser uma delícia, é um ótimo cozinheiro e eu sou fã das receitas dele, kkkkkkkkk

Então, vamos à leitura! Perdoem eventuais erros :X

Capítulo 34 - John Sesshoumaru e a intolerância a beiju queimado


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru e a intolerância a beiju queimado

Assim que recebeu uma mensagem de áudio chorosa de seu irmão mais velho, Raymond Inuyasha não hesitou em pegar suas economias e partir em um trem para Coventry, cuidando antes de telefonar para Ann Kikyou, que estava trabalhando. Andrew Miroku era, na opinião de Inuyasha, um sujeito ponderado e sempre tranquilo, que não se dava a excessos. Ouvi-lo implorar para que viesse ao seu encontro entre soluços assustou o caçula.

Coração apreensivo, Inuyasha enfim percorreu os aproximados 198 quilômetros que o separavam de seu irmão e melhor amigo e, como tinha consigo uma cópia da chave do pequenino apartamento de Miroku, em Willenhall, entrou sem bater. Era uma moradia singela, com apenas um quarto, sala conjugada com cozinha e um banheiro próximo à minúscula área de serviço; estava localizada no primeiro andar, já que Miroku não gostava de escadas.

— Andy — chamou o rapaz. — Andy, cadê você?

— Aqui na área — murmurou Miroku, de longe. — Estou limpando meus sapatos.

Inuyasha levou um susto ao ver que Miroku parecia ter envelhecido uns dez anos, tal o estado de seu rosto — olheiras sob os olhos vermelhos, boca ligeiramente caída, trêmulo como se estivesse com frio. Condoído, o caçula deu passos rápidos até o outro e o abraçou. Foi o estopim para que o choro recomeçasse.

— I-Inu, você n-não vai acreditar no q-que me aconteceu...

 

***

 

John Sesshoumaru, com suas roupas fitness, entrava no carro, onde Byakuya o aguardava. O loiro apalpou os bolsos e dali retirou um pendrive, entregando-o ao motorista.

— Vamos à academia? — perguntou o coreano, curioso, enquanto manobrava o veículo para fora da garagem. — Hoje não é dia.

— Não, não vamos à academia.

— Mas o senhor está vestido com roupas de academia, Mr. Sesshoumaru. E eu o ouvi dizer à Mrs. Izayoi que iria malhar.

— Hoje vamos a um lugar diferente — replicou Sesshoumaru, tentando parecer decidido. — Já saímos da mansão?

— Sim, senhor. Já estamos na rua.

— Então ligue a música...

O jovem obedeceu e acionou o play do som do carro. Logo uma música diferente de todas as que Byakuya já tinha escutado (“Pior é te perder”, de Zezé di Camargo & Luciano) encheu o veículo e o herdeiro de Ferguson Manor se pôs a assobiá-la de imediato. Sesshoumaru parecia um pouco mais jovem e um tanto inseguro agora que estava sem barba e com os cabelos penteados para trás e presos numa trança comprida e espessa.

— Huh, música diferente, sir. Que idioma é esse? — indagou o motorista, curioso; ele entendia um pouco de castelhano por causa da convivência com Naraku e a linguagem que ouvia lhe soava familiar.

“Pior que tudo isso é te perder... Ter que chorar, ter que sofrer pra aprender, então, a dar valor a um grande amor...”

— Português — respondeu o outro, sério. Por sorte, Byakuya era muito discreto e não fez nenhum comentário indevido.

— O som é bonito. Pode me dizer o nome? Eu quero ter essa música no meu celular para quando for fazer a noite romântica com Kagura.

— Noite romântica?!

— Sim. Gosto de preparar jantares com o prato favorito dela, com luz de velas, vinho e música de fundo. Geralmente faço isso um dia antes de ela fazer alguma prova na faculdade. Ela fica mais tranquila.

— Ora... — o loiro deu um sorriso debochado. Aquilo lhe parecera um tanto meloso demais. — Então você faz isso por ela? Que gracinha, Byakuya.

— Faço — replicou Byakuya, sem notar a ironia do patrão. — Depois nós fazemos amor e eu leio “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” para ela dormir.

— Mas a que horas você vai dormir? Você geralmente é o primeiro a acordar lá em casa!

— Bem, eu durmo pouco, é verdade... Volto de madrugada para a mansão. Mas não tem problema. Kagura gosta, fica feliz. E eu a amo, quero vê-la sempre sorrir daquele jeito. Quero que a rotina dela seja mais doce e que ela sempre tenha bons pensamentos quando se lembrar de mim.

Sesshoumaru parou de sorrir e franziu o cenho. Então o desejo de fazer Kagura feliz levava Byakuya a sacrificar algumas noites de sono...

“O que faria Rin feliz?”, pensou ele, concentrado, até notar que o carro estava parado.

— Ei, por que parou o carro, p****?!

— O senhor não me disse para onde quer que eu o leve. Então estacionei.

— Ah, c******! — e, subitamente decidido, Sesshoumaru estufou de leve o peito. — É para você me levar à Academia Muzenza!

— Oh, o senhor quer aprender a lutar capoeira, Mr. Sesshoumaru?

— Ligue logo a p**** desse carro antes que eu perca a paciência! — estourou o loiro, confundindo ainda mais o coreano.

Mr. Sesshoumaru anda a cada dia mais estranho”, refletiu ele, indo a toda até a Academia de Capoeira.

 

***

 

Como bom filho de Kaede Wright, Miroku não se dava ao luxo de comprar guloseimas e sim as preparava, não com a mesma desenvoltura de sua falecida mãe ou de Kikyou. Entretanto, apesar de todos os seus dissabores, ele e Inuyasha conseguiram preparar rosquinhas de trigo para um lanche.

A presença do seu irmão caçula deixava o jovem motorista mais aliviado; ainda sentia muita amargura pela suposta traição de Sango Cameron, no entanto era mais fácil respirar tendo um amigo por perto. No caso, Inuyasha, a quem ele muito amava. Os dois passaram a tarde conversando e trocando ideias sobre a decepção amorosa de Miroku, que já estava bem arrependido de não ter escondido certos detalhes sobre sua intimidade sexual com a escocesa.

Inuyasha agora o encarava com olhos enormes enquanto ambos degustavam o tradicional chá das cinco.

— Andy... Me fala.

— O quê? — indagou Miroku, cansado, bebericando o chá de mate.

— Você também... Err... Gosta de homens?

— É claro que não! — volveu ele, revoltado. — Inuyasha, pelo amor de Deus, já que você não vai me dar sossego com esse assunto, que tal perguntar logo tudo de uma vez ao invés de ficar “parcelando” esse c******? P****, para que eu fui abrir a boca!

— Ei! Não fale palavrão comigo!

— Oh...

O rapaz corou, sem jeito.  

— Perdoe-me, Inu. Eu...

— Tudo bem, Andy. Eu só não me acostumei ainda com esse seu... Jeito diferente, sabe?

— Se eu não tivesse conhecido aquela Mrs. Cameron, jamais teria ficado assim. Agora até meus pensamentos têm essas palavras horríveis.

— Keh! Não foi culpa sua. Você não tinha como mandar no próprio coração, tinha?

— Não...

— Então não fique se culpando...

Miroku olhava tristemente para sua xícara. Suspirava, pensando em como sentia uma falta gigantesca da companhia de Sango, quando notou que continuava sendo olhado com curiosidade pelo irmão mais novo.

— Inuyasha, quer parar de me olhar desse jeito?!

— É que... Você nunca tinha me dito que era bi, Miroku.

— Eu NÃO sou bi, seu maluco! O que ela fazia comigo não tem nada a ver com ser bissexual! Eu continuo desejando apenas mulheres!

— Mas eu nunca ouvi falar que um homem hetero queimasse a rosca...

— Sim, um hetero também pode dar o c* e nem por isso vai deixar de...

— Dói muito? — interrompeu-o Inuyasha, parecendo infinitamente curioso e assustando um pouco seu irmão.

— Inuyasha, PARA QUE você quer saber disso?!

— Não posso perguntar não?! Você começou a dizer, então termine. É só curiosidade!

Miroku estreitou os olhos.

— Olha aqui, se eu já pegava no seu pé para que não traísse Kagome, agora eu vou te infernizar! Se você estiver planejando enganá-la...

— Keh, Miroku! Não é nada disso — e o caçula fez cara séria para o irmão. — Da mesma forma como você deixou aquela mulher fazer isso em você, eu posso muito bem querer que Kagome faça isso comigo, não acha?

— Eu não consigo confiar cem por cento no que você diz, só isso!

— Pois deveria — volveu Inuyasha, mostrando-se ofendido. — Eu jamais trairia a Kah.

Após algum momento de desconfortável silêncio, Miroku deu um tapinha amigável na mão de seu irmão, meio sem graça.

— Perdoe-me, Inu, eu... Ando tão abalado com tudo isso que me aconteceu que me tornei desconfiado demais.

— Tudo bem, Andy. Eu também ficaria assim se tivesse acontecido comigo — e Inuyasha cerrou os punhos. — Aquela Jezabel¹...

— Inu... Não fique falando mal de Sango na minha frente, por favor.

— Mas depois de tudo o que ela...

— Mano... NÃO.

Inuyasha fitou os olhos do irmão e viu o quanto ele estava magoado; era notório que Miroku não havia esquecido o amor por Sango.

— Ah... Desculpe.

Okay. Que bom que você me entende, maninho.

— Tento entender...

Miroku deu um sorriso fraco ao ouvir tal afirmação de Inuyasha, que recomeçou a falar:

— Mas sobre aquele assunto...

Miroku voltou a encarar Inuyasha com expressão incrédula.

— Sério mesmo que você não desistiu de saber?! — e ele coçou a cabeça, suspirando de enfado. — All right! Eu conto! Pergunte de uma vez.

— O que mesmo ela enfiava em você?

— Da primeira semana foi um plug anal que parecia um brinquedo... Era para me acostumar com a inversão...

— Inversão?

— É, cara, a mulher comendo o homem... Tem quem chame de dominação feminina. Depois que ela notou que eu já estava acostumado, ela passou a usar dildos de PVC siliconado — Miroku baixou a cabeça, saudoso. — Ela pediu para eu escolher o modelo... Combinávamos um dia antes, eu fazia a chuca e...

Chuca?!

— Lavagem intestinal. Aí usávamos lubrificantes e camisinhas, por questão de higiene.

— E doeu?

— Um pouco no primeiro dia, mas ela era sempre muito cuidadosa. Afinal, qualquer deslize numa hora dessas e você pode acabar com o c* rasgado.

Inuyasha nem se importou com o palavrão, ávido por informações. O rapaz queria desesperadamente entender a si mesmo e, com o relato daquelas aventuras de Miroku, ele tinha esperança de deduzir que não desejava homens e, sim, tinha fetiches que o faziam ser um homem heterossexual comum.

— Mas isso não te deixava arrombado não?

— Não. O ânus é um anel muscular, esqueceu? Músculos relaxam e se contraem. Ele volta ao normal, a não ser que haja um ferimento muito grande, como em casos de estupro. Aí a pessoa precisa fazer cirurgia.

— Entendi. Mas, Miroku... — Inuyasha desatou a coçar a nuca, ansioso. — Você nunca pensou que isso poderia ser um sinal de que você fosse...

— Não, já disse. Para eu ser um gay, precisaria sentir tesão por homem. E, definitivamente, eu NÃO tenho. Ela metia em mim, mas eu metia nela também.

Os olhos do mais novo cresceram.

— Será que é o meu caso? Será que então eu sou um homem mesmo, e não um viado?

— Quanto a isso, só você mesmo pode responder... Olha, eu vou ao banco ver se a empresa depositou meu salário, você quer ir comigo?

— Pode ir, eu limpo a casa para você.

— Mas a casa está limpa...

Inuyasha arqueou a sobrancelha e indicou uma teia de aranha sobre o armário de cozinha. O outro deu de ombros, fazendo um bico contrariado, mas logo deu uma risada curta e genuína.

— Você é chato com essas coisas igualzinho a Kikyou — riu o motorista.

— Keh! Você deveria ter vergonha de dizer para mim que a casa está limpa. Vamos, pode ir ao banco que eu vou arrumar pelo menos essa cozinha.

Miroku envergou seu sobretudo e sua boina e, após despedir-se do irmão, saiu para a rua. Inuyasha aproveitou para tirar o pó dos móveis, entendendo que Miroku estava desatento assim devido à desilusão que sofrera. Ágil como sempre, o rapaz limpou a mesa, o fogão, varreu o apartamento todo e lavou o banheiro sem demora. Satisfeito, olhou ao redor; a casa de seu irmão parecia mais alegre agora.

— Vou tomar um banho.

O caçula da família Wright, chegando ao banheiro, despiu-se da camisa polo e das calças. Ele era alto e tinha ombros largos; seus músculos abdominais eram não muito definidos, já que ele não se exercitava com frequência. No entanto, Inuyasha tinha um corpo apresentável e proporcional, ligeiramente mais moreno que seus irmãos e com poucos pelos pelo corpo. Seus cabelos agora tapavam sua nuca e ele agora se esforçava por se sentir bem consigo mesmo, agora que dava seus pequenos passos em direção à autonomia. A água agora deslizava por sua pele e o rapaz fechou os olhos.

Instantaneamente, as lembranças de Kagome o assaltaram e seu organismo reagiu rápido; Inuyasha deixou que o fluxo de água atingisse o cocuruto de sua cabeça enquanto suas mãos passaram a afagar seu pênis endurecido. Ele se imaginou sendo abraçado por trás pela namorada, que introduzia um brinquedo de borracha nele. As mãos de Kagome passeariam por seus mamilos, por seu ventre. Ele mordeu os lábios; a fantasia era excitante.

Contudo... Não tanto quanto ele esperava que seria. Sabendo do que sua mente era capaz de fazer, o rapaz sacudiu de leve a cabeça.

— Eu não preciso pensar em homem nenhum, tenho uma namorada deliciosa...

Mas os pensamentos de Inuyasha se descontrolavam com facilidade nessas horas. Agora ele se via deitado sobre Kagome, penetrando-a e apreciando o som de seus gemidos, quando um par de mãos surgiu tocando seus ombros, sem a mesma delicadeza das da jovem japonesa. Eram mãos masculinas, cujas unhas continham esmalte preto. O dono daquelas mãos era uma pessoa pela qual Inuyasha não nutria o mínimo de simpatia, mas que lhe despertava um desejo incontido e secreto.

As mãos afastariam seus cabelos de sobre as orelhas e uma voz terrivelmente familiar diria luxúrias num tom baixo e sensual. Inuyasha gemeu mais alto sob a água, imaginando a loucura que seria transar com Kagome e Naraku ao mesmo tempo. O espanhol abriria suas nádegas e o invadiria com seu órgão quente, levando-o a enlouquecer de tesão enquanto continuaria investindo fortemente dentro da namorada, que o comprimiria dentro de si.

Inuyasha suou e estremeceu sob a água imaginando as vozes dos dois gemendo consigo.

— AAAAAAI! Socorro, estou ficando maluco! — exclamou ele, deslizando a mão com firmeza sobre seu sexo. Aquela era a primeira vez em que Inuyasha dava vazão àquela fantasia inusitada e quase assustadora que o vinha rondando há algum tempo: penetrar uma mulher e ser penetrado por um homem.

No seu mundo fantasioso, não havia necessidade de se preocupar com a moral ou com os bons costumes. Era somente o prazer que ditava as regras; a estonteante satisfação de contemplar e saborear os seios delicados de sua querida, enterrando-se nela, somada à de receber o membro dilatado do hispânico safado que o preenchia com vigor e urgência. Obviamente o espanhol não teria acesso a Kagome, já que Inuyasha não a dividiria com ninguém, nem em seus fetiches. O rapaz sentiu a pressão característica na base do seu genital, que agora era manipulado com força e rapidez.

— Ohh...! Delícia, cara... AAAAI... Kagome, minha princesa... Essa bocetinha apertada... Você me deixa com tanto tesão! — e Inuyasha ergueu o rosto para o alto. — AAAAI, Naraku! Maldito! Me come com essa pica gostosa, grande e gostosa! AAAAI! EU VOU GOZAR!

Uma sensação avassaladora de prazer arrepiou todos os poros do corpo do rapaz, que ainda gemia de olhos fechados, recostado à parede. Segundos depois, contudo, o bem-estar do pós-orgasmo se transformou em terror. Inuyasha abraçou os ombros, nervosíssimo e assustado consigo mesmo; sentia que havia ultrapassado todos os limites.

— Meu Deus, eu... Que pervertido nojento estou me tornando!

Desligando o chuveiro, sentou-se trêmulo no chão. Já não se sentia aliviado; tudo em si era agonia e pavor. Escondeu o rosto entre as mãos e, desesperado, chorou de vergonha.

— Deus nunca vai me aceitar desse jeito! E muito menos Kagome me aceitaria! Sou um perdido! Um pecador...!

 

***

 

— Pois então, Kikyou — disse Suikotsu Taylor, organizando algumas folhas sobre sua mesa. — Eu estava explicando à Mrs. Swettenham que não seria tão simples garantir a defesa dela perante o tribunal depois de ela ter mandado derrubar o imóvel que fazia parte do espólio do seu falecido sogro, quando... Kikyou?

— ...

— Kikyou, querida, está tudo bem?

— Oh... — fez a moça, absurdamente distraída com uma caneta na mão. — M-mil perdões, Mr. Taylor, eu... Estava pensando no meu irmão.

— É? Andrew ou Raymond? — volveu o homem, cheio de doçura.

— Andrew. Eu... Eu gostava mais de quando ele vivia aqui conosco.

A bem da verdade, Ann Kikyou estava preocupada com Andrew Miroku, mas não somente com ele.

— Ele... Ele fica sozinho lá em Coventry, sem mim... Sem o Inu...

— Oh. Você é tão dedicada aos seus irmãos... — afirmou o advogado, capcioso, sentando-se ao lado dela e a fazendo se arrepiar de nervosismo. Kikyou não conseguia se sentir à vontade perto de Suikotsu. — Sabia que admiro muito esse seu jeito abnegado, minha querida?

— M-mas é minha obrigação.

— Tem certeza? Seus irmãos são maiores de idade, são adultos. Você até se desgasta por causa deles... Não que esteja errado, claro. Só que eu gostaria muito de vê-la se importando consigo mesma dessa mesma forma.

— Ah...

Ela olhou para o lado, incomodada. Mas o que ele estava pensando? Era óbvio que ela se importava consigo mesma, estava um pouquinho mais vaidosa. Até tirava fotos de si mesma, com os brincos novos que ganhara de Miroku e um batom rosa-bebê que ela comprara numa perfumaria.

O que a jovem não sabia era que, por não ter restaurado as configurações de fábrica do smartphone, este continuava conectado à conta de e–mail de Naraku Octavio e que as fotos eram automaticamente sincronizadas para um serviço de armazenamento em nuvem.

Ou seja, o espanhol tinha acesso a todas as suas fotos.

 

***

 

Em seu consultório, Naraku aguardava um paciente enquanto olhava, embevecido, as selfies de Kikyou em seu notebook. O psicanalista suspirava abertamente, triste e louco de saudades da moça, que, pudica como sempre, não ousava fotografar-se de forma descomposta ou mesmo descontraída. Sorria pouco, os olhos castanhos estavam sempre melancólicos.

— Acho que nunca vou ver um nude dessa crentelha.

O espanhol se sentia desmotivado a cada vez que se lembrava de que confundira a mente da sua amada para desistir dele e que, agora, sua querida Izayoi estava muito concentrada em encontrar o filho perdido. Inseguro, Naraku se remoía por dentro, crendo que chegaria o dia em que a madrasta de Sesshoumaru não iria amá-lo mais.

— Preciso de algo para me animar — disse ele a si mesmo. Olhou ao seu redor; o seu tão batalhado consultório, belo e refinado, seu divã revestido com manta acrílica e cheio de almofadas fofas, os quadros na parede (que eram os desenhos de Kanna)... Ele estava dentro de um dos seus sonhos, mas nem mesmo isso diminuía o peso de seu coração.

Naraku pegou o smartphone (ele tinha guardado em casa o antigo) e ligou para alguém que, com certeza, o faria pelo menos rir um pouco. A voz de Jakotsu disse “allo”, num tom um pouco formal demais. O espanhol arqueou uma sobrancelha.

— Jakotsu? Está tudo bem?

— Posso retornar a ligação mais tarde, Octavio? — retrucou o outro, seco. — Estou ocupado agora.

— Mas com o quê? Já tínhamos terminado de atualizar a listagem dos alunos do curso de Biblioteconomia ontem.

— Não estou no Instituto.

— Você tem outro emprego?

— Tenho que prestar contas dos meus passos para você agora?

O espanhol ficou boquiaberto; não imaginava que Jakotsu, geralmente educado e dócil, pudesse ser tão ríspido. Soltou um assobio longo, disfarçando sua consternação com um gracejo.

— Mona... Da próxima vez que estiver de TPM, me avisa! Eu sou uma bicha delicada!

A resposta do francês veio depois de um suspiro.

Mon cher, me desculpe... Eu não ando muito bem ultimamente, só isso. Não queria ter descontado em você.

— É só me procurar, viado, sabe que pode contar comigo para qualquer coisa...

— Não — cortou-o Jakotsu. — Sobre o que estou vivendo agora, você NÃO pode me ajudar.

— Acha que não sou bom profissional?

— Não é isso, sua dramática... Olhe, depois nos falamos, viu? Preciso MESMO desligar. Qualquer dia desses, vou te pegar aí no consultório para almoçarmos juntas.

— Ah... Sí, sí. Vou aguardar.

— Beijinhos, querida. Il faut que je raccroche (eu preciso desligar).

A ligação foi encerrada, enquanto um Naraku ainda bem confuso com a resposta mal educada do seu colega de trabalho olhava para o aparelho em suas mãos.

— Mas que bicha bandida... — reclamou ele. — E esse paciente que não chega...

Enfadado, o espanhol voltou os olhos para o notebook. Uma nova fotografia de Ann Kikyou havia aparecido na tela. Afobado, ele colocou os óculos:

— Ela acabou de tirar...! E esse batom divoso! — exclamava, empolgado. Pegou o celular de novo; havia registrado o número dela através do aparelho quebrado que ela deixara para trás. Sem se dar conta, já estava discando.

Por sorte, Suikotsu havia saído para comprar um grampeador novo quando o telefone vibrou no bolso do sobretudo de Kikyou. Ela, curiosa com o número desconhecido, atendeu com um “hello”.

Ao ouvir a voz da jovem, Naraku perdeu a coragem e ficou mudo por alguns instantes. Não havia planejado aquilo; ela insistia do outro lado, perguntando quem era. Com algum esforço, o psicanalista gaguejou algo ininteligível em castelhano. Precisava agir, e rápido, antes que ela desligasse.

— Quem fala, afinal? — indagou Kikyou, impaciente.

— Que batom é esse, crentelha? Vou chamar o seu pastor para ver esse batom forte... Você vai ser excomungada!

O queixo da jovem caiu enquanto ela reconhecia a voz masculina que povoava seus sonhos. Coração a mil, Kikyou engoliu seco enquanto buscava se recompor:

— N-Naraku...?!

, soy yo... Kikyou.

— Como c-conseguiu meu número?!

— Estava no seu celular quebrado.

— Mas por que você olhou o meu celular queb-

— Mona, esquece o celular quebrado. Isso não importa, o que importa é o batom que você está usando. Eu a-mei — e ele se esganiçou de propósito, sabendo que assim a deixaria menos tensa. — A-meeeeeei esse batom ma-ra!

— Meu Deus, como você pode ver o meu batom? — inquiriu ela, nervosíssima.

— Você tirou uma selfie agora e, como não restaurou as configurações de fábrica do celular, eu as recebo todas — e, com um tom de voz zombeteiro, acrescentou: — Gostou dos meus nudes?

— E-eu não s-sei do que está f-falando!

A gargalhada de Naraku estremeceu o corpo inteiro de Kikyou.

Cierto... Vou fazer de conta que não ouvi essa mentira. Agora, me diga sobre o batom, mona, só liguei por isso.

— V-você fica olhando as minhas fotos?

— Ah, crentelha, me poupe! Eu sou uma diva muito ocupada. Percebo as fotos chegando, mas nem as abro — mentiu Naraku. — Só que a de hoje me deixou curioso.

Amuada, Kikyou deixou os ombros caírem. De alguma forma, ela se sentiu feliz quando ele disse que tinha acesso às fotos dela, mas agora que ele afirmara que não...

— O batom se chama Petit Sophie — murmurou ela.

— Ei — volveu o homem, sentindo a melancolia em sua voz. — Que foi, racha, resolveu rezar no meu ouvido? Fale mais alto.

— O batom se chama Petit Sophie — repetiu Kikyou, já irritada. — Satisfeito?

— No. Por que, mamacita? Deseja me satisfazer? Sexo por telefone me agrada. Você está no trabalho, não é? Imagine você e eu trepando bem gostoso sobre a mesa do computador, na posição cowboy reversa...

A moça perdeu a fala por alguns instantes e gaguejou, constrangida:

— S-s-seu filho de Satanás! Como ousa...

— Como ouso o que? Te deixar molhadinha com uma simples afirmação? Ah, Kikyou... — e ele baixou o tom de voz. — Mentir é pecado. Você deve encharcar as calcinhas olhando os meus nudes.

— N-não tem mais esse conteúdo pornográfico n-no aparelho! Eu... Apaguei!

— Precisou ver as fotos antes de apagar, prezada crentelha. Não subestime minha inteligência... Eu não sou idiota, posso até vislumbrar você analisando cada nude, molhando a perseguida e dizendo: “ai, a rola dele é uma delícia, ops, quero dizer, é uma verdadeira armadilha do demônio!”. Enfim, não me importa. Não vou dedurar você para o pastor de sua igreja, sou uma diva super discreta.

Naraku riu consigo mesmo ao ouvir a respiração entrecortada da jovem do outro lado da linha — Kikyou estava apavorada, mal sabendo disfarçar sua consternação.

— Eu v-vou desligar, DeMarco.

— Mas já? Eu estou muito à vontade falando com você, mamacita... Inclusive já entrei no banheiro e baixei minhas calças. Fiquei de pau duro, entende? Ele está latejando e com a cabeça toda babada. A culpa é sua. Imaginei você de pernas abertas aí no seu local de trabalho, tocando uma siririca, vendo meu cacete nas fotos. Eu digo para todo mundo que ele tem dezenove centímetros, mas na verdade são dezoito... O tamanho é modesto, porém ideal para caber na sua boca ou no seu c*, sem ficar incômodo para você.

Na realidade, o espanhol NÃO estava fazendo nada daquilo; queria apenas irritar e provocar a moça religiosa.

— CHEGA! Me recuso a continuar ouvindo essa... Essa falta de respeito, seu...

— Por que não faz uma caridade? Estou muito desanimado hoje, preciso de algo para me fazer feliz. Algo como uma foto da sua xota.

— COMO É?!

— Você me viu nu sob várias perspectivas e ângulos, mamacita. Nada mais justo eu poder te ver nua também, não acha? Não precisa se depilar para o nude, eu gosto tanto de bocetas lisinhas quanto de peludas. Sou versátil!

Ela rilhou os dentes, furiosa, ouvindo a risada do seu interlocutor.

— Seu... Ah, quer saber? Adeus! Vou desligar antes que Mr. Taylor chegue.

O psicanalista parou de rir no mesmo instante. Ele não havia esquecido o nome “Taylor” desde que assistira o vídeo de Kikyou no YouTube. Os olhos assustados dela, bem como a expressão maldosa do tal homem ficaram gravados nas lembranças de Naraku. Ele apertou o smartphone nas mãos, nervoso, o timbre de voz totalmente diferente agora.

— Wright, quem é esse Mr. Taylor?!

— Quem é Mr. Taylor? Ora... Meu patrão. Agora tchau.

— ESPERE! — gritou ele, assustando-a um pouco. Kikyou chegou a retirar o aparelho de perto da orelha, incomodada.

— Você ficou maluco?!

— Você fica aí sozinha com ele?!

— Que espécie de pergunta é essa?! O que está insinu-

— Responda, p****! Você fica sozinha com esse filho da...

— Naraku, que maluquice é essa?! Você me liga no meio da tarde, interrompe meu trabalho, me fala um milhão de heresias e indecências e agora quer ofender o meu patrão, que você nem conhece?! Francamente...

Só então o espanhol se deu conta de que havia chegado a uma situação insustentável do diálogo. Não conseguiria explicar a Kikyou que vira o vídeo dela com Suikotsu, sem parecer que ele, Naraku, é que era o stalker tarado. Ela jamais o compreenderia.

— N-não é por nada, eu só fiquei cismado — desconversou ele. — E se esse seu patrão for um maníaco sexual?

— Eu não acredito... Mais um com essas baboseiras! Para sua informação, Mr. Suikotsu Taylor é de minha igreja e toda a nossa congregação o respeita. Ele não é um tarado! Você que é — acusou ela.

— Menos, menos... Adoro fazer sexo, mas não sou um maníaco. Pesquise e saberá a diferença — retrucou ele. — De qualquer forma... Se ele quiser te levar para a cama, recuse! Seu cabaço é meu e...

— O quê?!

— ... quem tem que te desvirginar sou eu! Não acredito em destino, mas, no nosso caso, creio que seja meu destino ser o primeiro a te comer.

— CALE A BOCA, SEU ENDEMONINHADO! — e Kikyou desligou a chamada, enfurecida e envergonhada. Respirou profundamente várias vezes até recobrar a calma. — Esse... Esse atrevido... Indecente...

E, piscando diversas vezes, murmurou:

— Essa vulgaridade me irrita... Como ele consegue arranjar parceiras e... Parceiros? É um grosseiro desbocado!

 

***

 

Dias depois, distraído na biblioteca da mansão enquanto olhava o mundo embaçado com seus olhos enfermos pela janela, Sesshoumaru levava aos lábios sua garrafa de água quando seu celular tocou.

— Quem é?

— E aí, cegão! — soou a voz do espanhol.

— Cegão? — retrucou o loiro. — Seu c* na minha mão!

— Seu c* é o aeroporto, meu pau é o avião — treplicou Naraku.

— Seu c* é o vestibular, meu pau é a redação!

— Seu c* é o frio, meu pau é o calor!

— Meu pau é o ar condicionado e o seu c* é o ventilador!

— C******, nada a ver...

— ... seu c* piscar e o meu pau acender!

— Meu pau é o pavê, seu c* é pra comer!

— Sem nexo — argumentou Sesshoumaru.

— Seu c* é o cabelo e o meu pau é o reflexo!

— Pare com essa p**** e me diga logo o que quer!

— Cadê você, babaca? Você não está no quarto, não está na sala de estar... Onde se enfiou?

— Estou na biblioteca.

— Fazendo o quê? — volveu o espanhol, surpreso.

—  O que se faz em uma biblioteca, seu retardado?

— Anal giratório, boquete, fio terra, ménage, suruba, bukkake... Depende da companhia.

Impaciente, o loiro encerrou a chamada. Havia ido para lá depois de haver se desentendido com Rin Tibiriçá na cozinha; a garota estava desolada por ter, apesar de seus esforços, queimado a tapioca que Izayoi havia comprado a seu pedido. Não era fácil encontrar aquele ingrediente em território britânico e Rin queria muito assar um beiju para seus anfitriões.

Por acaso, o loiro ia entrando no cômodo em busca de um suco, quando sentiu o cheiro de queimado e um lamento da indiazinha.

What’s wrong? (O que houve de errado?) — perguntou ele, estreitando os olhos na esperança de conseguir ver alguma coisa.

— Foi o meu beiju — disse Rin, olhando desolada para a massa sapecada sobre a frigideira. — Deixei queimar... Já faz tempo que não asso e, logo hoje, acabei estragando tudo...

Beiju? O que é isso?

— É uma receita. Tapioca assada com o recheio que tu escolher, entendesse?

— Ta-pi-o-ca? — repetiu Sesshoumaru, confuso.

— Tapioca, macho... Goma de mandioca! Entendesse agora?!

O loiro arqueou uma sobrancelha.

— Mandioca não é uma... Raiz?

— É, macho. Por quê? Conhece mandioca não, é?

— Tsc, tsc — e ele meneou a cabeça. — Índios... Tão esfomeados que comem paus.

Então John Sesshoumaru se deu conta de que dissera algo muito, muito errado. A já irritada Rin soltou um urro de protesto e, do outro lado da grande mesa, precipitou-se contra ele; vendo que seria facilmente acertado, o herdeiro de Ferguson Manor resolveu correr para fora da cozinha. Acabara de destruir o laço mínimo de amizade que havia construído com ela.

— SEU DUMA RAPARIGA DESCABAÇADA! — berrou a mocinha. Começou a atirar coisas em Sesshoumaru, que não conseguia se locomover com a mesma rapidez de antes. Vendo que a surra seria iminente, ele quis espicaçá-la um pouco mais:

— Índia! Selvagem, atrasada, retrógrada! Você come pau! Tinha que ser brasileira! Esses latinos...

— AINDA VOU PEGAR UMA RAIZ INTEIRA DE MANDIOCA E VOU PLANTAR ELA NO MEIO DO TEU BRIOCO! SEU CABRA SAFADO DA MOLÉSTIA!

Um dos discos de massa queimada voou na direção de Sesshoumaru, que, por pouco, não foi alvejado. Revoltado, o loiro prosseguiu a atacá-la. A vontade de irritar Rin era imensa e ele não resistiu:

— MACACA DO TARZAN!

— EU VOU TE ARREGAÇAR, SESSHOUMARU DA BUBÔNICA! VOU TE COMER DE PEIA, VOU TE MOER!

— VAI COMER UM PAU! ROEDORA DE RAÍZES! SELVAGEM!

— Mas que gritaria é essa? — interveio Jaken, que apareceu na porta da cozinha, incomodado com os gritos. — Mr. Sesshoumaru, o que...

Outro disco de beiju queimado foi atirado e acertou em cheio a cabeça do mordomo. Aproveitando a confusão que se seguiu entre ele e Rin, Sesshoumaru fugiu apressado para a biblioteca, trancando-se ali.

Não demorou a receber o telefonema do amigo e, minutos mais tarde, ouvisse batidas à porta. Cuidadoso, o loiro se dirigiu até lá para atender Naraku. Este entrou no cômodo, olhando com uma fisionomia divertida para o amigo.

Cabrón, você é louco.

— Por quê? — replicou ele, se fazendo de indiferente.

— Você deixou Rin cuspindo fogo pelas ventas. Ela está lá embaixo igual a uma leoa.

— F***-se.

— Tomara que o namorado dela deixe de ser um beato rezador e transe bastante com ela, só para você perder todas as mínimas chances que tem, achando um beijo roubado no quintal poderia amansá-la...

— Seu filho da p***, eu não estou nem um pouco interessado naquela índia latina estúpida!

— Deixe de ser imaturo, Sesshoumaru!

— Eu não sou imaturo, IRMÃO Naraku — revidou o loiro, acertando em cheio os brios do amigo. De imediato o espanhol se enrijeceu e bufou. — Oh, desculpe. Vamos fazer as pazes, IRMÃO, amém? Aí você fica livre para convidar a IRMÃ Kikyou para pagar o dízimo. Aliás... Seja um bom gentleman e pague o dela.

— Vá se f**** — rosnou Naraku, lívido. — Não meta aquela fanática nisso.

— Eu não, não vou meter nada. Você que anda doido para meter nela, não é mesmo? — treplicou Sesshoumaru, já rindo do som da respiração ofegante do espanhol enraivecido. — Mas não pode trepar antes do casamento. É pecado. Ah... Dar o c* também é pecado. No caso de Miss Kikyou é um desperdício, não acha? Aquela japonesa é uma delícia... Bundão, cinturinha fina... Coxuda...

— O c******! Você é cego! — protestou o psicanalista, azul de ciúmes.

— Não precisei dos olhos para constatar que a garota japonesa presbiteriana de Leeds é gostosa. Cegos apalpam, esqueceu? Aquele dia, em sua casa, pedi a ela auxílio para ir até a sala depois do lanche. Como você estava dormindo, quis averiguar por mim mesmo o porquê de você ficar todo melindroso com ela por perto...

— ... — as narinas do espanhol se dilataram de ódio, pensando na possibilidade de seu amigo ter apalpado Kikyou. Na verdade Sesshoumaru estava blefando; ele não tocara Kikyou em momento algum. O que sabia da aparência da jovem, devia a Byakuya com suas descrições. — E-eu não me importo... Não tenho um pingo de vontade de fazer nada com ela.

— Não se importa? E o que vocês estavam fazendo no seu quarto naquele dia da parada gay?

— A propósito — interrompeu-o Naraku, ávido por mudar de assunto. — Você sabe quem eu vi hoje? A nossa colega de trabalho iraniana. E aí, você já...

— Não.

— Pois você tem até sábado para pegar Miss Rokshaneh.

— Não sou apenas eu! Você também foi desafiado e, digamos, o seu desafio é mais difícil!

Os dois se encararam; por mais que tentassem, não conseguiam ser menos competitivos um com o outro. Naraku, parcialmente recomposto da provocação do amigo, passou as mãos pela franja.

— Pois bem, loirinha. Comece a planejar o jeito de se aproximar da garota “Allahu Akbar”, senão dez mil libras voarão de sua conta bancária para a minha.

— O mesmo eu te digo, arrombado! — e, notando o espanhol se afastando, franziu o cenho. — Ora, onde você vai?

— Embora para minha casa.

— Fazer o quê?

— Me depilar. Infelizmente meus pentelhos não são loiros como os seus e fica estranho mandar nudes com o saco peludo.

O loiro revirou os olhos, com nojo.

— Ninguém merece escutar isso...

 

***

 

Naquela mesma tarde, em Coventry, Sandie Cameron, disfarçando como podia seu imenso abatimento, aguardava o gastroenterologista conferir o resultado de seus exames. O Dr. Bokuseno, que era não muito idoso, mas incrivelmente enrugado, solicitara dela um hemograma completo, além de uma endoscopia. O segundo pedido ainda não fora feito devido a uma confusão com os pedidos na outra clínica, onde o recepcionista marcara sem querer a endoscopia da escocesa para o mês seguinte. Entediada, Sango decidiu retornar ao médico com apenas o hemograma pronto, só para não ter que ficar em casa.

Ver Andrew Miroku se afastar de si daquela maneira injusta e cruel doera muito mais do que se divorciar de Takeda Cameron. A jovem chorava sem parar e tinha crises de vômito frequentes; sendo uma mulher naturalmente solitária, ela agora buscava mil e uma oportunidades de ter alguém ao seu lado para conversar. E lá estava Sango, aérea, olhando o Dr. Bokuseno conferir seu hemograma.

— Interessante... — disse o homem, depois de certo tempo em silêncio.

— O que é interessante, doutor? — indagou ela, laconicamente.

— Eu sabia que ia dar positivo na análise do seu BHCG.

— Hum?

— O BHCG, Mrs. Cameron, é um hormônio muito especial que só aparece no sangue de uma mulher em uma única ocasião.

— Não entendo onde o senhor quer chegar, doutor — afirmou Sango, cenho franzido, meio nervosa. — Isso é sinal de que? Estou doente?

— Ora, mas é claro que não, minha prezada! Na verdade isso é ótimo!

— Doutor, pode ser mais direto? — interveio ela, meio impaciente com a enrolação do gastroenterologista, que agora sorria e enrugava ainda mais o rosto.

— Sem dúvida que sim! Parabéns, Mrs. Cameron...

E, juntando as mãos muito compridas, arrematou em voz alegre, deixando a mulher petrificada:

— A senhora está grávida!

 

***

 

1 — Jezabel: Na Bíblia, esta foi a rainha fenícia que, valendo-se da fraqueza moral do marido, o rei Acabe, dominou Israel e fez a nação cultuar o deus Baal, sacrificando crianças e assassinando os profetas de Jeová, o Deus dos judeus. A quantidade de atrocidades cometidas por ela levou o nome “Jezabel” a ser relacionado com uma mulher sedutora e sem escrúpulos.

 

 

 


Notas Finais


* Sesshoumaru interessado em aprender capoeira
* Inuyasha e seus fetiches bissexuais
* Naraku aporrinhando Kikyou com as fotos
* A briga homérica entre Sesshoumaru e Rin
* A notícia da gravidez da Sangooooo (parabéns às leitoras #ninjas que descobriram isso antes mesmo de eu revelar aqui)

Sem poder comentar mais coisas, aqui me despeço!
Abraço pra todos vocês, queridos da Mamãe... Infelizmente estou sem como atualizar com mais rapidez por enquanto!
Obrigada pela paciência imensa! Amo vocês!
#Okaasan


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