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História Nem por Meio Milhão de Libras! - Vamos chorar porque ninguém é de ferro


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal!

Perdoem-me pela demora de um mês! Continuo dependendo do pc do trabalho para escrever.
Perdoem-me eventuais erros, acabei de corrigir "marromeno" o capítulo. rsrs

Arte da capa: Hakudoushi. Créditos ao artista.

No mais, boa leitura! :)

Capítulo 35 - Vamos chorar porque ninguém é de ferro


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - Vamos chorar porque ninguém é de ferro

— Boa noite, Andy — disse Raymond Inuyasha, num murmúrio. O caçula dos irmãos Wright estava deitado em uma cama extra. Afinal, Andrew Miroku já imaginava receber seus irmãos no pequeno apartamento e comprara leitos a mais no afã de acomodar os três ali. Entretanto, Ann Kikyou ainda não havia pernoitado em Willenhall, bairro de Coventry.

— Boa noite para você também, Inu. Tem certeza de que não quer conversar? Você está estranho.

— Não... N-Não é nada, só sono mesmo.

— Hum...

O mais velho, observador, notou que Inuyasha de fato não estava muito alegre, mas decidiu esperar até que o outro se sentisse mais à vontade para expor seus incômodos. Olhando para as próprias mãos, Miroku pensou no que Sandie Cameron poderia estar fazendo naquele instante. “Com certeza, deve estar com outro”, intuiu ele, azedo e ressentido. “O pior é que eu sou tão bobo que nem consigo dar o troco... Eu a amei tanto... Ou a amo ainda... Como isso dói...”.

Por sua vez, Inuyasha se virou para a parede, sem um pingo de sono. Sua culpa o fazia se sentir miserável, principalmente porque pensava em Kagome o tempo inteiro. Em suas conjecturas, ele já a estava traindo, tendo em vista que não conseguia mais enganar a si mesmo sobre seus desejos por outros homens. “Ela se sentiria destroçada caso soubesse. Mas o que eu posso fazer? Como posso resolver essa loucura dentro de mim?!”

Dessa forma, os dois irmãos passariam uma longa noite em claro, imersos em suas dolorosas reflexões.

 

***

 

Em uma tarde de clima agradável, Rin Tibiriçá se agachava junto à horta que a família Ferguson cultivava na vasta propriedade. Para ela, lidar com plantações era mais do que um simples hobby e sim uma necessidade. A jovem agora limpava a área ao redor dos rabanetes ouvindo Raul Seixas nos fones de ouvido e cantando a plenos pulmões, para agonia do pequeno Jaken, que fora escalado a auxiliá-la.

— Quem aguenta essa garota cantando isso?! Nessa língua esquisita... — resmungava ele, inconformado.

— “... Do que ter aquela velha opinião formada sobre tuuuudo... Sobre o que é o amoooor, sobre o que eu nem sei quem soooou...”

Súbito, o smartphone da brasileira recebe uma ligação. Ela, com as mãos sujas, apenas pressionou como podia o botão do fone e disse “pronto”.

— Rin? — disse Kohaku. — Saudades, amada. O que fazes?

— Ah, bichim, é tu. Saudades também. Estou limpando a horta com esse mordomo resmungão aqui... Ele é chato, mas eu até que gosto dele — afirmou ela rindo, olhando de soslaio para Jaken, que, apesar de não entender nada de língua portuguesa, sentiu que ela estava se referindo a ele de alguma maneira e fechou a cara.

— És uma rapariga mui dedicada. Quem dera as outras moçoilas de tua idade agissem como tu. Infelizmente, as mulheres têm agido de forma muito fútil de uns tempos para cá. E, devo admitir, os homens também. Sinto-os todos um poucochinho superficiais.

— Eita sotaque da peste bubônica... — deixou escapar Rin, meio confusa com os termos ditos pelo namorado.

— O quê?

— Nada não, meu . Eu não disse nada, não se avexe.

— Oh... Sim, tudo bem — volveu ele, também confuso. — Então... Querida, quando poderemos nos ver?

— Pode ser hoje mesmo, né não? Tipo, às cinco.

— Mas é hora do chá.

A morena revirou os olhos.

— Tu nem é inglês pra tomar chá às cinco, macho velho. Deixe de pantim, vamos nos ver às cinco mesmo, pode ser?

— Bem... Sim, pode ser. Tomaremos chá juntos.

— Kohaku! Tá calor!

— Chá gelado, por que não?

— Arre égua! Tá bom, que seja. Tu vem me buscar?

— Vou... Chego às quatro e meia — respondeu o jovem, subitamente muito ansioso. De repente ele se via diante de uma oportunidade única que teria para contar a Rin o que lhe perturbava.

— Fechou. Agora desligue essa ligação porque eu tô ocupada e com as mãos sujas de terra.

— Tudo bem, meu anjo. Até mais.

— Beijo — respondeu Rin, como era de seu costume. O sanmarinense fez uma mínima pausa antes de afirmar:

— Beijo... Rin. Até.

E a chamada foi encerrada. Ela, feliz por saber que o veria, sorriu consigo mesma, voltando a atenção para os rabanetes. Jaken não estava mais ali.

No dia anterior, a bela indígena procurara Naraku Octavio e lhe expusera suas dúvidas acerca da conversa estranha sobre “inclinações” de Kohaku. O espanhol havia lhe dito para simplesmente relaxar e esperar que o garoto se sentisse à vontade para se abrir com ela; especulações só lhe fariam se aborrecer por uma ansiedade dispensável.

No fim das contas, Rin já havia se apegado bastante ao jovem religioso. Inclusive, em sua imaginação fértil, concatenava como seria apresentar Kohaku para Kouga.

O sorriso da brasileira foi minguando, enquanto suas mãos pararam de trabalhar o solo. Seu coração se apertou, enquanto ela se dava conta de que não fazia a mínima ideia de como o seu querido capoeirista estaria. Ela continuava com vontade de retornar ao seu país, mas, orgulhosa, pretendia comprar as passagens do próprio bolso, com o dinheiro que receberia pelos cuidados com John Sesshoumaru que a cada dia ficava mais dependente tanto dela quanto dos demais membros da família Ferguson.

Rin limpou as mãos de qualquer jeito e pegou o smartphone. Procurou na galeria por uma foto da Virgem Maria; sem se intimidar, a morena chegou o aparelho junto ao peito e murmurou uma prece:

— Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Cuida de Mestre Kouga e de Ayame pra mim, minha Mãezinha... Eu nem sei quando vou poder voltar...

 

***

 

John Sesshoumaru, mais uma vez, saiu de Ferguson Manor com seu motorista Byakuya sem dizer para onde estava indo. Roupas fitness azuis com detalhes brancos, cabelos bem trançados, um cavanhaque discreto e os óculos escuros compunham seu look, que felizmente transbordava saúde, apesar da deficiência visual. Mais uma vez, eles se dirigiam para a Academia Muzenza. Eram dez horas da manhã.

No som do carro, a trilha sonora do dia era ditada pela cantora brasileira Pitty.

E eu acho que eu gosto mesmo de você bem do jeito que você é... Eu vou equalizar você numa frequência que só a gente sabe... — cantarolava o herdeiro de Toga Ferguson, errando boa parte da pronúncia das palavras, mas totalmente descontraído, envolvido com a música.

— Mr. Sesshoumaru, chegamos — anunciou Byakuya, manobrando o veículo.

— Ah, bom saber. Mas não preciso dizer que é para você não contar para ninguém que estamos vindo aqui, não é mesmo? Nem para Kagura.

— O senhor já me avisou... Eu não vou contar — retrucou o coreano. — Nem para Kagura.

— Nem mesmo para Kanna! Ela pode acidentalmente repetir a palavra “capoeira” na frente de Naraku e ele vai deduzir na hora que é por minha causa.

Na mente de Byakuya, aquilo era muito pouco para que o espanhol, ou qualquer outra pessoa, chegasse a esse tipo de conclusão, mas ele não iria contestar seu empregador. Então, o jovem prontamente desceu do carro e auxiliou o loiro na descida.

Sesshoumaru havia se matriculado na Muzenza e queria aprender a lutar capoeira, sem que ninguém soubesse.

Já dentro do estabelecimento, pintado de branco com piso de madeira liso, praticamente vazio; havia um único indivíduo fazendo alongamentos no chão, do outro lado do cômodo. O loiro estreitou os olhos avermelhados tentando enxergar mais alguém. Foi quando ouviu passos e avistou a silhueta de um homem de cabelos longos e ruivos se aproximando, vestido de regata e calça branca.

— O senhor deve ser Mr. John Sesshoumaru — saudou-o o recém-chegado, num inglês impecável. — Eu levei meu filho Hyoga para assistir a uma de suas palestras em Birmingham. É um prazer conhecê-lo.

— Palestra em Birmingham? — volveu o loiro, surpreso. — Uau. Isso já faz alguns anos...

— Sim, o senhor ainda não era deficiente visual — replicou o outro, diretamente, espantando Byakuya e Sesshoumaru. — Permita que eu me apresente. Sou Camus Dousseau.

— Pensei que os professores de capoeira fossem todos latinos — comentou o coreano, ingenuamente. Sesshoumaru ia lhe repreender, mas não teve tempo.

— Não, senhor — explicou Camus. — Na verdade, a capoeira é uma arte marcial de origem africana que se popularizou principalmente na América Latina, mas aqui na Europa ela também tem adeptos.

— Onde estão as outras pessoas?

— Marquei este horário para o senhor para que não fique confuso. Vai precisar bastante dos seus ouvidos, já que não enxerga, por isso quis que estivesse aqui num horário exclusivo. Na verdade, a Muzenza funciona a partir das seis da tarde.

Sesshoumaru ficou meio incomodado com aquela informação.

— Você está dizendo que vai me tratar diferente por causa da minha... dificuldade?

— Evidentemente que sim. Isto é, se o senhor quiser mesmo aprender capoeira. Neste primeiro momento, não precisamos de alunos curiosos com o novato quase cego.

— Essa naturalidade para falar de meu problema me perturba!

— Vá por mim — retrucou Camus, serenamente — Essa naturalidade é o melhor para o senhor. Usar eufemismos e palavras polidas para se referir à sua cegueira não ajudarão em nada o seu processo de aprendizagem.

O loiro ficou sem palavras para replicar. Ele não podia notar, mas o homem que falava consigo era ainda bem jovem, tão alto como ele e muito bonito, apesar de extremamente sisudo. Por fim, Camus lhe chamou a atenção:

— Pois bem, comecemos com um alongamento. O seu amigo pode fazer também, se quiser.

— Ah, eu quero — exclamou o motorista, curioso. — Nunca aprendi a lutar nada, só sei dirigir...

Sesshoumaru permaneceu quieto por um momento, até que retirou os óculos para olhar para Camus.

— Você está certo... Preciso de gente realista ao meu lado, não de piedade barata. Obrigado. Acho que vamos nos dar bem, Mr. Dousseau.

— Chame-me apenas de Camus, se quiser. Vamos à aula.

 

***

 

Tardezinha no Shopping RioMar, Recife, Pernambuco.

Meio acabrunhados por trajarem roupas humildes em um ambiente de classe social um pouco mais elevada, Kouga Cotegipe e a esposa Ayame se sentaram em um banquinho da praça de alimentação, enquanto olhavam para os papéis que tinham nas mãos — receitas de medicamentos, pedidos de exames. Haviam acabado de sair da consulta médica com uma reumatologista de renome na cidade. Uma expressão dita pela médica martelava a cabeça do truká: Lúpus eritematoso.

— Tu tá bem, amor? — indagou a ruiva, vendo o marido ofegar e seu rosto se contrair com dores nas pernas.

— Tô... Só com falta de ar, mas não tá tão forte como das outras vezes. Agora, nega, que raio de doença do créu é esse que eu nunca ouvi falar?

— Eu sei lá que peste é essa, macho, conheço isso não. Tu quer comer?

— Espera só um pouco... Eu... — ele baixou a cabeça, incomodado. — O povo vai me atender como, com essa cara manchada? Tô parecendo um leproso...

Para tristeza do casal, a estranha enfermidade de Kouga enfim atingira-lhe o rosto, causando uma mancha vermelha crescente sobre seu nariz e parte das bochechas. Ayame, contudo, não ligava para os olhares ocasionais dos transeuntes sobre seu marido.

— Tu tá exagerando, macho. Não tá parecendo leproso não, Ave-Maria. E outra coisa, a mancha tá na tua cara e não no nosso dinheiro. É obrigação desse povo servir a gente. Se não servirem, eu chamo o gerente, a polícia, a televisão, o c****** a quatro... E eles vão ver só.

Apesar de triste, Kouga sorriu para a ruiva.

— Que foi, Kouga?

— Nada... Só tô vendo essa brabeza toda, nega. Contigo do meu lado, nada de ruim pode me acontecer. Tu só me faz bem.

De irrequieta, Ayame se sentiu comovida e abraçou o capoeirista, que logo se encolheu com dores. A enfermidade o deixava sensível. Ele acabou rindo de novo.

— Vai com calma, mulher, eu virei um bonequinho de porcelana. Aliás, um bonequinho manchado.

— Que bestagem, amor. Tu é lindo. E a Rin diria a mesma coisa.

O casal se calou, olhando mais uma vez para os papéis no colo de Kouga.

Rin...

Ela teria pelo menos algo para comer?

A dor da saudade e a incerteza sobre o paradeiro da moreninha chegara a um ponto que Kouga e Ayame pareciam estar anestesiados; faltavam palavras para se expressar quando pensavam nela, fato que ocorria a todo instante. Foi quando o casal se lembrou de que alguém estava à espera de um telefonema deles: a ialorixá Hitomiko.

— Ih, Ayame... A mãe Hitomiko tá esperando notícias.

— Sério que tu também tava pensando nela? Pegue aí o telefone.

— Pra já.

O indígena discou o número da mulher e aguardou ansiosamente até que ela atendesse.

— Oi? — soou a voz de Hitomiko no viva-voz.

— Mãe Hitomiko? É Kouga.

— Ah, que bom que tu ligou. Tudo bem, meu ?

— Tudo... Descobriram a doença, apesar de que ainda faltam uns exames pra móde descobrir de que tipo é essa peste, além de um encaminhamento pra um dermatologista.

— Ó... ‘Inda bem que as coisas estão caminhando.

Nesse instante, Ayame fez um gesto para o marido, indicando que iria comprar um lanche para eles. Agilmente, se afastou em direção a uma lanchonete de fachada mais simples. Enquanto isso, Kouga continuava falando:

— Mas quem disse que eu tenho dinheiro pra ir a um dermatologista? É mais de duzentos conto. A consulta de hoje foi duzentos, as passagens eu tive que comprar com o cartão do coitado do Hakkaku, meu sobrinho. Cento e vinte conto cada uma.

— Nessas horas o dinheiro aparece. Eu posso te arrumar cem. Tu me paga como puder.

— Ave-Maria! Eu não quero dar trabalho...

— Largue mão de ser atoleimado, seu Kouga. Eu tenho certeza que, se fosse eu a doente, tu iria querer me dar uma mão. O que tenho é pouquinho, mas Deus não deixa faltar.

— Tu não pode fazer isso não, mulher. Tu tem filho pequeno. Se esse dinheiro lhe fazer falta...

— Pare de pessimismo, meu ! Isso só te prejudica!

Enquanto isso Ayame aguardava sua vez para pedir por dois salgados com valor mais em conta e uma única lata de refrigerante, que eles dividiriam, já que o dinheiro era pouco. De onde estava, podia avistar o marido a alguns metros de distância. Entretanto, a ruiva ficou alerta quando ouviu três garotas sentadas em uma mesa tomando sundae e conversando um assunto que a desagradou muitíssimo.

As três olhavam escancaradamente para o truká.

— Tais vendo? — dizia uma. — Cada coisa, né? Um cara tão gostoso... Adoro homem de rabo-de-cavalo. Olhe aquelas coxas... Mas a cara, cruzes. Será que ele tem lepra?

— Tá doida? — respondeu a outra, com ar superior. — Aquilo é tipo um cabra que não tem onde cair morto, veja se tem base um sujeito vir ao shopping com uma camisa desbotada daquelas.

— Tu é uma nojenta! — afirmou a terceira, que parecia bem interessada no capoeirista. — Ele é lindo, de corpo e de rosto também! Um homão gostoso, mesmo com aquelas manchas. Pode ser apenas queimadura de sol, ele deve ser desses índios que vêm do interior...

— Índio? Credo — interveio a primeira moça. — Índio é tudo preguiçoso. Aquele ali, se for índio, deve prestar só pra passar a noite. Se não tivesse aquelas feridas na cara, óbvio.

— Que mulher iria querer um índio cheio de feridas pelo rosto? — e as três riram ruidosamente.

— Moça? — chamou o atendente da lanchonete. Ayame havia paralisado com uma nota de dez reais na mão, olhando para a mesa das garotas enquanto seus olhos estavam rasos de lágrimas. — Ô moça! Deu nove e cinquenta o seu pedido.

— Ah... D-desculpe — fez ela, voltando a si e disfarçando como podia.

Seu coração fervilhava de dor e revolta; seu amado não merecia nada daquilo. Ainda bem que ele estava distante e envolvido com o telefonema; no entanto, comentários como aquele poderiam acontecer mais vezes. A ruiva, contudo, não sabia o que fazer para defender seu homem, já que não fazia o tipo escandalosa. Meio rígida, ela pegou os lanches e o refrigerante e passou pela mesa das garotas, tentando manter a calma. Infelizmente os chistes sobre o moreno continuavam, cada vez mais desagradáveis.

A ligação de Hitomiko era encerrada ao mesmo tempo que Ayame se aproximava do truká, alheio às coisas que diziam de si. Ele se pôs de pé devagar, com atenção na esposa.

— Vambora, amor — disse ele, satisfeito e até comovido pela solidariedade da mãe-de-santo. — A gente come o lanche no caminho. Mas... — enfim Kouga reparou na expressão esquisita da ruiva. — O que é que tu...

Sem aviso, Ayame enlaçou o pescoço do marido com a mão livre e lhe beijou a boca com ardor e volúpia, sem receio algum. Por ela, que se lascasse o mundo; que se lascassem as garotas maldosas e arrogantes, que agora observavam atônitas a cena de uma mulher jovem e bonita beijando os lábios de um homem maduro e doente. Assustado, Kouga apartou o beijo.

— Mulher, tá ficando doida?!

— Tô não, doida eu sempre fui! Se apronte, macho — retrucou ela, disfarçando a voz embargada. — Se apronte porque, quando nós chegar em casa, vou te jogar naquele colchão e montar nessa tua mandioca cabeçuda até meu xibiu pedir arrego.

Atarantado, o indígena acabou rindo com gosto, feliz. Segurando-a pela cintura, Kouga a beijou com mais suavidade, porém não com menos paixão, e principiou a caminhar rumo às escadas rolantes com sua ruiva.

— Agora que eu sei que essa peste não vai pegar em tu, pode ter certeza, minha nega — afirmou o moreno, olhando profundamente nos olhos verdes úmidos de Ayame. — Enquanto eu tiver um restinho de saúde e tu me quiser, o que mais vai rolar lá no barraco vai ser umas lapada na rachada!

O casal se foi devagar da praça de alimentação. Consigo, Ayame refletia:

Kouga, tu vai sair dessa, e bem. Não vou deixar ninguém te humilhar, jamais. Tu é uma pessoa que merece o melhor de mim, sempre!

 

***

 

No escritório de Suikotsu Taylor, Ann Kikyou ocasionalmente parava de digitar seu trabalho para pensar no irmão mais novo. Miroku, enfim, havia aberto o coração para ela e lhe contado seus mais recentes dissabores. A moça chorou muitíssimo naquela manhã, em casa, ao ouvir o relato emocionado do motorista.

— Tadinho do meu Andy... Era só um garoto e, agora...

Por outro lado, ela andava ainda mais doente de saudades de Naraku. Ele não lhe telefonara mais; era possível ver que ele ficava online no WhatsApp até, no máximo, onze horas da noite. No entanto, Kikyou não tinha coragem de iniciar um diálogo. Aquele psicanalista pervertido poderia zombar dela, lhe falar indecências. Não era isso que ela queria.

O espanhol, porém, estava bem perto da jovem presbiteriana. Naquele dia, Naraku se encontraria com Kagome Higurashi para debaterem acerca do segundo capítulo da monografia da japonesa, na escola primária em que ela estagiava em Otley, bairro de Leeds. Ele havia chegado há pouco e havia começado a tecer suas considerações sobre o texto de Kagome quando a diretora da escola abriu a porta da sala dos professores sem bater.

— Com licença, Mr. Naraku — disse a mulher, vermelha, segurando pelo braço um garoto loiro com uma fisionomia medonha de cinismo. — O senhor poderia me ajudar? Este rapazinho aqui anda com um comportamento insuportável ultimamente. As professoras e os colegas já não o estão aguentando. Ele estava tentando obrigar as meninas a colocarem a mão dentro de sua cueca!

, Mrs. Davidson, mas posso terminar com minha aluna primeiro? — indagou o espanhol. — É que o projeto dela tem prazo.

— Ah... Eu não tenho pressa, Naraku — afirmou Kagome, vendo a expressão de súplica da mulher. — Pode ir falar com ele.

— Não quero falar com esse viadinho maquiado — retrucou o garoto. — Por mim, vocês que se f****.

Oh my goodness, que boca suja! Seu atrevido! — esbravejou a senhora Davidson. — Como tem coragem de...

— Calma, señora Davidson — interveio Naraku, se colocando de pé e encarando o menino, que tinha aparência pálida e roupas simples, porém de boa qualidade; seus cabelos eram cortados à altura dos ombros. — Não é preciso se estressar. Entonces, muchacho, por que não quer falar comigo?

— Porque você tem cara de bicha. Não gosto de bichas.

— Que falta de modos! — escandalizou-se a senhora Davidson. — Hakudoushi, você vai acabar sendo suspenso por...

— Fique tranquila, ele não me ofendeu — interrompeu-a Naraku delicadamente, agora já se voltando para o menino. — No entanto, o problema aqui não é a minha orientação sexual e sim algo inadequado que você fez na sala de aula, humm... Qual é o seu nome?

— Hakudoushi Labrenzischken. Tem dez anos e está na quarta série — disse a diretora antes do garoto, que protestou:

— Ei, eu tenho boca!

Gracias. Agora, as senhoras podem nos dar licença? — pediu o psicanalista, se colocando de pé e surpreendendo um pouco Hakudoushi, devido à calma que aquele indivíduo colorido demonstrava. — Eu e o muchacho aqui vamos dar uma volta.

— Vai me levar para onde? — inquiriu Hakudoushi, ressabiado.

— Para o playground, onde o sol bate e é um local bem arejado. Não precisa se preocupar, não vou fazer nenhuma “coisa de bicha” com você. Seus colegas não terão por que te zoar depois, okay? Não faço ninguém passar vexame — respondeu Naraku, num tom zombeteiro. O loirinho, depois de um tempo pensando, resolveu acompanhá-lo sob o olhar apreensivo da senhora Davidson e a expressão de confiança de Kagome, que tinha o espanhol em alto apreço.

Os dois seguiram em silêncio para a área de lazer da escola. Era um ambiente isolado, mas não escondido, o que daria alguma privacidade para eles. Vendo que Hakudoushi não se pronunciaria, Naraku se sentou em um dos balanços e resolveu arriscar com amenidades:

— Labrenzischken... Então você é polaco, hein?

— Claro que não sou polaco, seu burro. Minha mãe era lituana. Mas eu sou britânico com orgulho.

— Nada mal, nada mal. Meu pai adotivo também é britânico.

— Você é adotado? — perguntou o menino, baixando a guarda aos poucos, ainda sem querer se sentar no balanço.

— Sou. Meu pai é um autêntico britânico e é casado com uma espanhola. Ele é muito bom para mim, sabe? Ele me leva ao golfe nos fins de semana.

— Golfe é jogo de velho.

— E torneio de peidos debaixo do cobertor, é um jogo de velho também? Nós também fazemos isso.

— Err... — e o menino ficou sem ter o que dizer, desarmado.

O espanhol riu de leve. Hakudoushi acabou se sentando no balanço vizinho ao seu; vendo-o tímido, Naraku começou a se balançar, parando de encarar o menino.

— Você não acha que é muito grande para se balançar em parquinho não? — inquiriu Hakudoushi, desconfiado, mas já sem querer ir embora. Os cabelos do espanhol estavam soltos e voavam livremente por sobre seus ombros, formando uma visão exótica e bela aos olhos do loirinho.

— Qual o problema, muchacho? Sou um adulto que gosta de fazer coisas de criança às vezes. Isso é bom e divertido. Ruim é quando crianças têm de fazer coisas que só dizem respeito aos adultos — concluiu ele, mais para si mesmo. Entretanto Hakudoushi deu um pequeno suspiro, considerando aquelas palavras. — Agora venha se balançar comigo, aproveite que ninguém vai tirar um sarro de você por brincar aqui.

O menino permaneceu rígido sobre seu balanço, apenas olhando para Naraku com certa curiosidade.

— Você é gay mesmo, não é? — perguntou ele. O espanhol continuou a agir com naturalidade, apesar de não gostar muito da forma como Hakudoushi insistia naquele assunto.

— Por que a pergunta, Hakudoushi?

— Você usa maquiagem, brincos e essa roupa toda colorida, além desse cabelo enorme. Homens de verdade não fazem isso.

— Querido, quem são os “homens de verdade”, por acaso?

— Eu! — afirmou o loirinho, queixo duro. — Eu sou um.

— Você é uma criança. Não deveria ficar se preocupando tanto com coisas para adultos.

Hakudoushi voltou a olhar para frente.

— Sabe o que eu acho? — prosseguiu o psicanalista. — Homem de verdade é aquele que cumpre o que promete, que não esconde seus sentimentos, que não mente nem prejudica os outros. Sobre se vestir diferente dos outros, isso é apenas um detalhe. Um homem tem que ser livre para fazer o que quiser, seja se emocionar, ficar revoltado, chorar...

— Chorar não. Homem não chora.

— Oh, não? Quem te ensinou isso, Hakudoushi?

— Meu pai, antes de ficar doente.

— Oh, ele ficou doente? Sinto muito. Está vivo?

O garoto começou a bater a ponta do pé no chão com certa ansiedade.

— Está vivo, mas não pode mais ficar comigo. Ele agora vive numa clínica de malucos.

— Um manicômio, muchacho.

— É, é, esse nome aí. Hoje eu vivo com o irmão dele. Fica a duas quadras daqui da escola.

— Oh, lamento muito. Isso não é bom. Mas... Seu tio deve cuidar bem de você.

— Meu pai viajava de avião, era um piloto. Até me levou uma vez para voar com ele num avião particular. Eu gostaria muito de voar de novo com ele — comentou Hakudoushi, um olhar meio perdido.

— Quando estamos no céu, é como se fôssemos tordos, não é?

— Tordos, pintassilgos... Calopsitas... Tem uma calopsita na casa que eu vivo agora. Ela fica num viveiro bem grande, só para ela. Eu que cuido, sabia? Ela me adora.

— Muito bem. Você é um garoto muito responsável. Mas essa calopsita deve sentir vontade de voar também, não acha? Igualzinho a você.

— Cortaram demais as penas das asas dela — e Hakudoushi fez uma careta. — Ela não pode voar mais.

— Que tristeza. Coitada. No entanto, você ainda pode voar num avião.

O olhar que Hakudoushi dirigiu a Naraku naquele instante denotou, contudo, que ele se sentia tão incapacitado como a ave que criava em casa.

 

***

 

Em Paddington, Kagura Thompson fazia uma faxina do quarto de Naraku quando notou que ele havia esquecido o Rivotril e a Sertralina na gaveta do criado-mudo. A mulher levou uma das mãos à testa, preocupada.

— Meu Deus, ele esqueceu de tomar os antidepressivos de novo!

 

***

 

Os alunos saíam da escola, enfim. Kagome andava devagar com sua aluna, Asagi, que tinha oito anos e usava óculos de lentes bem grossas. Elas se haviam apegado muito uma à outra, facilitando muito no desenrolar das atividades pedagógicas especializadas; e, devido à paciência e ao carisma da jovem estagiária, todas as crianças da segunda série aprenderam a respeitar os limites da coleguinha especial. No momento, a menina estava aprendendo o braile.

— Eu ainda quero ter dinheiro para comprar um saxofone, tia Kah. Quero aprender a tocar e tenho certeza que vou ser uma boa música.

Musicista, meu amor — corrigiu-a Kagome, achando graça na afirmação da pequena. — Eu acredito em você. Vai ser uma artista, vai brilhar nos palcos. E nem vai precisar enxergar para isso.

Naraku vinha se aproximando das duas, olhando para Hakudoushi, que seguia distraído rumo ao micro-ônibus escolar que o levava para casa. A japonesa auxiliou Asagi a entrar em outro veículo; enfim pôde se voltar para seu orientador, que tinha um sorriso falso no rosto.

— Nem conseguimos conversar sobre seu texto hoje, cariño — afirmou ele.

— Isso não importa, Naraku. Marcamos para outro dia... Sei como conversar com alunos pode demorar.

— É...

A moça estendeu a mão para o espanhol, se despedindo.

— Mesmo assim, obrigada. Agora vou para o ponto de ônibus, mamãe sempre me espera para almoçar...

No, Higurashi, o sol já está quente agora. Espere, eu te levo. É o mínimo que posso fazer depois de deixá-la esperar tanto.

Kagome ficou surpresa, mas resolveu aceitar a carona. O psicanalista seguiu em direção a uma sombra do outro lado da avenida, onde havia estacionado um Fiesta Sedan vermelho que alugara, já que estava sem veículo depois do acidente. A jovem, ao acompanhá-lo, notou-o meio tenso, porém seguiu em silêncio após si.

Naraku estava sentindo um sabor amargo na boca desde que o garoto Hakudoushi lhe confessara que estava sendo violentado pelo seu atual tutor, que era o tio. Rígido, o loirinho relatou a imensa dor que aquilo lhe estava causando, sem derramar uma única lágrima. Na imaginação do garoto, seu pai ficaria decepcionado caso soubesse que ele andava chorando. Então, suportava as perversões do tio e a ignorância da tia, que parecia não notar que algo estava MUITO errado consigo. Para lidar com os traumas, Hakudoushi passou a se portar de forma agressiva, inclusive contra os colegas, para extravasar suas revoltas.

— Entre, Kagome... — chamou o espanhol, abrindo a porta para a moça e se sentando no banco do motorista em seguida. Naraku recebia diversos tipos de pessoas para clinicar, inclusive vítimas de abuso sexual, mas naquela manhã ouvir tais atrocidades de uma criança de dez anos estava sendo torturante para si.

O olhar ressabiado e rancoroso do pequeno era como navalhadas em seu espírito.

— E o menino polaco? — indagou Kagome, alheia à dor do moreno. Ele engoliu seco antes de responder:

— Ah... Hakudoushi... Ele... Não é polaco, apesar do nome. Sua família veio da Lituânia.

— Bem agressivo, né? Essas crianças precisam de mais amor. Muitos não têm o carinho dos pais e acabam não sabendo lidar com isso, dando trabalho para nós na escola.

— S-sim, é... É verdade, querida — gaguejou o psicanalista, estendendo a mão ligeiramente trêmula para a chave na ignição. Girou-a, mas o motor não permaneceu ligado.

E pensar que ele, Naraku, se sentia injustiçado pela vida por ser órfão. Contudo, Hakudoushi tinha família e não foi poupado de uma crueldade tão grande. A chave foi girada, o motor estremeceu e não deu partida.

— Algum problema, Naraku?

— Ah... Deve ser algo com a bateria...

O sol quente lá fora e o céu azul sem nuvens refletiam uma calmaria que chegava a irritar o espanhol. Não existia calma, não existia segurança, não existia bem-estar. Existia mais uma criança sofrendo nas mãos de um pedófilo maldito. Naraku não conseguiu fazer nada por Hakudoushi, tal o seu torpor.

— Por que não consigo sair? — murmurou ele, insistindo em ligar o veículo. O maldito tio de Hakudoushi também dizia que homens não choravam, de maneira a causar um bloqueio emocional horrível no garoto.

— Não há problema, carros às vezes nos deixam em...

— Eu não consigo sair — ecoou Naraku mais uma vez. Só então Kagome notou o quanto o outro estava péssimo, com a mão na chave da ignição, olhar parado, voz aguda.

Ele não conseguia sair do próprio trauma de ver que ele era o único garoto de uma turma de nove crianças, todas vítimas de exploração sexual pelo ‘señor’ Mukotsu. Ele não pôde impedir o cafetão de seviciar as suas companheiras meninas. Ele não tinha ideia de como tirar Hakudoushi das mãos do tio; o resto da família do garoto estava do outro lado da Europa. Retirá-lo de casa e mandá-lo para um orfanato não era garantia de poupá-lo de mais abusos.

Nos pensamentos frenéticos de Naraku, ele continuava sendo incapaz de ajudar vítimas de pedofilia, que era seu principal objetivo ao cursar Psicologia. Continuava sendo o garoto mirrado que se vestia de menina, se vendendo por menos de dois euros para ter onde comer e dormir.

— Eu não consigo sair, eu não consigo sair...

— Naraku?! Olhe, não precisa ficar tão nervoso... — afirmava Kagome, assustada com o crescente desespero de seu orientador, que por fim explodiu num choro convulso e alto. — Eu... Você precisa de ajuda? Quer conversar? Meu Deus, e agora? Naraku, me escute!

— Ah, ah... Não, não, não, não... Não consigo sair...

Por sorte, um policial civil passava por ali a pé e foi atraído pelos lamentos do espanhol. Kagome, percebendo a aproximação do policial, gritou por ajuda, sendo de pronto atendida.

— Moço, eu não sei o que aconteceu, ele...

— Vou levá-lo para o hospital, é o mais acertado a fazer. A senhorita, por favor, me acompanhe — afirmou o policial, já retirando nos braços o psicanalista surtado, que não parava de dizer que não conseguia sair.

Mais uma vez Naraku Octavio ia parar no pronto-socorro do Hospital de Wakefield, perdido em seu próprio inferno. Uma dose poderosa de ansiolítico lhe era aplicada e o espanhol, por fim, mergulhava na escuridão do sono.

 

***

 

Cinco horas.

Kohaku e Rin tomavam chá noYe Olde Cheshire Cheese, um pub de estilo medieval bem frequentado no centro de Londres. O jovem parecia angustiado e olhava profundamente para a brasileira, como se fosse a última vez. Apesar de conversarem amenidades, Rin sentia que seu namorado estava muito estranho. Por fim, ela afastou o copo de si e o encarou diretamente, incomodada.

— Que é, macho?

— Hum?

— Tu disse que queria conversar, mas até agora tu não disse nada. Só fica me olhando...

— Perdoa-me, minha menina... — e ele olhou para o lado subitamente. A jovem acompanhou o olhar de Kohaku, mas não viu nada de diferente naquela direção, então voltou a encará-lo. Ela ficou surpresa ao ver que o rapaz estava vermelho, como que tentando conter uma grande comoção.

— Oxe... — Rin segurou a mão do rapaz. — Bichim, diz o que tu tem. Me deixasse preocupada agora.

— Já digo... Só me dê um minuto.

Kohaku esteve calado por mais alguns instantes até que voltou a olhar para a bela indígena. Rin era tão bonita, tão cheia de vida, tão apaixonada quanto ele pela religião. Doía-lhe ter de abrir a boca para anunciar o que tanto necessitava dizer:

— R-Rin... Eu... Nós... Não podemos mais namorar.

O estômago da morena pareceu afundar dentro do corpo e sua boca se abriu. Ela levou alguns segundos para conseguir gaguejar um protesto:

— Mas... M-mas por quê?! A gente se dá bem, a gente... Tais brincando comigo, é? É uma daquelas pegadinhas? Quedê a câmera?

— Não, Rin. Eu não faria uma pegadinha dessas contigo, jamais. Estou falando sério.

— Mas e-eu não entendo... Por quê?!

— Lembra de nossa conversa sobre inclinações? Decidi então libertar-me e seguir a minha.

Os olhos castanhos de Rin cintilavam de dor genuína. Aquilo tudo lhe parecia uma enorme piada de mau gosto.

— Mas... Que raio de inclinação é essa?! Tu é gay? É isso?

— Imaginei que fosses intuir esta ideia. Não sou gay, querida. Aliás, só Deus sabe o quanto sofri para conter meus desejos por ti.

— Então... Por que está me rejeitando??? Eu não sou boa o suficiente pra tu, é? Tu conhecesse outra?! Fala pra mim pelamor de Deus! Eu... — ela começou a soluçar. — E-eu te amo! E... É a primeira vez que digo isso pra um garoto...

Ao ouvir a declaração da jovem, Kohaku passou o braço pelo ombro de Rin, que agora tremia. Por fim, ele não resistiu e chorou também, discretamente. O movimento de pessoas no pub era intenso, de forma que aquela emoção passava quase que despercebida.

— Preciso s-seguir minha vocação, meu anjo — murmurou ele, sofrendo com ela, que enterrara o rosto nas mãos e soluçava abertamente. — Desde menino sempre quis o sacerdócio... Amo o ministério dos franciscanos...

Ela ergueu a cabeça de uma vez, com olhos enormes, encarando-o estupefata.

— Então v-você quer...

— Sim... Eu vou ser padre.

— M-mas eu pensei que tu me amava — redarguiu ela, magoada.

— Oh, Rin... Eu a amei desde a primeira vez que a vi. És minha primeira namorada, foi contigo que troquei o primeiro beijo. No entanto... No meu coração eu sabia que não conseguiria ter um relacionamento sadio contigo. Eu jamais poderia fazê-la feliz sendo teu companheiro, sabendo que meu lugar é na igreja, servindo a Deus e ao próximo. Não saberia doar-me inteiramente a ti. E tu mereces um amor de verdade...

Rin afundou a cabeça contra o peito de Kohaku, chorando desconsolada. Não era assim que ela esperava terminar seu dia.

Entre lágrimas, os dois jovens trocaram um último beijo.

 

***

 

 

 


Notas Finais


"Metamorfose ambulante", de Raul Seixas (a música que Rin estava cantando): https://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g

"Equalize", de Pitty (a música que Sesshoumaru estava tentando cantar no carro) - https://www.youtube.com/watch?v=x7WHL-o5tMo

EXECUÇÃO AURORAAAAA!
O professor do Sesshoumaru é, sim, ele! Camus de Aquário! https://68.media.tumblr.com/bcdec8ef283cc1dab313334d53e470fc/tumblr_ogyr5oOofg1qmu5s4o1_1280.jpg

As manchas do rosto do Kouga: http://www.minutobiomedicina.com.br/uploads/posts/1501/lupus-eritematoso-sistemico.jpg

A ordem dos franciscanos: http://4.bp.blogspot.com/-moGa7S0GqKc/T7uQcrW5WNI/AAAAAAAACqg/xF4Ox6ZXqyo/s1600/2011+Custos+y+Consejeros.jpg

Capítulo tensíssimo, esse. Confesso que foi difícil escrever cada parte. Todo mundo sofrendo, de um jeito ou de outro... Hakudoushi, SOCORRO #TodasChora :( (Eu já havia planejado inseri-lo como um figurante sofredor na fic, mas não imaginava que seria tão doloroso escrever essa cena)

E, sim, eu sofri para escrever o término entre Kohaku e Rin. Na minha opinião Kohaku é um personagem brilhante da série e eu não faria dele um bostinha simplesmente para que a Rin saísse correndo para os braços do Sesshoumaru, né? E, SIM, A RIN É APAIXONADA DE VERDADE PELO KOHAKU! Para o Sesshoumaru conseguir conquistá-la, vai ter que se esforçar!
Se é pra ter um romance, que seja intenso! Sesshoumaru, meu filho, arregace as mangas e prepare o coração! #TodasFicaNaExpectativa @Yukina_chan, você acertou sobre o Kohaku! Já pode jogar na Mega Sena! hihi XD

E agora, como ficarão estes personagens?

Obrigada a todos vocês pela imensa paciência e pelo incentivo! E agora eu vou dormir antes que capote de vez, kkkk

Beijos da Mamãe @Okaasan


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