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Meio amarrotados após quase três horas de viagem, Inuyasha e Miroku saíam do campus de Harrow com um panfleto do Instituto Craddock, que era uma instituição privada que oferecia alguns cursos de especialização lato sensu e também tecnológicos por valores mais modestos. A ideia de ofertar os cursos mais baratos era muito boa, segundo Toga Ferguson, o presidente do Instituto. Recebiam alunos não só da grande Londres, mas de quase todo o território britânico e adjacências.
— E agora, Andy?
— Vamos para a estação de Harrow on the Hill pegar o trem para lá — respondeu ele. Inuyasha ficou um tanto inseguro. O mais velho notou e parou de andar:
— Que foi, cara?
— Por que não vamos de ônibus? De trem é mais caro... — afirmou ele, coçando a cabeça, envergonhado. Miroku sorriu e passou o braço por sua cintura.
— Deixe de ser bobo, eu pago. De trem a gente chega lá em menos de quinze minutos.
— Mas o meu dinheiro acabou...
— Quando você arrumar um emprego, você me devolve. Melhor assim?
— Poxa, Andy... — resmungou o caçula, ainda constrangido. Odiava não ter o próprio dinheiro.
— Reclame de novo e eu vou te chamar de Raymond bem alto.
— Keh! Aí não!
— Então, vamos de trem, Inuyasha — falou Miroku, piscando para ele. — E fim de papo.
De fato, os dois irmãos chegaram ao Instituto Craddock rapidamente. Era um grande prédio moderno de três andares, pintado de cores neutras e sóbrias. Inuyasha e Miroku seguiam para o balcão de informações quando uma mulher que chegava apressada deu um pequeno empurrão involuntário neste último. A mulher se pôs diante de Miroku para se desculpar, tocando de leve no cotovelo dele enquanto disparou a falar:
— Desculpe, meu amigo, não foi minha intenção. Sabe, o meu relógio atrasou e eu marquei com o coordenador que estaria aqui antes das duas. Mas então peguei um trânsito horroroso em Northampton e, caramba, me atrasei demais. Enfim, você sabe me dizer onde fica a sala de Mr. DeMarco?
— Não sei... — respondeu Miroku, devagar, sem desgrudar os olhos dos de sua interlocutora que, subitamente, pareceu ficar hipnotizada pelo rosto dele. — Eu não estudo aqui, Miss...
— Sandie Cameron — murmurou Sango. Sentiu que sua boca secava e que seu coração se revolcava no peito diante daquele jovem rapaz de roupas humildes. Inuyasha, parado ali do lado, observava a cena curiosamente. — E você...
— Miroku Wright, Miss Cameron.
— Prazer em conhecê-lo, Mr. Wright — respondeu ela, estudando os contornos dos lábios dele. Da mesma maneira, Miroku olhava com avidez para todo o conjunto agradável do rosto de Sango e sentiu uma vontade irresistível de descobrir o sabor da boca delicada da moça. Porém, o telefone dela tocou, quebrando o encanto. Ansioso, o rapaz deu um passo para trás. Sango atendeu à ligação, a princípio olhando intensamente para Miroku, depois voltando a atenção para seu interlocutor:
— Não, pai, eu não fechei aquele negócio do apartamento. Remédio? Tomei, sim, não precisa ficar tão preocupado. Eu já estou aqui no Instituto — e, distraída, ela saiu andando corredor afora, deixando os dois irmãos para trás.
Andrew Miroku permaneceu parado no mesmo lugar, enquanto Inuyasha o chamava com insistência.
— Andy! Andy, me escuta! ANDY!
— Ray, é ela — balbuciou ele, atônito e impedindo o caçula de reclamar. — É ela. Eu sei que é.
— Ela é o que, seu doido?
Suspirando e apertando o braço de Inuyasha, Miroku sussurrou:
— Ela é a mulher que pedi a Deus. A mulher dos meus sonhos.
— Também achei essa mulher muito gostosa, Andy.
Miroku olhou com raiva para o caçula.
— Inuyasha, você não pensa em outra coisa? E não é disso que eu estou falando...
— Tá, me desculpe, mas... Eu não estou te entendendo. De que você está falando, então?
— Estou dizendo que... Já estou apaixonado por essa mulher!
***
Ao fim da tarde, Irani Tibiriçá, sentada sobre um banquinho de ferro do abrigo onde vivera nos últimos vinte e dois meses, estalava as articulações dos dedos, imensamente ansiosa. Não entendia quase nada do idioma inglês e, desde que aquele homenzarrão belo e loiro de meia idade aparecera ali e a encontrara, a jovem apelidada Rin sentiu que, desta vez, ela sairia mesmo dali. Não que ela estivesse se sentindo segura com o fato.
A brasileira, cuja altura não ultrapassava 1,60m, tinha cabelos nigérrimos, lisos, que lhe alcançavam a lombar. Seu corpo tinha curvas moderadas, porém belas e atrativas; cintura fina, quadril generoso, mãos e pés pequenos. Seus traços mestiços não tinham nada de incomum, mas seus olhos negros tinham um magnetismo singular, que faziam dela uma bela e aprazível cabocla.
Logo, o diretor do abrigo se aproximou dela, acompanhado pelo casal Ferguson. Seu olhar foi imediatamente atraído para a mulher morena, que usava um macacão florido, longos cabelos trançados e um crucifixo no pescoço. O sorriso das duas foi instantâneo. Toga, de mãos dadas com sua esposa Izayoi, arriscou um cumprimento em português:
— Bom tarde, girl...
— Buenas tardes. Mi nombre es Izayoi, chica – completou a espanhola, falando de forma clara e pausada. Rin perdeu um pouco da espontaneidade ao se lembrar do que aqueles dois queriam. Vendo-a receosa, o diretor disse ao casal:
— Ela está bem ansiosa. Acredito que entenda um mínimo de espanhol... A propósito, Sir Toga... Hoje está aqui minha sobrinha, que faz intercâmbio em Westminster e fala muito bem o português. Por uma feliz coincidência, ela veio ao abrigo hoje para nos visitar. Posso ver se ela se habilita em traduzir o que Irani quer dizer...
— Será? Então eu não vou passar vexame – brincou o presidente do Instituto. Virou-se para a jovem: — Rin... Yo no sé hablar portugues...
— Isso eu percebi... – murmurou ela. Os outros três riram de sua sinceridade; ela acabou se descontraindo um pouco mais. Izayoi, encarando-a com atenção, aproximou-se um pouco mais da jovem morena, enfiando a mão na bolsa.
— O que vai fazer, Iza? – indagou Toga, curioso.
— Vou perguntar para ela se quer mesmo ir conosco. Não vou levar ninguém para casa sem ter certeza de que é isso o que quer.
— Com sua licença... Vou buscar Danne – afirmou o diretor, se afastando. O loiro encarou a bela Izayoi.
— Mas nós já conversamos ontem, querida.
— Quero ver com meus próprios olhos, Toga.
E a mulher tirou uma foto de sua carteira; Sesshoumaru e Naraku, mais jovens, sorridentes e posando para a câmera exibindo suas cicatrizes do transplante renal bem sucedido. O espanhol era bem mais magro e tinha expressão mais fragilizada. Ao se observar a imagem com mais atenção, era possível notar que os dois estavam em um quarto de hospital. Izayoi entregou-a para Rin, comentando:
— ¿Mi querida, puedes entenderme?
— Um pouquinho – respondeu a jovem, fazendo um gesto de “pouco” com os dedos.
— Bueno. Este es nuestro hijo John... – e apontou para o loiro. Rin olhou atentamente para a foto:
— E este aqui?
— Es Octavio, el mejor amigo de John.
A garota pareceu intrigada, estudando os rostos da fotografia. A semelhança de Sesshoumaru com o velho Anthony era inegável, mas algo no olhar de Naraku não passou despercebido a ela.
— Ele não é feliz, esse rapaz.
— ¿Que dices?
— Ele é... – a garota pensou em um termo que fosse compreendido pelo casal. — ... Triste. Ele é um homem triste.
E essa mulher também tem uma dor na alma... Não sei porque tenho essa impressão, pensou Rin, olhando diretamente para os olhos castanhos da mulher. Izayoi pareceu momentaneamente desconfortável, mas logo disfarçou com um de seus radiosos sorrisos.
— Entonces... Rin...
O diretor do abrigo, que havia se afastado minutos atrás, voltava para eles acompanhado de outra jovem, de pele alva e fisionomia bem-humorada – um grande contraste com a garota Rin, que estava um tanto circunspecta para uma garota de sua idade e extremamente tensa.
— Esta é Danne Oliver, senhores. Ela se ofereceu para interpretar o que nossa Irani tem a dizer.
— Boa tarde, senhor e senhora Ferguson — saudou a jovem, em inglês, e em português para Rin: — Boa tarde, Irani.
— Olá, Miss Oliver. Somos muito agradecidos por sua ajuda valiosa — respondeu Toga, esbanjando seu charme natural, fazendo a moça olhar encantada para ele.
— Pode me chamar de Rin mesmo — comentou a brasileira.
— E a mim, só Iza está bom, querida. Não precisa ser formal...
Miss Oliver sorriu brevemente, enquanto olhou para o casal, à espera.
— Bem... — começou Izayoi, ainda com a foto em mãos. — O que quero dizer, Rin, é que nosso filho John precisa de sua ajuda. Ele está perdendo a visão, enquanto aguarda por um transplante de córneas. E Anthony — apontou para o marido — me disse que sentiu algo especial quando olhou para você aqui no abrigo.
— E é verdade. Foi como se eu tivesse encontrado a pessoa certa para o nosso John...
Rin fez uma expressão estranha. O homem se apressou em se explicar, enquanto a sobrinha do diretor traduzia suas palavras:
— Não me entenda mal! Eu quis dizer que John precisa de uma pessoa para guiá-lo, ele mal consegue ver os interruptores de luz e as maçanetas das portas e...
— Senhor Ferguson, fale um pouco mais devagar, por favor? — pediu Miss Oliver, confusa.
— Deixe comigo, cariño. Rin, querida, nos ajude. O mais certo a fazer seria comprarmos as passagens para você voltar para sua terra, mas... Inexplicavelmente, agora que te conheci, sinto que você é a pessoa enviada para nos ajudar com o nosso filho — afirmou Izayoi.
Após ouvir a tradução de Danne, Rin olhou mais uma vez para a foto, que lhe foi estendida. Diante de si, tinha a opção de recusar e permanecer presa naquele abrigo, sem chances de voltar para o Brasil (apesar de que, a cada dia que se passava, ela se sentia menos inclinada a isso). Poderia, também, aceitar e ir viver com aquele casal e o loiro belíssimo da foto. Estava ficando cego e precisava de uma guia. Ela seria muito mais útil o auxiliando do que internada naquele local cheio de crianças. E um homem tão bonito como aquele não poderia ser má pessoa...
Não que ela acreditasse em aparências, depois de haver sido enganada e raptada por um casal que parecia ser correto e respeitável. Ficou pensativa por instantes, enquanto o casal a olhava com franca expectativa.
— Miss Oliver... — disse ela à outra moça.
— Pois não?
— Diga a eles... — olhou nos olhos de Toga e Izayoi, resoluta. — Diga a eles que eu... Eu aceito.
***
Londres, 2005 — Nove anos atrás
John Sesshoumaru, escorado na parede da recepção do Hospital St. Mary, deixava a mão cair sobre o ombro de Izayoi. Eles nunca foram muito próximos, mas nos últimos dias algo motivava o loiro a sempre estar à volta da espanhola, cujos olhos fundos indicavam um sofrimento intenso.
Logo, Toga Ferguson chegava ao local, olhando diretamente para o filho.
— Ele quer te ver, meu filho. Suba.
— Já vou. Você vai ficar aqui com Iza?
— Fico, John — respondeu o homem, com um sorriso fraco.
Lentamente, Sesshoumaru se pôs a andar em direção ao elevador que o levaria até o terceiro andar do hospital. Suas pernas pareciam pesar toneladas. Seu coração parecia de chumbo. Logo ele chegava diante de um quarto e batia à porta, delicadamente, antes de abrir a maçaneta.
Deitado sobre o leito, estava aquele a quem a família Ferguson chamava de Naraku. Um jovem horrendamente magro, pés e mãos inchados, ligado a uma máquina de hemodiálise. Os cabelos cacheados, de tão ressecados, haviam sido cortados à altura dos ombros; os lábios finos descorados davam uma triste aparência ao espanhol de 23 anos de idade e internado com insuficiência renal aguda. Mesmo as quatro sessões semanais de hemodiálise não estavam sendo tão eficazes.
Naraku estava morrendo.
— Octavio — murmurou Sesshoumaru, ainda parado à porta — sou eu.
Sonolento, o moreno se virou para ele, convidando-o para entrar. O loiro fechou a porta e se sentou ao lado do seu melhor amigo, que agora lhe sorria.
— John... Trouxe o mp4?
— É claro que eu trouxe. E um fone também.
— Não — murmurou ele, fracamente. — Eu quero ouvir alto.
Sesshoumaru tentou disfarçar um tremor nas mãos ao ligar um mp4 que trouxera no bolso. Os primeiros acordes de Nostalgia encheram o quarto do rapaz; ele fechou os olhos.
— Eu adoro Nostalgia. Pena que não aprendi a tocar com as duas mãos...
— Mas você pode aprender, Naraku. Apesar de ser viado, você é inteligente.
O espanhol sorriu; a música lhe toldava os sentidos e o fazia esquecer um pouco daquela triste situação em que se encontrava. John Sesshoumaru, que na época usava óculos de grau, não parava de olhá-lo, amargurado. Era a primeira vez que ele se dava conta do quanto aquele rapaz desbocado lhe era importante.
— Sou um bissexual inigualável, milorde. Você não vai encontrar outro igual a mim depois que eu morrer.
— E quem disse que eu quero outra bicha louca atrás de mim? E pare de gracinhas. Você não está morrendo, seu palhaço.
— Eu é que já ando cansado de andar com um riquinho mimado idiota. E, sim, estou morrendo. Mas estou feliz, sabia?
— Está feliz?
— Estou. Os anos mais felizes da minha vida foram esses que vivi junto com você e seus pais.
Nostalgia chegava a um momento de crescendo que levou Naraku a se calar mais uma vez, se deixando envolver em toda aquela magia. O loiro, ao seu lado, lutava contra um nó na garganta.
— Naraku, e se... Se encontrarem um rim?
— Se encontrarem, farão o transplante e eu talvez viva mais um pouco.
— Você quer o meu?
Mesmo enfraquecido, Naraku se esforçou e se sentou na cama, olhando abismado para Sesshoumaru. Sorriu, zombeteiro.
— Se eu quero o seu? Ah... Por que não me ofereceu antes? Há anos paquero a sua bundinha. Você foi muito maligno ao deixar para topar transar comigo agora que estou morrendo, meu pau nem sobe mais.
— Filho da p***, não é disso que estou falando!
— Eu entendi, seu merda... Mas não se preocupe. Foi bom enquanto durou, tá legal?
Sesshoumaru se ergueu da cadeira, enfurecido, e segurou Naraku pela gola da camisa.
— Para de falar como se sua vida não valesse nada para você, p****!
— Mas a minha vida vale muito para mim — afirmou o outro, atônito. — Só que a sua TAMBÉM vale, Sesshoumaru. E se você morrer por causa desse transplante? Não estamos falando de uma troca de velas de filtro, seu retardado!
— EU SEI QUE NÃO ESTAMOS FALANDO DE VELAS DE FILTRO! — berrou ele, estourando de vez. — MAS, SE VOCÊ ACHA QUE VOU TE DEIXAR MORRER POR CAUSA DE UM RIM, SENDO QUE EU TENHO DOIS, ESTÁ MUITO ENGANADO, SEU BOQUETEIRO DO C*****!
E, lhe dando as costas, Sesshoumaru se dirigiu até a janela, mal enxergando a multidão de prédios que estavam diante de seus olhos. Naraku Octavio, não menos aturdido, voltou a se deitar.
Não poderia aceitar o rim do amigo que, naquele instante, chorava em silêncio na janela. Longos minutos de silêncio se passaram, enquanto Nostalgia continuava tocando.
— Sesshoumaru — pediu ele, humildemente. — Molhe minha boca, por favor. Não posso beber água.
O loiro, enxugando as lágrimas, veio até o amigo e lhe estendeu um copo com água, para que pudesse molhar os lábios. Aquela era uma visão triste que perturbaria Sesshoumaru por longos dias.
Ele adorava aquele seu amigo pervertido e sarcástico. O que seria de sua vida sem ele?
— Obrigado pela água e pela Nostalgia, John — murmurou o espanhol, genuinamente agradecido.
— Sem viadagens perto de mim — cortou-o o loiro, ainda com a voz um pouco comovida. — Quando você tiver alta, quer me acompanhar a uma turnê do Yanni?
— Mas você nem gosta tanto do Yanni, Sesshoumaru.
— E daí? Você gosta... E, além do mais, a gente sempre pode encontrar umas mulheres necessitadas nesses shows — replicou ele, fazendo graça. Naraku sorriu de novo. Duvidava muito que fosse escapar com vida, mas a forma peculiar de Sesshoumaru demonstrar carinho por ele lhe trouxe bem estar e conforto ao coração.
— Esse é o Sesshoumaru que eu conheço... Sempre pensando com a cabeça de baixo.
— Você não é diferente de mim, seu vagabundo. Ou melhor... Sim, você é diferente até demais. Eu não saio dando a bunda por aí.
— Você é um preconceituoso, só isso. Quando experimentar dar a bunda, vai ficar viciado.
— Isso nunca vai acontecer, seu nojento. Estou indo. O mp4 é para você.
— O que você pôs nele? — indagou o moreno, estendendo a mão magra para receber o objeto.
— Yanni, Kenny G, Richard Clayderman... E meu pai pediu para colocar um álbum do Luis Miguel...
— Tem Michael Jackson?
— Claro. Achou que eu iria esquecer?
Naraku sorriu, satisfeito.
— Quero ver Iza, John. Ela veio?
— Sim, veio... Eu vou... Vou chamá-la para você.
Aquela poderia ser a última vez que Sesshoumaru veria Naraku com vida, mas o loiro se recusou a ir abraçá-lo. Em sua cabeça, já tinha decidido doar o rim para o amigo, a não ser que houvesse algum impedimento muito sério.
Ele lutaria por aquela vida.
— Ela não demora. Vou lá... Até mais.
— Sesshoumaru...
— O que é?
O moreno agora estava muito sério.
— Independentemente de eu sobreviver ou não, quero que me prometa uma coisa.
— Que conversa é essa?
— Promete ou não?
— E eu lá posso prometer algo que não sei do que se trata?
— Não é nada que vá lhe prejudicar. Foi o mesmo que eu pedi ao seu pai.
O loiro parou, à espera. Suspirando, Naraku Octavio murmurou, com os olhos brilhantes.
— Cuide bem de Izayoi. Você sabe o quanto eu amo a minha mama querida. Queria tanto que ela fosse minha mãe de verdade.
— C-claro, Octavio. Eu prometo cuidar muito bem dela.
— Então, eu vou ficar mais tranquilo.
— Até amanhã, Naraku — disse Sesshoumaru, num cicio, o peito dolorido.
— Até amanhã, Sesshoumaru.
Devagar, o loiro fechou a porta sem encarar o amigo e se afastou. Não viu seus pés o conduzindo para a recepção; não viu sua madrasta se acercando dele, que agora perdia a luta contra o choro de uma vez.
Sesshoumaru envolveu Izayoi nos braços e chorou como um órfão. Ela, não menos abalada, retribuiu-lhe o abraço e ambos prantearam por longos minutos, sob o olhar comovido de Anthony Ferguson.
Então, o jovem loiro ergueu os olhos inchados para seu pai e, resoluto, afirmou:
— Pai, mande me internarem. Quero que tirem um dos meus rins e façam o transplante para Naraku Octavio.
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