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História Nem por Meio Milhão de Libras! - A sedução de Sango Cameron


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

Mais um capítulo, com tretas, brigas, taradices etc. kkkkk
Por falta de tempo, não postei as traduções das frases em espanhol, que são bem fáceis de entender. Qualquer dúvida, é só perguntar nos comentários!

Boa leitura!

Capítulo 6 - A sedução de Sango Cameron


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - A sedução de Sango Cameron

***

 

Um copo de cristal foi atirado contra a parede cor de nata da sala de Ferguson Manor enquanto uma jovenzinha indígena sufocava um gritinho.

— VOCÊS ENLOUQUECERAM?! EU NÃO PRECISO DE GUIA! – berrou John Sesshoumaru. Rin, ao lado de Izayoi, se encolheu. Não era preciso entender o idioma em que o homem falava para notar que ele não a recebera amigavelmente.

— Sesshoumaru, meu filho, tenha modos – alertou-o seu pai, severo. – E seja gentil. Rin ainda está aqui.

— MANDEM-NA EMBORA ENTÃO! EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM!

Naraku Octavio observava a cena e estudava a jovem de baixa estatura ao lado da senhora daquela mansão. Com uma camiseta de malha, calças jeans e um par de tênis velhos, Rin lhe parecera uma jovem notoriamente humilde e realmente linda. A fisionomia da morena indicava consternação, sim, contudo o psicanalista não viu temor naqueles olhos negros. Deu um pequeno sorriso.

— Sesshy, meu querido, não faça isso com Rin – interveio Izayoi, constrangida. – Ela veio com tanta boa vontade para te ajudar...

— NÃO PRECISO DE P**** DE AJUDA NENHUMA! E NÃO ME CHAME DE SESSHY!

— Iza – afirmou a jovem, já aborrecida com aquilo. Falava em português, pausadamente. – Eu quero ir embora.

Oh, no, cariño, por favor...

— Que raio de língua é essa?! – perguntou Sesshoumaru, ainda mais enraivecido. – Isso não é castelhano...

— É português, John – respondeu Toga, sem saber o que fazer diante do quadro crítico. – Rin é brasileira...

Naraku, simpatizando com a menina, ia comentando:

— Mas deve entender pelo menos um pouquinho de castelhano, não é, Tog-

— BRASILEIRA?! P*** QUE PARIU, PAI! SOME COM ESSA PESTE DA MINHA FRENTE!

— Sesshoumaru! – volveu Naraku, indignado. Não tinha paciência com a xenofobia do amigo. – Baixe a bola, seu babaca! Está sendo ridículo! Você mal conhece a menina! Não pode julgá-la por causa de sua origem!

— RIDÍCULO É MEU PAI APARECER AQUI COM UMA CRIA DAQUELE LUGAR HORRÍVEL DIZENDO QUE ELA VAI ME GUIAR...

— Sesshoumaru! Já chega! – interrompeu Izayoi, zangada.

— CALE A BOCA VOCÊ TAMBÉM, IZAYOI! ISSO SÓ PODE SER OBRA SUA! QUERIA FAZER UMA CARIDADE PARA AGRADAR SEUS AMIGUINHOS IMAGINÁRIOS?

Então o loiro foi atirado no chão com um soco. Naraku ficou furioso; odiava ver o amigo maltratando a doña Ferguson, que, imediatamente, deu um passo para trás. Conhecia aqueles dois.

— NÃO GRITE COM ELA, P****!

— ME SOLTA, ARROMBADO! — berrou John Sesshoumaru, estapeando Naraku e se defendendo como podia.

Rin assistia a tudo de olhos arregalados. Cutucou o braço de Izayoi, nervosa.

— Ô, Iza... Olha, e-eles estão...

Eso es normal, Rin... — respondeu a mulher, enfadada. Deixaria para fazer as apresentações devidas depois. — Sígueme. Te voy a mostrar la casa.

A gritaria entre os dois brigões aumentou quando o espanhol puxou os cabelos de Sesshoumaru que, ao ouvir as palavras da madrasta, lutou para se desvencilhar do moreno e lhe golpeou impiedosamente entre as pernas com um chute.

¡MIS HUEVOS! — berrou o espanhol, quase em lágrimas. — ¡VETE EN CULO, SESSHOUMARU!

— NÃO VAI NÃO, IZAYOI! — gritou o loiro, depois de deixar o amigo rolando no chão com a dor. — Você NÃO vai mostrar a casa para essa... Essa...

Sesshoumaru veio andando decidido até o padrão de cor preto-pele-branco-azul que ele deduzia ser Rin até se colocar diante dela. Toga e Izayoi ficaram alarmados e se acercaram da menina; ela, contudo, tocou-lhes os braços.

— Não se preocupem. Esse engomadinho não vai se meter comigo.

Oh my God! Rin! — fez o dono da casa, preocupado com ela e também com seu filho, que parecia desvairado.

— Ses-shou-ma-ru! — exclamou a brasileira, impávida. — Eu não tenho medo de você, Ses-shou-ma-ru. Quer vir? Pode vir, cabra doido! Você é grande, mas não é dois. Eu sou pequena, mas não sou metade!

¡Cállate! — retrucou ele, falando em espanhol pela primeira vez e sem entender quase nada das palavras da mocinha. Por fim, estendeu a mão rapidamente, segurando Rin pelo queixo e aproximando os rostos com brusquidão. O loiro pôde vislumbrar sobrancelhas médias, olhos puxados como os de uma japonesa, pele morena clara sem manchas, nariz com base um pouco larga e lábios com volume moderado, além de um furinho no queixo.

Que garota linda...

Sesshoumaru piscou várias vezes, impressionado ao ver que a “cria do Brasil” era muito mais bela do que ele poderia pensar, com aquele rosto típico de...

Una india... — afirmou ele, a princípio surpreso, e em seguida acusador. Afastou-se de uma só vez, dando mostras de estar enojado. Fez questão de falar devagar para ser compreendido pela jovem irritada. — Una india brasileña... ¡Carajo! ¡Tú debes subir al árbol como una macaca y gritar BUBUBUBUBU!

— JOHN! Chega! — gritou Toga, agastado. — Não foi essa a educação que eu te dei! Respeite a menina!

Sube en las ramas como una macaca y... — o loiro se acercou mais uma vez, falando ainda mais devagar. Os olhos da jovem se arregalaram ainda mais ao ver o homem fazer um gesto obsceno com as duas mãos para ela. — Viniendo de un país de mierda como Brasil, ¡ciertamente debes ser una puta!

Aquilo foi demais para Rin que, enfurecida, passou o pé violentamente pelo do loiro, dando-lhe uma bruta rasteira que o derrubou ao chão. Sesshoumaru gritou todos os palavrões e impropérios que conhecia. Antes, porém, que conseguisse se colocar de pé, foi derrubado mais uma vez por um Naraku mais do que irritado.

— VAI ME PAGAR POR ESSE CHUTE, SEU CEGO DO C******! EU VOU FAZER OMELETE DOS SEUS OVOS!

— ME ERRA, SEU VIADO IDIOTA! ME SOLTA! VOU ESGANAR ESSA INDIAZINHA DESGRAÇADA! ME SOLTA!

A briga recomeçou a toda.

Ignorando a cena dos rapazes e ainda atônitos diante da rasteira de Rin em John, Izayoi e Toga se entreolharam; ela permaneceu ali, trêmula, refletindo pela primeira vez no que fizera com o filho dos proprietários daquela mansão... Ela deveria guiá-lo, jamais agredi-lo! Mas aquelas ofensas e palavrões... Ah, não dava para ignorar. Contudo, ali estavam os pais do homem que perdia a visão, encarando-a. A jovem respirou fundo, sem saber o que a esperava.

A mão de Toga tocou as costas dela; em seguida, a de Izayoi também. Rin, estranhando, olhou para os dois.

Rin, ¡bienevenida a nuestra familia! — disse o belo nobre, com um sorriso.

— M-mas eu bati nele...

Tú eres la persona adecuada para nuestro Sesshoumaru, chica.— afirmou a espanhola, amável, conduzindo Rin para fora da sala de estar parcialmente destruída. — Te voy a mostrar la casa.

Ela olhou ainda uma vez para trás e lá estavam John Sesshoumaru e Naraku Octavio rasgados, sujos e descabelados, rolando pelo chão aos murros.

Que família louca. Eu bato no cara e eles vêm me dizer que sou a pessoa adequada para guiar esse ogro chamado Sesshoumaru... Eu, hein?

 

***

 

Na mesma tarde, em Otley, o clima no quarto de Kagome, que ficava no segundo andar da casa da família Higurashi, era de luxúria.

O namorado da jovem japonesa ofegava, ajoelhado, com o rosto enfiado debaixo da saia curta da moça, que se continha a duras penas para não gemer bem alto como queria e ser flagrada por sua mãe. Inuyasha, já muito desinibido por causa do próprio desejo, havia apoiado a coxa esquerda de Kagome sobre seu ombro e deslizava lábios e língua pela vulva da jovem, dando atenção especial ao pequeno clitóris. Aproveitava para se masturbar durante aquele novo passo de intimidade que dava com sua querida. Era o primeiro oral que ele fazia; um pouco atrapalhado, mas com carinho suficiente para levar Kagome ao delírio.

— Amor, para... – suplicou ela, enlouquecendo. – Para e vem me fazer mulher, eu não aguento mais. Vem pra dentro de mim AGORA.

— N-não. Não podemos... Não posso. É pecado...

— E daí?! Você está me chupando, isso também não é pecado?!

— Kagome, por favor...

— Eu que te peço por favor, Inuyasha. Me arregaça com essa rola, vai...

— Ohh... Assim eu não vou suportar, gostosa...!

— Não precisa suportar, só vem apagar meu fogo... – a moça não conseguiu articular mais nada; Inuyasha intensificou suas carícias lúbricas no sexo dela, que mordeu a própria boca. Olhou para baixo e viu o namorado de olhos fechados, gemendo contra sua genitália; ele havia atingido o clímax, contendo os fluidos em sua mão. Em poucos segundos Kagome estremecia ao alcançar um orgasmo fortíssimo. Refreando seus gemidos como podia, a jovem recostou a cabeça no namorado sobre seu abdome. Inuyasha abraçou seus quadris e suspirou, enlevado pela garota.

— Apressadinho — murmurou ela. — Por que não fez comigo do jeito que eu pedi?

— Está maluca? E se a sua mãe chegasse de repente aqui?

O casal ainda ofegava quando ouviu a voz da dona da casa os chamando do andar de baixo:

— Kagome-chan! Traga Inuyasha para o chá.

Vermelhos, eles se entreolharam; Kagome ajeitou a própria roupa e o namorado pediu permissão para utilizar o banheiro, pois suas mãos e boca precisavam ser higienizadas; logo em seguida, a garota fez o mesmo. Logo os dois estavam diante de Kazuko Higurashi, que os serviu de sanduíches integrais, biscoitos, chá e suco natural. Inuyasha não conseguia encarar a futura sogra com naturalidade; logo, a mulher percebeu sua evidente vergonha e se dirigiu à filha:

— Amorzinho, pode nos dar licença?

Kagome, mesmo corada, agiu de forma tranquila – se levantou da mesa, pediu licença a ambos e afirmou:

— Inu, já volto. Vou tomar um banho e lavar o cabelo antes que esfrie muito, senão minha cabeça dói... E, mamãe, pega leve com ele.

— Pode ficar em paz, Kagome. Ele vai sobreviver.

— C-como assim, Mrs. Higurashi? — indagou ele, nervoso, olhos enormes.

— Nada, só quero te perguntar umas coisas.

A mulher esperou a filha subir as escadas e sua pergunta quase levou o jovem Wright a ter uma síncope.

— Vocês dois usam camisinha?

Inuyasha engasgou e começou a tossir feito louco. Kazuko Higurashi olhou impressionada para a reação do rapaz e acrescentou:

— É, parece que não. Isso foi um vacilo de sua parte, Mr. Wright. Kagome ainda não está preparada para ser mãe.

— M-m-mas...

— Eu sei de tudo, Raymond Inuyasha. Minha filha e eu temos um relacionamento muito bom e sincero. Ela não esconde nada de mim sobre o namoro de vocês.

Inuyasha tremeu a ponto de soltar o sanduíche. Aquelas verdades atiradas em sua face lhe desconcertaram totalmente:

— Mrs. Higurashi, eu... Ah, meu Deus... Que vergonha!

— Você deveria era ter vergonha de fazer o que faz com Kagome – retrucou a mulher. Seu rosto, todavia, continua sereno e até mesmo gentil para o jovem Wright. – Agora seja um bom cristão e não minta para mim. Vocês estavam transando agora há pouco?

— Não, nós não...

— Ah, estavam revisando artigos sobre alfabetização? Kagome já tentou me tapear com essa – inquiriu ela, sarcástica. O rapaz estava lívido.

— N-n-não, a gente... Estava... Keh! – explodiu ele, levando as duas mãos ao rosto com certa agonia. – Eu confesso! Passamos dos limites. Me perdoe.

— Você quer que eu te perdoe porque esteve dando um amasso em minha filha? – Kazuko Higurashi indagou, levando Inuyasha à beira da loucura do constrangimento. Sua forma escrachada de dizer as coisas não ajudava muito. – Filho, não seja tão dramático.

— Eu sou um maldito pecador – murmurou ele, cabisbaixo. — Vou ser condenado.

— Inuyasha, não é para tanto. Você está se torturando.

— Keh! É só a verdade, Mrs, Higurashi! Eu prometi respeitar sua filha, mas esse demônio me deixa fora de mim.

— Demônio? Que demônio? Está se referindo a Kagome? — perguntou a mulher, assustada. Inuyasha gesticulou exageradamente, afoito.

— Não, claro que não! É um demônio de lascívia que me faz perder a cabeça quando estou com ela.

— Oh, entendo... Eu sei que demônio é esse.

— Sabe?

— Sim, é um demônio chamado testosterona — afirmou ela, levando o rapaz a ficar ainda mais vermelho e constrangido. — Meu filho, você não deveria ter tanto medo assim de falar sobre sexo. Cá entre nós, eu não me sinto confortável ao saber que minha filha transa com o namorado...

— M-mas a gente não...

— Calma aí. Como eu dizia, não me sinto confortável ao saber que a minha menina já faz essas coisas, mas entendo também que ela já é uma adulta. Não posso interferir na vida dela.

— Mas... Mas não ensinam que é pecado isso lá na... Na sua igreja?

— Ensinam, mas isso é algo que simplesmente acontece, Raymond — a mão pequena de Kazuko alcançou a de Inuyasha por cima da mesa. — Escute, eu não pedi esse momento com você para te julgar, pelo contrário. Eu só quis te dar alguns conselhos. Você é um bom rapaz e Kagome te ama.

— Eu também a amo e quero muito me casar com ela — ecoou ele. — Pena que anda difícil conseguir emprego aqui em Yorkshire.

— Compreendo, meu querido. Esse é mais um motivo para você passar a carregar camisinhas na carteira. Não quero que Kagome entupa as veias de hormônios tomando esses anticoncepcionais, e ela concorda comigo.

— ...

— Vou te sugerir outra coisa, Inuyasha.

— P-pode falar.

— Mande currículos para fora de Yorkshire também.

— Mamãe! — soou a voz de Kagome, lá de cima. — Acabou o condicionador!

— Mas nós crescemos aqui, Mrs. Higurashi. E não sei se a minha irmã iria gostar de sair de Leeds. Quer que eu leve o condicionador para Kagome?

— Nem sempre temos escolha, querido. E não, eu não quero que você leve o condicionador para Kagome, ainda mais depois de saber que você não carrega camisinhas.

Inuyasha abriu a boca, fazendo pose de ultrajado.

— Keh! O que pensa que sou? Eu não entraria num banheiro sozinho com Kagome...

— Você não sabe mentir, também. Eu vou lá. Enquanto isso, termine seu lanche.

A mulher, então, se levantou e se dirigiu para as escadas. O rapaz suspirou profundamente, pensando na oportunidade de ver a namorada nua que lhe fora negada.

 

***

 

Sexta-feira em Coventry. O clima ligeiramente frio da manhã fazia com que os transeuntes que se dirigiam para seus empregos se arrepiassem.

Perto da esquina de Gosford Street, Andrew Miroku conversava ao celular com seu irmão mais novo, escorado no micro-ônibus que dirigia:

— Inu, olha que novidade boa. Vou passar a ver você e Ann Kikyou toda semana!

— Sério? Que ótimo! Você vai vir para Leeds?

— Não. Mas ganhei uma nova rota! Vou passar a dirigir até Paddington. Tenho passageiros que também vão para o Instituto Craddock!

— Eu e ela vamos começar hoje, Andy. A gente vai te ver? — indagou Inuyasha, entusiasmado. O rapaz adorava Miroku.

— Claro que sim! Em carne, osso e barba de pregador! — o caçula, do outro lado, riu a valer.

— Agora sim fiquei empolgado... Eu estou doido para que chegue a noite. Vamos tomar sorvete depois da aula, mano?

— Sorvete com um frio desses?

— Keh! Não está fazendo esse frio todo não!

— Ah, claro — replicou o outro. — Esqueci que você tem fogo dentro da cueca, por isso não sente frio, seu tarado.

— Ei, isso não é verdade!

O jovem Wright, entretido com o telefonema, não percebeu que Sandie Cameron, que estava fazendo sua caminhada matinal, passava do outro lado da rua, com os olhos fixos nele. A advogada estava confusa consigo mesma – pela primeira vez na vida ela se sentia totalmente fascinada por um homem. Desde que o conhecera dentro do Instituto Craddock, a mulher o desejara intensamente — e, agora, o destino o colocava bem ali, no bairro onde morava.

Aquele rapaz... Roupas simples, uma boina na cabeça, um aparelho celular mais do que ultrapassado e um par de tênis surrados compunham o look singelo do jovem Andy que, por acaso, olhava em sua direção.

O tempo parou — congelou — quando os olhares de Sango e Miroku se encontraram.

— Andy? Alô, Andy? Você está me ouvindo? — chamava Inuyasha, sem ser respondido. O jovem motorista acabou por encerrar a chamada, surdo à voz do seu irmão, quando viu que aquela mulher deslumbrante em roupas fitness atravessava a rua, vindo até ele.

Sango desistira de lutar contra aquela atração visceral que seu corpo sentia pelo humilde Miroku Wright e decidiu ir ter com ele. Parecia enfeitiçada; o pensamento de tê-lo em sua cama mais tarde despertava em si luxuriosas expectativas. Miroku, por sua vez, via a mulher como Salomão via a Sulamita, no Cântico dos Cânticos¹.

Logo os dois estavam de frente um para o outro, se olhando como se fosse o último dia de suas vidas.

— Err... Miss Cameron... — tartamudeou o rapaz, pernas bambas. — B-bom dia. Que interessante nos encontrarmos de novo... Como tem passado?

— Bom dia, Mr. Wright. Estou bem, e o senhor?

— Me chame de você, Miss...

Mistress — corrigiu-o ela, com um sorriso. — Não sou mais uma senhorita já há algum tempo.

— A senhora é casada? — indagou Miroku; Sango notou o medo no olhar dele.

— Divorciada. E você?

— Solteiro...

— Você é bem jovem. Eu acharia estranho se você fosse casado. Está ocupado?

— Não, eu estou... Esperando os alunos da Coventry University para levá-los de volta. A aula termina às doze.

— Ah, então você transporta estudantes...

— É... — respondeu ele, com um sorriso doce e envergonhado; Sango precisou conter seu ímpeto de ir beijá-lo. — Oh... Bem... A senhora tem um sotaque diferente. É escocesa?

— Sou — sorriu ela de volta, sem a mesma ingenuidade. O rapaz parecia atônito com a visão do sorriso sedutor. A mulher olhou em seu relógio; ainda não eram nove horas da manhã. Rapidamente, elaborou um plano.

— É muito tempo para ficar aí. Por que não vamos tomar um café?

— C-café? — gaguejou ele. Lembrou-se de não ter um centavo no bolso e corou. — Oh... Mrs. Cameron, eu...

— Vem! Eu conheço uma padaria maravilhosa.

E, sem cerimônia alguma, Sango agarrou a mão de Andrew Miroku e o levou consigo para uma rua menos movimentada. Andaram por alguns minutos em silêncio, ela à frente, ele agoniado por estar sem dinheiro. Enfim, chegaram diante de uma padaria pequena, porém refinada, e Miroku corou de novo. Puxou o braço de Sango, delicadamente.

— Mrs. Cameron, não é melhor a gente voltar? Eu... Não estou com fome — mentiu ele. Então Sango entendeu que ele estava com vergonha; afirmou de volta, piscando um olho:

— Deixe de bobeira, você vai me acompanhar no café, então. Estou faminta!

E o levou para dentro do pequeno estabelecimento, pedindo ao atendente dois scottish breakfast sem café. O jovem motorista continuava incomodado.

— Ah, Mrs. Cameron... Eu acho que não é uma boa ideia. Sabe, eu...

— Está sem dinheiro? — perguntou Sango, sem rodeios, com aquela voz melodiosa e suave que tanto fascinou Miroku da primeira vez. — Não se preocupe. Isso é normal. Todo mundo chega quebrado ao fim do mês, nesses tempos de crise — e sorriu, piscando de novo: — Da próxima vez, você pode pagar o nosso café, se realmente for sua vontade.

Ela quer me ver outra vez? Será que está apaixonada por mim também?, pensou Miroku, ainda com o coração aos pulos. Nenhuma de suas reações passava despercebida aos olhos da mulher que, por ser bem mais experiente, se divertia com ele. Miroku se perguntava o que seria o tal desjejum quando uma garçonete veio com duas bandejas fartas. Sango sorriu para a jovem.

— Obrigada, linda. Andrew Miroku Wright... — começou a dizer Sango, em um tom de voz que ela sabia que tinha o poder de derreter corações. — Eis que lhe apresento um autêntico desjejum escocês.

— Meu Deus... — murmurou ele, boquiaberto. As bandejas continham bacon, ovos mexidos, linguiça, salsicha, feijão, pãezinhos integrais, margarina, pêssegos em calda, suco de laranja natural, leite, chá e cereais matinais. A jovem professora, sem cerimônia, se servia de um pãozinho com geleia e suco.

— Não gostou, Mr. Wright?

— Ora... Eu... Meu Jesus Cristo! — exclamou ele, olhando para a fartura de alimentos. — Eu nem sei por onde começar!

Sango teve vontade de rir, mas se lembrou a tempo de que Miroku possivelmente tinha uma vida financeira bem menos favorecida que a sua. Então, sorriu, mastigando devagar sua porção e encarando ostensivamente o rapaz, que agora comia animadamente os ovos com bacon e o chá. Ao se ver observado, todavia, Miroku ficou rubro mais uma vez e baixou o olhar.

Todas aquelas reações do rapaz estavam transtornando a escocesa, que a cada minuto desejava tê-lo para si. Os dois comeram em silêncio, até que, suavemente, Sango tocou a mão de Miroku por cima da mesa.

— Mr. Wright, adorei fazer meu desjejum com o senhor.

— Oh... Quem adorou isto fui eu, senhora. Não sabe o quanto...

A mulher surpreendeu Miroku mais uma vez, enquanto murmurava, olhando diretamente para os lábios dele:

— Preciso de sua ajuda, Mr. Wright. O meu chuveiro queimou.

— C-como...?

— O meu chuveiro — repetiu ela, usando uma postura que mesclava doçura e sensualidade. — queimou, Mr. Wright. Faz pouco tempo que moro em Coventry, não conheço ninguém... Mas você deve saber consertar, não é?

— S-sei, mas...

— Então eu gostaria de lhe pedir que fosse olhá-lo para mim. Sabe — Sango baixou o tom de voz — eu moro sozinha e suei durante a caminhada... Adoraria poder tomar um banho.

Tais simples palavras caíram sobre a cabeça do rapaz como uma bomba. Só então Miroku se deu conta de que estava sendo cantado, descaradamente, pela mulher que o fizera se apaixonar à primeira vista. Mesmo que sua mente agora lhe gritava para ser cauteloso, seu corpo agora o traía. Seu desejo agora era de descobrir como seria o belo corpo de Sango sem as roupas fitness. Ela, por sua vez, não arredou o pé e continuou o flerte.

Que rapaz engraçado. Está sem saber se me come com os olhos ou se fica com vergonha...

— Oh... Mrs. Cameron, me perdoe. Mas não posso ajudá-la... — foi a surpreendente resposta de Miroku. — Eu... Preciso ir trabalhar. Podemos nos ver outro dia?

— Mas e o meu banho? — indagou ela, manhosa, levando o rapaz a ficar balançado de novo. Sango se levantou, chamando-o. — Vem, vamos sair. Ou o senhor deseja comer mais um pouquinho?

— Não, de jeito nenhum, Mrs. Cameron. Eu comi feito um reverendo presbiteriano...

A mulher riu, puxando-o pela mão. Agora acenava para o gordinho do caixa:

— Perfeito como sempre, Hachi! Bom dia! Depois a gente se fala!

— Tenha um ótimo dia, Sango! E o senhor aí, espero que tenha apreciado nosso café escocês também— foi a resposta dele. Miroku, ainda muito confuso, indagou:

— Mas e a conta, Mrs. Cameron?

— Não se preocupe — disse ela, tranquilamente, conduzindo-o para fora da padaria. — Veja o nome da padaria.

A placa dizia “GOTTFRIED BAKERY”. Ante o olhar interrogativo do motorista, a mulher explicou:

— Essa padaria é da nossa família.

— Ahhh, sim...

Se olharam e riram um pouco. Miroku notou que Sango o estava levando de volta para o ponto onde estava o veículo da empresa onde ele trabalhava. Seu coração voltou a acelerar, temeroso.

— Mr. Wright, se não for lhe pedir muito, pode me levar até minha casa?

O rapaz olhou para o relógio. Ainda não eram dez horas; ele não faria tão mal se desse uma voltinha pelas ruas de Coventry com aquela mulher maravilhosa. Por outro lado, suas convicções religiosas lhe gritaram à consciência que ficar sozinho com a sensual senhora Cameron poderia lhe render sérios problemas.

Sango o observava, curiosa, pois lhe saltava aos olhos que Andy Miroku estava receoso. Porém, ele pareceu se decidir e, ainda ansioso, sorriu para ela.

— Posso... A senhora quer ir agora?

— Quero...

Tremendo na base, o rapaz abriu a porta do ônibus e a convidou para entrar.

— Onde, Mrs. Cameron?

— Moseley Ave, milorde.

— C-como disse?!

Sango deu uma risada curta e melodiosa, enquanto o veículo principiava a sua trajetória.

— Ora... Chamei você de milorde. Faz tempo que não vejo um homem tão gentil e educado como você...

— Bondade sua, milady — respondeu ele, entrando na brincadeira.

— E atraente também.

— Ah... N-não, Mrs. Cameron, e-eu...

— Calma, eu estou brincando com você — riu ela, mais uma vez. Miroku deu um sorriso amarelo e procurou pensar em qualquer outra coisa que não fosse aquela mulher ali, sentada no banco atrás de si. Notou, envergonhado, que seu corpo dava mostras óbvias de animação apenas por ouvi-la.

O percurso, que era curto, foi feito em silêncio. Passaram pelo McDonalds e o rapaz sentiu as mãos suarem; bastava convergir à direita e, dentro de instantes, chegaria ao destino proposto. Então, o celular dele tocou mais uma vez. Atendeu; Sango, atenta, resolveu prestar atenção.

— Mano, a ligação caiu... — ia dizendo Inuyasha.

— É... Caiu mesmo. Olha, Inu... Eu estou no trânsito...

— Mas você não disse que iria ficar com o ônibus parado até a hora do almoço?

— É, mas... Desculpe, mano. A gente se fala mais tarde, certo? Aconteceu um imprevisto...

O Condomínio Strauss, enfim, surgiu diante dos olhos de Andrew Miroku. O mais novo, do outro lado da linha, sentiu a ansiedade na voz do irmão e decidiu deixá-lo à vontade. Afinal, eles teriam muito o que conversar à noite.

— Tudo bem, Andy. Eu que peço desculpas, não queria te incomodar. Eu sou um chato.

— Você é um chato mesmo, mas não me incomoda, maninho. Te amo, viu?

— Ora... Eu te amo também. Até mais. E chato é você.

Rindo, o rapaz desligou a chamada, um pouco mais tranquilo. Mas seu rosto ardeu ao desligar o veículo e ver a silhueta da mulher se encaminhando para a saída, olhando-o já sem nenhuma reserva.

— Pode me acompanhar, Mr. Wright?

— P-posso...

Meu Deus! Eu não posso fazer isso. Ela é linda e gostosa e mora sozinha e eu posso perder a cabeça! Eu não quero pecar!, pensava ele, agoniado. Mas seguiu Sango, aproveitando para se manter um pouco atrás e olhar melhor para as curvas majestosas daquele corpo feminino em roupas fitness.

Mesmo a beleza do condomínio, com suas arvorezinhas podadas, playgrounds e até mesmo uma academia não conseguiram desviar a atenção do rapaz de Sango. Súbito, ela tirou as chaves de um bolso. Chegaram diante de sua porta e Miroku entendeu que não conseguiria voltar atrás.

— Aquele garoto que estava ao seu lado no Instituto... — começou a dizer a mulher — ... é seu parente, Miroku?

— Meu irmão mais novo. Foi ele que me ligou agora.

— Você foi muito afetuoso com ele ao telefone... — a porta foi aberta. Assim que o rapaz adentrou a moradia, que tinha uma decoração elegante e agradável, a escocesa fechou a porta. O coração de Miroku parecia bater nos ouvidos agora.

— Eu amo aquele moleque... — murmurou ele, com um pequeno sorriso. Sango, então, o encarou, e ele mais uma vez sustentou o olhar profundo da mulher. Estava fortemente excitado, mas, além disso, Miroku ansiava por receber daquela escocesa um colo de ternura.

— Que fofo, Mr. Wright. Acho lindo alguém que considera a família...

Amo você também, pensou ele, seus sentidos enevoados. Aquela boca de contornos tão bem feitos...

— Vem — chamou-o Sango.

— Hã?

— Vem consertar o meu chuveiro.

— Ah... C-claro, Mrs. Cameron.

Os dois andaram até o cômodo indicado pela dona da casa, que antes havia pegado um objeto sobre a mesa — uma resistência de chuveiro. O jovem motorista suspirou, entre aliviado e desapontado. Pensara por instantes que Sango estivesse mentindo para levá-lo até sua residência.

— Você nasceu aqui? — indagou ela, se afastando para pegar uma pequena escada dobrável.

— Não. Eu sou de Leeds.

— E sua família?

— Também. Meu pai era descendente de japoneses e conheceu minha mãe, que era inglesa mesmo, na igreja. Eles faleceram, mas eu e meus irmãos permanecemos na igreja presbiteriana.

— Ah, que interessante. Então você é um protestante...

— Sou... — respondeu ele, já em cima da escada, de costas para ela. — E... E a senhora, professa alguma fé?

— Meus pais são adventistas. Eu frequento às vezes, mas não me envolvo. Creio em Deus, mas não ligo para religião. Vejo muita hipocrisia no meio religioso. Não sou perfeita, mas também não posso aceitar certas coisas. Entende?

— Oh... Entendo.

— Eu reconheço que cometo pecados e os assumo para Deus, não me escondo sob religião alguma.

— Mas o segredo da fé cristã é reconhecer os pecados mesmo e assumi-los para Deus, Mrs. Cameron. Pronto... Troquei.

— Já volto, vou religar a chave geral — soou a voz dela, de algum lugar de dentro da casa. — Pode tirar a escada daí de dentro para mim, por favor?

— Sim, senhora.

O rapaz, depositando a escada do lado de fora do banheiro, olhou com aprovação para a forma como a sala de Sango era bem organizada. Sorriu. Além de linda, aquela mulher era criativa e inteligente, tudo o que ele sempre quis. Recriminou-se por achar que ela quereria algo com ele, justo com ele. Um pobretão. Andrew Miroku se sentiu subitamente deprimido e teve ânsia de sair logo dali.

Então, o inesperado aconteceu.

Sango veio de dentro do quarto trajando um roupão felpudo, colocado de forma a mostrar propositalmente o decote dos seios generosos. Aquilo foi o suficiente para levar o pobre Miroku a estremecer vivamente e ficar boquiaberto. Ela sorriu, empurrando-o gentilmente para dentro do pequeno banheiro de novo. O rapaz começou a gaguejar:

— Mrs. C-Cameron, o q-que...

— Eu vim tomar meu banho, Mr. Wright — disse ela, sedutora, trancando o banheiro por dentro e deslizando as mãos pelo peito do motorista. — E resolvi convidar você para tomar um banho comigo.

 

***

 

¹ — Na Bíblia, o livro Cântico dos Cânticos é um poema lírico escrito para exaltar as virtudes do amor entre um marido e sua esposa.

 


Notas Finais


Depois venho editar corretamente estas notas. Obrigada a quem tem lido!

~Okaasan


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