História New Vision (INTERATIVA) - First.

Russell On~

 

'Temer o amor, é temer a vida... e quem teme a vida... já esta meio morto' 

Nunca tinha parado para ler nenhuma frase escrita nessa lanchonete, nunca quis fazer isso, não sou o maior fã de leitura. E quando eu finalmente o faço, é isso que eu leio, não poderia ser mais irônico. Ri baixo, pra mim mesmo, e voltei minha atenção para o meu copo de café quase vazio.

-Mas alguma coisa lindinho? - A garçonete com o cabelo azul perguntou, seu tom de voz mostrava o quanto ela não se importava. Sorri, me apoiei no balcão e me aproximei dela lentamente, levantei minha mão direita e capturei seu pirulito de sua boca e o coloquei na minha. Ela me encarou por alguns segundos antes de sorrir maliciosa e ajeitar o decote.

-Apenas a conta - Sorri com o pirulito entre os lábios. Ela concordou e se virou apressadamente. Ri internamente e me ajeitei na cadeira de couro falso.

Não demorou mais que dois minutos e a garçonete reapareceu, o seu batom havia mudado, agora era um vermelho sangue, seu cabelo azul estava solto e sua roupa parecia bem mais apertada. 

-Aqui esta - Até mesmo a sua voz havia mudado, ela estava forçando um tom rouco e 'sexy'.

Coloquei uma nota de cinco dólares sobre a mesa e me levantei, não me dei o trabalho de olhar oque estava escrito no papel. Nós dois sabíamos que ela não havia colocado o preço do café, em um pequeno pedaço de guardanapo.

Antes de abrir a porta da lanchonete, coloquei minha touca e fechei meu casaco. Olhei para a menina que sorria maliciosa atrás de mim, e acenei lentamente.

A neve estava sendo retirada das ruas, oque deixava ela muito acumulada nas calçadas, estava praticamente nadando na neve espeça. Mas graças a alguma entidade divina a minha casa não era muito longe da lanchonete.

Abri a porta de casa e relaxei com a diferença de temperaturas. Tirei meus casacos e os pendurei no gancho atrás da porta, tirei meus coturnos e entrei na casa.

-Mãe...? - Perguntei entrando mais na casa, ninguém respondeu. Revirei os olhos e fui direto pra cozinha. Ela já tinha ido trabalhar, agora ela trabalhava como recepcionista em um restaurante no centro. E bom, meu pai deve estar no bar, esperando algum trabalho aparecer, como sempre.

Abri a geladeira e peguei uma cerveja, como sempre, o micro ondas tinha uma lasanha. Esperei ela esquentar, e a levei comigo para o sofá. 

Coloquei no noticiário... E la estavam eles, Tony Stark e Nick Fury estavam em uma coletiva, falando sobre a  Academia, e sobre todas as mudanças que haveria no ano letivo. Nick Fury vai ser o diretor esse ano... Bufei. Vai ser inda pior do que eu esperava.

 

Feyre On~

 

Sorri observando tudo em volta, o Central Park era realmente maravilhoso, bem mais bonito do que eu esperava, minha mãe estava sentada em um banco que ela havia limpado, ela estava lendo alguns arquivos 'importantes'. Chutei a neve e adorei ver aquela bagunça branca indo para todos os lados. Algumas pessoas começaram a correr ao meu lado, indo na mesma direção. Por instinto meu olhar acompanhou a movimentação. Um carrinho vermelho estava parado a uns metros de onde eu estava.

Comecei a ir em sua direção. Não conseguia segurar minha curiosidade. O cheiro que vinha do carrinho era maravilhoso. Parei na fila... Quando finalmente chegou a minha vez o homem sorriu e me encarou.

-Completo? - Ele perguntou. Senti minha testa se franzir e concordei dando de ombros. Ela começou a mexer em algumas coisas dentro do carrinho e depois colocou um sanduíche estranho na minha frente - Aqui esta o seu cachorro quente.

Bati em sua mão e o sanduíche caio no chão. Que horrível, que tipo de pessoa comeria um cachorrinho?

-Seu monstro - Quase gritei. O homem me encarou, ele parecia não entender oque esta acontecendo. Falso.

-Oque aconteceu moça?

-Como assim 'oque aconteceu?' como você pode fazer essas coisas com um pobre cachorrinho? - Perguntei irritada.

-Me desculpe senhor... ela é vegetariana - Minha mãe surgiu atrás de mim. A encarei franzindo a testa - Quando custa?

-Quatro dólares - O homem disse rapidamente, ainda me encarando. Minha mãe pegou uma nota e entregou para o homem sorrindo.

-Fica com o troco - Minha mãe disse puxando meu corpo para longe - Fey... você não pode se exaltar por essa maneira.

-Ele esta vendendo um cachorro quente - Disse com obviedade - Como você pode permitir que ele faça uma coisa dessas, vamos lá... vamos quebrar aquele carrinho. 

-Filha - Minha mãe riu, um pouco alto - Aquilo não é um cachorro de verdade... - A encarei sem entender - É só o nome daquele lanche, não é feito com cachorro de verdade. 

-Então por que eles colocam esse nome... que horrível, alguém desavisado pode ficar realmente irritado com isso... - Disse começando a me sentir envergonhada. Mamãe sorriu.

-Como você por exemplo - Mamãe me encarou, seu sorriso estava meio engraçado. Ela acariciou meu ombros e se aproximou, me abraçando - Vou sentir falta dessa sua 'inocência' daqui a um ano. 

-Eu não... o moço deve estar achando que eu sou uma idiota - Disse dando de ombros.

-Não... ele deve estar achando que você estivava brincando com ele - Ela se afastou um pouco e sorriu - Alguns jovens hoje em dia costumam fazer isso...

-Hum - Sorri - Bom saber...

-Mas não saia fazendo isso toda hora, algumas pessoas podem ficar realmente irritadas - Ela disse ficando séria.

-Tudo bem - Concordei com o meu melhor sorriso de segundas atenções. Ela revirou os olhos e acabou rindo.

-Pelos deuses...

 

Bella On~

 

Sorri para a adorável senhora na minha frente, seu nome é Gloria, e ela também vem do sul, por isso ela nos trouxe um bolo de carne recheado. Sua neta Jully veio junto, ela nasceu em aqui, e minha tia esta adorando o fato dela estar sendo tão legal comigo.

-Por que você não mostra o seu quarto para a Jully  - Tia Penny me encarou sorrindo.

-Ah... Claro... Vamos lá Jully - Sorri para a garota indo para as escadas - Espero que você goste de plantas... Tem delas por todas as partes do meu quarto.

-Tudo bem, eu gosto - Ela sorriu em minha direção subindo logo atrás de mim.

Me senti meio desconfortável quando abri a porta do meu quarto, ele não estava exatamente arrumado, eu não consegui terminar tudo ontem.

-Não liga para a bagunça - Sorri envergonhada acariciando meu próprio braço - Não deu tempo de arrumar tudo ontem.

-Relaxa - Ela sorriu pra mim e sentou na minha cama - Senta aqui... - Ela deu dois tapas no lugar vazio ao seu lado.

Me sentei, prendendo meu olhar ao chão.

-Não precisa ter vergonha de mim - Encarei a menina ao meu lado, e ela estava sorrindo... tinha algo diferente em seu sorriso... ele estava meio... malicioso - É tão bonitinho - Ela se aproximou - Sua tia nem notou não é mesmo?

-Notou oque? - Perguntei sentindo minhas bochechas esquentarem. 

-Que você gosta de garotas... - Assim que ela terminou a frase, meus olhos se arregalaram - Não tente negar, eu sou bem observadora, quando eu cheguei você ficou olhando para os meus seios, e mordeu os lábios quando eu abri mais a blusa...

-Eu... eu juro que...

-Relaxa, eu não ligo - Ela deu de ombros e se aproximou mais - Eu até gosto - Ela colocou sua mão quente em meu braço e começou a me acariciar lentamente - Você é muito bonita sabia?! 

Eu estava petrificada... que garota mais... direta. Sorri e neguei com a cabeça. Ela me beijaria? Eu gostaria de ser beijada por ela, ela é linda e bem gostosa, mas eu me sinto tão nervosa.

Sua risada baixa me tirou de meus devaneios, encarei seus olhos e sorri envergonhada.

-Já beijou alguma garota? - Ela perguntou de modo sexy. Neguei com a cabeça rapidamente - Quer tentar? - Nem notei quando a minha cabeça assentiu lentamente - Vem cá Bellinha... 

Me aproximei lentamente, mandando embora toda a minha vergonha. BELLA FAÇA ISSO! VOCÊ TEM QUE FAZER ISSO! Fechei meus olhos e deixei todos os outros passos com Jully. Senti o mundo inteiro sair de órbita quando senti seus lábios contra os meus, é tão macio. Coloquei minha mão em seu pescoço e a puxei para mim. Seus lábios contornaram os meus, dei passagem para sua língua e deixei que ela me beijasse, da forma mais lenta e carinhosa possível, meu coração parecia um zumbido de tão forte que batia.

-Uau Bellinha - Jully sussurrou assim que nos afastamos - Para alguém que nunca beijou... seu beijo é uma delicia - Senti minhas bochechas esquentarem e meu sorriso cresceu - Que tal mais um? - Não respondi. Apenas juntei nossas bocas novamente.

Parecia tão errado. Pelos deuses, mal nos conhecemos, na verdade não sei nada além de seu nome, mas eu queria aquilo... queria tanto. Tudo bem, são apenas alguns beijos, não tem nada demais nisso... Certo? Certo. Ninguém me colocaria em uma cruz por isso, é apenas um beijo inocente com alguém que eu quase não conheço, isso acontece em todas as baladas... Certo?

 

Francis On~

 

Saí da água e coloquei minha prancha presa na areia, me sentei na areia morna usando minha prancha como encosto. Balancei meus cabelos tirando o excesso da água. O mar parecia estar perfeito, as ondas estavam crescendo a cada hora mais, era o cenário perfeito para um surfista. 

-Esta cansado? - Luna sentou ao meu lado rindo.

-Não... apenas enjoado - Respondi dando de ombros - Oque esta fazendo aqui? Pensei que ia fazer compras...

-Eu ia... mas mamãe disse que iria junto - Olhei para seu rosto, e ela estava quase bufando - E não tem nada mais over que fazer compras com a mãe... ainda mas nessa cidade.

-Ah meu deus - Ri baixo deixando todo meu peso cair sobre a prancha - Ela quer passar um tempo com você Luna, você vai pra faculdade no outono, ela só quer aproveitar que você esta em casa.

-Você vai para a Academia em duas semanas - Ela me encarou - Não tem ninguém aqui ao seu redor enchendo seu saco.

-Papai não pode me ver que quer arranjar algo para fazermos juntos - Respondi dando de ombros - Agora vamos lá, eu te levo no centro... 

-Ah maninho - Ela abraçou meu pescoço - Eu adoro quando você se transforma em uma pessoa legal.

-Cala a boca Luna - Afastei seu corpo do meu - Eu sou legal o tempo todo... Você que não percebe - Dei de ombros - Vou sentir sua falta cabeçuda... vai ser estranho não te ter mais em casa daqui a uns meses, então vamos apenas aproveitar a companhia um do outro.

Ela sorriu antes de se levantar e praticamente sair correndo para a casa. Acabei rindo. Era estranho... mas essa era a nossa relação.

As ruas de Los Angeles me lembravam muito a de Nova York, em vários aspectos, o fluxo de pessoas era bem grande, é claro que as mulheres daqui são menos 'conservadoras', elas andam por ai com um biquíni nas ruas. Isso você com certeza não vê em Nova York.

-Vira a esquerda - Luna advertiu, fiz oque ela mandou... O carro que tínhamos alugado não era exatamente o melhor carro do mundo, mas estávamos chamando atenção.

-Para onde exatamente estamos indo? - Perguntei olhando pra ela por cima dos óculos escuros - Assim você não precisaria ficar latindo ordens por ai.

-Hollywood Boulevard - Ela quase cantarolou animada. Ah Claro...

-Não sei como não adivinhei - Revirei os olhos, voltando atenção para a estrada.

-Imagina quantos gatinhos deve ter lá - Ela disse rapidamente. E logo ela estava se maquiando no pequeno espelho interno do carro. Não vou mentir, passei correndo por um quebra molas, apenas para ela borrar o batom todo. 

-Ah Luna, os gatinhos vão adorar essa sua maquiagem inspirada no Bozo - Ri alto, seu batom estava quase que em todo seu rosto.

-Vá a merda Fran - Ela disse irritada tentando limpar seu rosto manchado.

 

Skylar On~

 

Segurei o ar gelado dentro de mim, fechei meus olhos e cruzei as pernas. Gotham estava tão silenciosa, nem sirenes podiam ser ouvidas. Isso é raro, muito raro. 

Meu pai estava indo para Nova York, ele precisava encontrar um lugar bom e seguro para ficarmos, ser um vilão procurado dá sempre nisso. Ficar sozinha em casa sempre foi algo que eu gostei, mas essa tarde parecia estar terrivelmente solitária, nunca me importei com nada disso antes.

Peguei a garrafa de cerveja ao meu lado e a coloquei em meus lábios, deixando o liquido gelado descer pela minha garganta. Me levantei rapidamente, sai do meu quarto e desci as escadas correndo. Peguei minha jaqueta de couro e sai porta a fora ainda a vestido. O ar frio de Gotham gelou meus ossos.

Não tinha neve nas ruas, mais o frio estava castigando, conseguia sentir minha pele gelando, era meio agoniante. Coloquei meus fones e deixei que o ultimo volume da musica levasse minha cabeça para longe. 

As ruas estavam até que movimentadas, oque deixava o silencio ainda mais suspeito. 

Entrei no bar da avenida vinte cinco. Me sentei em um dos bancos do balcão. Todos aqui sabiam de quem eu era filha, e ninguém aqui se atrevia a se meter comigo. Qualquer pessoa nova que chegasse acharia estranho, uma menina do meu tamanho, no meio de um bar cheio de homens barbudos e com piecings até na alma, e eu definitivamente era a pessoa mais temida naquele lugar. Bom, um dos benefícios de ser a filha do Joker. 

-Oque a mocinha vai querer - Kyle, o único barman bonito daquele lugar se aproximou. Sorri.

-O de sempre... - Dei de ombros.

-Cerveja preta - Ele murmurou para si mesmo - Em um segundo.

Odiava esperar, acho que sempre foi assim. Na verdade, acho que qualquer adolescente é assim. Minhas unhas começaram a estalar sob a madeira grossa e brilhante do balcão. Alguns homens se viraram pra mim, provavelmente pelo barulho irritante. Não foi preciso mais que um olhar para todos eles voltarem a tomar conta de suas vidas. Medíocres. São submissos a qualquer coisa, mesmo que lutem loucamente para parecer que são independentes, chega até a ser meio triste. Kyle colocou minha cerveja no balcão em minha frente e se afastou... Sem dizer uma palavra. Revirei os olhos e bebi um pouco do liquido. Estava bem gelado. Delicia.

-Oque uma garotinha como você esta fazendo em um lugar como esses? - Um cara novo se aproximou, ele parecia um homem das cavernas. Sua barba com certeza era maior que o seu cérebro. 

-Oque um babaca como você esta achando para vir falar comigo? - Perguntei com o mesmo tom de escarnio que ele tinha na voz. Vi sua sobrancelha grossa se arquear, ele riu alto, completamente falso.

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, um dos caras que costuma frequentar o bar sempre se aproximou e falou algo em seu ouvido. Dois segundos depois, o cara novo arregalou os olhos e sorriu sem graça.

-Eu... estava apenas brincando... não queria ter te incomodado - Ele começou a se afastar em passos lentos - A próxima cerveja é por minha conta - Ele saiu de perto de mim, tão rápido, que por um segundo me peguei pensando se ele era filho de algum meta humano.

 

Madison On~

 

Se concentra... se concentra... Perdi as contas de quantas vezes repeti isso na minha cabeça. Não gosto muito do instituto, mas preciso admitir que eles andam investindo muito em mim.

-Você pode fazer isso Madison - Xavier disse dentro de minha cabeça. Encarei o homem ao meu lado e neguei com a minha cabeça sorrindo.

-Eu já disse para não entrar na minha cabeça... Você disse que esse seria meu presente de aniversário - Disse cruzando os braços.

-Eu não li sua mente... apenas falei com você - E em uma das raras ocasiões... Xavier sorriu - Você sabe que consegue fazer isso.

-Não, estamos tentando isso a semanas - Me sentei em uma poltrona ao seu lado - E até agora, não conseguimos nada... Eu já aceitei que essa parte de mim não vai se desenvolver.

-Você pensou o mesmo quando começamos a trabalhar sua manipulação com metais - Ele disse baixo - E hoje em dia você consegue controlar qualquer tipo de metal.

-Demorou meses... - Revirei os olhos.

-Mas conseguimos - Ele me encarou. Odiava quando ele fazia isso, ele consegue ler minha cabeça... E isso me assusta as vezes - Vamos conseguir novamente, agora tente de novo... Feche os olhos - Assim o fiz - Visualize seu corpo, visualize sua massa corporal... e visualize oque você quer se tornar, qual aparência você quer tomar...

Respirei fundo e fiz exatamente oque ele estava pedindo. Senti algo no fundo da minha barriga... Um frio estranho, senti minha pele coçar, ela parecia estar se expandindo, lentamente. 

-Muito bem - Xavier surgiu, dessa vez fora da minha cabeça - Sua massa muscular esta mudando Madison... continue.

Soltei todo o ar preso em meu pulmão e me deixei levar pelo instinto.

-Abra os olhos Madison - Sua voz veio diferente.

Abri os olhos e dei conta de que estava de frente para o espelho. Arregalei meus olhos, aquela mulher não era eu. Quer dizer... era sim. Eu devia estar uns 10 quilos mais gorda, minha pele estava negra e meus cabelos lisos até um pouco acima de minha bunda, que também tinha mudado consideravelmente de tamanho. Durou menos de 1 minuto, logo eu voltei a ser eu.

-Você consegui Madison... eu disse que conseguiria.

-Durou apenas um minuto - Sussurrei ainda encarando o espelho.

-Vamos continuar os treinos - Ele disse se afastando, indo para a sua mesa - Depois vou conversar com os seus professores... quero que eles mantenham os mesmos treinos pra você quando estiver na Academia.

-É impressionante que você queira continuar me controlando mesmo que eu não esteja mais sob os seus domínios - Murmurei e me afastei.

-Isso é por que eu me preocupo com você - Ele disse baixo.

Dei de ombros antes de abrir a porta e sair corredor a fora. A mansão estava barulhenta.

-Como sempre - Sussurrei para mim mesma, antes de começar a seguir para o meu quarto.

 

Jonathan On~

 

Corri meus dedos pela minha escrivaninha limpa, eu não tinha ideia do que fazer. Como eu escreveria um discurso desses? Não que eu não confie na minha capacidade intelectual, mas ser um dos oradores do inicio do ano letivo é foda demais para mim. Allison provavelmente já escreveu dez discursos incríveis.

-Que droga - Murmurei para mim mesmo - Tudo bem mundo... eu desisto.

Amassei o resto das folhas, até mesmo as que estavam em branco e as joguei na lata de lixo praticamente cheia ao meu lado. 

-Não acredito - A voz do meu pai me assustou.

-É mais complicado do que parece sabia... - Sussurrei sem me virar em sua direção.

-Não estou falando sobre você ter desistido... eu não acredito que você estava escrevendo ele no papel... existe uma coisa chamada computador sabia...?

Me virei pra ele com a minha melhor expressão de 'sério mesmo' e ele riu.

-Só estava tentando quebrar o gelo - Ele disse rindo - É claro que eu não acredito que você esteja desistindo... não foi assim que eu te criei.

-É difícil demais... eu vou estar falando para todos os alunos da Academia... isso vai ser... meu deus.

-Você vai se sair bem... você não vai fazer isso sozinho... a Allison também vai falar.

-Sim - Concordei e sorri falso - Mas ela já deve ter terminado de escrever o próprio discurso... e deve estar ótimo.

-Pare com isso Jonathan, você vai se sair muito bem também - Ele me encarou, e eu não sei direito o por que... mais tinha orgulho em seus olhos. - Eu acredito em você filho, acredito na sua capacidade para fazer tal coisa... eu sei que você tem muito a dizer. Diga a eles oque você gostaria que alguém tivesse dito a você quando entrou na escola... e vai dar tudo certo. 

-Acho que já sei oque escrever... - Sorri abertamente para meu pai. Ele deu de ombros antes de se virar e sair.

Peguei um dos papeis amassados e tentei deixa-lo liso novamente, peguei meu lápis e...

''Quando eu entrei nessa escola... a uns anos atrás...''

Depois de horas, eu não sabia exatamente quantas... Mas eu terminei. Li e reli milhares de vezes, e cada vez que eu lia as palavras novamente, mais orgulhoso eu ficava delas, nem mesmo parecia que eu tinha escrito.

Sai do meu quarto apressado. Meu pai estava assistindo o noticiário da tarde. Ele me deu toda atenção assim que entrei na sala.

-Eu terminei... e acho que tá bom - Sussurrei nervoso. Ele fez um movimento com a cabeça, me incentivando a ler - Tudo bem...

~

Quando terminei de ler, meu pai estava me encarando com as sobrancelhas arqueadas.

-E então...? - Perguntei apreensivo. 

-Está ótimo... esta maravilhoso... - Ele sussurrou atônito - É algo que você realmente deveria ter tido pra si mesmo...

-Eu já aprendi pai... Eu com certeza já aprendi.

 

Katherine On~

 

Eu nunca parei pra pensar no quanto meus pais são melosos. Se eles fazem isso comigo na sala...Imagina oque eles não fazem quando eu estou longe...

-Você poderia pelo menos tentar disfarçar um pouco essa cara de nojo - Papai murmurou quase rindo.

-Eu não sou capaz de tal façanha - Disse entre dentes - Vocês poderiam se segurar pelo menos quando eu estou no recinto. 

Mamãe riu e papai revirou os olhos.

-Ou sei lá, parar de obrigar a minha presença... - Sorri falsa.

-É o nosso momento em família, temos que fazer isso sempre - Mamãe respondeu ainda rindo - E você sabe que isso é uma regra, nesta casa. 

-Não vejo a hora das aulas voltarem - Me afundei ainda mais no sofá segurando firmemente o pote de pipoca.

-Você é muito dramática querida - Minha mãe murmurou - Como acha que você foi concebida?

-Entre a ideia de vocês dois transando e a cegonha... eu prefiro pensar que a cegonha me trouxe em uma sacolinha de pano cor de rosa - Sorri falsa na direção dos dois.

-Você esta muito azeda Kath - Papai comentou sorrindo.

-Experimente ver seus pais se pegando em um sofá e me diga como vai se sentir - Coloquei um pouco de pipoca em minha boca. 

Meus pais começaram a rir e se afastaram um pouco.

-Tudo bem Barry, acho que ela já esta quase vomitando - Mamãe disse rindo.

-Eu não acredito que vocês estavam se pegando só pra me irritar? - Perguntei me rapidamente.

-Não para te irritar... a gente só queria ver a sua reação - Papai deu de ombros ainda rindo.

-Vocês dois são os piores pais do mundo - Murmurei agitando minhas mãos.

-Não, a gente só esta se divertindo um pouco - Mamãe deu de ombros.

-Vocês são terríveis... - Neguei com a cabeça furtivamente.

-Sim, nós somos, agora senta ai - Papai apontou para o sofá - Vamos terminar nossa maratona de 'Um maluco no pedaço'.

 

Bennett On~

 

Desci do ônibus e suspirei. Nada de ar puro, nada de silencio... é eu realmente tinha chegado na cidade grande.

Entrei na rodoviária segurando firmemente as minhas malas. Procurei com os olhos Allison e o Tio Steve, na ultima mensagem que ela me enviou, ela estava a caminho. Já era para ela estar aqui.

-Iai gatinha - Uma voz desconhecida surgiu ao meu lado. Virei minha cabeça para encontrar o rosto do babaca - Esta sozinha? - Revirei os olhos e sorri falsa - Posso ficar aqui te fazendo companhia - Seu braço rodeou meus ombros.

Respirei fundo antes de segurar seu braço e o rodar para trás das costas. O garoto gemeu de dor e surpresa. Abaixei meu corpo até ficar na altura de seu ouvido.

-Nunca mais se dirija a uma garota dessa maneira... entendeu? - Sussurrei em seu ouvido de modo ameaçador. O garoto concordou quase de maneira inaudível - Eu não escutei. Você entendeu? - Quase gritei em seu ouvido.

-Sim... eu entendi moça - Ele gritou - Por favor solta o meu braço agora...

-É claro que eu iria encontrar você brigando com alguém - A voz de Allison me fez levantar o olhar. Ela estava com os braços cruzados e um sorriso de lado. 

-Você esta atrasada - Murmurei e soltei o cara que saiu correndo.

-Estava na lanchonete - Ela riu baixo se aproximando - Quando um garotinho entrou lá gritando dizendo que tinha uma menina louca batendo em um cara... bem a única coisa que me veio na cabeça foi você - Seus braços me rodearam e ela me abraçou forte - Senti sua falta...

-Senti sua falta também - Murmurei com a voz abafada pelo cabelo dela - Cadê o tio Steve?

-Ele não pode vir - Ela deu de ombros - Ele teve que ir no mercado com a mamãe, uma nova família se mudou para casa ao lado, eles os chamaram para um jantar.

-Mal cheguei e já vou ter que socializar? - Perguntei desanimada.

-Yup, minha mãe descobriu que a garota vai entrar na Academia esse ano, e ela achou que seria legal que a gente fosse gentil - Allison deu de ombros - Vamos... não vejo a hora de chegar em casa.

A segui até chegar em um porsche esportivo cinza. Ela pegou as chaves e ele destravou. 

-Assaltou um banco? - Perguntei quase de boca aberta.

-Tio Tony - Ela murmurou dando de ombros - Ele não te filhos... e eu sou a afilhada... então...

-Já entendi... ele te mima até não dar mais - Murmurei e ela concordou sorrindo.

-Ganhei esse tem dois meses - Ela riu parecendo ter se lembrado de algo - Ele disse que eu precisava arrasar na volta as aulas. 

-Meu deus - Acabei rindo - Antes você já não se parecia uma patricinha... agora então... - Não consegui segurar a ironia em minha voz.

-Só entra no carro Ben - Ela disse ficando séria. Acabei rindo mais ainda - Coloca o cinto - Ela murmurou assim que sentei no banco de couro, o carro ainda estava com cheiro de novo.

Ela colocou o carro em movimento, e eu comecei a vasculhar o rádio.

-Não mesmo - Allison deu um tapinha na minha mão e eu a encarei - Quem manda no rádio da princess sou eu.

-Princess? - Perguntei quase rindo.

-Sim, é o nome do meu carro - Ela deu de ombros - Então... eu escolho a musica. 

Revirei os olhos e afundei no banco do carro. E é claro que ela colocou Shawn Mendes.

-Posso falar que estou mal e não participar do jantar? - Perguntei olhando para o perfil dela. 

-Não... - Ela me olhou e sorriu - Qual é Ben, vamos tentar socializar.

-Não quero socializar...

-Tadinha da menina, ela esta chagando de paraquedas em uma nova escola, onde ela não conhece ninguém - Allison iniciou seu discurso com o tom de voz 'doce'. Revirei os olhos - Imagina o quanto isso deve ser assustador... se ela conhecer pelo menos duas pessoas, talvez não seja tão difícil. 

-Você não vai me deixar em paz se eu não for não é? - Perguntei mesmo que eu já soubesse a resposta. Ela apenas se virou pra mim e sorriu abertamente. Bufei e cruzei os braços. 

 

Allison On~

 

-MÃE... PAI? - Chamei assim que entrei em casa.

-COZINHA - A voz da minha mãe respondeu.

-Vamos lá pra cima okay? - Avisei assim que coloquei meus pés no comodo quente.

-Ben - Meus pais disseram na mesma hora de modo animado. Eles se aproximaram da garota e a abraçaram - É ótimo te ter aqui - Mamãe disse sorrindo.

-Obrigado por me deixarem ficar - Ben disse sorrindo educadamente.

-Imagina - Papai sorriu animado.

-Oque você acha de subir... tomar um banho, descansar um pouco... - Mamãe sugeriu com um sorriso grande - Não sei se Ally te contou mas, vamos dar um jantar para os novos vizinhos.

-Ally me falou algo sobre isso - Ela deu de ombros, seu sorriso ficou menos animado - Eu vou fazer oque você sugeriu... quero estar em 100% para o jantar.

-Vamos lá, eu te mostro o seu novo quarto - Disse pegando uma maça.

-Nada de comer antes do jantar querida - Mamãe disse em tom de aviso. 

-Desculpe - Sorri doce e dei uma mordida na maçã - Juro que essa é a ultima vez que faço isso.

-Foi a mesma coisa que você disse ontem - Papai comentou sorrindo. Dei de ombros e me direcionei a escada.

-Vocês são sempre assim? - Ben perguntou prestando atenção nos degraus - Eu não me lembrava.

-Como assim? 

-Vocês parecem uma tipica família americana - Ela deu de ombros. Ri baixo.

-Quase sempre - Maneei a cabeça rindo - E...bem, aqui esta o seu quarto - Abri a porta do quarto de hospedes - Eu deixei tudo em preto e branco... mas amanhã vamos no centro para comprar coisas que fiquem mais no seu agrado.

Ela deu de ombros, enquanto colocava suas malas no chão. Ela se aproximou da janela e abriu as cortinas.

-Meu deus! - Ela exclamou olhando fixamente para o outro lado da janela.

-Oque foi? - Perguntei a encarando.

-Tem duas garotas se pegando na casa ao lado - Ela disse meio que rindo.

-Sério - Me aproximei, e era verdade, duas garotas estavam se beijando no quarto do outro lado da cerca branca - Minha nova vizinha joga no mesmo time que você - Comentei quase rindo.

-Qual delas que é a sua nova vizinha? - Ben perguntou me encarando insinuativa.

-Bom, se eu estou reconhecendo bem... a morena é a Jully, a vizinha da frente... então só pode ser a ruiva - Dei de ombros e fechei a cortina - Chega de ver a intimidade alheia.

-Talvez esse jantar não vá ser tão ruim - Ben riu baixo cruzando os braços. Ah merda, eu conhecia aquele olhar.