História Nictofilia - Mortem

Nictofilia 

Capítulo 23 - Morte

  Acordei com barulhos vindos da sala. Cocei os olhos, coloquei o cabelo para trás com as mãos e ele voltou para a mesma posição de antes, levantei da cama e troquei de roupa rapidamente, indo para a sala. As vozes se misturavam, ainda não conseguia raciocinar direito, então não reconheci imediatamente, mas me parecia que o Junmyeon estava na sala. Quando finalmente vi a luz que vinha da sala, alguma coisa apareceu e me abraçou, tirando-me do chão, o cheiro me era familiar, assim como a voz, mas não consegui adivinhar logo de cara. 

 Balbuciei algo em japonês, que nem mesmo eu soube o que era.  

 — Solte ela, ChanYeol. Quando ela acorda assim, ela mal sabe a onde está. — Minha tia falou em voz alta.  

 ChanYeol...? 

 Abri os olhos rapidamente e retribui o abraço. Ele soltou uma risada alta e eu o acompanhei. Apertei ainda mais o abraço, não conseguia acreditar que ele tinha voltado.  

 — Sentiu minha falta? — Sua voz estava mais calma do que antes, como se ele estivesse feliz. Pelo visto, a viagem tinha feito bem a ele.

 — Por que a pergunta? — Rebati com outra pergunta. Ele ficou calado e me colocou no chão, depois disso, corri até a sala e pulei em Loretta, abraçando-a, tinha sentido falta dela.  

 — Hana! — Loretta disse rindo depois de retribuir o abraço. — Junmyeon me contou o que você fez durante o tempo que eu estava fora.  

 — Ele te contou do que aconteceu na floresta? — Perguntei me separando dela. Loretta acenou com a cabeça, ri brevemente e me virei. O ruivo nos olhava com um sorriso estranho no rosto, não era aquele que eu odiava ou me dava medo, parecia um sorriso de satisfação. — Ele está bem? — Sussurrei no ouvido da hibrida. 

 — Sim, por quê? — Ela me respondeu. Apenas dei de ombros. 

 — Então ela é a Hana? — Ouvi uma voz feminina perguntar. Virei-me na direção que ela veio e encontrei uma ocidental, com os olhos verdes claros com traços azuis, cabelos loiros e bem baixinha, ao lado de Namjoon e Junmyeon. 

 — Sim, sou eu. — Respondi olhando em seus olhos. Por um momento, ela ficou assustada comigo, mas logo depois sorriu, o anjo ao seu lado a olhou assustado, o que ela tinha visto?  

 — Meu Deus! Você é fofa! — Exclamou empolgada e um minuto depois, já apertava as minhas bochechas. A risada escandalosa de Namjoon desencadeou várias outras, até a minha tia estava rindo. Qual o problema de eu ser chamada de fofa? ChanYeol já se encontrava no chão, com as mãos na barriga. Exagerado. Mesmo depois dela ter parado de apertar as minhas bochechas, as risadas continuaram, cruzei os braços e esperei os fingidos terminarem com o teatro. — Não entendi o motivo das risadas. — Tombou a cabeça para o lado, claramente confusa.

 Fiquei sem nenhuma expressão no rosto, eles já sabiam como eu estava sem mesmo ler meus pensamentos. 

 — É que... — Loretta recuperava o ar que havia perdido enquanto ria. Poderiam todos morrer asfixiados, não me importaria. — É que, se você a conhecesse, não diria isso. 

 — Eu espero, do fundo do meu coração, que um raio caia sobre as suas cabeças. — Falei com a voz mais suave e ameaçadora que eu tinha.  

 — Por isso que nós não a chamamos de fofa. — Minha tia disse. 

 Revirei os olhos e segui para a cozinha, ignorando todos eles, queria comer algo, estava com fome. 

 [...] 

 Sentei embaixo da copa da árvore que conversei com BaekHyun um tempo atrás. Eles tinham ido embora um tempo atrás e tinham levado a Samantha. Olhei para a grama, estava verde e bem cuidada. Desenhei algumas runas no chão e recitei um feitiço simples, dali surgiu uma margarida. Tinha aprendido a usar as runas há pouco tempo, com a MinSoo. De acordo com ela, as runas transformavam a energia da natureza naquilo que lhe era pedido, fadas conseguem manipular a energia natural sem precisar delas, e conseguiam fazer muitas coisas com ela. Existiam as runas para os quatro elementos e outras coisas vivas. As runas é algo parecido com o que os alquimistas usam, mas não precisam de um círculo de transmutação. 

 Fiz outra runa, e uma rosa nasceu.  

 Olhei para meu braço e lá estava a marca. Algumas vezes eu fico imaginando o tipo de treinamento que os meus pais passaram, se tinha outras pessoas com eles ou simplesmente aprenderam sozinhos e com um mestre só. Queria ter conhecido os meus avós, eles morreram quando eu ainda era pequena, e não os conheci, tenho outros parentes, mas parece que eles não gostam muito de mim. Deve ser pelo fato da energia que o ChanYeol colocava em mim, então eu os afastava. Ou talvez não gostem de mim por que os lembro do acidente, eu tinha ficado em casa quando eles resolveram sair.  

 — Você aprendeu a usar as runas? — ChanYeol falou ao meu lado. Não me assustei, já estava acostumada com esse tipo de coisa.  

 — MinSoo me ensinou, só sei as runas de elementos naturais e como fazer flores crescerem. — Respondi encostando minha cabeça em seu braço. — Eu tentei fazer uma de coelho, mas não consegui. 

 — Normalmente, as de seres vivos mais complexos, como animais, precisam de algo a mais, como uma célula de sangue ou qualquer outra parte do animal. Porque ela 'regenera' o corpo, flores são mais fáceis porque todos os elementos químicos que você precisa está no solo. — Sua voz estava mais serena que o normal, aliás, ele está muito estranho hoje. — Se você tentar mais um pouco e com os ingredientes certos, você consegue. — Afagou meus cabelos e ajeitou meu corpo contra o seu, colocou minha cabeça em seu peito e abraçou meus ombros. 

 — Você está estranho. — Comentei fugindo do assunto. — O que foi que aconteceu?  

 — Hum? Como assim? — Questionou confuso. — Não estou estranho! — Retrucou emburrado.  

 — Aconteceu algo, agora tenho certeza. — Disse confiante. — O que foi que você fez, Park? — Mudei a pergunta e ele riu, como se eu tivesse contado uma piada. — ChanYeol... — Ameacei. 

 — Antes que você pense que eu matei alguém ou destruí uma cidade inteira, eu somente fui buscar a Samantha. — Defendeu-se. Como se eu fosse acreditar nisso. 

 — E essa busca durou mais de uma semana, mesmo vocês três tendo como ir de um país para o outro em menos de um minuto?  

-X- 

 Samantha encontrava-se longe da casa de MinSoo, para que os outros não soubessem o que ela iria falar. Ela sabia que alguma coisa estava errada quando o trio foi busca-la em sua casa e agora já sabia exatamente do que se tratava e Junmyeon sabia também, mas ao que parece, não tinha contado aos outros. 

 — Você viu, não foi? — O anjo apareceu do seu lado, todavia, não se assustou, já sabia que ele viria. 

 — Vi. É ela mesma. Byun BaekHee está dentro do corpo da Hana, — Confirmou o que ele já sabia. Quando entrou na mente de Hana, conseguiu ver as conversas dela com Hana, mas não podia confirmar se era realmente ela lá dentro.  

 — Posso não entender muito bem sobre os portões e chaves, mas eu sei que era ela a guardiã de uma das chaves, junto com o ChanYeol. Mas quando ela morreu, não acharam a tal chave, onde ela está? — Questionou curioso. 

 — Pelo o que eu li, a chave é feita de uma energia que pode ser facilmente confundida com a energia da natureza. É como se fosse um pedaço da alma deles dois, por isso acreditava-se que a segunda chave tinha se perdido. — A loira respondeu. — Por causa disso estão atrás da Hana, eles querem BaekHee, não a Hana. 

 — E como podem pegar a alma de BaekHee de volta? — O anjo perguntou curioso. 

 — Matando a Hana