Nictofilia
Capítulo 26 — A Guerra: A Véspera
Quando algo que você pensa que havia perdido é achado novamente, é normal que fique feliz, mas no caso de ChanYeol, ele não estava feliz, sentia-se muito estranho ao lado dela. Havia demorado tanto para superar a "morte" da amada, mas ela tinha voltado, mas por que não ficava feliz com isso? BaekHyun estava radiante, como em tempos não estivera, JongIn e Junmyeon sorriam o tempo todo.
Ao longe, Elizabeth observava a cena do ruivo quieto e calado no seu canto, não era de seu feitio fazer isso, pelo pouco que observara nos dias em que teve contato com ele. Levantou e puxou de leve o ombro do Park, como se quisesse conversar com ele. Ele a seguiu até o quintal da casa de Hana.
— Ok ChanYeol, o que te incomoda? — A ruiva perguntou direta. Ele pareceu surpreso, mas logo sua feição mudou, passou a ser triste, cansada.
— É que eu não sei como classificar esses sentimentos que eu estou sentindo e em como entendê-los. — Puxou os fios de cabelo, claramente nervoso. — Eu sinto como se tivesse machucado a BaekHee de alguma forma, mas não me arrependo de nada, afinal, eu gosto da Hana e estou feliz com ela, embora eu esteja fazendo tudo errado. — Murmurou amargamente a última parte, olhando para o chão.
— Não acha que já fugiu demais dos seus problemas? Não adianta ficar com essa atmosfera de velório enquanto os outros estão felizes. Tente ver pelo lado positivo, ela está aqui, resolva todas as coisas mal-acabadas que não puderam resolver antes dela ir embora. Aproveite, porque você não terá outra oportunidade. — Colocou a mão em seu ombro e apertou, em sinal de apoio.
O outro assentiu, no final das contas, a estranha tinha razão.
[...]
A areia gelada fazia cócegas em seus pés, como uma leve massagem. Já eram quase cinco horas da tarde na praia em que estavam, ele escolheu um lugar tranquilo para conversarem e assim, resolveriam os conflitos do passado. BaekHee não sabiam onde estavam, afinal, não conhecia muito a Terra. Ela não estava nervosa como achou que estaria. Ela sentia como se tudo estivesse no seu devido lugar.
Seu vestido branco voava quando o vento vinha em sua direção. ChanYeol estava com as mãos nos bolsos, olhando para o sol se pondo. Eles pararam de caminhar para observar a cena digna de um filme emocionante e meloso.
— ChanYeol, você acha que tudo vai voltar ao normal quando tudo acabar? — Perguntou erguendo o olhar. Ele devolveu-o sorrindo.
— Provavelmente sim, Loretta sempre tem algo em mente além do esperado. Não se preocupe, Hee. — Bagunçou de leve os cabelos negros da garota.
Depois disso, caíram em um silêncio desconfortável. Nenhum ousava olhar para o outro, principalmente ChanYeol, os pensamentos dele estavam mais confusos e embaralhados do que os cromossomos na fase da mitose. A garota, percebendo a confusão do outro resolveu acalmar o coração do ser ao seu lado.
— Não precisa se preocupar com o que eu acho do seu relacionamento com a Hana, eu sei que você irá cuidar bem dela e irá fazê-la feliz. — Entrelaçou sua mão com a dele e a apertou, transmitindo que estaria com ele.
— Minha confusão nem é por causa disso, mas é bom saber que você acha isso. — Suspirou aliviado, finalmente o clima pesado foi deixado de lado. — Eu queria pedir desculpas pelas coisas que eu falei antes daquele dia, eu realmente não sei o que me levou a dizer aquelas coisas.
"Falsa!", "Idiota!", "Você não sabe o que eu sinto!". Foram algumas das frases que saíram da boca dele. ChanYeol estava com raiva, confuso e tudo o que tinha direito. Tinha acabado de receber uma mensagem do conselho dos anjos, ela dizia que ele não poderia mais ficar perto de sua amada e a Byun aparentava estar muito tranquila quanto aquilo, por isso, ele se irritou com ela. Depois disso, ele desapareceu e ficou sem falar com ela durante um dia, e foram suas últimas palavras ditas por ele para ela. Ele se arrepende até hoje por isso.
Logo após, passou um tempo na terra e encontrou Hana por entre os escombros do acidente e a partir daquele dia começou a cuidar da pequena criança indefesa, os olhos castanhos dela o fizeram sentir pena, foi algo involuntário. Sua habilidade especial é a de não poder ser rastreado quando ativada e fazia com que somente as pessoas que ele queria pudessem vê-lo. Uma habilidade útil, que foi usada bastante em toda a sua vida ao lado da japonesa.
— Eu sei que parte da culpa é minha, não se preocupe. — Alargou o sorriso. O corpo poderia ser o de Hana, mas a aura e a energia eram de BaekHee. — Eu te perdoei desde que você passou a proteger a Hana, você mudou bastante desde que começou a viver na Terra. Eu não imaginava que você conseguiria ser assim, está até sorrindo verdadeiramente.
— BaekHee... — Deixou a voz morrer gradativamente. Rapidamente, sem cerimônias, encostou seus narizes, ainda seguia seus instintos quando não estava concentrado em manter sua sanidade. Diversas vezes precisou manter todo o controle perto de Hana, se não, acabaria machucando-a. Ainda era um demônio, ele estava fadado a fazer coisas que não queria.
Dessa vez, ele repensou, seu lado racional tomou o controle. Todos os seus músculos travaram, abriu os olhos, normalizando a respiração. Os olhos caramelados estavam confusos e curiosos, ela nunca tinha visto essas atitudes vindas dele.
— Até mais, Channie. — Tombou a cabeça para o lado e sorriu, beijando a testa dele. Colocou as mãos em suas bochechas e encostou os lábios na pele fria dele. Aquilo poderia ser um "eu te amo" figurado, BaekHee não era de demostrar seus sentimentos por meio de palavras, e sim, por gestos. Um abraço, um carinho, ela era bastante afetiva com as outras pessoas e foi por causa disso que ChanYeol acabou se apegando a ela.
O corpo da menor ficou mole, o ruivo a amparou em seus braços e ergueu o rosto caído.
— Hana? — Chamou-a sacudindo seu corpo.
— Para de me mexer, estou ficando mais tonta que o normal. — Reclamou com a voz áspera. O outro sorriu, ela tinha voltado.
— Ah que bom que você voltou! — Abraçou-a, beijando o topo de sua cabeça.
— Para com isso, é agoniante. — Tentou se soltar dos braços dele, mas ela ainda não conseguia usar sua força por falta de concentração. — Não quero afeto agora, me solta! — Acontece que ela era enjoada quando acordava, não queria afeto ou qualquer outra coisa, só tomar banho e ir comer.
-X-
Samantha caminhava de um jeito peculiar, saltitando enquanto cantava; ela ainda era uma criança, iria fazer quinze anos logo e não queria perder uma das melhores fases de sua vida. Natasha e BaekHyun a acompanhavam para ela não se perder, já que, apesar de ser bastante inteligente, era meio distraída. BaekHyun não se sentia bem perto de Natasha, sentia que algo ruim vindo dela, ou algo assim. Só havia percebido isso naquele momento, pois nunca havia ficado a sós com ela, por que ele sentia isso? Ela, por outro lado, estava bem tranquila, mas ela era assim a todo momento, só quando estava lutando ou irritada que sua aura mudava drasticamente.
Eles estavam indo comprar doces, pois Sam, Loretta e MinSoo queriam comer doces e a menor se ofereceu para compra-los e como uma boa amiga que conhece a outra, Natasha decidiu ir junto para impedir que algum desastre acontecesse e o Byun queria comprar doce também, então antes de sair, pediu dinheiro para Junmyeon.
As pessoas os olhavam, afinal, não era todo o dia em que pessoas como eles passeavam pela cidade, havia uma maldição nos caçadores do Clã da Noite, por mais normal que a aparência da pessoa tenha, seus olhos hipnotizavam as pessoas. Pretos como a noite e em alguns casos especiais, seus olhos passavam a ser mais claros, como as famílias da Samantha e da Natasha, mas na hora da luta, eles escureciam drasticamente. Byun era um anjo, sua beleza era tão inocente e pura que impressionava até mesmo os corações mais frios.
Chegaram a um supermercado, a Hensel entrou e foi diretamente para a seção de doces. A Romanoff e o outro foram para outra seção, a seção de biscoitos. BaekHyun havia pegado a mania de comer um biscoito com camadas de chocolate por dentro e coberto com chocolate também e estava procurando por eles e Natasha procurava os mesmos. Pegaram as embalagens ao lado da outra e foi neste instante que o Byun olhou nos olhos claros de Natasha e falou o que pensava.
— Você é estranha. — Disse sem rodeios, não havia aprendido a ter um "filtro de palavras", falava o que lhe achava conveniente e as vezes errava o momento de dizê-las. — Você tem uma aura sombria e têm vezes que eu sinto um desconforto quando estou contigo, mas quando sorri é tão bela e pura. Eu realmente não entendo.
A outra deixou o pacote na prateleira e retribuiu o olhar dele, respirando fundo.
— Vou levar o, "mas quando sorri é tão bela e pura" como um elogio. — O moreno a olhava atentamente, percebendo que algo estava errado no olhar dela. — Sobre a aura, é normal, toda a minha família tem isso, entretanto, não posso mudar. Já o desconforto que você sente, meu clã ficou conhecido também matar anjos, mas se te conforta, nunca matei um. — Dito isso, afastou-se e caminhou em direção ao caixa.
Ele não entendeu muito bem, foi uma ameaça ou aviso? Tinha soado como se fosse. Provavelmente, se voltasse a tocar naquele assunto, uma adaga de anjo iria a encontro de sua garganta. Samantha estava vindo a seu encontro — com muitos doces na mão. Até um certo momento, ela estava com uma face calma, mas quando a russa passou por ela de cara fechada, ela mudou e ficou irritada. Ela sabia muito bem que se a sua amiga ficasse de mal humor, somente algum derramamento de sangue colocaria um sorriso em seu rosto.
— O que você disse a ela? — Perguntou com um leve tom irritado.
— Que ela era estranha. — Respondeu com a verdade. A verdade era considerada o maior princípio dos anjos e a mentira, uma desonra, além de ser pecado. Foi-lhe ensinado a não mentir, por isso, preferia falar o que pensava sobre as coisas, todavia, não lhe ensinaram o momento certo de dizê-las.
"Nós temos que destruir
Para que possam nos ver
Nosso grito deve ser forte
Para que possa se espalhar à distância"
Quando a Hensel ousou retrucar, sentiram algo estranho vindo do céu, algo extremamente ruim. Correram para a porta, deixando o que estava em suas mãos no balcão. Natasha observava o céu com um sorriso no rosto, sua sede de sangue seria saciada mais rápido do que imaginava.
"Verdades distorcidas, mentiras doutrinadas
A voz da mudança subindo com as ondas"
— Samantha, pode preparar a sua espada, pois hoje ela será usada. — Sorriu. Os lábios se curvaram tão abertamente que ela parecia o próprio coringa.
Um círculo de alquimia surgiu próximo ao corpo da alemã, cinza, como o aço. Uma espada feita de aço surgiu na palma de sua mão. O anjo olhou aquilo impressionado, aquela era a habilidade dela, alquimia.
"O responsável por fazer tudo
ser engolido pelo oceano
É você"
A verdadeira face de uma pessoa só aparece quando ela está na guerra, pois é nela que você faz de tudo para sobreviver.
"A luz brilha forte
No momento em que a longa escuridão se desfaz
Eu devo acordar novamente, oh
Na nova manhã" —
The Eve, EXO
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