Enquanto Ruth me ajuda a levar refrigerantes e doces para o meu quarto, eu torço para não sofrermos uma overdose com todo esse açúcar. São quase duas horas da manhã. Nós chegamos a cerca de uma hora em casa. Chris trouxe o estoque de doces de sete mercados, e Cloe teve a excelente ideia de colocar o papo em dia, e eu tenho certeza, mas assim, muita certeza, de que quem mais vai se constranger sou eu. E também necessitamos atualizar Ruth, não tivemos tempo de deixa-la a par de tudo.
Eu já tinha colocado meu pijama assim como as outras. Quando entramos no quarto, Chris estava mexendo no celular e Cloe surfando nos canais da minha Tv. Coloquei os copos no criado mudo e me aconcheguei em pernas de índio em cima da minha cama:
- Uhul! Tem chocolate! – disse Cloe, que largou o controle e se atracou numa das barras. Eu ri.
- Então, sobre o que vamos conversar? – perguntou Ruth.
- Nunca foi numa noite de meninas com Kim e Jess? – perguntou Chris, sentando em cima da cama, puxando o short do pijama um pouco mais para baixo.
- Ah... Sim... Mas elas só ficam pintando as unhas uma das outras, hidratando o cabelo e falando a listinha de quem pegaram...
- Eu tenho uma amiga minha no Brasil, que a definição de festa do pijama pra elas é essa também. – comentei.
- Mas aí, quem começa? – Cloe perguntou e as três olharam para mim.
- Tudo bem, vocês venceram. Mas o que querem que eu conte pra vocês?
- Como sua mãe reagiu quando contou pra ela que não era mais virgem? – Cloe perguntou bem na cara de pau. Ruth quase caiu para trás e se engasgou com a coca. Opa, eu não tinha contado pra ela.
- Vo-cê não... – neguei. Senti meu rosto esquentar. Aguentei um discurso da minha mãe sobre DST e gravidez, achei que já tinha me constrangido o suficiente.
- Bom, achei que seria pior... – eu disse respondendo a pergunta de Cloe, enquanto Ruth se acalmava de seu desespero pós descoberta de uma amiga não virgem. A maioria das minhas amigas no Brasil não são virgens, mas aparentemente, as pessoas aqui de Londres são mais reservadas. Ainda bem – Tipo, achei que ela ficaria nervosa comigo ou algo assim, ela só chorou e me deu uma palestra! – rimos nós quatro juntas.
- Seu pai sabe? – Chris perguntou.
- É claro que não! Ele vai querer matar o Harry se ele descobrir! Principalmente por que eu tenho dezesseis e o Harry vinte e um!
- Falando nisso, o aniversário do Harry não tá chegando? – Ruth perguntou enquanto vasculhava uma das sacolas repletas de doces.
- Sim, é em fevereiro. Em maio eu vou fazer dezessete... Nem acredito que daqui a um ano e meio nós vamos estar indo para a faculdade.
- Pois é... – Chis disse – Vai fazer aqui para ficar perto do Harry?
- Claro que sim... E vocês?
- Eu vou ficar aqui... – Ruth começou – Estou pensando em fazer gastronomia...
- Sério? Olha só... Há uma semana você não tinha nem ideia... – Cloe comentou.
- Aquela feira de profissões me deu uma luz sabe?
- E então... Sua vez Cloe... Como está indo com o Louis? – eu perguntei.
- Ah, sei lá sabe? A gente tá saindo e se curtindo e tal. Ele tá sendo um fofo comigo, mas eu não sei se a gente tem os mesmos planos um com o outro sabe? Eu quero um relacionamento sério, mas eu não tenho nem ideia se ele me vê como uma namorada... – Cloe respondeu, e eu me identifiquei com ela.
- Quando eu e Harry começamos a ter alguma coisa, eu senti medo que eu fosse a única a estar me apaixonando... Tentei me segurar para não cair de cabeça numa possível ilusão, até que ele me pediu em namoro... – aquilo não deixava de ser verdade. Muitas vezes eu até mesmo pensei em me afastar dele com medo de me machucar.
- Espero ter uma sorte que nem a sua...
- O Liam também é uma complicação... – Chis começou. Eles ficaram semana passada, eu acho. E todo mundo ficou sabendo, afinal, a foto voou na mídia de um jeito que assusta – A gente ficou só que ele não está me tratando de um jeito diferente sabe, é como se nada tivesse acontecido entre nós... Me chateia.
- Bom, já que não tenho namorado ou ficante vou contar para vocês o que fiquei sabendo. – Ruth começou a falar – Kim está pensando em dar o bebê para adoção assim que nascer. – nós três olhamos para ela.
- Talvez seja até o melhor para a criança... – eu comecei, pegando um marshmallow – Porque... Ter a Kim como mãe deve ser um dos maiores castigos, vai dizer. Ela ao menos tem jeito com criança?
- Não! – Ruth rui enquanto dizia – Uma vez, ela surtou porque um primo dela falava errado. Foi engraçado. Mas pelo jeito os pais dela discordam completamente. De acordo com o que eu fiquei sabendo, eles não querem nem saber. Ela vai ter que ficar com a criança, afinal, fez agora cuida, e vai continuar o colégio.
- Continuar os estudos é o mínimo né? – Cloe disse.
- Minha mãe ficou duas semanas longe dos estudos quando eu nasci... Mas depois ela voltou e com a ajuda da minha avó ela conseguiu se formar sem problemas.
- Mas a sua mãe gosta de crianças e é alguém descente! Não é uma Kim ou uma Jess da vida.
- É... Mas quem sabe Kim agora não tome jeito... – eu disse. A esperança é última que morre, não?
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