História No Peace [EM REVISÃO] - Zack - Charlie: Fury

Zack

Fazia aproximadamente 1 hora que a Charlie tinha chegado aqui e não parava de chorar um segundo sequer. Eu não estava entendo nada e ela não ajudava falando o motivo.

Quando se passaram duas horas sem qualquer tipo de reação dela a não ser chorar, liguei para o Ryan vir para cá me ajudar, já estava ficando preocupado e não sabia lidar com esse tipo de situação. Meu amigo chegou em menos de cinco minutos.

-Cara, o que aconteceu? -me perguntou quando se deparou com a imagem da garota abraçada comigo e chorando sem parar.-

-Eu também gostaria de saber, já faz horas e ela não me diz nada. Não sei o que fazer, nunca passei por isso. -falei olhando para a Charlie.- Hey, eu preciso saber o que tá acontecendo, desse jeito não tem como te ajudar. -falei pela milésima vez tentando fazer ela falar.-

-Charlie, você sabe que pode contar com a gente. -Ryan se abaixou na sua altura e tocou seu rosto acariciando ali, a fazendo olhar para ele.- 

-Jason. -ela disse em voz baixa.-

Finalmente a Charlie tinha dito algo, se eu soubesse que o meu amigo faria esse milagre, teria chamado antes.

-O que aquele banana fez? Ele te bateu? Charlie se ele encostou um dedo em você, eu vou acabar com ele agora. -falei me afastando para fazê-la me olhar.-

-Calma cara, deixa ela falar. -Ryan me repreendeu.-

-T-Terminou comigo. -soluçou voltando a me abraçar e chorar mais ainda.-

Eu e meu amigo nos entreolhamos nos perguntando do porque ele tinha feito isso.

Suspirei e apenas abracei tentando confortá-la.

-Fica com ela, quero resolver isso. -falei baixo para o Ryan.-

-Qual é Zack, o que você vai fazer? -ele falou preocupado.-

- Eu sei o que tô fazendo, não posso simplesmente ficar aqui olhando ela chorar sem agir. -disse me levantando.-

Charlie mal reagiu e então sai de lá sem enrolar demais. Eu sabia que ela gostava do Jason, mas não imaginava ser tanto assim, a final, já rolou tanta coisa que eu custava acreditar que ela estava com ele simplesmente por que o 'amava'.

Pensei em vários motivos que ele poderia ter para terminar com a Charlie enquanto seguia para a garagem, mas nenhum parecia fazer sentindo.

Peguei meu carro e sai de lá para a direção do prédio daquele babaca. Eu sabia que não era da minha conta, eles teriam que se resolver sozinhos mas eu não conseguia deixar de fazer algo, ver a Charlie chorando foi horrível e eu queria que ele pagasse por isso, queria que ele estivesse tão pior do que ela.

Após um longo tempo pensando enquanto dirigia até lá, me veio na cabeça que talvez o motivo fosse eu.

Eu dei a chance para ela entrar nisso. Eu fui atrás. Eu a envolvi. Eu a beijei. Eu a meti em encrenca. Eu fiz merda.

Bati no volante pois isso realmente fazia sentido, Jason já estava desconfiado e eu sabia disso. O escritório de advocacia que ele trabalha era o mesmo contratado por Brad para cuidar do seu caso e por uma merda de coincidência quem estava a frente disso era essa otário, claro que Brad iria citar meu nome no depoimento mesmo que não encontrassem nada sobre o meu envolvimento.

Charlie vivia em duas realidades contrária. Comigo as coisas eram todas erradas e ilegais, com ele era totalmente o oposto, coisas certas dentro da lei na medida do possível. A garota estava em cima do muro entre o certo e o errado e por mais que devesse, não pularia para o lado certo. Então, enquanto insistia em ficar ali, talvez o Jason teria descoberto algo que não o deixasse muito feliz.

Merda! E se ele tivesse descoberto tudo? Não teria provas mas saberia de coisas que não deveria, e como regra, eu tinha que eliminar qualquer tipo de gente que não fizesse parte disso mas que tinham informações demais. O problema era que obviamente isso seria impossível.

Estacionei meu carro em frente ao enorme prédio em que ele morava, sai de lá em direção à recepção. Como eu só sabia qual era o prédio, tive que fazer uma média com a recepcionista para ela finalmente me dizer o apartamento e o andar de Jason. 

Entrei no elevador depois de pegar o número dá mulher e prometendo que ligaria para marcar alguma coisa mesmo sabendo que não aconteceria.

No caminho até o andar desejado, percebi que eu não tinha realmente o que falar. Eu apenas queria descontar a minha raiva nele por fazê-la chorar. Claro, não era culpa dele essa bagunça toda, mas todos tinham uma parcela nisso.

A porta do elevador se abriu, dei passos lentos até o número 1502 e parei em frente a porta. Na minha cabeça, passavam-se várias coisas para dizer, mas nenhuma tinha realmente sentido de se falar.

Alguns minutos depois, eu ainda estava parado ali. Assustei-me quando a fechadura fez barulho e a porta se abriu. Dei de cara com a imagem de um cara acabado, seus olhos estavam vermelhos e inchados indicando que ele tinha chorado bastante, atrás de si eu pude ver a zona que estava sua casa, coisas jogadas no chão ou quebradas. Ele me olhou surpreso e confuso, por minha vez mantive uma expressão neutra sobre esse encontro nada agradável.

-Que diabos você está fazendo aqui? -ele quebrou o silêncio que pairava no ar.-

Fiquei uns segundos sem responder pois nem eu sabia a resposta para esse questionamento.

-Acho que temos algo para resolver. -falei por fim.-

-Não temos nada para resolver. -Jason falou cuspindo ódio em cada palavra.-

-Quero você longe da Charlie. -disse autoritário.- Não tem mais que se meter nisso, esqueça ela e faça o que quiser com a sua vida de merda.

-É sério? -rio irônico.-

-Parece que eu estou brincando? -perguntei sério.-

-Por que realmente você está aqui? -quis saber.-

Eu sabia que ele tentava a todo custo manter a cabeça não lugar e não partir para cima de mim. Sua mão esquerda estava fechada em punho pronto para me acertar a qualquer momento e ao perceber isso, fiquei esperto com cada passo seu.

-Olha Jason, eu fui muito paciente com tudo até eu ver a Charlie sofrendo e a culpa ser sua. -o empurrei sem conseguir controlar minha raiva.- Eu vim fazer você pagar por cada lágrima que ela tá nesse exato momento derramando por um otário que nem você. -o empurrei mais uma vez e ele não esboçou nenhum esforço para se proteger.- 

-Vai enfrente, me faz pagar por ter feito sua bonequinha chorar. Por ter quebrado cada parte do coração dela. Por... -antes mesmo dele acabar a frase eu já estava no chão socando-o várias vezes.-

Jason tinha me provocado, tentei me segurar ao máximo mas assim não dava. Descontei muita coisa nele, até que subitamente parei.

Eu sabia muito bem como funcionava meu corpo quando estava consumido pela raiva, a adrenalina no meu sangue era responsável por cometer atos que eu sempre me arrependia no final. Mesmo achando ele um otário, não concordava que a Charlie deveria sofrer mais com tudo isso. Se eu continuasse, provavelmente o mataria.

Sai de lá sem olhar para trás.

[...]

Charlie

Sabe aquele chão que todos nós temos quando nos apoiamos em alguém que confiamos e amamos? Eu tinha perdido ele totalmente.

Sabia que o círculo estava se fechando, eu queria contar a verdade mas não podia. Essa viagem era uma grande chance de provar que eu ainda era a mesma Charlie que Jason conhecia. Eu tinha certeza que amava o Jason, podia não ser o amor perfeito que muitas pessoas descrevem e falam o quanto deve ser fiel ou transparente com o outro, mas era o meu tipo de amor.

Depois disso, pediria para o Zack para não participar de mais nada e apenas ser amiga deles. Essa era um decisão que eu vinha pensando a um tempo, não aguentava mais a pressão que estava sofrendo e queria dar o fim nisso, tinha certeza que o zack entenderia tudo e me ajudaria no que fosse preciso.

Agora, eu não tinha mais certeza de nada. Não fazia ideia de como Jason tinha descoberto tudo sobre mim, sobre o Zack e tudo que aconteceu nos últimos meses.

É óbvio que se um dia ele descobrisse que suas suspeitas eram verdades, tudo poderia acabar. Mas eu já tinha planejado tudo para ser diferente e menos pior.

Eu tinha ouvido palavras horríveis e não sabia lidar com tudo isso, o chão se quebrou de uma vez e eu me senti sozinha naquele momento.

Tudo que eu fiz foi correr para a casa do Zack. Lá, fiquei por vários minutos chorando sem dizer uma palavra sequer. Ouvi Zack falando com o Ryan no telefone dizendo que estava preocupado mas não me importei, na verdade nada importava agora.

Percebi a chegada de Ryan, algo me dizia que eu precisava contar o que havia acontecido. Então quando perguntaram pela milésima vez, disse a razão do meu choro, com isso senti um necessidade enorme de chorar mais ainda, foi o que eu fiz.

Abraçada ao Ryan, continue chorando por um bom tempo e nem percebi direito que o meu outro amigo tinha saído.

-Charlie... Olha para mim. -a voz suave do Ryan me chamou a atenção, eu não queria olhar, mas meus olhos foram de encontro com os dele antes mesmo que eu percebesse.- Eu entendo o que você está passando, sei o quanto é horrível... mas... -ele procurava as palavras certas para usar.- Está me quebrando te ver assim, e tenho certeza que ao Zack também... Não se sinta culpada por isso, certo? Talvez não era para ser, sabe? É algo natural, acontece as vezes e temos que lidar com isso querendo ou não.

-Eu sou uma idiota. -falei com a voz embargada no choro e com os olhos marejados.- Eu sabia que não devia ter entrado, sabia que deveria sair mas não fiz... E agora? Acabou e tudo é culpa minha, eu sei disso.

-Ele não sabe os seus motivos. Você merece o melhor Charlie, não fique chorando como se fosse a pior coisa no mundo. -ele acariciou minha bochecha limpando uma lágrima que escorria no momento.- Você é uma garota incrível, tenho certeza que a vida vai te recompensar por tudo isso.

Não queria conversar ou discutir, já tinha ouvido isso uma vez e era sempre o mesmo discurso: Não é sua culpa. Não é o fim do mundo. Tem vários garotos por aí. Você merece alguém melhor.

Era patético.