Um pequeno menino sentou-se na beirada da praia, sentindo a areia afundar sobre os seus pés. Pela chegada do outono, quase ninguém vinha próximo ao mar devido ao frito, menos ele. Gostava do modo como à brisa soprava sobre o local e deixava tudo mais belo e instigante. Respirou fundo apenas para inalar o aroma da que a água do oceano fazia ao chocar-se com a areia.
Ele sentou-se timidamente sobre o pano que trouxera, segurando um pequeno livro em mãos, sem retirar os olhos do mar nenhuma vez sequer. Estava concentrado demais admirando a bela paisagem a sua frente. Sempre quando vinha a esse local, a criatividade vinha em sua mente.
Somente ficando em locais silenciosos conseguia concentrar-se em sua leitura. Gostava muito desse ar.
–O que está fazendo aqui, garoto? Essa praia está deserta.
A voz de uma simpática senhora ecoou por trás do menino, o fazendo virar-se de costas para observar a idosa de xale verde caminhando gentilmente em direção ao banquinho de pedra que havia próximo. Ela o encarava com curiosidade.
–Resolvi passear um pouco no meu tempo livre –respondeu o menino de aproximadamente dez anos. Ele possui cabelo loiro e vestia um grosso casaco de inverno.
–É tão raro uma criança com “tempo livre” hoje, sempre estão ocupadas no videogame ou tabléti –respondeu a idosa, arrancando risos do menino por não saber pronunciar “tablet”.
–Nem todos são assim.
–Pois é, mas está cada vez mais raro encontrar crianças como você–a senhora comentou, fazendo uma pequena pausa. Ao encarar o pequeno jovem novamente, ergueu a sobrancelha em curiosidade ao perceber o objeto que ele carregada, perguntando: –Oh, você gosta de livros?
–Sim! –ele respondeu de maneira agitada. –Gosto de ler histórias de ação e ficção, mas o meu gênero favorito são as histórias de amor.
–Ah, histórias de amor... –a senhora soltou um pequeno riso, prosseguindo. –Eram tão belas e com uma mensagem de reflexão, hoje elas são apenas histórias mesmo...
–Como assim? –o menino franziu o cenho em curiosidade.
–Você ainda é bastante jovem, provavelmente não entenderia. A humanidade está cada vez mais egoísta, sabe...? Caso o amor fosse usado por nós, não veríamos indiferença, isso se o amor ainda existe.
–É claro que ele existe! –o pequeno garotinho respondeu tão alto que assustou a senhora, chamando sua atenção. Encarando o livro que carregava, prosseguiu: –Esse livro... Conta a história de um homem e uma mulher que se conheceram no colégio e apaixonaram-se perdidamente, porém por razões egoístas dos pais, tiveram que separar-se por quase uma década.
–Que maldade! –comentou a idosa, cobrindo a boca em surpresa e mostrando-se interessada nos diálogos do pequeno. Ele é um tanto maduro para um menino de sua idade, fato que o deixava ser carismático.
–Sim, mas eles se reencontraram e todo aquele sentimento selado cresceu novamente dentro deles. Novamente, seus pais tentaram separá-los, mas falharam. Os dois estavam totalmente entregues ao amor e dispostos a lutar, não eram mais dois adolescentes ingênuos e indefesos. No fim, eles viveram “felizes para sempre” em uma casa distante de todos que poderiam causar mal ao amor deles.
Os olhos da simpática senhora encheram-se de brilhos, maravilhada com a história e com a maturidade do garoto. O pequeno menino loiro passou a mão pela capa do livro, abraçando-o enquanto encarava o mar a sua frente, perdido em seus próprios pensamentos.
–Essa é o meu livro favorito –dissera no fim. –Eu leio e o releio sempre.
–Que história linda! Fico contente em saber que tudo acabou bem para eles.
Mais uma pausa em silêncio. O garoto ficou de pé, pegando sua toalha no qual estava sentado e ajeitando a calça para retirar-se do local, com um sorriso abobado em seu rosto. Fitou brevemente o casal que acenava para si: um homem loiro e com feições semelhantes a sua. e a mulher ao seu lado de um longo cabelo branco.
–Thomas! –o homem o chamou, fazendo gestos com as mãos para chamá-lo. –Está ficando tarde, não demore!
Ele apenas assentiu com a cabeça, entendendo que era hora de partir e obedecer seu pai. Caminhando de volta para casa, o menino respondeu reviveu novamente o assunto e dissera:
–Eu posso lhe garantir, com toda a certeza, que eles são extremamente felizes hoje, senhora.
–Oh, e como você sabe? –a idosa perguntou, claramente curiosa pela história. É incrível a capacidade de pessoas de idade ter interesse em conversar sempre.
Parando apenas para respondê-la, o menino loiro abriu um grande sorriso orgulhoso enquanto fitava seus pais:
–Porque eu sou filho desse autor e o fruto dessa história de amor.
FIM.
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