Thiago P.O.V.
- QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ? - perguntei, desesperado. Logo, fui abraçá-lo.
- Meu...Meu pai, Thiago...- pude ver o quanto ele estava fraco. - Ele descobriu algumas coisas sobre mim...
- Eu vou levar você pro hospital. - disse, tentando levantá-lo.
- Não! - ele parecia não querer sair do chão, e se forçou a sentar de novo. - Eu preciso comer!
- Tá bom, tá bom.
- PK! - ouvi Guaxinim vindo em direção à nós. - FOI ELE?
- Foi, Guaxi! - Pk estava tão fraco.
- Você sabia, Rafael?
- Sim, desculpe Thiago. Mas Pk disse pra eu não te falar nada!
- Tá, não importa. Alan, vai comprar alguns curativos na farmácia ali de baixo e um antibiótico. - abracei-o para levantá-lo novamente. - Guaxinim, vá fazer algo pra ele comer. Vou levá-lo pro banho.
Peguei Pk de um jeito pra que não deixasse ele cair, e levei até o banheiro.
Suas roupas foram todas jogadas pela casa, ele estava apenas com algumas peças no corpo. Levei ele em baixo do chuveiro e liguei o mesmo. Com muita dificuldade, consegui segurá-lo.
- Consegue se lavar sozinho? - perguntei. Ele manteve a cabeça baixa.
- Eu...Eu acho que sim. - mal pude ouvir sua resposta, seu tom estava baixo.
Ele continuava fraco. Parecia que a qualquer momento, ele cairia desmaiado no chão do banheiro. Seu corpo estava morto, e por isso, pesava meus braços. Alan deu um berro dizendo que ele e Guaxinim iriam embora, e avisariam minha mãe sobre o que aconteceu.
Depois de um tempo de banho, tirei-o de lá, e coloquei no quarto. Achei os curativos pra colocar em seus machucados e vi o quanto estavam feios. Talvez ele precisasse de um médico, mas já estava tão tarde. Fui enfaixando tudo o que via de machucado pela frente, ele me olhava atentamente, me deixando corado em algumas horas. Mesmo concentrado no que estava fazendo, sorri.
- O que foi? - ele perguntou com a voz fraca.
- Você.
- Eu o que? - pude ver seu sorriso de canto de olho.
- Me encarando. - soltei um riso fraco.
- Não gosta?
- Não é isso - balancei a cabeça num movimento negativo. - É que...Eu fico com vergonha.
Ouvi sua risadinha pelo nariz.
- Você é um idiota. - ele disse, rindo.
Peguei a primeira calça que vi na gaveta dele, e mesmo assim, ainda reclamou, dizendo que não queria colocar aquela. Matheus é um saco, né? Precisei deixar ele escolher sua própria roupa, era capaz de ele me bater se eu tentasse enfiar aquela calça nele.
Fomos até a cozinha. Matheus parecia nunca ter visto comida em sua frente, ele estava completamente faminto. Penso na fome, sede e cansaço que ele passou, e até fico mal por ele.
- Tá com frio? - ele não desgrudava seus olhos da televisão, e óbvio, não parava de comer.
- Um pouco.
Matheus parecia um ser tão fraco naquele momento. Eu imaginava alguém o atacando nessa hora, e sinto que alguém precisava protegê-lo de todo o mal, porque ele precisa disso, ele é bom, e isso é bom.
Fiquei observando o modo como ele agia, os olhos atentos à televisão, a mão largando a panela de comida no sofá, ele parecia tão perfeito. Se encolheu de frio, eu pensei em buscar uma coberta pra ele. Mas, pra quê buscar coberta, quando você pode ser a coberta? Puxei-o pra perto de mim, ele me olhou, confuso. Passei meus braços pelo seu corpo magro, e entrelacei as mãos logo depois. Lhe dei um beijo em cima de seu cabelo, ele, então, deitou a cabeça em meu ombro.
- Eu já esperava por isso. - soltou um riso pelo nariz.
- Eu também. - concordei.
"Amor, eu estou dançando no escuro
Com você entre meus braços.
Agora sei que encontrei um anjo em pessoa
E ele está perfeito.
Mesmo eu não merecendo isso,
Você está perfeito."
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