História Nossa Surpresa - E Surge uma Parceria

- Tia May, comprei os ovos.

Peter chegou na casa da tia com a caixa de ovos na mão e com um outro pacote secreto dentro da mochila. Esse era uma entrega especial, e sua tia não podia descobrir.

- Obrigada, querido. - ela lhe deu um beijo na bochecha como agradecimento - O jantar está quase pronto.

É, o cheiro confirmava o que o sobrinho temia: bolo de carne pro jantar, de novo. Ele ria ao se lembrar de como ele e seu tio odiavam o prato da tia, mas comiam do mesmo jeito nenhum para não desaponta-lá. Mesmo sem seu tio, Peter ainda comia para agradar sua amada tia. Ela, além de fazer algumas tarefas, ainda trabalhava para poder ajudar com as despesas, já que o emprego do sobrinho não era lá essas coisas. Ele se sentia até culpado por isso. Desde que seu tio partiu, via a tia se esforçar mais do que podia para garantir uma boa vida para seu sobrinho. Ambos eram tudo o que o outro tinha. E sempre se protegiam à todas as custas.

Os dois se sentaram para comer. Conversaram cada um sobre seu dia, Peter mentiu sobre seus machucados mais uma vez. Odiava mentir, mas não queria que sua tia se preocupasse com uma "briguinha" de escola.

Como todos os dia, May foi se deitar assim que deu 21:00 horas. Peter esperou até ouvir os llroncos da senhora, pegou a mochila e saiu pela janela, sem fazer barulho. Pegou o atalho de sempre, pelo beco, chegando na velha rua suja sem saída. Foi para a parte de trás de um dos velhos prédios para subir pela escada de incêndio até o terraço. Ao chegar, logo avistou o mesmo homem loiro, olhando a cidade, distraído. Ele não precisou se virar, já sabia que quem havia chegado era o mesmo rapaz de sempre.

- Está atrasado, baby boy... - Wade se virou, fingindo estar desapontado com o seu amigo - Sabe que vai ter que pagar a multa, né?

Peter apenas riu, antes de entrar no jogo do mais velho.

- Você sabe que eu tinha que esperar minha tia dormir, Weirdo. Mas de qualquer forma... - tirou de sua mochila uma caixa com diversas chimichangas - Castigo é castigo.

Wade nem escondeu a vontade de devorar suas delicinhas preferidas. Peter só conseguia rir do seu amigo, se perguntando o que havia feito para merecer alguém como Wade em sua vida. O dia em que se conheceram ainda estava fresco em sua memória.

~ 3 anos antes ~

Não muito diferente dos outros dias, lá estava Peter, se contorcendo  no chão, por causa dos socos e chutes que já estava recebendo por longos e torturantes minutos. 

Como o rapaz queria acabar com Harry naquele momento. Se seu amigo não tivesse insistido tanto para acompanhá-lo até a pista de skate naquele lugar escuro, ele poderia estar em casa com sua tia May, sem nenhum ferimento. Aquela pista era o ponto de encontro do pessoal da escola de Peter, e ele sabia que Flash também frequentava o lugar. Como se isso já não fosse um bom motivo para sair de lá corrente, o jovem também já ouvido falar sobre um barzinho que tinha ali perto, onde sobrava caras grandalhões, perigosos, mercenários e talvez outras figuras bem piores. Aí sim, é que bateu a vontade de sair correndo, mesmo machucado. Nunca se sabe, talvez Flash aceitaria uma ajuda de qualquer sujeito de mau caráter pra bater no nerd fracote.

A rua era pouco iluminada e havia chovido. Peter só conseguia ouvir passos pisando nas poças d'Água, mas a visão embasada causada pelo olho inchado não deixou ver quem estava passando. Talvez Flash também tivesse percebido a presença de outra pessoa, mas se preocupou mais em continuar com a agressão. Só se viu o maior levantando o pulso para dar outro soco, quando sentiu o mesmo ter sido segurado por uma mão bem forte. Quando se virou para ver quem havia interrompido seu golpe, foi recebido por um belo de um soco, que o derrubou no chão. Mal deu tempo de se recuperar do golpe, foi levantado pela gola da camisa, ficando cara a cara com o agressor.

- Escute bem, metido a valentäo - O mais velho falou bem ríspido - Se eu ver você tocar nesse cara de novo, eu garanto que não vai sobrar nenhum caquinho seu para colocarem no seu caixão! Fui bem claro?!

Flash apenas concordou com a cabeça. Estava tão aterrorizado que até sentiu suas calças.l molharem.

- Que bom, é esperto... Sabe? Não gosto de repetir as coisas. - ele soltou o garoto no chão, caindo de novo - Suma da minha frente antes que eu resolva a te levar pra passear de ambulância!

Não demorou nem um segundo para o rapaz se levantar correndo. Peter estaria rindo muito, mas o medo de ser agredido, agora, por alguém mais velho do que ele, falava mais alto. Queria sair daquele lugar, mas estava tão machucado que nem ficar de pé conseguia. Foi tentar se levantar mais uma vez quando sentiu seu braço sendo posto no ombro do mesmo cara que o protegera. Ficou surpreso com esse ato de gentileza vindo de um desconhecido.

- Não precisa ter medo de mim, Baby Boy. Te defendi daquele bosta ambulante, não foi? - ele deu um sorriso amigável, foi o bastante para Peter sentir que podia confiar nele - Como você não vai conseguir se rastejar até sua casa, teremos que fazer uma consulta surpresa com o Dr. Wilson!

- Quem? - perguntou confuso

- Esse maravilhoso senhor fodão que vos fala!

Mesmo com dor, Peter deu uma pequena risada. Acabaram de se conhecer e Peter já havia gostado do jeito bem "extrovertido" de Wade. Nunca conheceu uma pessoa que não tivesse um filtro entre o cérebro e a boca. Harry podia ser um pouco mais solto do que o amigo, mas Wade era mais "solto" do que qualquer outra pessoa no mundo. Quanto mais o maior falava, no caminho até seu velho apartamento, mais era confirmava isso. Realmente, ele não parava de falar, nem mesmo quando estava ajudando Peter com seus ferimentos.

- ...então, eu nunca mais vi o filho da puta do meu pai! Comovente, não? Ainda acho essa minha história de merda pode virar um puta filme! Daí eu pego toda a verdinha que eu vou ganhar e esfrego na cara de cu dele. E então, talvez... - Wade se ligou que Peter não apenas estava lhe escutando como também parecia muito interessado, pois não o interrompeu em nenhum segundo - Você é um bom ouvinte! Gostei de você! Mas a pergunta é: - ele olhou nos olhos do moreno - quem é você?

O menor ficou todo sem jeito. Toda vez que alguém pedia para ele falar sobre si próprio, era como se tudo que ele já viveu nunca havia existido.

- E-eu... Sou... - para alguém que cresceu ouvindo "não fale com estranhos", o certo seria não falar informações pessoais. Mas Wade não era um estranho, ele o salvou. Era como um protetor. - ...Peter Parker.

Wade deu um sorriso, fazendo o jovem rir também, ainda um pouco envergonhado. O mais velho, então, arqueou as sobrancelhas, como se esperasse o "resto" da história.

- Então...? Conte mais sobre esse Peter Parker. Ele parece ser um carinha muito interessante.

- Nã-não há muito que se falar sobre ele - Peter abaixou a cabeça, mais envergonhado ainda - Sério, é apenas um fracassado qualquer. Nada de especial.

O menor só sentiu a mão de Wade em seu queixo, levantando sua cabeça. Ambos ficaram se olhando, como se uma força maior os impedissem de olhar pra qualquer outro canto.

- "Nada de especial"? Os seus olhos mostram o contrário, Petey. E você está falando com o maior fracassado do Universo. - Ambos riram - Temos muito tempo, ainda tenho te entregar à sua humildade residência. Topa um jogo chamado "quem tem a vida mais fodida"?

O sorriso tímido de Peter valeu como resposta. No resto da noite, esse joguinho os uniu muito mais do que o esperado. Mas ninguém nunca pensaria que essa "aproximação" durasse 3 maravilhosos anos.

~*~

- Ok, essas chimichangas pagam o seu atraso - O mais velho se sentou ao lado do mais novo, que observava as o céu no velho sofá do terraço - mas não pagam por você sair escondido da sua tia para me encontrar.

- Já conversamos sobre isso mais de um milhão de vezes, golWade.

Peter não queria esconder a sua amizade com Wade para ninguém, mas não era tão simples. A tia May ficaria louca ao descobrir que seu precioso sobrinho se encontrava com alguém 17 anos mais velho todas as noites de terça-feira. E ainda mais com um mercenário tagarela daquele jeito.

Wade deitou sua cabeça no ombro de Peter, que ainda olhava para cima, pensativo.

- Por que tão caladão, baby boy? Nem adianta dizer que o gato comeu sua língua porque você nem me deu a chance de saborear essa boquinha sexy.

Peter apenas ria das piadas (ou cantadas, ele não sabia ao certo) do seu melhor parceiro.

- Só me bateu uma nostalgia do dia em que nos conhecemos - o jovem virou a cabeça, fitando aquele encostado em seu ombro - Ainda não entendi por que você me ajudou naquele dia.

- Nem faço ideia também, meu caro baby boy. Só sei que a primeira que passou por essa bela cabecinha quando vi aquele moleque de 13 anos quase nocauteado foi: "Um rostinho lindo desse não pode ser destruído por um cusão daqueles."

Peter ficou corado com esse comentário sobre seu "rostinho lindo" e voltou a fitar o seu. Wade percebeu a vergonha de seu baby e deu um sorriso de orelha a orelha. Fazer o menor corar era uma das melhores coisas da vida "fudida" que tinha.

Ficaram mais alguns minutos naquele silêncio confortante, até o celular de Wade tocar e o mesmo se levantar para atender. O moreno já ficou com uma cara de decepção, já sabendo que se tratava de algum trabalha para o loiro. Peter não ligava tanto para o fato de Wade apenas fazer essas coisas por dinheiro. O que mais lhe entristecia era essas "missões" atrapalhem sempre um momento bom entre ambos, o que já era raro de acontecer.

- Bem, Petey, o dever me chama - ele deu um beijo na bochecha do menor e foi correndo para a saída de serviço - Não se atrase da próxima vez se não quiser pagar com chimichangas de novo, baby boy!

- Não irei, Weirdo! - o mesmo queria ficar mais algum tempinho sentado no sofá, mas notou um estranho movimento vindo de uma determinada parte da cidade. Sabia que O Lagarrto estava à solta de novo - Parece que o dever me chama também.

Botou o uniforme, seguindo em direção ao inimigo. Mal sabia o herói que essa batalha o iria reunir com um passado que ele nem sabia que existiu.