História November Rain - Good bye abuela!

(...) - A minha vó La-Lauren... Ela... a minha abuela morreu Lern - conseguiu dizer por fim e voltou a chorar desesperadamente e Lauren quebrou junto com a latina.

- Eu to indo praí Camz!

Desligou e correu pra se vestir, Camila precisava dela rápido e ela precisava estar lá, pela sua latina e com a sua latina. Não tenham dúvidas de que ela assim o faria.

(...)

O trajeto que normalmente demoraria dez minutos de carro, Lauren conseguiu fazer em menos de cinco. Desceu do carro correndo como nunca antes, tocou o interfone -lê-se esqueceu o dedo no interfone- e foi atendida por uma Dinah sonolenta e aflita que logo permitiu que a morena entrasse. Alguns lances de escadas até o quarto andar e ela pode avistar a porta do número 27-6B entre aberta.

Assim que passou da porta a visão foi de quebrar o coração, a latina parecia ainda menor encolhida em seu sofá, mas ela nem pode observar muito, logo que Camila ergueu o olhar em direção à porta ela praticamente pulou em Lauren e a agarrou como se sua vida dependesse disso e ali se deixou quebrar mais um pouco. Porque por mais que parecesse precipitado depositar tanta confiança em alguém que conhecia a pouco tempo, a latina tinha certeza que Lauren recolheria pedaço por pedaço dela.

- Ei Camz, eu estou aqui... vai ficar tudo bem. - Lauren disse calmamente ouvindo Camila soluçar e sentindo suas lágrimas molharem a pele de seu pescoço. - Shhh ... se acalma linda, eu to aqui - voltou a afirmar e foi dando alguns passos até o sofá onde aninhou a latina contra seu corpo a segurando firmemente. Ficou praticamente ninando a latina, vez ou outra deixava um beijo casto nos cabelos da mesma.

- Eu fiz um chá pra ela - Dinah apareceu na porta da sala e deixou a caneca com o líquido quente em cima da mesa de centro - Vou acabar de arrumar a mala dela, a família dela tem um vôo marcado pra daqui 4 horas - Lauren apenas assentiu e a loira seguiu pelo corredor.

- Toma aqui Camz, vai se sentir melhor - Lauren disse pegando a caneca e entregando para Camila que apenas assentiu e sorveu um pouco do líquido adocicado. Lauren ficou ali apenas observando o olhar vazio que a latina carregava agora, isso fazia com que ela quebrasse ainda mais junto com Camila, mas estava se mantendo forte, sendo o Porto segura que era preciso, um ombro amigo.
Camila permanecia bebendo o chá, chegava ser automático a forma como ela estava agindo, em sua mente uma bagunça que a latina lutava pra entender, como um dia que estava indo tão bem, uma noite mais que agradável - um encontro perfeito com Lauren - e com um telefonema carregando uma notícia tão lamentável tinha apagado todo o brilho do seu dia. Aquela ligação tinha sido a confirmação do atual medo de Camila, algo que era de grande possibilidade devido ao estado tão debilitado de sua avó.

Divagando em busca de alguma explicação que a confortasse terminou sua bebida e devolveu a caneca em cima da mesa. Se virou e ficou de frente pra Lauren, a mais alta por sua vez se aproximou um pouco mais dela, colocou uma mexa de cabelo que caia em seu olho atrás de sua orelha. Não sabia o que dizer nesse momento então apenas se deixou sorrir minimamente indicando para Camila que tudo - mesmo que não parecesse - ficaria bem.

- Desculpe ter te acordado - A latina foi a primeira a quebrar o silêncio ganhando apenas um aceno negativo em troca - Obrigada por vir, eu não sei por que, mas senti uma necessidade de te ver - Confessou um pouco tímida.

- Tá tudo bem Camz, você precisava de mim e aqui estou eu. - Puxou Camila novamente para seus braços - Agora mocinha, tente descansar um pouco. Você tem um vôo daqui a pouco - acrescentou fazendo um carinho nos cabelos da latina. Camila não chegou a adormecer, mas ficou de olhos fechados com o rosto escondido no pescoço de Lauren.

Duas horas mais tarde estavam Camila, Lauren e Dinah no carro da morena de olhos verdes a caminho do aeroporto. As duas acompanhariam a latina até o portão de embarque onde os pais da mesma já a esperavam. Em um pouco mais de cinquenta minutos Camila já estava despachando a bagagem e agora estava abraçada a sua pequena irmã, Sofia.
Dinah e Lauren estavam um pouco mais ao canto tentando se manterem acordadas.

Logo o vôo foi chamado e elas trocaram alguns abraços e despedidas rápidas, afinal seriam apenas dois dias.

(...)

Camila observava as ruas de Cojimar, ela amava tanto Cuba, porém estava odiando nesse momento estar de volta à sua cidade natal. Tudo estava parecendo sem brilho, totalmente sem graça aos seus olhos. Estava mais uma vez tentando entender o porque de tudo aquilo estar acontecendo com ela quando seu celular vibrou.

LERN �� (19:30) Espero que tenha chegado bem em Cojimar. Se der depois me mande uma mensagem pra ficar mais tranquila...

CAMILA (19:34) Oi Lern, eu cheguei bem sim

A latina se permitiu sorrir mesmo que fracamente, é que Lauren tinha esse poder sobre ela, trazia um pouco de cor pro seu mundo - momentanepamente - cinza.

LERN ��(19:35) Olá Camzi.

Já sabe quando vai ser o funeral?

CAMILA (19:40) Não sei direito, to chegando agora na casa dos meus tios, mas ouvi minha mãe dizendo que será pela manhã.

Acho que amanhã à noite já estou de volta

LERN �� (19:42) Achei que fosse ficar mais em Cojimar. Mas, já que volta rápido assim, eu quero te mostrar 2 lugares especiais. Tudo bem?

CAMILA (19:42) Uh okay... posso saber que lugares são esses?

LERN �� (19:43) SURPRESA!! Mas você vai gostar... espero... enfim, assim que você voltar verá ;)

CAMILA (19:43) UGH LAUREN! Eu odeio surpresas

LERN �� (19:44) Ei você consegue se controlar. Agora vá descansar um pouco, amanhã será um longo dia!

Se precisar de algo já sabe. Me ligue a qualquer hora.

CAMILA (19:45) Vou tentar. Tenha uma boa noite Lern ❤

(...)

PLAY - OUT OF THE DARK - MATT HIRES

A noite passou num piscar de olhos para Camila que assim que se deitou foi vencida pelo cansaço e desgaste emocional. Agora ela já estava no cemitério  ouvindo vários familiares e amigos falando sobre a pessoa maravilhosa que sua abuela fora durante toda sua vida. Ela mal prestava atenção no que falavam, ela estava tão absorta em seus pensamentos. Só foi prestar atenção quando seu avô se levantou para falar da esposa.

- Bom dia à todos! - começou tentando controlar a voz trêmula - Hoje estamos dando adeus a uma pessoa incrível a qual eu tive o imenso prazer de conhecer, conviver, amar e por incrível que pareça me amou de volta, acreditem ou não e é por isso que eu sei que ela está indo para o céu - brincou arrancando alguns risos, inclusive de Camila que estava sentada à sua frente - Eu poderia passar horas aqui descrevendo tudo o que passamos, mas prefiro fazer um breve agradecimento a essa mulher maravilhosa que por uma infelicidade do destino acabou por ser vencida por sua doença. Então meu amor, onde quer que você esteja agora só saiba que palavra nenhuma será suficiente para descrever o quão grato por tudo o que fizestes por mim. Por meus filhos maravilhoso que também fizeram filhos maravilhosos. Eu vou te amar muito além dessa vida. - finalizou mais emocionado ainda e Camila se levantou e foi abraçar o avô. Voltou a soluçar violentamente que todos achavam que ela não aguentaria e acabaria por desmaiar.

- Eu já to sentindo tanta falta da abuela, Vovô - manejou dizer em meio às lágrimas grossas que rolavam de seu rosto até o ombro do avô.

Todos seguiram para onde seria sepultado o corpo, uma caminhada curta, mas que naquele momento parecia ser uma das mais longas que a latina já fizera em sua vida. Pouco a pouco o caixão ia abaixando e todos iam depositando flores em cima. Apesar de ser dolorido e agonizante a partida de alguém que amamos devemos tentar achar alguma positividade. Cada um tem uma missão por aqui e se a pessoa se foi, então a missão dela já foi cumprida. A morte é indolor pra quem a acolhe de bom grado, a aceitação facilita 
o nosso seguir em frente. Camila tinha tudo isso em mente, mas o que a realmente a confortou foi o fato de sua abuela ter parado de sofrer, sua dor tinha acabado. Ela estava em paz agora.

(...)

PLAY - IF TODAY WAS YOUR LAST DAY

No avião Camila apagou novamente, estava envolta na inconsciência quando em um sonho sua abuela veio visitá-la, ela não conhecia o lugar onde estava, mas devia admitir que era um dos mais bonitos que já havia visto em sua vida. Era um campo de flores, diversas flores na verdade.

- Camila? - era sua abuela a chamando

- Abuelita! - correu em meio às flores até parar em frente um pequena mesa de ferro, só então ela assimilou, era um jardim em um terraço. Terminou com a distância entre as duas e agarrou sua avó, o abraço fora tão real.

- Mi pequeña... Não, não chore, eu estou muito bem meu amor. - tentou acalmar a mais nova - escute meu bem, eu não quero que você fique chorando, está bem? Tenha em mente que estou bem Camila.

- Eu vou sentir tanto a sua falta vovó, você não sabe o quanto! - disse emocionada.

- Eu vou estar pra sempre com você. Tenha sempre isso em mente. Você vai ficar bem. Mas quero que siga um conselho está bem? - Camila apenas assentiu - Viva intensamente meu amor, eu sei o quanto você é insegura e até mesmo fechada, mas você é jovem, merece ter uma vida bela. Então viva cada momento como se fosse o último, mesmo que não seja tudo bem? - ela assentiu mais uma vez - Me prometa pequeña!

- Eu prometo abuela!

Foi desperta de repente por sua mãe anunciando que estavam pousando. Ela estava um pouco atordoada, nunca tivera um sonho tão real como aquele. Por ironia do destino ela ainda estava de fones de ouvido e a música tocando no momento fazia todo sentido com o sonho, tinha a mesma mensagem que sua voz transmitiu em sonho pra ela, então uma lágrima escorreu de seus olhos e um sorriso enorme surgiu em seus lábios.

- Eu prometo abuela! - ela repetiu mais uma vez.
E ela já sabia até por onde começar a viver intensamente.