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História O amor nasce nas coisas simples. - Anjos



Notas do Autor


Olha só quem voltou uheuehueh
Eu sinto que não detalhei devidamente a situação do Tristan, mas não sei como explica-la melhor :(((( tentarei ir explicando melhor conforme o decorrer da fic. A próposito o tristan é inspirado no verdadeiro Tristan do filme El farol de Las orcas, um dos meus filmes favoritos. Quem ainda não assistiu, recomendo <3
O cap é todo da Vause. 💖

boa leitura s2

Capítulo 11 - Anjos


Fanfic / Fanfiction O amor nasce nas coisas simples. - Anjos

POV ALEX

Piper estava tão tensa no volante, os tendões dos dedos estavam brancos. Eu não quis perguntar sobre o que ela estava pensando, nem mesmo para onde estávamos indo. Mas ela me conhece bem demais.

-O que quer saber, Al? - Desviou o olhar da estrada por alguns segundo, me analisando.

Pensei sobre sua pergunta. Por mais que eu estivesse curiosa, eu preferia que nós duas chegássemos vivas ao destino e que depois ela me contasse em detalhes. Eu confiava nela, por incrível que pareça, é como se todo o meu medo de me envolver sentimentalmente com alguém tivesse se esvaído de mim. Todas as minhas barreiras foram derrubadas. Uma à uma. Claro que dona Lúcia tinha sua porcentagem de culpa nisso. Mas eu não me arrependo de nada.

-No momento nada. Não se preocupe, eu vou com você, eu vou te apoiar em qualquer coisa. Eu saberei lidar seja lá com o que me espera, e por fim, eu vou te ouvir depois. Agora, só dirija com cuidado. - Sorri fraco. Mas ela permaneceu séria e tensa.

Minutos depois, Piper estacionava às pressas o carro em frente a um… Orfanato? E se apenas o nome que estava logo acima do portão, fosse só um nome? O casarão parecia grande e antigo. Talvez à anos atrás fosse um orfanato, já hoje em dia talvez não seja mais. Que diabos nós estávamos fazendo ali afinal? Eram tantas perguntas se formando em minha mente, que não percebi que Piper já estava caminhando pra entrar no orfanato

-Al, venha! -Ela gritou, ignorando o fato de que poderia ter me esperado. Ou será que não poderia?

Por mais que eu estivesse confusa, no momento eu só precisava acompanhá-la, certo?

 

Ela empurrou um lado da porta dupla de madeira extremamente pesada, passou direto pela “recepção”, o que me confirmou ser um orfanato, pois uma mulher na casa dos 50 anos, usava roupa de freira. Sorriu abertamente ao ver Piper passar, mas não se comprimentaram. Até Piper parar de andar rápido e voltar até a mulher, me fazendo voltar também. Piper estava tão agitada.

-Onde a Suzenne está, irmã Ingalls? - Piper perguntou sem nem mesmo dizer oi.

-No quarto dele. Vá logo, menina Piper. - Ela respondeu docemente. Piper lhe sorriu e saiu correndo. Eu apenas a acompanhei.

Passamos por uma porta também dupla aberta, onde tinha várias crianças, a maioria dormia, outras estavam lendo livros, desatentas ao que acontecia ao redor, todas distraídas, habitando o mundo dos sonhos, e outras o mundo imaginário e mágico dos livros infantis. Por alguns segundo me permiti observá-las. Puras, dóceis, pareciam anjos. Nem mesmo sabiam o que o mundo e o destino reservava para elas. Não sabiam se seriam adotadas, ou se seriam donas da própria vida a partir dos 18 anos, tendo que aprender de qualquer forma a sobreviver e a conviver em sociedade, e se virar no mundo asqueroso e solitário que reside do lado de fora dessas portas, desse orfanato.

O que levava uma mãe a abandonar seu filho? Era o tipo de pergunta que eu nunca encontraria uma resposta cabível. Mas, eu não julgo quem o faz, cada um com seus motivos, esses que para uns poderiam ser cabíveis, já para outros, nem tanto. Mas penso que é melhor deixar em um orfanato e dar a oportunidade da criança crescer tendo uma família que a ama, do que estar em meio a ausência de amor e carinho.

Olhei para o corredor, voltando a realidade. Meus olhos estavam cheios de lágrimas só de pensar nessas crianças e no que as espera no futuro. Nunca seria capaz de imaginar com exatidão o que sentem por estarem ali. Piper estava parada me olhando, algo na expressão facial dela pouco iluminada, parecia orgulhosa. Com um sinal, ela me chamou. Voltei a andar rápido para acompanhá-la.

Piper parou na última porta do corredor. Ao lado de uma grande janela. Esperou que eu chegasse perto dela, e segurou firme minha mão direita apertando-a com força. Ela estava passando coragem para mim? Ou eu para ela? Eu não sei, mas ela abriu a porta com a outra mão, depois de um longo suspiro. No mesmo segundo ela soltou minhas mãos e correu até um menino loirinho que estava sentado na cama, e que tremia de forma visível. Parecia assustado. Ele tinha a cabeça baixa, as mãos tremiam de forma rápida sobre suas pernas finas esticadas. Piper colocou a mão sobre os cabelos loiros dele, na mesma tonalidade que os dela, e acariciou.  Depois segurou as mãos dele. Ele parecia reconhecer bem aquele toque, pois ela não precisou dizer nada, o toque fora o suficiente para fazê-lo olhá-la, e de forma rápida abraça-lá. Eu podia ver as mãozinhas ainda tremendo, a respiração ainda acelerada.

-Você tentou a água? Não adiantou? - Ela perguntava para a mulher morena, vestida como freira. A mulher afirmou, depois negou.

-Acho que a única coisa capaz de acalmá-lo por completo, é Saturn. - A mulher que aparentava estar entre 40 e 50 anos, disse de forma, aparentemente, convicta.

-Saturn? - Perguntei um pouco confusa. E intrometida.

-É a canção favorita dele. Tia Piper sempre canta quando ele estava muito, muito agitado, ou quando ele pede. Tristan adora saturno, não só a música, como o próprio planeta. -Eu não tinha percebido a presença daquela menina ali. Sorri em resposta para ela, e então observei melhor seus traços. Ela tinha os olhos verdes… idênticos aos meus. Os cabelos eram castanhos, um rostinho angelical como a de um anjo. Eu estava hipnotizada por aquela menina. Tão linda. Piper tirou minha concentração, a voz doce e calma dela, fizera com que, não só o menino, mas o meu próprio ser se acalma-se.

Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir

Como a luz continua eternamente, mesmo após a morte

Com falta de ar, você explicou o infinito

Quão raro e belo é apenas o fato de existirmos

 

Eu não pude deixar de pedir

Para que você dissesse tudo de novo

Tentei escrever

Mas eu nunca consegui achar uma caneta

Eu daria qualquer coisa para ouvir

Você dizer mais uma vez

Que o universo foi feito

Só para ser visto pelos meus olhos

 

Eu não pude evitar pedir

Para que você dissesse tudo de novo

Tentei escrever

Mas eu nunca consegui achar uma caneta

Eu daria qualquer coisa para ouvir

Você dizer mais uma vez

Que o universo foi feito

Só para ser visto pelos meus olhos

 

Com falta de ar, eu vou explicar o infinito

Quão raro e bonito é realmente existirmos

 

Ele aos poucos, foi parando de tremer. Eu, sentia uma paz interior ao ver e ouvir aquilo, que palavras não eram o suficiente para expressar.

Tristan parecia cochilar no colo dela, ela se deitou, e ele a abraçou, deitando-se junto a ela. Piper fazia carinho nele, e eu pude perceber, que agora, ele estava no mundo dos sonhos, longe de tudo que pudesse assustá-lo, principalmente estando nos braços de um anjo.

A menina dos olhos verdes, permanecia bem acordada. Estava sentada olhando o pequeno Tristan, nos braços da Piper. Ela não esboçava nenhuma reação além de admiração. Os olhos verdes eram tão puros e transparente que eu pude ver através deles, sua alma. Alma de criança, alma pura, alma cheia de amor e inocência. Por um instante eu quis tirá-la de lá, e a todo custo proteger isso que ela carregava consigo. Cuidar e dar amor a ela.

Balancei a cabeça em negação, eu não sei o que eu estava pensando realmente. Sendo interrompida pela mulher morena de pele em tonalidade extremamente linda, que me tocou nos ombros, intuindo que eu me retirasse com ela. Eu o fiz. Ela fechou a porta atrás de mim, depois, caminhou até a janela grande que tinha ao lado da porta. Era uma janela enorme que dava visão para um parquinho com brinquedos de crianças, como escorregador, balanço, e gangorra. Tinha também pequenas mesinhas, e ao redor alguns pneus com florzinhas de diversas cores. Era acolhedor.

Ela encostou o ombro direito na lateral da soleira, já eu coloquei meus dois cotovelos sobre ela, colocando parte do meu peso ali. Observando o céu, pude ver ele cheio de estrelas, uma mais bela que a outra, uma mais brilhante que a outra, mas eu sei que cada uma contém sua essência, assim como nós.

-Meu nome é Suzenne. - Ela disse, me roubando atenção.

-Eu imaginei que fosse. - Sorri, para não parecer grosseira.- Meu nome é Alex. Alex Vause. Eu sou é… eu sou a...

-Alex é minha namorada, Mãe. - Piper me interrompeu. Fechou a porta atrás de si com cuidado.

Senti o ar me faltar. Namorada? Ela me apresentou como sua namorada? Será que ela já queria formalizar, já considerava nossa relação como um relacionamento firme ou só não quis me magoar me apresentando como amiga? Deus, a primeira opção era tudo que eu queria. Ter Piper como minha namorada, seria meu melhor presente em anos.

-Eu imaginei que fosse. - Soltou uma piscadela em minha direção.

Piper me abraçou por trás, deixou um beijo em meu ombro e me soltou indo em direção a Suzenne a abraçando.

-Eu senti sua falta querida. Veio para ficar?

-Eu não sei. Eu tinha outros planos, mas agora que ele voltou, eu não sei… - Ela se desvencilhou do abraço da mais velha.

-Quais planos? - Suzenne perguntou, visivelmente curiosa.

-Vender o meu apartamento, e reformar a casa da lagoa na fazenda dos meus avós. - Olhou nos meus olhos. - Eu queria ficar perto de quem amo, já que Tristan estava em outro lugar, tinha a chance de ser definitivamente adotado, eu precisava ficar perto de quem amo, e um pouco longe daqui. Você sabe, é demais para mim suportar.

Eu tinha vontade de abraçá-la e confortá-la, mas Suzenne fez isso por mim, voltando a abraçar Piper.

-Eu entendo minha filha. Depois conversamos mais, agora eu preciso verificar se as crianças estão dormindo, e eu acho que vocês precisam conversar, não é mesmo? - Olhou pra mim.

-Sim, precisamos. Mas eu adoraria ajudar a verificar os pequenos, posso? - Piper olhou pra Suzenne, e ela confirmou com a cabeça. Depois, Piper olhou pra mim. - Se importa Alex?

-Só se eu não puder ir junto. - Sorri. Eu realmente queria fazer aquilo.

O sorriso da Piper se estendeu, mostrando seus dentes brancos e retos, e os olhos que brilhavam feito diamante exposto a luz. Piper se aproximou de mim, passou uma mão na minha cintura, me intuindo a caminhar com ela, eu coloquei meu braço sobre seus ombros, encontrando a sua outra mão, entrelaçando nossos dedos.

-Depois conversamos sobre o “namorada”. - Enfatizei a última palavra, mas mantendo o tom baixinho da minha voz o máximo possível.

Ela não me respondeu, apenas me olhou e sorriu, apertando minha cintura.

Seguimos Suzenne até as portas duplas que eu havia parado antes para observar. Agora, todas já estavam dormindo. A noite fria fez com que nós três cobrirmos todas as crianças descobertas. Eu deixei um boa noite silencioso em todas as crianças pelas quais passei.

Depois que todas foram verificadas, Suzenne fechou a porta, posteriormente se voltando para nós duas, eu e Piper, que estávamos agora de mãos dadas apenas.

-Se quiserem dormir aqui a porta do lado do quarto do Tristan tem cama arrumada. Deixem a Katharina com ele caso vocês venham a dormir no quarto ao lado, ou caso decidam ir pra casa. E se escolher a última opção, você conhece as regras do portão, filha. Boa noite a vocês, irei para meus aposentos, qualquer coisa, me chamem. - Suzenne abraçou Piper, depois, a mim.

O abraço dela transmitiu paz. Paz, e mais paz. Eu não sabia descrever nada além de paz. E aquela sensação gostosa permaneceu mesmo depois que ela tenha me soltado e caminhado em direção ao seu aposento.

-Alex? - Piper me chamou.

-Oi? Que foi? - Perguntei confusa.

-Eu estou te chamando desde que a Suzenne saiu, você está bem? - Os olhos azuis avaliativos. Preocupados.

-Sim, é só que… É estranho, eu senti isso poucas vezes na vida. Uma delas foi com sua avó, mas ela é conhecida, era alguém que eu admirava, pensei que fosse só por isso. Mas ela, - Me referi a Suzenne. - ela não é minha conhecida, e me transmitiu tanta paz ao abraçá-la. Estou sentindo até agora, é tão… bom.   

-Eu sei como é. Suzenne é um ser divino. É como um anjo na terra pra mim. Assim como Tristan e Katharina.

-Quem é Katharina? - Perguntei confusa.

-A menina dos olhos verdes e cabelos castanhos que estava no quarto conosco.

-Ah, ela é linda. Viu como os olhos dela são idênticos aos meus?

-Sabe que você tem razão. Eu não tinha percebido. - Ficamos em silêncio por alguns segundos. Apenas nos olhando. - Vem, vamos lá fora. Preciso te contar tudo, e aqui não é um bom lugar. As crianças se acordam fácil.

-Tudo bem, vamos.  

Caminhamos até o lado de fora do casarão. Olhando melhor, ele era lindo, e parecia ainda inteiro, em todos os aspectos. Caminhamos até o parquinho, e nos sentamos uma em cada balanço. Piper literalmente brincava no balanço, e eu apenas a observava. Estávamos a uns cinco minutos ali, e o silêncio não era um incômodo para nós duas.

Piper foi parando de brincar no balanço, logo depois, se retirou dele, e me puxou pela mão, me levando até um banquinho em uma das mesinha. Nos sentamos lado a lado, olhando para o casarão e o portão a nossa frente.

-Eu fui adotada. Eu tinha 6 anos, digamos que meu lado racional já funcionava perfeitamente. Bill e Carol me adotaram, pois ela já não podia mais engravidar. Depois que teve o Cal, meu irmão mais velho, ela teve que retirar o útero por outros motivos, enfim. Eu era daqui. - Suspirou. - E eles foram os primeiros a me adotar e com eles eu permaneci. Dois anos depois, em um acidente, eu os perdi. Os três. - Uma lágrima desceu em sua face. Meu coração ficou ainda mais pequeno. Eu não sabia sua história, nem podia imaginar na verdade. Ela tinha características dos avós. Eu sempre achei que tinham o mesmo sangue correndo nas veias. Segurei a mão dela firme, para que ela continuasse. - Bom, depois disso fiquei com meus avós, até terminar a escola. Ai vim pra cá fazer a faculdade, e como eu cresci aqui, passei a fazer trabalho voluntário nas horas vagas da faculdade, e continuei depois também. Há 6 anos atrás, em um sábado de inverno bem cedo, estava extremamente frio, e eu resolvi vir ajudar aqui, eu sabia que nesses dias frios era muita coisa para se fazer. E então, quando eu e a Polly, chegamos aqui, encontramos Tristan lá no portão. Alex, ele estava todo roxinho do frio, uma única mantinha o cobria, era recém nascido. Eu pensei em chamar a Suzenne, mas poderia não dar tempo pra ele, e eu o levei direto pro hospital. Lá eles cuidaram dele, e tudo mais. Mais tarde, quando eu soube que ele estava bem,e fora de perigo, eu fui chamada para assinar todos os papéis e etc. A enfermeira me sugeriu, se eu não queria ficar com o Tristan, levando ele para casa direto dali, eu não precisava me esforçar muito, Tristan seria legalmente meu filho, sem muito burocracia. Mas eu não me sentia pronta para isso, Alex eu tinha 24 anos, eu pagava aluguel ainda, eu nem tinha cabeça ou instinto maternal. Eu não tava pronta.

-Mas você ainda quer ter filhos?- Piper me olhou ainda séria, como se não acreditasse na minha pergunta, ou como se não soubesse a resposta.

-Você ainda quer ter? - Seus olhos azuis brilhavam, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios sugestivos.

-Se você topar ter filhos comigo, eu quero. - E era verdade. Se ela quisesse a gente se casaria amanhã e adoraríamos um filho, ou dois. Ou três.

-Você está falando sério, Al? Sério mesmo? - O mundo se iluminou com aquele sorriso, eu tenho certeza.

-Sim. - Minha mão alcançou sua nuca, trazendo seu rosto para mais perto. - Sabe porquê? -Ela negou. - Porque eu te amo, Piper Chapman. E ter filhos, construir uma família com você, seria de longe o meu melhor presente. Uma dádiva do Senhor todo Poderoso que eu iria fazer jus da confiança dele por me dar um presente como esse, e iria agradecer todos os dias.

-Eu te amo, Alex Vause.

Piper terminou o trajeto que eu havia começado na intenção de beijá-la. Iniciando ele lento, trazendo toda a sua essência, todo o seu afeto para o beijo. Eu fiz o mesmo, tentando expor todo meu amor por ela.

-Continuando a história. - Piper disse assim que terminou o beijo. Eu ainda tava meio área pela sensação, era como se nós tivéssemos nos beijado pela primeira vez. Tão bom quanto.

-Estou toda ouvidos, meu amor.

-Eu adoro ouvir você me chamar de meu amor. -Sorri, e ela balançou a cabeça. Dispensando qualquer outro pensamento. -Depois que eu decidi que não tinha condições de ficar com ele, eu chamei Suzenne, expliquei tudo. Ela o trouxe pra cá, e conforme ele foi crescendo, nós dois fomos desenvolvendo uma união, a primeira palavra dele foi meu nome, e assim por diante, várias coisas acarretaram que eu me apaixonei ainda mais por Tristan. Katharina foi deixada aqui dois dias depois do Tristan, mas porque ela foi encontrada com a mãe já morta. Os policiais trouxeram ela pra cá. O relatório dela é horrível, Alex. As imagens… Eu olhei uma única vez. Depois disso, nunca mais consegui olhar de novo. - Uma dor tomou meu peito de forma tão avassaladora que precisei pôr a mão sobre ele, na intenção de diminuir aquela pressão, aquela dor. - Ela me ajudava com ele, gostava dele desde pequenina. Quando aprendeu a falar e a andar, ela tinha toda uma curiosidade com ele, aprendeu a fazer as coisas da mesma forma que eu fazia. Quando Tristan fica agitado, ela o acalma, assim como eu.

-O que ele tem, afinal?

-Tristan é autista. Eu descobri quando vi, que ele não conseguia se comunicar com os demais. As vezes ele se distraía com um único brinquedo o dia todo. Ele também tinha dificuldades em dialogar, eu e a Katharina éramos uma exceção. A nós duas ele respondia, mas sempre com sim ou não, coisas básicas, respostas curtas. Não é uma doença, é um transtorno mental apenas. Ele não gosta de barulhos altos. Ama animais assim como nós duas. Adora saturno, como você já sabe. E a Katharina é a principal culpada por esses gostos dele. - Piper soltou um risinho.-  Ela quem apresentou Saturno. Ela quem mostrava os animais e tudo mais. Ela só me pedia para explicar melhor sobre eles pra ela. Para os dois no caso. E o Tristan é extremamente inteligente, ele tem habilidades incríveis...Eu amo eles... E me parte o coração toda vez que Tristan é “adotado” - Fez aspas com os dedos.- Depois de um mês no máximo, ele volta pra cá assim, porque quem os leva não consegue compreender seu estilo de vida, que na verdade não é tão diferente do nosso, ele só precisa de atenção com coisas fúteis. Ninguém precisa gritar, ninguém precisa de som alto. Por deus, não é o bicho de sete cabeças cuidar dele, compreendê-lo. Tristan gosta de coisas simples, é uma criança fácil de agradar. Quando pouco agitado, a água corrente da torneira em suas mãos é o suficiente para acalmá-lo. Quando muito agitado, é só cantar Saturn. Mas todos que adotam ele, dizem que é besteira a forma que eu o acalmo. E Suzenne não pode fazer nada, ela obedece às regras da adoção.  -Ela levou as mãos até os cabelos, estava irritada. E eu a entendia.

-Ei, calma. Está tudo bem. Vamos dar um jeito.

-Que jeito, Al?- Aquela pergunta eu já tinha uma resposta.

-Tudo se encaixa em seu devido lugar com o tempo, Piper. Vem, vamos entrar. Está frio. - Me levantei, puxando-a junto.

-Vamos dormir com eles? Você se importa?

-É claro que não, meu amor. - A abracei.

Piper envolveu seus braços na minha cintura, e me puxou para um beijo. Que se estenderam a dois, e depois, três. Uma soma óbvia, eu sei, mas nós duas estávamos com frio, e ainda assim, era como se nada no mundo fosse capaz de nos separar, de nos fazer parar de se amar em cada pequeno gesto. E eu então, me dei conta, de que realmente nada seria capaz de nos separar. Eu não tinha mais medo, eu não tinha mais insegurança. E o que a Piper fez comigo pra isso acontecer? Me deu amor em cada pequeno gesto, em cada pequeno toque, em cada olhar e sorriso. E eu vou fazer jus a esse amor.

Piper colocou os pés para dentro do quarto, e olhou Tristan, que permaneceu dormindo. Mas Katharina arregalou os olhos verdes assim que eu coloquei meus  os pés para dentro do quarto.

-Vocês vão dormir aqui, Tia Piper? - Ela falou baixinho.

-Oh meu amor, vamos sim. Eu nem tive tempo de ficar com você direito, me dê um abraço, estou morrendo de saudade de você pequena. - Katharina se levantou, com cuidado. Depois pulou no colo da Piper.

-Eu também estava com saudade. - Depois de longos segundos que aqueles olhos verdes penetravam nos meus, ela resolveu parar de me olhar, e olhar para Piper. -Quem é ela, Tia Piper?

-Ela é Alex, minha namorada.

-Alex… - Disse como se testasse meu nome em sua voz. - Ela tem os olhos verdes iguais aos meus, olha…

Katharina saltou do colo da Piper, e ergueu os braços na minha direção, querendo o meu colo. Excitei por alguns segundos, algo me travou, e eu juro que não sei dizer o que é.

-Me pega no colo, é só pra comparar. Não vou te machucar.

Não pude evitar sorrir, aquela sensação estranha ainda estava ali, mas eu não podia dizer não  para ela.

Quando minhas mãos encostaram no pequeno corpo daquela garotinha de 6 anos, uma onda de eletricidade percorreu meu corpo, causando-me um arrepio.

-Você ta bem? - Ela perguntou, olhando nos meus olhos.

Olhei pra Piper, que sorria de forma encantadora. Depois, voltei a olhar Katharina.

-Estou. -Fora só o que consegui responder. Aqueles olhos verdes eram tão bonitos quanto os meus.

-Você é tão bonita. -Os dedos finos e pequenos tocaram meu rosto com cuidado, com carinho. Traçando cada partezinha, memorizando cada detalhe. Eu não conseguia parar de olhar pra ela.

-Você é tão bela quanto eu, Katharina.

-Como sabe meu nome? Eu não lhe disse ele. -Ela era esperta.

-Eu disse pra ela seu nome, minha querida. E sim, os olhos de vocês são lindos. Eu sou perdidamente apaixonada por ambos. -Um sorriso largo nasceu no rosto da minha Piper. -Agora, vamos dormir.

-Eu posso dormir abraçada em você? -Katharina perguntou pra mim.

-É… Claro. - Sorri, tentando não demonstrar meu espanto, nem aquela sensação estranha que ainda estava presente, mas agora, um pouco mais contida.

Piper se deitou encostada na parede, e Tristan ainda dormindo se aconchegou nela. Depois Katharina se deitou também, e eu apaguei a luz, e me juntei a eles. A única claridade que tinha ali, era a que vinha da janela.

Katharina se deitou em meu peito, assim como Tristan estava sobre a Piper.

Tristan, dormia tranquilamente, nem parecia o menino assustado de antes. A forma doce e tranquila que as crianças dormiam, os olhos de Piper que sustentavam os meus, enquanto meus pensamentos vagavam em meio a um sonho bom voltado para a imagem que tinha a minha frente. Anjos. Era o que completava aquela cama. Eu estava rodeada deles. Todos nós temos um anjo na terra, o meu, o de Katharina e o de Tristan, com certeza era a Piper.

Minutos depois que Piper adormeceu, o cansaço da noite me levou para o mundo dos sonhos também.

POV ALEX OFF

 


Notas Finais


Perdoem qualuqer erro, eu corrigi muito or cima, mas promete corrigir de novo depois.

espero que tenham gostadooo


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