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História O arqueiro mistérioso - O maluco do arco e flecha


Escrita por: TheQueenUH

Capítulo 3 - O maluco do arco e flecha


Helena P.O.V

Na escola, conversava com Emma, minha amiga desde que me mudei pra cá, uma fanática pelo jogador de futebol americano do colégio, Justin Dukan, exibido, ridículo e um idiota.

- Como está se saindo no emprego? Um mês não é? - Estávamos no intervalo, não poderia contar a ela sobre o Kevin, poderia?

- Está indo bem sim, Célia é uma garota fantástica.

- Só você pra ter paciência pra cuidar de crianças.- Rimos.

Por algum motivo, não consegui contar pra ela sobre o Kevin, as palavras, me travaram na garganta, que não consegui emitir qualquer som.

- É.. Meu pai diz que isso é um dom..Vamos mudar de assunto? Como vai o..

- Justin?!- gritou no meu ouvido, quase me deixando surda.

- Argh! Tanto faz.

- Ele me olhou hoje, espero que ele me chame pro baile ao invés da Tiffany, você viu? Ela engordou algumas gramas, nem cabe no vestido novo que ela comprou. - Meus sentidos se mexiam automaticamente, concordava com tudo o que ela dizia, mas minha mente estava focada em outra coisa, Kevin, ao mesmo tempo que tinha medo dele, tinha também.. Curiosidade, não que esteja apaixonada ou algo assim.

Kevin P.O.V

Estávamos reunidos, numa mesa de jantar, falando sobre o dia que teve e bla bla bla, tentava não me concentrar nisso e comer, minha fome falava mais alto.

- Hoje na escola, nós pintamos, eu fiz uma árvore de pirulito!

- Uma árvore de pirulito?! Uau, que fantástico!- dizia meu pai, fingindo estar Interessado, viro os olhos.

- Kevin, como foi a escola? - Pergunta minha mãe.

- Até parece que está interessada em saber como o papai esteve.- Célia e meu pai me encararam sérios.

- Papai..?

-  É claro que me preocupo com você e sua escola querida. - Sorriu.

- Tá bem..- Suspirei.-  Entrei, sentei, escutei, escrevi, comi, dormi, andei, guardei, observei e voltei pra casa, algo mais? Mamãe? - Levanto a sobrancelha.

-…Não querido, já entendi. - Colocou a comida que estava no garfo sobre a boca.

- Mamãe, a Helena me ensinou a tabuada, ela é muito boa em matemática! - Helena se tornou a nova irmã dela, nenhum segundo, parava de repetir seu nome.

- Pelo visto Helena tem te feito bem, Kevin, por que não se tornam amigos? Vocês tem a mesma idade, não é? - Piscou pra mim meu pai, continuei com a minha mesma feição de sempre e voltei a comer.

Eva P.O.V

Depois do jantar e depois de lavar a louça, fui para o quarto, começo novamente a lembrar do passado que tive, mas como Frank havia me dito, isso já não importava mais..Mas só queria alguém pra desabafar, quando Fran não poderia estar.

- Helena…- Olhei pro celular, pensei em ligar pra ela, mas logo lembrei que ela estudava de noite, não queria incomoda-la.

- Por que chamou ela..? - me assustei ao ver Kevin encostado na porta.

-.. Sua irmã precisava de uma babá, e Helena é qualificada pra isso...E espero que tudo corra bem como sempre correu, sem nenhuma brincadeira.- O encaro.

- Isso foi uma indireta? - Disse rindo. - Não se preocupe mamãe, não vou fazer nada com a babazinha. - Se virou e saiu do meu quarto.

Narradora P.O.V

Kevin havia faltado novamente, mas desta vez, proposital. Helena fazia um pequeno lanche para Célia, a mesma estava no quarto brincando com suas bonecas, enquanto isso, Kevin se sentou no balcão, e olhava seus movimentos enquanto amassava um papel.

-..Kevin..?- Gritou seu nome assim que se virou e se assustou.

- Que foi? Pareço um monstro pra você? Já que sempre se assusta com a minha presença.

-…Você só aparece na hora em que estou distraída..- ela não diz mais nada, pegou o prato para levar à Célia.

-…Será que pode fazer um pra mim..? - Sorriu de canto.

-... E o que eu ganho com isso? Uma flechada sua? Afinal, prática arco e flecha não? - Riu ele.

- Vai, por favor? - Ela suspirou e voltou.

Kevin a media de cima a baixo enquanto a mesma preparava, Helena então, pegou o prato e estendeu a ele sobre o balcão.

-..Toma..- Disse mostrando seriedade nos olhos.

- Obrigado...- Ela se afastava aos poucos, Kevin então, segurou sua mão que estava ainda encostada no balcão, e a olhou. - Por que você está me evitando?

- Que história é essa? Não estou te evitando, apenas focando no meu trabalho.

- Ora, não seja por isso, seje minha babá também, quero sua atenção..

-.. Maluco..- Virou os olhos e se afastou, Kevin riu e olhou para o pão de forma que posto estava no prato.

Helena P.O.V

Qual era o problema daquele garoto? Estava tentando me provocar, certeza, mas não iria cair no seu joguinho fajuto. 3 meses lá completaram, me sentia bem, o piano era uma boa distração pra mim quando Célia dormia logo depois do café, e Eva, havia pegado confiança total em mim, o que me deixava tranquila.

- Helena, eu não mostrei isso a ninguém..- Em uma certa manhã de sexta feira, quando ia para outro dia de cuidar da Célia, Eva perdeu alguns de seus minutos, me mostrando um álbum, que seria supostamente da família, e minhas conclusões foram tiradas quando ela abriu a primeira página; Era Kevin, aparentava ter 3 anos de idade.

- É o..Kevin? - Acenou a cabeça com um sim.

- Ele..Tinha 3 anos, quando morávamos na antiga casa..- Encarei a foto, ele parecia bravo.

- Puxa, ele devia estar bem bravo mesmo, ele nem sequer sorriu pra foto.- Ela olhou pra mim, depois pró álbum, até que foi virando as páginas, e todas elas, Kevin aparecia de mau humor, menos, quando era com seu pai a foto. - Ele.. Não parece feliz na maioria das fotos.

- É por que todas elas foram tiradas comigo ou por mim, notou que..Quando está com o pai, sorri como se tivesse ganhado um brinquedo novo..Ele sempre foi assim.

- O que a senhora está tentando me dizer? - Assim que ia começar a falar, o próprio aparece na sala, viu o álbum, encarou ele, depois Eva.

- Não está nos humilhando pra ela, está?

-…Não querido, apenas..Mostrei algumas de minhas fotos pra Helena.. Por que eu quis. - Ele passou por nós e foi para a porta, já estava com a mochila. Assim que saiu, Eva abaixou a cabeça, logo entendi, que havia uma rejeição entre filho e mãe.

- Ele não te trata como merece não é?

- Sim...Mas eu.. Eu também era assim, malcriada, ignorante, não é só culpa dele, ele.. Herdou isso de mim, é um fardo que para sempre vou carregar..Ele vive dizendo, que ambos é o reflexo do outro.

-… Não se quiser muda-lo. - sorri.

- Eu..Eu tentei de todas as formas, mas ele nunca..- Engoliu o choro.

- Você é aquela mãe que tolera os erros do filho, do Kevin…- Ela olhou pra mim.

- Helena.. Eu não quero que ele…- Segurou as palavras.- Que ele..Continue assim..

Ela iria dizer outra coisa, mas segurou, não ousei perguntar, não queria meter… Tanto.

- E eu notei.. Que ele criou uma certa ligação com você.- Arregalo os olhos.

- Sério? Pra mim..Bem, ele faz umas coisas pra tentar me deixar nervosa, mas evito. - Sorriu.

- Ele ainda não achou o que lhe faltava, talvez você pode ajuda-lo a achar.

Não tinha entendido o que ela quis dizer, Eva foi para o trabalho, fiquei lá, sentada no sofá e refletindo a conversa que tivemos, parecia que por anos, Eva não se desabafava com ninguém além de si mesma, o álbum ainda estava na estante, o fito.

- …. Por que é assim..?

Kevin P.O.V

Voltei do colégio, me deparei com a queridinha da mamãe, arrumando a Célia para leva-la a escola.

- Então.. Se alguém caçoar de mim, me chamar de pirralha, ou me usar pra pedir favores..O que faço? - Perguntou ela.

- O ignore Célia.. É só mais um tolo, que só pensa em si mesmo, um arrogante idiota..- Sorriu pra ela, logo em seguida, me olhou.- Vamos Célia.

- Vamos..Oh, espera aí, eu esqueci de pegar o desenho, se eu não levar hoje, a professora vai me dar um zerao.

- Haha, está bem, estarei te esperando aqui.

Célia subiu as escadas, Helena continuou no lugar como se nada houvesse acontecido, mas uma mera garota como ela não iria fazer minha cabeça.

- Ei..Está tentando coloca-la contra mim? - Olhou pra mim, mas logo me ignorou, começo a me irritar, vou até sua direção e seguro seu braço. - Não me ignore!

- Está louco?! Me solta!

- O que ela disse pra você..?! - Me referia a minha mãe. Ela começou a me olhar, mas não como antes, me olhou.. Nos olhos, que até então, nunca tinha notado quão azuis eram, meu estômago começou a embrulhar, não sabia o que era, mas com certeza, não era dor de barriga ou um soco.

- Ela só queria conversar..

- Isso não te interessa!

- Eu não me convidei à uma conversa, foi ao contrário, como disse, ela só queria conversar.

- Hã, patético, e agora, está querendo colocar Célia contra mim, já começando pela minha mãe.

-… Será que não é você que esta contra elas​ esse tempo todo..?

- Helena..? Kevin…? - Célia estava no corrimão, com cara de assustada, percebi que ainda estava segurando seu braço, logo o soltei.

- Oi querida, está pronta? - Sorriu tentando disfarçar.

- Sim! - Desceu as pressas.

- Essa conversa ainda não acabou.. - Falo num tom baixo pra somente ela escutar.

- Que pena, por que eu já coloquei ponto final.

Ela passou por mim e segurou Célia pela mão.

- Podemos tomar sorvete enquanto vamos para a escola?

- Sim! Claro, e poderá escolher o sabor que quiser!

Assim que ela saiu da porta pra fora, olhei pra minhas mãos, comecei a lembrar do jeito que ela me olhou quando eu a segurei.

- "Ela… Não parece ter medo de mim..".. Que idiota..

Eva P.O.V

Kevin estava no quarto, mexendo no computador, aproveito a chance de estar solitário naquela cadeira para entrar em seu quarto.

- Kevin… - O mesmo suspirou.

- O que..? - Se virou pra mim.

- Estava.. Pensando, faz um tempo que não saímos em família, eu, você, Célia e papai.

-.. Idai?

- Poderíamos ir pra algum lugar… Domingo é depois de amanhã, então… Podíamos ir ao boliche, cinema.. Qualquer coisa..- O mesmo deu uma mínima risada, debochando, e se virou com a cadeira para a tela.

- Claro mamãe… Assim podemos tirar mais uma foto para o álbum.. Pra você nos humilhar de novo pra aquela enxerida…

-... Não quero que fale assim da Helena, ela é uma pessoa boa.

- Tá, tá, relaxa, estou só brincando, eu gosto da Helena. - Disse irônico.

-… Esta bem, avisarei seu pai.- Estava meio irritada, mas não recusaria uma tarde em família.

Fiz como queria, reuni todos em um só lugar para nos divertimos como uma família de verdade.. Ou pelo menos fingir que eramos uma família normal. No final, fomos para o golf.

- É assim que se segura o taco Kevin? - Célia segurava o mesmo toda desajeitada.

- Não sua pirralha… É assim.. - Tomou o taco dela e a botou de cabeça pra baixo. - É assim, hahaha!

- Kevin!! - Ele a soltou, ainda ria, já Célia, o encarava seria.

-.. Você é um tolo e ignorante! - se afastou do mesmo, por um momento, achei que Kevin iria lhe fazer algo, mas permaneceu ali, quieto, calado, apenas a encarou, tal ação, não esperaria dele.

Kevin P.O.V

Enquanto estava naquela monotonia, sentado naquele banco, meus pais e Célia se divertiam no boliche.

- Filho, venha jogar. - Disse meu pai.

- Não, estou bem aqui.

- Você é quem sabe.

- Claro.. "Se fosse por mim, estaria em casa".

Me levantei, disse ao meu pai que daria um volta pelo lugar. Andando com as mãos no bolso e sendo olhado por várias pessoas, me sentia alguém de outro mundo. Até que me deparo com uma pequena lanchonete, e sentada num dos bancos do balcão, tinha uma garota, cujos cabelos era castanhos escuros, e ondulados.

- Helena..? - Digo baixo, pro caso se fosse ela, não me escutar.

Quando ia me aproximar, uma outra garota esbarrou em mim, e que tinha também a mesma aparência que a dela.

- Oh, me desculpa.

- Helena..? - A moça me olhou confusa.

- Não.. Me chamo Bethany.. - Parecia efeito de drogas, que quando passava o efeito, sua visão voltava ao normal.

Foi então que me toquei, todas as garotas eram iguais a Helena, mas não eram ela, era uma ilusão de ótica criada pela minha mente, e não gostava nada daquilo, comecei a respirar forte, olhei pros lados, e várias delas estavam ao meu redor, me olhando, me cubro com o capuz e ando rápido até o banheiro.

Chegando no mesmo, tiro o capuz e encaro o espelho, minha testa estava franzida, minha respiração pesada, e minhas mãos tremiam.

- O que..

- Kevin?! - Olhei para trás, era ela! Ou..

- Helena..? - Falo com a voz trêmula pelo nervoso, quando, a ilusão criada pela minha mente, se estabilizou,  era meu pai no final.

- Não.. Sou seu pai, vi você estranho e vim atrás de você. - Volto a encarar a pia, depois o espelho, ja com a minha feição de seriedade novamente.

- Sim papai.. Estou bem. - Coloco o capuz de novo e saio do banheiro.

Eva P.O.V

Voltamos pra casa, Célia estava com gelo na cabeça, havia sofrido um pequeno acidente causado pelo Kevin, mas estava bem e dormindo na cama.

- Kevin te contou..? - Fran e eu estávamos no quarto, prestes a dormir.

- Do que? Ele nunca me contou nada Franklin, mas.. Estou curiosa, o que ele disse a você?- Me encostei na estante.

- Ele.. Havia se afastado pra dar uma volta, logo depois.. O vi, no meio da multidão, e todos.. O olhavam estranho. - Viro os olhos.

- Ele veio de mim, então também acham que ele poderia ser eu no passado, um louco, ainda mais depois do acidente.

- Mas isso não foi o mais estranho. - sentou na cama. - O segui pra ver o que tinha se passado, até por que, o garoto saiu andando em passos rápidos até o banheiro.. Mas quando entrei, ele estava se olhando no espelho, seus olhos pareciam mostrar medo e desespero, e tremia também. - Olhei pra ele confusa.

- Oh, quer dizer que agora ele liga para os olhares das pessoas? - Fran me olhou.

- Não é isso..Quando o chamei, ele se dirigiu a mim.. Pelo nome Helena. - abro mais as pálpebras.

- Helena..? Como assim?

-…Ele parecia ter visto várias delas no salão, tipo uma ilusão, já que todas não eram ela, e quando me viu no banheiro.. Já gritou tal nome, acontece isso geralmente quando se pensa muito em alguém.

Realmente fiquei impressionada, nunca esperei tal ação dele, pro garoto que não olhava pra ninguém, que não gostava de ninguém.

- Será que ele está gostando dela?- Perguntou rindo.

- Bom, se for o caso, quem sabe ela não muda a mente dele, e evitar de que ele seja como eu, afinal, eu já não posso fazer nada..- Me viro para me deitar…

- Ahh Eva, o garoto não é assim como diz, ele é educado e obediente, se ele faz uma malcriação uma vez ou outra, é normal, adolescentes são assim. - Não digo mais nada pra não me aborrecer.

Narradora P.O.V.

Kevin não conseguiu dormir naquela noite, ao decorrer das horas, minutos e segundos, pensará na cena que ocorreu, ficou horas na frente do espelho do banheiro, outras vezes, lavava o rosto com a água do chuveiro, tomava um banho, enrolado sobre a toalha, encostou na parede molhada pelo vapor de água quente e ia se escorregando até sentar sobre o chão.

……………………………..

Segunda, o início de mais uma semana normal, Eva havia preparado o café, Célia acordou para comer seu cereal, Franklin, descia as escadas com a gravata feita sobre o pescoço, sorriu ao ver a esposa e a filha.

- Bom dia papai! - O abraçou.

- Bom dia querida..

Kevin, descia as escadas, com o olhar frio de sempre e com a mochila sobre as costas, todos se assustaram, pois o mesmo, estava com olheiras fundas.

- Papai, o Kevin parece o drácula, estou com medo.- Se escondeu atrás dele.

- Fica na sua, ou quer outro gelo?- A encarou.

- N-Não, sua ignorância está bom demais..- O garoto sentou no balcão e começou a comer.

- Filho… O que aconteceu com você? Parece que levou dois socos.

- Eu só não dormi pai, o que tem demais nisso?

- Você não costuma dormir tão tarde, pelas suas olheiras, você nem chegou a pregar os olhos. -  Eva o encara.

- Não se preocupe mamãe.. Eu sei que você também foi assim..- Sorriu sarcástico.

-…Coma rápido e vá para escola, e sem essa de querer faltar!

Eva saiu do cômodo, foi para o quarto pegar o casaco, Célia estava vendo desenho enquanto comia seus cereais, Kevin não conseguia mastigar direito a comida, de tão sonolento que estava.

-… Sou seu pai, e se tiver algum problema, qualquer um, não importa o que seja, eu te ajudo a resolver. - Bateu em suas cotas, Kevin não disse nada, apenas sorriu.

Quando, a campainha tocou, fazendo o garoto quase se engasgou, começou a tossir, pois sabia quem era atrás da porta.

- Helena!! - Célia correu para abrir a porta, a garota entrou com um sorriso estampado.

- Bom dia garotinha! Oh.. O que isso na sua cabeça? - falou entrando.

- O Kevin me machucou, eu ia jogar a bola pra acertar os pinos, aí ele colocou o pé pra mim tropeçar, então eu caí. - O garoto virou os olhos ao escutar sendo dedurado.

- Ele é um Idiota, o importante é que você está bem.- Sorriu.

Kevin P.O.V

Ela passou por mim, me encarando com um olhar sério, retribui com a mesma expressão.

- Kevin, vou pegar meu casaco e então te levo pra escola. - Se levantou da cadeira.

- Tá. - Logo depois, subiu.

Helena sentou no sofá e acompanhava Célia aos desenhos.

- Vou pegar mais cereal!

- Não se incomode querida, deixa que eu pego pra você. - Passou por mim de novo, mas desta vez sem olhar pra mim, abriu os armários, mas não encontrou o cereal, soltei uma mera risada. Enquanto comia, a observava, não vendo o produto no armário, entrou para a despensa.

Fico inquieto, mexia na colher, na tigela, parecia que ela estava me chamando pela demora lá dentro, era o que parecia, olhando para os lados, pus a me levantar e ir até lá.

- A menininha não consegue achar seu cafe da manhã? - Apareço encostado na porta, ela se assustou e olhou pra mim, porém, com a seriedade ainda posta no olhar.

- Vá embora.. - Voltou a fazer o de antes, claro que eu não iria sair dali, me aproximo.

- Eu sei.. Que você não quer isso..- Apoio minha cabeça no seu ombro e abraço sua cintura. - Você não é capaz de querer isso… - Falo num sério tom.

-… Se afasta! - Deu um enorme passo para trás, quase que se batendo na parede, percebi que sua respiração estava forte e rápida, soltei uma risada em seguida​.

Apoiei minha mão na parede que a menina encostava-se.

- Me obrigue. - Outra vez, ela me olhou nos olhos, como daquela vez, e novamente aquela sensação tinha voltado. - P-Por que.. Está me olhando assim?

-.. É, é isso, precisa dormir, já viu seus olhos? Olheiras profundas. - Ela tocou nas mesmas, me deixando completamente sem graça e nervoso, com seu toque, meu corpo se arrepiou, fechei meus olhos.

- A culpa de tudo isso é sua. - Saio da boa sensação e olho pra ela.

- O que? Minha? - Falou rindo de deboche.

-.. Não ria. - Altero um pouco minha voz, mas logo percebo que não estávamos a sós naquela casa.

- Tá, Kevin olhe.. Eu tenho que ir com a Célia e você para a escola. - Ela passa por mim, mas a seguro pelo braço.

- Quando.. Quando eu vejo você, quer dizer... Quando vamos ficar a sós outra vez..? - Me olhou confusa.

- Que tal nunca? - Fui completamente ignorado, senti raiva e tristeza naquele momento, mas não quis fazer nada, ainda, logo depois, fui pra escola.

Helena P.O.V

Kevin parecia mais maluco que o normal, aquela cara de louco que me encarava todas as manhãs, mas… Aqueles toques, sua respiração próxima a mim, não pensava em outra coisa.

- Então o Justin foi conversar com ela, acredita que a Tiffany copiou meu penteado?! Ficou um horror.

- Oh.. Sim.. - Falo vendo meus emails, e escutando Emma é claro, falando novamente de Justin Dukan, queria ir pra casa, não aguentava mais essa monotonia.

Depois de tanto olhar os ponteiros do relógio, ele finalmente chegou ao número que queria que chegasse, 10:45! Enfim, saio feliz, fiquei com Emma sentada na escada da porta de entrada.

- Não acredito que o Steve vai se atrasar de novo! - Olho pra ela.

- Quem é Steve? - A mesma ficou meio corada, e logo tossiu.

- Ele é um carinha com quem estou ficando, claro que isso não afeta em nada do amor que sinto pelo Justin, acontece que o Steve está com um carro.

- Hum, quantos anos tem?

- Ele tem a mesma idade que nós, o pai dele o ensinou a dirigir com 14 anos, mas agora, é torcer pra que a polícia não o pare por falta de carteira. - De repente, meu celular vibrou, era uma mensagem de um número desconhecido.

*Sai daí sua retardada, ou quer ficar a mercer de morrer? Atravesse a rua.*

Claro, Kevin, certeza, mas.. O que ele queria? E mais, como ele pegou meu número?

- Ah, ele chegou! - Vi o carro de Steve, Emma se levantou e pegou a bolsa. - Você quer uma carona Helena?

- Não obrigada, eu.. Eu vou sozinha.

- Certeza?

- Sim, tenho.. - Tento disfarçar meu nervosismo.

- Hm, ta bem, cuidado com os malucos psicopatas por aí. - Arregalo os olhos. - Ah, e os bandidos, não me esqueci deles.

Não tinha falado sobre o Kevin à ela, ela poderia.. Acha-lo estranho.

Não queria que ninguém me visse com ele, então, logo atravessei a rua, só tinham árvores e as luzes dos postes que iluminavam.

- Kevin..? - Disse uma vez, mas nada dele aparecer, até que, escuto barulhos de galhos se mexendo, me viro, mas não era ninguém. - "Tá bem, agora estou começando a ficar com medo."

Começo a ficar nervosa, e se não tivesse sido o Kevin a mandar mensagem? Eu nem passei meu número ou algo assim.

-…. - Quando, vejo uma flecha acertar o alvo de uma árvore, e lá me aparece ele, o maluco do arco e flecha, com ele do meu lado, acho que as pessoas teriam medo é de nós.

- Você me assustou.. - Sorriu ele, foi para árvore e recolheu a flecha. - O que está fazendo aqui?

- Eu vim buscar você ora, não é bom uma garota.. Andar por ai a noite, sozinha, pode ter um arqueiro maluco atrás dos arbustos. - Segurava a flecha e me olhava com aqueles olhos que assustavam.

- Você seria esse arqueiro maluco, e.. Eu sei muito bem me cuidar.

- Nhé, nhé, nhé. - Virou os olhos. - É o que todos dizem.

- Uma pergunta… Como conseguiu meu número?

-… Isso você não precisa saber.

Começo a andar, ele logo vem atrás de mim, não dissemos nada pelos próximos segundos, até ele retornar com uma palavra.

- Não tem medo de mim? Afinal, eu sou louco, lembra? Não é isso do que me chama?

- Eu não sei, as vezes sim, as vezes não..

- Defina isso..

- As vezes você age como um maluco, mas outras vezes, como um garoto de 16 anos normal.

-…Me odeia..? - Parei de andar e olhei pra ele.

- Por que essas perguntas?

- Curiosidade…- Levantou os ombros, voltei a andar.

-…Hm, não te odeio, apenas.. Eu não posso tolerar as coisas que você faz com a sua irmã e com a sua mãe. - Sabia que ele ficaria bravo, afinal, eu acho que ninguém iria gostar que alguém incluísse seus problemas pessoais em uma conversa.

- Eu já disse.. Não se meta com isso..

- Você perguntou, e eu respondi apenas..

Não falamos nada o caminho todo, mas finalmente ele havia ficado quieto.

Narradora P.O.V

Enfim, ambos estavam parados na calçada, logo ao lado, estava a sua casa.

- Mora aqui..? - perguntou apontando.

- Sim…- Helena foi pra perto da porta.- Obrigada, agora… É melhor você ir, eu não quero que nos vejam. - Kevin fechou a cara e franziu a testa.

- Por que?.. Tem vergonha de mim?! - Ela se aproximou e o olhou.

- Não, é só.. Que eu só quero evitar que as pessoas inventem comentários contra a minha pessoa.

- Eu acabo com essas pessoas. - Ousou pegar a flecha, mas ela a segurou.

- Não!.. Não, você não vai fazer nada, não precisa, entendeu? - Acenou a cabeça com um sim. - Bem… Ate mais. - Se aproximou e beijou sua bochecha.

Kevin P.O.V

Ela se aproximou de mim e me beijou na bochecha, fiquei imóvel, esperando que ela entrasse, logo depois, me virei.

-….- Ando olhando pra baixo, com uma mão no bolso, enquanto a outra, tocava na minha bochecha, estava.. Confuso, um cara como eu, nunca teve esses sentimentos malucos, até ela chegar, resolvi chacoalhar a cabeça e ir pra casa, direto pra cama… Se eu conseguir pegar no sono.

Narradora P.O.V

Kevin abriu a porta de casa, escutou o som da TV, era seu pai que assistia, assim que o olhou, sorriu, pediu o pai, que lhe trouxesse um refrigerante, Kevin pegou dois e foi pra sala.

Sentou no sofá e abriu a lata, tomava e olhava pra televisão, mas não prestava atenção no que passava, sua mente estava ligada em outra coisa.

- Onde estava..? - Pergunta enquanto tomava um gole.

- Por aí. - Continuava a tomar. - … Eu estava no banheiro.

- Hm? - Olhou pra ele.

- Na noite passada, eu estava no banheiro, não consegui dormir então achei que se tomasse um banho quente funcionaria… Me enganei. - Deu de ombros e tomou..

- Ah, sim... Coisas que garotos adolescentes fazem não é? - olhou pra ele com um sorriso de canto.

- Não pai, não estava... - Virou os olhos.

- Bom, teve algum motivo, não teve? - olhou pra ele.

-….Não, apenas fiquei sem sono. - Deu de ombros e se levantou.

Eva P.O.V

No café, Kevin foi um dos primeiros a acordar, logo após a mim, não me olhava nos olhos como todas as manhãs; sentou no balcão e comeu o seu pão de forma com geleia de morango.

- Onde estava ontem a noite? - Levantou a cabeça.

-..Por aí, mamãe. - limpou com o polegar o canto da boca que estava com geleia.

É claro que ele não iria me contar, ele só contava as coisas para Fran, ou pelos menos, o básico delas.

- Está interessado na Helena, filho? - Andei pensado no que o Fran tinha me dito, na noite em que voltamos do boliche, e ele disse que o Kevin poderia ter visto a garota, em vários lugares.

-.. Não..

- Você tem faltado muito na escola, isso é uma desculpa pra ficar com ela?

- Desde quando se preocupa com meus motivos? - Aperto os lábios e coloco o prato no balcão, fazendo um forte barulho.

- Bom dia mamãe!… Oi, Kevin.- Sentou no balcão. ..

- Cade o seu pai?

- Papai disse que já descia, estava no banheiro… Mamãe, hoje eu vou ter prova.

- Sério querida?

- Está pronta pra levar uma bomba? Estarei aqui pra aplaudir sua reprovação, sua burra. - Disse rindo debochado.

- Kevin! - O repreendi, Célia fez cara feia pra ele.

- A Helena me ajudou, ela estudou comigo, então eu já sei tudo. - Disse olhando pra mim.

- Sim querida, vai se sair muito bem.- Célia olhou para o Kevin e riu, me chamou para cochichar algo no meu ouvido, se inclinou no banco para estar a minha altura.

- Mamãe, será que o Kevin e a Helena são namoradinhos? O Kevin faz uma cara de bobo toda vez que ela entra. - Kevin nos olhava, queria eu rir, mas via que não era o certo a se fazer.

- Eu estou ouvindo sabia?

- Mamãe, ele está me assustando com aquela cara de novo! - Falou se agarrando ao meu braço que estava estirado no balcão

- Terminam de comer e vão pra escola.



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