- senhor.. - o homem se anunciou de cabeça baixa - lamento muito por isso, mas houve um problema e a viagem será atrasada... - seu tom de voz tinha medo, medo da morte.
O rapaz que ouvia atentamente suas palavras julgava calmamente o que faria com aquele bando de imprestáveis que insistiam nesses atrasos. Eles eram os atrasos de sua vida.
- quanto tempo?!
- será possível o embarque logo pela manhã do dia seguinte, senhor..
Agora ele estava verdadeiramente querendo a cabeça de alguém, por acaso achavam que ele não tinha nada de mais importante para fazer na vida para que pudesse retornar ao Palácio somente na manhã seguinte?
Olhou melhor aquele que havia lhe dado a notícia constatando rapidamente algo. Era só um pau mandado! Com certeza o verdadeiro inútil na questão havia o enviado para poupar seu próprio pescoço. Ainda o confundiam com seu pai, só podia ser isso. Achavam mesmo que ele não perceberia? Suspirou.
- se arrume depressa! Você sairá comigo! - ordenou seco.
- s-sim senhor! - o homem fez uma reverência e se retirou de imediato logo sumindo.
Haran pôs se a olhar além da janela do salão onde se encontrava, havia feito aquela viagem por uma única razão: a aliança com aquele reino, o reino conhecido por Del Monte. Fora no mesmo dia em que se retirava daquelas terras após o firmamento da aliança que encontrou Ambrael.
O garoto parecia um animal assassino, selvagem e faminto, ainda que sutil e cauteloso em cada movimento. Nunca antes alguém chegara tão perto de tirar sua vida quanto aquela criança e por razões desconexas já que o garoto 'inconsciente' devia procurar por alimentos não atar qualquer m que criasse seu caminho. Essa foi a primeira coisa que lhe chamou atenção no garoto.
Mata-lo? Para preservar sua própria vida? Não. Uma criança com habilidades tão raras e tão talentosa deveria ser preservada, cuidadanão e cultivada, não extinta. Deveria existir mais como ele. Não havia ritos em sua morte e já não era o mesmo deixa-lo vivo. O que tem valor é inegável fato.
A decisão de mantê-lo consigo fora imediata e não conseguia se arrepender dela. Cada dia mais estava fascinado por aquele garoto, sua inteligência e aparência delicada despertava o interesse juntamente da vontade de proteger-lo. Uma combinação intrigante e perigosa. Perigosa para quem se aproxima e para o próprio dono destas.
Haran não se esqueceria jamais daquele dia, ou daquelas terras frias. Seu reino nunca fora famoso por firmar alianças e sim por massacrar, mas desta seria impossível se arrepender por esta, ou esquecer da mesma. Para algo valera apena e isso era independente de seus frutos.
- já irá se retirar?
A bela voz era famosa delicada, porém lhe soava apenas melosa demais. Além de não combinar com sua portadora.
- sim, jovem senhorita - respondeu virando-se para ver as garota que o fizera essa pergunta.
Ana já era famosa por sua beleza e equilíbrio apesar da pouca idade. Atualmente filha única do rei daquelas terras e a jovem mais cobiçada de muitas. Olhos verdes, pele clara ainda que corada e cabelos dourados, mesmas características que tinha sua mãe. Porém o que mais lhe chamava a atenção na moça era a estranha sensação de que a mesma se parecia com alguém. Porém ainda não havia sido capaz de recordar-se de quem.
- É uma pena. - apesar das palavras, não havia qualquer mudança em suas expressões. Haran duvidava e muito da veracidade naquela frase.
- incomoda-se? - indagou com um mínimo sorriso.
- sim. Afinal.. - pôs-se a se aproximar. - gostaria muito de ter uma luta contigo. - um pequeno sorriso de fez presente nos lábios da moça.
- como?
- esgrima! - suspirou. - antes eu podia praticar com meu irmão, porém a...
-senhorita! - cortou-a. - seu pai proibiu que tocassem nesse assunto.
- isso não o apaga da história! Até meu pai tem esperança de que ele esteja...
Ela parou no mesmo segundo é levou as mãos aos lábios tapando a própria boca. Sinal de que falara algo que não deveria. Haran voltou-se novamente para as grandes janelas vendo os flocos pálidos caírem lentamente.
- não se preocupe tanto... Não comentarei sobre essa conversa. Ou melhor. Ela jamais aconteceu! - na verdade apenas não estava interessado. - a lady é e sempre foi a única herdeira ao trono de Del Monte!
- muito te agradeço por isso.
- alteza.. Já estou pronto.
- ótimo! Lady, esta é minha deixa. Tenho pressa. - fez os últimos atos da boa educação e se retirou logo sendo seguido pelo idiota que chamara para o acompanhar.
- se me permite...
- fale de uma vez!
- o que pretende o meu senhor se retirando do Palácio?
- vou pagar uma passagem para casa! Você é burro por acaso? Acha mesmo que vou esperar até amanhã? Sei que toda essa história é falsa!
O homem engoliu em seco atrás de Haran, outra tentativa falha do concelho. Aqueles velhos só podiam serem loucos, um dia ainda morreriam. Até pareciam que não conheciam seu mestre para fazer esse tipo de coisa.
**************************************
- senhor.. O Palácio está em chamas e seu pai faleceu.
Era um jeito bem interessante de lhe informar de uma única vez três péssimas notícias. Primeira: de agora até sua morte seria o novo rei! Segunda: seu pai morreu! Terceira: como ninguém sabia sobre Ambrael, ninguém tinha noção de se ele estava bem ou morto por exemplo. Sequer comentaram sobre qualquer criança ter sido vista.
Prendeu o ar encarando o coitado da vez a sua frente que mantia a cabeça baixa e tinha as mãos trêmulas. Não era culpa daquele idiota mata-lo seria erder mais um de sua guarda. Não havia ganhos nisso, não era estúpido.
Nesse caso havia apenas mais três opções. Primeira: seu pequeno tesouro havia morrido. Segunda: ele havia saído do Palácio e sendo assim não tinha certeza de que retornaria ou se manteria próximo. Poderia ser bem complicado encontrar-lo. E por último e menos provável. Ele ainda estava no Palácio! Suspirou.
Analisou o mais friamente que pode a questão ignorando quem já estava morto. Havia uma mesma forma para tirar a prova de três dessas opções. Ergueu as mãos e começou a massagear as têmporas. Por quê logo quando estava fora?
- muito bem! Organizem uma pequena esquadra agora. Quero adentrar o Palácio!
- mas senhor..
- não ouse me contestar! - soou perigoso o que fez o outro calar-se no mesmo momento.
Sem paciência. Esta era a definição de como Haran estava naquele dia. A pergunta era: pode ficar 'melhor'?
Não demorou muito para que seu 'pedido' fosse acatado e ele pudesse explorar o resto em chamas do que antes fora um Palácio. Havia corpos mortos e tostados por quase todos os corredores. Soldados e empregados que ali trabalhavam, mas não era isso que o importava.
As chamas perdendo força a medida a qual eram controladas sinalizavam o tempo que já havia se passado em que tudo estava daquela maneira. Apesar disso a fumaça ainda era densa e extremamente tóxica de modo a ser impossível descartar as máscaras. Estava tudo horrível, realmente odiava percas.
- para que lado senhor? - um soldado perguntou o tirando de suas distrações. Sempre que ocorria esse tipo de coisa, se pegava analisando cadáveres depois.
- vamos subir, para os quartos da realeza - disse entediado.
- sim senhor! - todos responderam em uníssono e Haran achou aquilo ridículo. Preferia que ficassem mudos feito os mortos em seus túmulos.
As escadarias estava arruinadas tornando o trajeto perigoso e demorado. Alguns pedaços dela chegaram até a cair quase levando um dos homens de volta ao solo e não de uma maneira muito boa. Havia apenas restos de tudo.
Apesar do cuidado tomado, não fora tanto o tempo que levou para se ver no corredor onde no qual desejava está e a cada passo cuidadoso para não pisar sobre os mortos dali,mais algo lhe era curioso.
Apenas um lado da parede não havia nada queimado, de algum modo, o fogo não chegara até o quarto onde havia deixado Ambrael e dito ao garoto que jamais saísse sem sua permissão. Caso ele ainda estivesse ali, estaria bem provavelmente. Dificilmente morreria pelas mãos de um soldado se demonstrasse a mesma habilidade do dia o qual perdeu vários homens apenas para desmaia-lo.
Tocou de leve os portões analisando-os. Uma pequena correntinha estava fora de seu lugar, ou melhor. Partida. Começou a abrir as trancas e logo os empurrou abrindo espaço para entrar no quarto.
Dentro estava uma bagunça, tudo revirado e corpos. Sorriu. Corpos dos invasores, mortos e suas armas não estavam consigo.
- permaneçam aqui! - ditou antes de entrar desviando da bagunça e dos mortos.
Retirou aquela máscara que já estava o incomodando e olhou em volta respirando um pouco da fumaça no local que se fato só não era mais, por causa da imensa varanda.
- hey coelhinho! Aonde está você querido - disse com voz melodioso.
Do lado de fora em silêncio todos pensaram apenas que ele estivesse louco, não seria novidade pois todos desconfiavam disso. Até ouvirem o barulho de uma porta abrir lentamente. Era a porta do banheiro.
De lá saiu um garoto. Expressão fechada, roupas, pele, cabelos e roupas claras, mesmo que nessas houvesse sangue a tingindo de vermelho em partes.
- aqui...
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