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História O destino de Kelsey - Fanfic - Chegando em casa


Escrita por: RafaelaAzv

Notas do Autor


Boa leitura <3

Capítulo 2 - Chegando em casa


Fanfic / Fanfiction O destino de Kelsey - Fanfic - Chegando em casa

A primeira coisa que fiz ao abrir olhos, foi fechá-los bem rápido logo em seguida.

A luz alanjada de fim de tarde que entrava pela porta envidraçada feriu minha visão me fazendo ver imagens luminosas dançando por trás das pálpebras. Gemi e ergui as mãos para esfregar meus olhos, tentando me livrar da sensação de cegueira temporária.

Eu sentia-me esgotada, como se tivesse corrido por 10 kilometros seguidos sem parar para tomar fôlego. Meu peito doída muito, e minha respiração aumentava conforme eu despertava. Forcei uma respiração e vacilei. Alguma coisa estava presa em minha garganta. Soltei lentamente o ar, e o que parecia ser um choro lamentoso veio junto. Eu não me lembrava por que estava chorando, e não sabia por que sentia essa dor horrível no coração, como se tivesse levado uma punhalada no peito.

O que aconteceu comigo?

Foi nesse momento que notei que havia algo de errado no lugar onde estava. O chão em que eu me encontrava deitada, era de madeira escura dura e polida, e era forrado com tapetes orientais dispersos. Essa casa com certeza não era a de Mike e Sara onde eu costumo morar. Estava decorada de forma diferente e nada brevemente parecido com o estilo dos meus pais adotivos. Numa parede haviam duas estantes brancas cheias de livros que após uma rápida analise vi que eram alguns dos meus livros preferidos.

Hesitante, sentei no chão. Girei a cabeça e observei a sala em que me encontrava. Ela não era familiar, mas também não me era totalmente estranha. Senti como se conhecesse esse lugar, apenas não me lembrava de onde. Funguei, enxugando as lágrimas confusas e estranhas que teimavam em escapar dos meus olhos, e levantei-me com cuidado usando o sofá como apoio.

Será que era assim que as pessoas se sentem quando caem da escada e desmaiam para depois acordar sem se lembrar do que aconteceu? Olhei em volta mas não havia escadas por perto, e nada também suficientemente alto para que eu tivesse sofrido uma grande queda.

Tentei focar a mente para me lembrar, mas tudo não passava de um borrão colorido. Comecei a caminhar hesitante por aquela sala buscando algo que despertasse a minha mente confusa, e parei abruptamente ao ver dois corpos jogados atrás do sofá.

Tapei minha boca com as mãos e abafei uma exclamação de surpresa. Meu coração disparou a mil por hora e sem perceber, eu havia dado um passo para perto das silhuetas caídas no chão. Tive medo de chegar perto demais e acordá-los, mas algo me dizia que eu devia me aproximar. Por mais estranho que fosse. Aquela casa pouco familiar e aqueles desconhecidos desmaiados no chão, não me fizeram querer sair correndo, como era o natural. Era bem estranho na verdade.

Seguindo minha intuição, cheguei mais perto dos corpos e pude ver que se tratavam de dois homens jovens. Dois belos homens, vivos e respirando normalmente. Estavam deitados descontraídos e relaxados, como se simplesmente tivessem decidido tirar um cochilo ali no meio do chão.

Cautelosamente comecei a estudá-los. Senti meu coração dar um salto no peito e ir direto para a garganta ao observar suas feições mais atentamente. Os dois eram bem parecidos mas ao mesmo tempo me davam a sensação de serem quase completamente diferentes apenas pelo modo como estavam descansando. Como pude observar muito bem, um deles tinha os músculos levemente maiores e era um pouco mais bronzeado que o outro. Seus corpos eram fortes e pareciam ser ágeis mesmo eles permanecendo parados. Eles tinham o cabelo escuro e sedoso, que balançava suavemente com a brisa que vinha da porta aberta. O cabelo de um deles batia no ombro e o do outro era mais curto.

De repente, o homem que estava mais próximo dos meus pés teve um espasmo e abriu os olhos abruptamente. Não consegui conter o grito de surpresa que saiu dos meus lábios e reverberou estridente pelo lugar. Me afastei assustada quando ele virou a cabeça bem rápido na minha direção, para me observar com os olhos azuis mais incríveis que eu já vi. Seus olhos brilhantes e profundos faziam um contraste perfeito com os cílios longos e as sobrancelhas negras, e eu perdi o fôlego com a vasta perfeição daquele homem.

Nesse momento ouvi passos agitados vindos de cima. Eu não podia ver a escada mas agora sabia que essa casa tinha uma. Por que pelo visto o meu grito não só despertou o outro homem ali também, como havia alertado a minha presença a alguém lá em cima.

Os passos aumentavam gradativamente e eu deslizei rapidamente para o outro lado da sala, deixando o sofá entre mim e os homens que se levantavam conforme iam despertando. O que estava mais afastado balançou levemente a cabeça, provavelmente para afastar a sensação de moleza do sono profundo, levantou os braços e se espreguiçou. Mesmo com aquele tamanho, o movimento foi suave e cheio de desenvoltura, o que me fez lembrar um gato.

Me dei conta de que estava o observando de boca aberta e não percebi que o homem de olhos azuis ainda estava me olhando fixamente. Um arrepio irradiou por todo o meu corpo, fazendo meu coração disparar mais rápido ainda, se é que isso era possível. Eu já devia estar à beira de um ataque cardíaco nesse momento.

O homem de maravilhosos olhos azuis me estudava atentamente e eu tentei não ficar nervosa sob o seu olhar. Ele parecia procurar algo em meu rosto, ou provavelmente estava tentando descobrir quem era aquela estranha que invadiu a sua casa. Pensei em sair em disparada pela porta de vidro, mas fiquei paralisada no lugar quando o ouvi dizer apenas uma palavra.

- Kelsey.

Senti meu rosto esquentar com o tom de voz grave e agradável dele dizendo o meu nome. Olhei-o confusa sem poder me reprimir.

- Como você sabe o meu nome? - perguntei desconcertada, me esquecendo por um momento que eu era a estranha ali. Pelo menos na minha cabeça.

Ele pareceu deprimido por um momento e não me respondeu.

Nesse instante o homem que parecia um gato chamou minha atenção. Ele também me analisava, mas seus olhos eram dourados quentes, e estava com a testa franzida. Ele era tão bonito quanto o outro. Ele parecia preocupado e me olhava como se eu estivesse com problemas nas faculdades mentais.

- Kelsey? - ele perguntou. - Você está bem?

Fiz que sim com a cabeça.

- Você sabe quem eu sou? - perguntou ele lentamente, como se temesse a minha resposta.

Desviei o olhar de um para o outro e pensei um pouco antes de fazer que não. Os dois olharam para o chão ao mesmo tempo e suas expressões se tornaram infelizes. Mas eu pude perceber que quando um tomou consciência da presença do outro ali, a tristeza se suavizou um pouco.

- Phet estava falando a verdade. - disse o de olhos azuis, olhando para mim. - Ela não se lembra de nada.

- Perdoe-me. Mas eu deveria conhecê-los? - perguntei intrigada.

Antes que qualquer um pudesse me responder, a pessoa que estava vindo lá de cima irrompeu pela porta do outro lado da sala e veio correndo em minha direção. Antes que me desse conta, eu já estava sendo esmagada em um abraço apertado e sendo sufocada por longos cabelos cor de ébano. Tudo o que pude fazer foi deixar os braços frouxos ao lado do corpo enquanto era balançada pra lá e pra cá por aquela mulher.

- Ah, senhorita Kelsey. Estou tão feliz por vê-la novamente. - disse ela com uma voz amigável. - Você não sabe como fiquei preocupada. Ainda bem que voltou para casa. Já se passaram seis meses e eu não tive nenhuma informação sobre vocês.

Ela não pareceu notar a minha falta de reação quando me soltou e foi cumprimentar os homens. Seis meses? Aqui era minha casa? Do que é que ela estava falando?

Observei enquanto ela abraçava cada um dos garotos e eles perguntavam gentilmente se ela estava bem. Em alguns momentos da conversa vi que eles me olhavam de relance. Ouvi a garota se dirigir à eles como sendo Ren e Kishan. O de olhos azuis era Ren, e o de olhos dourados era Kishan.

A garota olhou sorrindo para mim mas deve ter notado a minha expressão perplexa, pois se virou novamente para Ren e Kishan com incompreensão no olhar.

- O que houve com vocês na última tarefa? - perguntou suavemente.

Os homens que eram irmãos, pelo o que eu compreendi, olharam de mim para ela.

- Aconteceram muitas coisas desde que entramos no Reino de fogo. - disse Kishan. - Tivemos que enfrentar diversos obstáculos para pegar a última oferenda de Durga, para enfim poder voltar ao passado e deter Lokesh.

- Voltar ao passado? Como isso foi possível? - perguntou a garota impressionada.

- A última oferenda era a corda de fogo. Ela tinha a habilidade de...

Ren interrompeu o irmão colocando uma mão em seu ombro.

- Iremos lhe contar tudo em algum momento Nilima, mas agora há uma coisa mais importante a ser esclarecida. - ele olhou para mim. - É sobre Kelsey.

Eu dei um passo para trás assustada com a mudança de assunto para a minha pessoa.

- Senhorita Kelsey? - chamou Nilima, preocupada e eu olhei para ela. - A senhorita está se sentindo bem?

- Huh, sim estou bem. - respondi. - Eu só queria saber quem são vocês, e por que você está me chamando de senhorita e conversando com ele. - fiz um sinal em direção a Kishan. - Sobre sacrifícios, cordas de fogo e viagens no tempo.

Ela me encarou com olhos arregalados e a boca levemente aberta, desorientada. Eu não podia culpá-la, mas aquilo era mais estranho para mim do que para ela. A garota buscou ajuda nos olhares dos irmãos.

- Kelsey teve que fazer um sacrifício para que todos nós pudéssemos voltar para casa juntos. - explicou Kishan, seus olhos dourados faíscaram na minha direção e eu pude ver uma pontada de culpa por trás deles.

- Phet queria que um de nós ficasse para trás, para se tornar o tigre de Durga, e lutar ao lado dela. - Ren completou quando, tanto Nilima quanto eu, não entendemos nada.

- Que tipo de sacrifício? - Nilima olhou-o aflita.

- Para trazer-nos devolta, Phet teve que apagar todas as memórias de Kelsey sobre nós. - respondeu Ren, olhando para mim ao invés de Nilima. - É por isso que ela não nos reconhece agora e não consegue se lembrar de nada. Esse foi o preço que teve que pagar por um de nós.

Essa confissão foi a gota d'água para mim.

- Espere um momento. - falei pedindo um tempo com as mãos. - Será que alguém pode me explicar que história maluca é essa? Que tipo de conversa vocês estão tendo? Quem é Durga e por que nós todos estávamos dormindo no chão da sala? Aliás, de quem é essa casa? Quem me trouxe aqui? E me digam por favor se eu sofri algum tipo de acidente e acabei com danos cerebrais, por que eu não faço a mínima idéia do que vocês estão falando.

Esperei a reação deles colocando as mãos na cintura com firmeza, pois estava duvidosa se eles revelariam alguma coisa e quis mostrar a minha determinação em ter respostas para as minhas questões.

- Ah, senhorita Kelsey. - Nilima começou a chorar.

Olhei para ela incerta do que fazer. Fiquei ali parada vendo as lágrimas escorrendo pelo seu lindo rosto até que não aguentei mais. Fui até ela e a abracei levemente, com hesitação.

- Me desculpe. - eu disse. - Não quis te fazer chorar. Me perdoe.

Ela suspirou e me abraçou de volta.

- Não, sou eu quem deve pedir desculpas, senhorita Kelsey. Eu não sabia e fui logo a atacando daquele modo tão escandaloso. - ela se afastou rapidamente do meu abraço, parecendo agoniada. - Meu Deus, você não se lembra de mim? Então como pode me abraçar agora?

Dei de ombros.

- Na verdade eu não sei. Só queria fazê-lá parar de chorar. - eu sorri. - E eu não preciso conhecer uma pessoa para querer confortá-la.

Ela me olhou compreensiva.

- Mesmo assim. A maioria das pessoas não faria isso por completos estranhos. Você é especial, senhoria Kelsey. Kadam estava certo sobre isso.

- Quem é Kadam? - perguntei franzindo a testa.

Nilima parecia a beira das lágrimas novamente.

- Eu acho melhor todos nós descansarmos um pouco. - disse Ren se aproximando de mim e me fitando longamente. - Deixe-me guiá-la até o seu quarto. Falaremos sobre isso amanhã. - afastei-me daquele olhar que parecia tão íntimo e fez minhas bochechas ruborizarem.

- Eu tenho um quarto? - perguntei debilmente.

Kishan veio até mim, lançando um olhar ríspido para o irmão.

- Sim. E eu a levarei para o seu quarto. - disse ele e me estendeu educadamente sua mão grande. Olhei os dois irmãos, incerta do que dizer.

- Ah, bem. Obrigada. - peguei sua mão por fim, e ele sorriu docemente. Prendi o fôlego com a visão maravilhosa daquele homem impressionante.

Apreciei o seu sorriso por um tempo até me dar conta do outro irmão, que veio por trás dele e me lançou um olhar esperançoso.

- Você pode me companhar também, se quiser. - eu disse sem pensar.

Ele sorriu e eu levei outro golpe. Ele era deslumbrante quando sorria. Fiquei hipnotizada por suas feições e não reparei que Kishan havia perdido o sorriso e fitava o irmão severamente. Ele percebeu que eu o estava olhando preocupada e suavizou a expressão.

- Muito bem. Vamos então. - disse Kishan, e começou a me levar embora. Ren veio pelo meu outro lado e segurou a minha mão também. Senti um choque com o seu toque, mas não me afastei.

Eu não sentia medo, mesmo aqueles dois completos estranhos segurando as minhas mãos e me levando para descansar. Sentia-me segura pois os dois exalavam familiaridade e confiança para mim.

Desejamos boa noite para uma Nilima chorosa, e subimos as escadas juntos. Quando chegamos em uma porta, Ren a abriu para mim. Soltei a mão deles delicadamente e me virei para agradecê-los.

- Obrigada por me trazerem até aqui.

- Por nada. Boa noite, bilauta. - Kishan pegou minha mão e pousou um beijo ali.

Sorri para ele.

Quando soltou minha mão, Ren pegou a outra e também a beijou levemente. Novamente eu tive aquela sensação de ter sido eletrizada.

- Boa noite, iadala. - ele sorriu, e eu cambaleei para trás. Entrei no quarto e disse aos dois antes de fechar a porta:

- Boa noite.

Fechei a porta suavemente, colocando uma barreira entre mim e aqueles homens magníficos.

Notas Finais


Bjs da autora


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