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História O destino de Kelsey - Fanfic - A verdade


Escrita por: RafaelaAzv

Notas do Autor


Desculpe a demora. Tava lendo.

Capítulo 3 - A verdade


Fanfic / Fanfiction O destino de Kelsey - Fanfic - A verdade

Me revirei na cama durante a noite toda tentando me fazer confortável. Mas tinha pesadelos sombrios, confusos e cheios de dor toda vez que eu fechava os olhos. Imagens de lugares sem sentido e impossíveis de serem reais apareciam na minha mente. Sempre que eu tentava prestar atenção, os sonhos sumiam apenas para me ver acordando sobressaltada e perdida na escuridão. Tentei em vão capturar algum diálogo ou lembrar do lugar em que estava, mas a dor de cabeça que vinha com o esforço me fazia desistir depois de um tempo.

O calor da noite e o suor gelado que cobria meu corpo trêmulo não me deixaram escolha. Levantei e abri as portas de vidro da varanda em busca de ar.

Sentei no banco de balanço que estava ali fora e observei a noite enquanto tentava acalmar meu nervos. O céu escuro estava limpo e estrelado. Respirei profundamente o ar frio da noite e uma brisa suave levantou meus cabelos trazendo o cheiro da floresta e das flores noturnas para mim. O calor do meu corpo foi diminuindo conforme eu relaxava e as imagens dos pesadelos esvaneciam lentamente até eu não me lembrar de mais nada, como se o vento estivesse limpando a minha alma perturbada.

Foi só depois de um tempo que eu percebi que alguma coisa estava errada.

Levantei do balanço e caminhei silenciosamente até a beirada da varanda. Não reconheci o lugar em que estava. As luzes da piscina estavam acessas la embaixo, dando ao jardim uma luminescência azulada. Franzi a testa me perguntando em que país ficava aquela casa, pois não costumamos ter piscinas no Oregon. Era claro que eu não estava no meu país, o clima era mais quente e diferente de um certo modo.

Um barulho de vozes conversando me alertou da presença de alguém. O som não vinha de lá de baixo, mas sim da varanda onde eu estava. Foi aí que eu percebi a porta de vidro ao lado da minha. A varanda era compartilhada com outro quarto.

As vozes estava chegando mais perto, vindo para fora, então me escondi rapidamente atrás do pequeno sofá e fiquei completamente imóvel. Não sei porque fiz isso mas segui minha intuição. E depois agradeci por ter feito isso.

- ...nós temos que dizer a ela TODA a verdade. - ia dizendo uma voz que reconheci como sendo a do homem que se chamava Ren.

Fiquei quieta no lugar quando percebi que ele estava falando sobre mim. Que tipo de verdade eles deveriam me contar?

Duas silhuetas indistintas saíram para a varanda enquanto discutiam, e eu pude ver suas sombras do lugar onde estava. Pararam um de frente para o outro com os braços cruzados e pareciam prestes a brigar.

- E vamos dizer. - respondeu a voz sedosa do seu irmão, Kishan. - Mas não acho necessário que... certas coisas sejam reportadas.

- Como assim? O que está querendo ocultar dela, Kishan? - disse Ren, furioso. - Quer esconder, por acaso, o fato de que antes de virmos para casa ela estava confusa sobre os sentimentos que tinha por você? Ou quer esconder que estava arrastando asa para Durga mesmo quando a Kelsey era a sua namorada? - ele cuspiu a última palavra.


Ouvi algo que parecia um rosnado baixo e me encolhi mais ainda para trás.

- Ela não estava confusa sobre os seus sentimentos. - disse Kishan, em tom de ameaça para o irmão. - Estamos apaixonados e ela vai se lembrar quando eu lhe contar a verdade.

- Apaixonados? - Ren soltou uma risada seca. - E você pretende contar a ela que ela também está apaixonada por mim, ou não acha necessário reportar isso?

- Somos noivos, o anel que ela usa comprova isso.

Olhei para a minha mão direita nas sombras e fiquei aturdida quando vi que eu realmente estava usando um anel. Ele brilhou com a luz suave da lua e eu rapidamente baixei a mão, como se pudesse esconder a verdade ali presente. Eu estava noiva? Como isso foi acontecer?

- Mas ela não se lembra. - disse Ren, parecendo radiante. - Aquele anel poderia muito bem ser um simples enfeite sem sentido.

- Eu direi a ela o que significa. - A tensão de Kishan parecia comprimir o ar e eu vi sua sombra descruzar os braços e se aproximar do irmão. - E se você se intrometer no meu caminho...

Uma risada baixa corta o ar da noite e o interrompe.

- A única coisa que você vai conseguir fazendo isso, é assusta-lá. - disse Ren. - Eu realmente fiquei decepcionado com você, Kishan. Achei que podia aguentar uma competição.

- Isso não é uma competição. Ela é MINHA noiva. Ela me escolheu e não você. Aceite isso de uma vez por todas. - disse Kishan, com ferocidade.

- Você a perdeu novamente por ser incapaz de fazer decisões corretas.

- Se você pensa assim, então não deve ter percebido o modo como ela me olhou. - disse Ren, calmamente, e eu pude ouvir outro rosnado baixo. - Ela me reconheceu mesmo não se lembrando, e sabe que estamos conectados de alguma forma. Não é preciso que você conte que ela nos ama, porque no fundo ela já sabe disso.

Franzi a testa atrás do sofá. Será que ele estava falando daquele choque que senti quando ele me olhou? E quando me tocou...

Fiquei inquieta. Minhas pernas estavam ardendo por ficarem tensionadas, e eu me movi para me sentar no chão apoiando a testa na parte de trás do encosto.

- Do que é que você está falando? - perguntou Kishan, desconfiado.

- Você sabe do que estou falando. - disse Ren, misterioso e isso fez eu me perguntar se ele sentiu aquele choque também.

- Nossa conexão ainda está lá. Phet não conseguiu remover isso, e mesmo que ele tenha negado a existência, talvez esse seja o caminho para descobrir o gatilho de que precisamos para termos as memórias dela devolta. Mas temos que ir com calma, ela está confusa e pode ficar assustada a ponto de não confiar em nós.

- Então não vou dizer nada a ela ainda. - Kishan parecia pego de surpresa com a confissão do irmão. Parecia... triste.

- Não quero forçá-la a nada, e se ela quiser ir embora...

Sua voz parecia tão melancólica que me senti impelida à ir até ele e afastar sua aflição. Porém, continuei escondia e vi quando suas sombras se afastavam juntas em direção à porta.

- Ela é quem decide de agora em diante. - a voz de Ren parecia se apagar enquanto os irmãos iam para dentro.

- Assim como ela sempre fez.

Fiquei congelada no lugar depois que eles fecharam a porta e a luz do quarto foi apagada. Não conseguia cogitar a idéia de que eu era noiva de Kishan, ou de os irmãos estarem disputando para ver com quem eu iria ficar. Por quem eu estava apaixonada.

O que acontece, é que eu não estava apaixonada por nenhum dos dois.

Eles eram lindos e eu tinha que reconhecer que possuíam um charme especial e diferente dos outros garotos que já conheci, mas nada além disso. Eu não amava nenhum dos dois.

O anel brilhante no meu dedo parecia esquentar e tive a ilusão de que seu peso aumentava fazendo minha mão baixar cada vez mais. Tirei-o e coloquei no bolso da calça do pijama de seda que peguei no closet.

Eu não conseguia pensar nisso por mais que tentasse. Os pensamentos giravam na minha cabeça mas nenhum deles realmente me ajudou. Levantei-me entorpecida e caminhei até o meu quarto, fechando a porta devagar atrás de mim.

Me afundei novamente na cama, me sentindo exausta. Fiquei pensando em como iria mostrar para eles que eu não estava interessada em ser o pivô de uma disputa entre irmãos, e acabei dormindo.

Acordei no outro dia me sentindo bem melhor do que na noite passada pois uma idéia para afastar os irmãos havia se iluminado em minha mente. Fiquei deitada na cama por um tempo até que me obriguei a levantar e ir escovar os dentes.

Ontem percebi que o closet do meu quarto estava repleto de roupas, inclusive o pijama de seda que usei para dormir, então novamente peguei roupas de lá, uma calça jeans, camisa e um tênis que cabiam perfeitamente em mim.

Quando terminei de pentear e trançar meu cabelo com uma fita preta, desci as escadas para encontrar a família. Encontrei Ren e Kishan conversando na cozinha enquanto tomavam café. A conversa parou imediatamente quando entrei no cômodo, como se um botão tivesse sido desligado.

Murmurei um bom dia e fui direto abrir a geladeira para procurar algo para beber. Senti seus olhares como um toque físico em minhas costas e tentei disfarçar que não estava tremendo enquanto pegava uma garrafa de qualquer coisa.

- Por que não se senta e come conosco? - perguntou Ren, suavemente.

- Sim. Tem mais comida aqui do que na geladeira. - concordou Kishan com a voz mansa.

Dei uma olhada de relance por cima do ombro e vi que de fato a mesa estava muito bem abastecida. Fechei a porta da geladeira sem sutileza alguma, ouvindo os alimentos se batendo lá dentro. Fui até a mesa e sequer olhei para os irmãos quando me sentei na ponta da mesa mais distante deles. Não dei atenção para os olhares indagadores que eles me lançaram. Alcancei alguns biscoitinhos recheados e enchi um copo do leite que peguei.

- Quer uma fruta? - perguntou um dos irmãos. Kishan.

Nem pisquei.

- Não. - respondi simplesmente.

Senti que ele olhava para mim e para o meu dedo sem anel, mas me proibi de ter qualquer tipo de rubor. Em vez disso, ergui a cabeça e o encarei sem qualquer expressão.

- Você não dormiu bem? - perguntou Kishan, obviamente percebendo as olheiras que nem tentei esconder com maquiagem está manhã.

- Como um anjo. - sorri com desdém.

- Você está tendo pesadelos, iadala? - perguntou Ren.

- Não. - menti. - Só estou preocupada.

- Preocupada com o que?

Peguei outro biscoitinho e comi lentamente, olhando de um para o outro.

- Preocupada em saber quando voltarei para casa.

- O quê? - perguntou Kishan, e quase derrubou o copo de suco que tinha levado à boca. - Mas você já está em casa.

Sorri para ele.

- Não, não estou. Minha casa é no Oregon e não aqui.

- Kells, eu acho melhor você ficar aqui por um tempo e ouvir o que temos para dizer. - disse Ren, com cautela enquanto o irmão parecia querer discutir. - Você sofreu um trauma e precisa ficar em repouso.

- Eu pensei em fazer minhas malas e pegar um avião hoje mesmo. - continuei como se nem o tivesse ouvido me chamar pelo meu apelido. - Mas o que me preocupa é como vou pagar a passagem de avião e também preciso achar o meu meu passaporte. Na verdade acho que nem ao menos vou precisar de uma mala...

- Ouça, Kelsey. - disse Kishan se levantando e vindo se sentar na cadeira ao meu lado. Me afastei quando ele chegou perto demais e isso pareceu entristecê-lo.


- Nós vamos responder à todas as perguntas que você tiver. - Kishan me olhou com aqueles olhos dourados lindos e suplicantes, e eu senti a minha máscara de indiferença falhar.

- Apenas fique aqui e me dê uma chance de concertar as coisas, bilauta.

Olhei para ele, encantada. Ele estava me fazendo hesitar, então desviei o olhar para Ren, mas ele também estava me lançando um olhar igual ao de Kishan. Eles pareciam gatinhos sem dono e eu não pude deixar de sorrir levemente.

- Tudo bem, eu acho que posso ficar um pouquinho. - eles suspiraram aliviados. - Mas eu quero ligar para os meus pais adotivos.

- Você pode ligar para eles a hora que quiser. - disse uma voz feminina entrando no aposento. - Eles pensam que você ainda está ajudando a explorar templos antigos e a cuidar do tigre Ren.

Sorri para Nilima. Logo em seguida franzi a testa.

- Falando em tigre. Vocês podem começar a me contar a história de como eu vim parar aqui com vocês. E, por favor, não me escondam nada. Quero tentar me lembrar de tudo.

Olhei para os irmãos. Eles se entreolharam e assentiram.

- Pois bem, continue sentada Kells. Porque a história vai ser longa.

Notas Finais


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