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História O estrogonofe que não se vê, é o mais mortífero - Sorte é um homem que acorda cedo e vai trabalhar


Escrita por: IamSpartacus

Notas do Autor


Esta história foi vivida por uma pessoa muito próxima, que cedeu todos os direitos para que ela fosse contada. Todas as piadas também são de minha autoria.

Dividirei esse conto em duas partes por, exclusivamente 2 motivos: primeiramente por notar que boa parte dos leitores daqui não curtem capítulos longos mesmo eu prevendo que esta história não vai passar das 6 folhas no Word; O segundo motivo é por eu ainda estar revisando as piadas e comparações que farei na outra parte da história, afinal o desafio é fazer meu caro leitor rir, e fazer isso sem ofender ninguém (ou poupar os senhores de coisas desnecessárias).

Capítulo 1 - Sorte é um homem que acorda cedo e vai trabalhar


Se você pensa que isso é uma história engraçada, não, não é e nem será. Talvez depois de tudo o que ocorreu seja engraçado, mas na maior sinceridade que posso trazer neste momento, foi tenso, demais. Eu fiquei abalada, pensando em o que dizer e principalmente como chegar em casa viva e moralmente intacta. Felizmente aqui estou, eu mesma Anita Mello. Vou deixar de considerações bestas e a história falar por si mesma.

Esteja na minha pele. Universitária, pobre, moradora de cidade satélite, gorda, mulher que estuda em curso de Engenharia. Com essa mínima descrição minha você já vai ver o quão fudida estou antes mesmo de chegar ao ponto principal dessa história. Meu nome é Anitta, e se for começar com qualquer piada relacionada a cantora pop brasileira nem comece, primeiro porque aquela não é Anitta, aquilo é o Michael Jackson que possuiu o corpo de uma pessoa e está retomando a forma original aos poucos, segundo pois há uma grande diferença. São apenas uns 30 quilos de gordura que nos separam. Lendo assim você vai me imaginar como uma bola que nem consegue se depilar por falta de alcance, não, não é assim. Digamos que resguardo uma forma geométrica muito agradável chamado círculo, ser gordo é bom e ruim ao mesmo tempo, mas não cabe a mim explicar isso a você.

Então cá estou eu, como qualquer outra universitária pós 20 anos de idade, completamente ferrada. A rotina é pior que a dos povos escravizados por Orcs a mando de Sauron, se é que tinha algum. Pioremos a situação por saber que sua faculdade é no antro da zona sul litorânea do Rio de Janeiro. Em suma eu vivo a 1 hora da faculdade, isso em condições boas que simplesmente não existem, são 2 horas de viagem pois o trânsito é caótico, a confusão é tipo jogar Scar, Shere Khan e qualquer outro vilão da Disney no mesmo buraco. Bem vindos ao Rio de Janeiro amiguinhos. Só não se esqueçam, eu não vivo no Rio de Janeiro, eu só vou lá estudar, moro numa cidade próxima chamada São João de Meriti, doce São João de Meriti cuja lenda urbana é sobre os buracos do asfalto que mudam de lugar durante a noite. Para você ter uma ideia aqui em São João deve ser tão quente que pra ser cremado tem desconto. Nem preciso fazer cartão de seguro funerário, se morrer joga na rua que em horas tá só uma bola de feno passeando pelos buracos. Antes de continuar devo lhes alertar, tem lugar mais quente no Rio de Janeiro, chama-se Bangú, aquele lugar é o inferno nunca vão lá.

Prosseguindo gostaria de acrescentar que a minha cidade, São João, é ótima. Tirando o calor, os bandidos, os assassinatos, o ramal de trem que passa a cada 1 hora, os adolescentes e outras coisas São João é um ótimo lugar. Você conhece o Belo? O cantor loiro que foi preso e voltou. Esse mesmo que não viu a mulher em casa e ligou pra polícia para relatar um sequestro, mal sabia ele que a mulher estava a mais de 6 horas no banheiro tentando sair do zero a zero. Então em São João só tem gente feia, acredito de todo o meu coração que o Belo ganhou esse apelido depois de fazer um show aqui.

Não posso me esquecer é claro de responder duas perguntas primárias. Não, não moro numa favela, sim, o Rio tem um monte de favela, mas fique tranquilo, eu não vejo bala perdida voando pelo céu estrelado todo dia, só às vezes. E não, não sou “praieira”, você pode até me perguntar como não sou, e eu te digo. Meu jovem, minha criança, sementinha do anjo Gabriel. Praia do Rio só tem fortão é até ruim andar lá, chega eu lá com minha barriga de grávida de Taubaté com um tom branco cor de peido e vou passar vergonha. Único local que gostei de ir à praia foi no Rio Grande do Norte, lá era muito bom, era tudo branco e flácido. Me senti uma gazela galopante entre os meus iguais, não tinha nenhum daqueles caras bombados que parecem uma rã.

Enfim, cá estou eu com minha vida de estudante, a gente não sabe se compra um lanche, tira xérox ou guarda pra pegar o metrô e ir pra casa. Estudo Engenharia Naval numa faculdade Federal da vida, esse curso é tão legal que só tem eu de mulher na sala. Quando li a lista de aprovados fiquei até feliz, era certeza que ia pegar metade dos garotos da turma, mas como eu te disse parte da turma é riquinho de nariz empinado que gosta de mulher cuja coxa é da grossura de uma garrafa de 20 litros de água, a outra parte fica satisfeita depois de encontrar o ápice do prazer nas aulas de Cálculo. Mas tudo bem, vida que segue, eu aguento as piadinhas sobre ser lésbica.

A mudança da minha vida surgiu quando venci na vida, gabaritei 3 provas num período, devia até ter o direito de pedir música no Fantástico, mas prefiro ganhar um notebook novo porque o meu parece minha vizinha dirigindo, morre a cada 3 minutos, mal consigo abrir o autocad (programa de design de peças e etc). Passei a estagiar na Marinha do Brasil. Exatamente, NA MARINHA DO BRASIL!! Fiquei bastante decepcionada por não usar farda, mas tudo bem, deixo essa passar, neste momento eu atingi o ápice da carreira universitária: Estudante e Estagiário, o famoso EE da tristeza, sua vida acaba. Se tu já não dormia bem antes agora você vive à base de café com coca-cola. Você já nem liga mais de tirar 5, 5 é nota pra passar, o importante é passar, 7 é um sonho distante de uma mente iludida.

Não foi fácil passar para a marinha e muito menos a rotina lá. A chefe é um amor, os colegas melhores ainda, o respeito na faculdade então, é pura ostentação, mas o melhor eram os 3 zeros depois do 1 na conta bancária. Eu estava bem perdida no início. Tinha que acordar 4:30 da madrugada, pegar o ônibus que saía as 5 da madrugada. A única coisa boa é que era ônibus executivo, 47 lugares de puro conforto, sentar num deles e tirar um cochilo deve ter a mesma sensação que o Bilbo Bolseiro teve quando encontrou o tesouro dos Anões (ou do Smaug, depende do ponto de vista). Passava o trajeto sonhando com os vários 10 nas minhas provas e o respeito aumentando, certeza que no próximo baile funk eu ia chegar numa liteira num vestido rosa choque e óculos da Rita Lee tomando um coquetel com direito a mini guarda-chuva ao som de: “CHEFE É CHEFE NÉ PAI”. Depois de 4 horas diárias de estágio partia para a faculdade para rir da cara daqueles coitados, só coitados porque pobre não tinha ninguém ali, só eu mesmo.

Eis um dia que nesta linda rotina, em exatas 21:43 hs da noite chego em casa e do outro lado do quarteirão sinto o aroma da comida. Ah meu Deus, pode fazer piada com gordo e comida, mas vou te contar, nada é mais satisfatório que chegar em casa e bater um pratão de comida da sua altura. Não vou comer que nem mocinha: comer bem e ver sobrar dinheiro depois de pagar todas as contas do mês são os únicos dois prazeres que você tem depois dos 20 anos. Sexo é coisa de adolescente, o importante é não ter o nome sujo no SPC, tu já sai comemorando sabendo que pode pedir crédito no Banco ou Empréstimo caso algum parente seu seja sequestrado.

Cheguei em casa, cansada, exausta, babando desde o ponto de ônibus na esquina da rua. Me deparei com uma travessa de Lasanha de Estrogonofe de um lado  e Lasanha de Frango com Requeijão do outro. O coração tremeu, o estômago urrou feito o Simba. Se Deus aparecesse na minha frente para me negar aquele prato de comida eu caía no tapa com ele, sem pensar duas vezes. Comi, comi muito, foi necessário abrir o zíper e o botão da calça jeans. Comi muito bem e não me arrependo, fui pra cama até mais cedo pois pela manhã a rotina de Zé Povinho já começava novamente. Dormi refletindo como foi a Guerra da Coréia, e só peguei no sono depois de concluir que deveria ter sido tipo uma guerra dos sem camisa contra os com camisa por motivos óbvios.

O dia amanheceu, as balas gritaram feito o galo para me despertar antes mesmo do sol nascer. Como toda mulher com problemas estomacais sabia que só iria conseguir despejar a lasanha de ontem daqui a 2 ou 3 dias, logo parti para aquele banho que exorciza a preguiça e a sua alma junto e parti para o ônibus. Eram 46 lugares, eu era a 13ª, vitória.

Peguei o ônibus, botei os fones de ouvido e dormi. Quem olha nem imagina que aquela garota de camisa preta com o Eddie do Iron Maiden (a caveira da banda se chama Eddie), e com uma aura toda trevosa tá ouvindo no celular de 100 reais a música Evidências de Chitãozinho e Xororó. Foi então que senti a primeira pontada da agonia, um pequeno reboliço, algo de dentro da minha barriga pareceu borbulhar feito o Monte Vesúvio pronto para entrar em erupção e destruir Pompéia. O dragão foi despertado, mal sabia eu que eu não estava em Skyrim e nem era São Jorge para matar dragões.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, prometo que o próximo (e último capítulo) saem em no máximo 7 dias. Vida de universitário não é fácil e a rotina não ajuda. Comentem se gostaram e se não gostaram de algo, você caro leitor, pode até não perceber mas seu poder de comentar é o que mais motiva e desmotiva o autor.


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