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História O justiceiro e a delegada - Capítulo Único


Escrita por: RogueMacWritter

Notas do Autor


Esse foi um texto que enviei para um concurso a uns anos atrás. Como resolvi voltar a escrever resolvi postá-lo aqui para ter alguma visualização e críticas.

Capítulo 1 - Capítulo Único


  Moura não costuma vestir-se de calças e roupas sociais como os outros delegados da polícia, acredita em eficiência, estar no fronte a qualquer momento é uma realidade. Portanto, se veste com calças folgadas de moletom, camiseta e tênis de corrida. Chega a ser hilário uma mulher vestida assim dizer-se da polícia.

  Seu parceiro, Souza não reclama de nada. Apenas observa. Ele se veste à caráter, sapato, camisa e jeans. Ele acha que estar nas ruas não é coisa de detetive e delegado, isso é coisa para quem estudou menos. Não, ele fica satisfeito com o trabalho atrás da mesa cultivando sua barriga e seu intelecto. O que ele faz bem, uma vez que é péssimo nas ruas mas excelente no escritório.

  Sentados em sua sala, ela com os tênis em cima da mesa sobre um processo e ele sentado em sua cadeira mexendo no computador, eles discutem seu mais polêmico caso, o “cara do capuz”. Ninguém sabe exatamente quem ele é, de onde veio, o que quer, apenas que ele é bom de briga e não gosta de bandido. Nos últimos três meses ele vem atacando os malfeitores da cidade. Aparentemente não usa armas, as descrições são sempre algo do tipo “foi muito rápido”, “ele apareceu do nada”, “eu não sei o que houve”. Seu padrão é bem específico, ele aparece em locais onde está ocorrendo um crime, dá uma surra no culpado, prende-o de alguma forma e vai embora. Alguns o consideram um herói. Moura sabe que eles não existem, mas simpatiza com os métodos dele. Tudo que ele fez até agora se encaixa em defesa pessoal e prisão civil, exceto o fato de que ele não se apresenta para dar depoimento. E é por causa disso que seu chefe quer a cabeça desse justiceiro em uma bandeja.

  O chefe deles não é um bom homem. Ele faz de tudo para se manter por cima e não dá a mínima para nada que não o ameaçe. Mas parece que ele tornou esse um caso pessoal, o palpite de Souza é que o chefe da policia interpreta as ações do hero-wannabe como uma afronta a sua autoridade. Moura acha que alguém lá em cima anda pressionando-o por achar esse personagem de quadrinhos uma ameaça.

  Eles começam a repassar tudo que sabem. Seus métodos, sua aparência, seus alvos. Repassam todas as características das aparições do vigilante, releem todos os depoimentos, avaliam as fotos dos locais. Nada. A polícia não tem nada contra esse cara e absolutamente nenhum meio de achá-lo. Um sargento bate em sua porta, mais uma aparição. “Ótimo” – pensa Moura – “mais papel pra encher a ficha desse cara”. “Tinha que ser no final do meu período?” diz Souza.

  Ana é uma mulher esforçada. Trabalha em uma grande imobiliária. Eram oito e meia da noite quando ela saiu do último apartamento em que fazia uma visita. Seus possíveis compradores não havíam comparecido no horário, mas seu código de conduta dizia que ela deveria esperar por uma hora. Ela pega o elevador e começa a fuçar em sua bolsa. Retoca a maquiagem,  tenta conferir seu facebook por meio do 4G, ela havia esquecido que as paredes de metal impediam a recepção. Sai do elevador, para para conversar com o porteiro. Diz que não é para ninguém mais vir hoje, agradece a ajuda e deixa a entrada do prédio com um sorriso forçado. O porteiro então abre o portão automático e se perde mais uma vez em sua novela na pequena TV na bancada do trabalho.  Ana começa a caminhar até seu carro. Essa rua é bem central, mas como é em um parque residencial, está deserta a essa hora. Ela ainda mexe no celular quando vê um homen vindo em sua direção. Ele se veste de um modo bem simples e parece sujo. Ela o toma por pedreiro e simplismente os ignora. Então, quando ele chega bem perto, diz, “com licença, que horas são?” ela olha para o homenzarrão então para seu Iphone e ele puxa uma faca da cintura  e aponta para ela dizendo “hora do assalto”. A corretora paralisa de medo. Ela nem pensa na piada que o vagabundo havia acabado de contar. Como toda pessoa normal em frente a uma lâmina ela não sabe o que fazer. “Passa a bolsa, celular, passa tudo e a ninguém se machuca”. Ela estende o celular com a trêmula mão esquerda, o ladrão estende a mão para pegar, mas então ele levanta um pouco do chão, faz uma cara de dor horrível e grita enquanto cai ao chão em posição fetal e desacordado. Atrás dele está outra pessoa, está coberto em roupas, apenas seus olhos e uma mecha de cabelo aparecendo. Rapidamente ele se abaixa, recolhe a faca, guarda-a em um bolso, tira um rolo de fita de outro e enrola o assaltante. Depois vai até a moça que ainda estava perplexa, tira um celular de um bolso, digita, e mostra a tela de modo que ela lê “não tenha medo, disque 190”. Após confirmar que ela tinha entendido, com um aceno de cabeça, ele guarda o celular no bolso e vai embora caminhando. “Alô? É a polícia? Eu acabei de ser assaltada e alguém me salvou, estou bem e queria fazer um BO. Como ele era? Vestia cinza da cabeça aos pés e usava uma máscara preta no rosto”...

  Moura e Souza chegam à cena do crime no carro de Souza. Um policial os cumprimenta e pergunta quem eles são. Os dois se apresentam e ele resume o relatório “a vítima estava indo pro carro, foi abordada pelo meliante, e quando foi entregar o celular um cara vestido de cinza com o rosto coberto derrubou o assaltante com um golpe que eu só posso chamar de doloroso” “como assim?” diz Souza “ele levantou o assaltante do chão com um chute no saco, delegado” a cara de dor de Souza dizia tudo. Os políciais chegavam a ter pena desse criminoso, mas ele ia preso mesmo assim, embora ele provavelmente fosse ser solto logo. “Então esse vai falar fino pro resto da vida?” “droga, Moura, não se brinca com isso” responde Souza. Eles falam com a vítima e a descrição bate. É o encapuzado. Eles falariam com o assaltante, mas Moura disse que não era necessário, pela história da corretora o meliante não havia nem visto o vulto cinza, e não é como se fosse mudar muito, ainda não tinham pista nenhuma. Eles olham em volta, andam pela quandra, só para garantir que ele não estava por aí assistindo ao show. Depois de tentar reconfortar a vítima eles entram no carro e ficam parados. Olhando todos voltarem para suas casas e delegacias. Então Souza liga o carro e começa a andar. “Quer saber? Me deixa aqui, é perto de casa” “tem certeza? Acabamos de ver que não é uma zona boa.” “duvida de mim?” “claro que não. Tenho é pena de quem tentar te assaltar.” e assim, Moura começa a caminhar enquanto Souza arranca.

  Obviamente já são nove horas pelo menos. O clima está frio, mas Moura gosta disso. A jovem delegada vai andando pelas ruas escuras do bairro enquanto pensa: Como ele faz isso? Claro que as viaturas demoram a chegar, mas ele disaparece como fumaça. Não que eu queira pegar ele, mas.....hhuuuuuhhh. Por que? Por que alguém se arrisca tanto pelos outros? Óh a ironia, uma policial fazendo essa pergunta. Mas se ele é assim, por que ele não virou policial ou algo do tipo? A delegada vai andando com esses pensamentos em sua cabeça. A paisagem muda, os altos predios residenciais dão espaço a prédios mais baixos. Ela já saiu do bairro residencial e está indo para a cidade baixa. Um grito.

  Moura ouve um grito, uma mulher. “Tomara que não seja”. Ela dispara na direção da donzela em perigo. Nesse momento seu hábito de não se vestir como um policial normal ajudou-a. Então ela está perto de onde a mulher devia estar. Sons de luta, latas de lixo, pancadas. Tudo bem próximo dela. Ela novamente segue seu ouvido. Chega a uma rua estreita. Ela é mal iluminada, uma das poucas lâmpadas estava ás suas costas, mas Moura consegue distinguir 3 vultos. Uma mulher com as roupas semi-rasgadas perto de um carro caro à sua esquerda. Um jovem, bem vestido, ensanguentado deitado de braços abertos no meio da rua gemendo de dor. E um vulto que se fundia com a paisagem, de costas para ela, digitando em um celular. “Mão na cabeça, deita no chão!!” Disse a policial enquanto mirava no sujeito. O “suspeito”,  virou-se para ela, levantou as mãos ainda segurando o celular. Ela o reconheceu, era o justiceiro. “Largue o celular!”. O vulto não obedeceu, parece que ele falou alguma coisa. Então ele começou a baixar a mão direita (que não segurava o celular), fez um sinal como o de uma arma com a mão mirando bem alto e “atirou”. Atrás da policial a lâmpada no poste explodiu em uma miríade de fagulhas, o que a fez abaixar. E fechar os olhos. Quando ela abriu novamente, ele estava uns 15 metros mais longe correndo em zigue-zague e passando atras dos carros. Ela pensa ”seu filho da puta”  e vai atender ao ferido e a mulher. Ela chama por uma âmbulância e começa a checar a carteira da vítima. Vinte anos, tem algum dinheiro, dono da mercedes perto da garota e de acordo com ela, aspirante a estuprador. Ela faz faculdade de administração, quarto semestre, seu nome era Eduarda Javorsky, aparentemente eles estavam indo para casa quando ele a agarrou. Ela disse que não, que não gostava dele assim, e o empurrou contra o carro. Ele se enfureceu e socou-a no rosto, ela caiu e ele começou a rasgar seu vestido. Aí ele parou, Eduarda estava encolhida chorando e não percebeu quando seu salvador havia chegado, quando ela olhou novamente, seu “amigo” estava no chão com um vulto cinza montado o espancando. Ela relatou isso para a delagada enquanto esperavam a ambulância. O rapaz foi atendido levado para o hospital, estava inconsciente e pela descrição da cena os paramédicos acharam melhor levá-lo para exames. Moura sentia que aquilo iria piorar. Ela se ofereceu para levar a garota para casa mas a estudante recusou. Seu pai estava vindo lhe buscar. E assim terminou a noite da policial, quase capturando seu suspeito.

   No dia seguinte a delegada descobriu que sua intuição estava correta novamente. O garoto da noite anterior era filho de um homem muito influente da mídia. Então mesmo ele tendo tentado estuprar aquela menina, não houve B.O, reclamação ou algo do tipo. Mas foi aberta a temporada de caça ao justiceiro que o jornal do almoço agora chamava de Capuz.



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