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História O lado bom da vida - Um dia com Thalia


Escrita por: DiaeNoite

Notas do Autor


Mais um capítulo para vocês.


13.10.2015

Capítulo 10 - Um dia com Thalia


Fanfic / Fanfiction O lado bom da vida - Um dia com Thalia

- Está olhando o que, babaca?

- Thalia!

- Annabeth, dá um tempo. - Thalia se desvia da minha frente e olha por cima de mim.

- Meu Deus, Thalia! Ficou louca?

Ela nem me dá ouvidos.

- Ele estava olhando para a minha bunda? Hey, ELE ESTAVA OLHANDO PRA MINHA BUNDA! Sem nenhuma discrição. 

Merda.

- Eu vou matar aquele garoto.

Seguro Thalia antes que ela avance contra o garoto ruivo, de touca, a nove metros de distância de nós duas.

- Annabeth, é melhor você não me segurar! Aquele bosta estava olhando e saboreando a visão da minha bunda!

Mordo as bochechas para não rir, apesar de abominar a atitude do garoto.

Tudo começou quando eu e Thalia resolvemos tirar um dia de folga de tudo, só por hoje, um dia só nosso. Depois do acidente, era melhor pensarmos em uma forma de nos distrairmos. E pronto, tudo no improviso, o que der na telha, sem planejamento, decidimos Central Park.


- Ei, Annabeth!

- AAAAAAAHHHH! - grito e salto pelo susto. - Puta merda, de onde você surgiu?

Thalia simplesmente aparece pulando a janela do segundo andar do meu quarto no hospital. Pulando a janela do segundo andar!

- Calma, Annabeth, não é pra tanto! Você me assustou.

Eu, né?

- Como você...?

- E pare de se cobrir com esse travesseiro! Até parece que eu não tenho os mesmos órgãos que você.

- Thalia!

Tenho um bom motivo para ficar com o coração na boca. Simplesmente vi uma sombra pular a minha janela do segundo andar enquanto eu estava me trocando.

- Vamos, Annabeth, não temos o dia todo!

- Vire-se.

- O quê?

- Vire-se.

- Mas que infantilid...

- Já!

Enquanto Thalia encara a parede, começo a vestir um vestido azul soltinho. Tenho de colocar um casaquinho leve para encobrir os meus cortes e as manchas dos hematomas que sobraram sobre a minha pele. Graças às minhas três semanas no hospital, minhas pernas não apresentam nenhum dano, posso usar vestido. Mas sorte mesmo é Thalia não ter notado meus machucados.

- Pode virar, Thalia, e para de praguejar. Não é como se você me curtisse.

- Ué, estava esperando a donzela.

- Engole essa cara de deboche, sua fingida. - Thalia me manda língua. Mando de volta.

Dobro a roupa antiga sobre a cama.

- Mas diz aí, como você, sua maluca, conseguiu chegar aqui? - Costumo erguer uma sobrancelha quando interrogo Thalia, e dessa vez não é diferente.

- Aquele grupo hospitalar não me deixou subir. - Dá de ombros. - Tive de arranjar outra maneira.

- Às vezes me pergunto se isso é contagioso. Sério, imagina se eu começar a me manifestar por aí. "Jovem de dezesseis anos é pega escalando o muro da Biblioteca Nacional".

Recebo um dedo do meio.

- Mas o que era tão urgente para você escalar o muro de um hospital para me encontrar? - Pergunto.

- Bom, eu decidi que devemos comemorar a sua "volta". - Thalia fez aspas com os dedos.

- De que forma?

- Não sei, mas aí que está, vai ser espontâneo. Então, loirinha, trate de sentar a bunda no colchão porque eu trouxe uma chapinha e está na hora de tirar esses cachos de princesa.


Thalia se solta de mim e corre em direção ao garoto. Corro logo atrás. O menino já está em cima do seu skate, e Thalia Grace corre que é uma beleza, então estou sofrendo para alcançá-la.

Thalia está chegando perto. Quando consegue segurar o cabelo do garoto, puxo o braço dela. Momento ruim. Momento muito, muito ruim. Sinto um corpo a mais enquanto eu, Thalia e o ruivo vamos ao chão.

- MAS QUE DROGA...? - Thalia é a primeira a se revoltar.

Tento entender a situação enquanto estou caída junto a mais 3 corpos. - Ai, você está bem? - Pergunto à Thalia. Ela parece bem, mas está muito, muito irritada.

O quarto corpo se exalta.

- Ai, meu Deus, me perdoa! Me desculpa, você está bem? - O menino tem os olhos castanhos e são muito bonitos, mas está realmente próximo de mim. Exatamente em cima.

Para um magrelo, ele é bastante pesado. Tenho as mãos no seu peito para evitar que ele caia sobre mim e ele faz a mesma coisa, só que com as mãos no chão ao lado dos meus braços.

- Ah, e-eu estou bem, será que... será que você poderia...? - Aponto para nós dois.

- Ah, claro! Desculpe.

Ele se ergue e me puxa junto. Olha para mim e franze o cenho me avaliando.

- Tem certeza que você está bem? - Não tenho experiência para conversas com garotos (nem garotas), e nem intimidade para tal. Não sei bem como me comportar. Afirmo com a cabeça. 

O loiro olha para mim.

- Sim, eu só preciso ver se Thalia... - Olho ao redor. - Thalia? Thalia! Ah, droga.

Corro para Thalia, que está em cima do garoto ruivo que nos atropelou, enquanto o menino tem uma cara assustada e segura os pulsos dela.

- Sua louca!

Faço um muxoxo. Thalia Grace é osso duro de roer. O garoto ao meu lado assobia.

- Nossa, sua amiga é forte. - Olho para ele, ele olha para mim com um olhar de surpresa. - Quer ajuda?

Bom, ele não parece estar irritado ou demonstra qualquer comportamente agressivo, então aceito.

Se eu não estivesse tão nervosa, eu teria achado graça quando o loiro levanta Thalia pela cintura.

- MAS O QUE É ISSO?! - Um "calma, não fica nervosa" não é o suficiente para acalmar Thalia.

O outro, o ruivo, me encara.

- Da próxima vez, controle a sua amiga que mais parece um labrador do que uma pessoa. - Thalia só não voa em cima dele de novo porque está sendo segurada. E eu contenho uma vontade de contestar a escolha do garoto quanto ao tipo de cachorro que deveria ser comparado como mais agressivo. - Vou indo. - E rema pra longe.

O garoto já está longe quando percebe que está a uma distância segura. Ele grita:

- E a propósito, sua bunda é linda!

Thalia não vai atrás do garoto porque está sendo segurada. Tenho vontade de deixá-la bater no ruivo agora, mas desisto, não a queiro metida em mais confusão. 

- Pronto, já pode soltá-la. - Falo quando o ruivo já sumiu de vista.

- Antes de mais nada, meu nome é Anthony. - O garoto loiro fala. Seu olhar desce para Thalia. - Mas podem me chamar de Tony.

Pisco.

É isso mesmo? Bem aqui na minha frente?

Thalia olha para ele com descrença.

- Cai fora daqui.

O garoto ri e vai embora. Dá um toquinho no meu ombro antes de ir.

- Tchau, linda.

Viro surpresa.

Thalia ri. - É Annabeth, a gente acabou de ser cantada.


(...)


- É sério, Thalia, pode me contar. - Tento olhar nos olhos dela, mas ela continua desviando. - Sei que você está escondendo algo.

- Annabeth, você está imaginando coisas onde não têm.

- Thalia. - Paro na sua frente. - Por favor.

Ela olha para mim durante uns três segundos e depois encara os seus pés.

- Tudo bem, desisto! - A puxo para sentar em um banco, mas ela acha melhor ficarmos caminhando. - Tem certeza que você quer ouvir? É meio que uma história chata e enjoada. E que me deixa envergonhada e arrependida. Me sinto péssima.

Seguro a sua mão lhe dando apoio. Thalia está realmente encabulada, ela não é de se queixar sobre seus problemas, nunca despeja nada em mim. Geralmente, eu que a interrogo. Como agora.

- Pode falar.

- Sabe, eu tenho pensado muito na minha "família" - Faz aspas com as mãos. - As coisa têm ido de mau a pior.

- ...Zeus tem trazido muitas mulheres lá para casa. - Volto a minha atenção à ela. - Não que eu me importe, mas Beryl Grace tem andado muito bêbada por aí e Zeus está jogando a culpa para mim, dizendo que se eu também fosse como o Jason, isso não estaria acontecendo. E também tem o lado dela que diz que o motivo pelo qual meu pai a largou foi por causa de mim.

Sua mão livre está fechada e ela olha distante para a paisagem.

- Continue.

- E... e... é estranho, mas flagrei Jason quatro vezes me encarando. Não sei o que pensar. Minhas notas estão na média, mas são muito regulares, não tenho futuro, Jason é o filho prodígio. Meus pais estão em pé de guerra cada vez mais, mesmo que ainda estejam separados. Minha família me odeia, o que não difere muito já que eu os odeio também. Estou sem rumo, Annabeth, eu percebi que sem você, eu não tenho mais ninguém em quem confiar. Não muitas pessoas verdadeiras na minha vida. A maioria está para curtição. Sabe, uma hora as bebidas acabam, o sexo não é mais tão divertido, as festas se tornam sua casa e a realidade depois de passar por tudo isso te deixa pior do que estava antes! E ainda tem... ainda tem...

- E ainda tem o Luke.

Thalia levanta a cabeça surpresa, logo depois desvia de novo olhando para suas mãos.

- Sim, tem o Luke. Não consigo esconder de você. 

Meu coração está se partindo com o desamparo de Thalia. Nós nos conhecemos aos três anos em um evento feito pela minha mãe, desde então somos tão chegadas. Thalia quando criança era simplesmente fofa. Thalia quando criança era simplesmente fofa (ponto), mas seu eu interior sempre demonstrava o contrário.

Conhecemos Luke aos cinco, quando ele nos ajudou a fugir do cachorro de um vizinho na rua de Thalia. Luke sempre teve uma beleza superior à média, dentes perfeitos e um sorriso sarcástico; sobrancelhas arqueadas e seu cabelo cor de areia, que já foi caído em ondas até o ombro, estilo surfista.

Quando Luke começou a andar com a turma do Perseu, Thalia começou a mudar. Na época não o conhecia, só fui conhecer esse tal de Perseu no primeiro ano do ensino médio. Eu, Thalia e Luke éramos como uma família, mas parece que aos poucos tudo começou a ruir. Aos cinco, éramos inseparáveis. Aos seis ganhamos o mundo. Aos sete, Luke conheceu Perseu, Lia ficou angustiada (sempre dizia que não gostava do primo, Perseu). Aos oito, Luke conciliava entre nós e seus outros amigos (que por mim, tudo bem até então). Aos nove, Luke foi mudando, estava mais afastado e estranho. Aos dez, foi definitivo, Luke entrou para a turma do Perseu. Ficamos só eu e Thalia. Thalia desde então tem raiva do Luke pela sua mudança de lado. Apesar de que éramos apenas criança. Thalia, assim como eu, nunca teve muitos amigos.

- Eu sei, Thalia. Eu sei. O que anda acontecendo na sua vida que você não quer me contar? - Mesmo sabendo que não sou a pessoa certa para falar desse assunto, pergunto. - Você sabe que pode confiar em mim.

- Annabeth, Luke tem me procurado. É isso.

Sabia que estava ocorrendo um clima tenso entre eles. Além do comum.

- Luke está confundindo a minha cabeça. Ele parece querer se aproximar, mas eu sei que não devo confiar, vai que seja mais uma armação idiota deles.

Com o "deles", Thalia se refere aos ocupantes da mesa de centro do nosso refeitório de classes.

- O que exatamente ele tem dito? - Fito Thalia.

- Ele anda me caçando pelos cantos e perguntando por que eu me afastei. Ele parece estar arrependido, mas aquilo pode ser apenas uma máscara e... e eu já não sei mais o que dizer. - Ela vira para mim com os olhos em súplica, pedindo ajuda em meio ao desespero silencioso. - Ele está me trazendo recordações! E... e... eu não quero isso, Annabeth, eu não quero.

Seus olhos transbordam lágrimas e ela chora. Não a culpo, eu também estou chorando. Thalia precisa de um abraço, e eu estou aqui. Me sinto honrada, já que sei que Thalia não retribui o abraço de qualquer um.

Desfaço o abraço e olho nos olhos dela.

- Vamos esquecer isso, sim? Vamos deixar rolar e ver o que vai dar. Luke fez as suas escolhas e nós fizemos as nossas.

- Sim, claro. Espero que aquele verme apodreça lá onde ele se enfiou. E, hã, obrigada, Annabeth. Por me ouvir. De verdade, obrigada.

Seco as suas lágrimas.

- Shii. É para isso que servem os amigos.

Thalia concorda.

- Os verdadeiros, você quer dizer.



Notas Finais


Capítulo editado em 11/04/20.


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