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História O lado bom da vida - Frio e dor


Escrita por: DiaeNoite

Notas do Autor


Gente, desculpa por não ter postado o capítulo semana passada. Mas, bem, aí está ele!
Espero que gostem.



Dias 04.08.15/ 05.08.15

Capítulo 4 - Frio e dor


Fanfic / Fanfiction O lado bom da vida - Frio e dor

Thalia olha pra mim e pergunta de novo: - Ele fez alguma coisa contra você? Qualquer coisa, Annabeth.

- Não, Thalia, sério.

O modo como ela fala me assusta. É como se ela soubesse os meus problemas e segredos que eu escondo de todos. Isso realmente me apavora, porque é algo que preciso manter sob controle, esconder, até mesmo de Thalia. Principalmente de Thalia. Mas acho que é só preocupação. Thalia também tem uma porção delas.

- Então tá, deixa eu ver esse ferimento.

- Não precisa, não está nem doendo mais e...

- Annabeth Chase! Deixe-me ver isso!

Thalia me faz subir na maca de novo e encara o meu pequeno corte.

- Aquele lá vai me pagar. Ah, se vai.

- Não, Thalia, não faça nada, por favor. Eu... eu... eu já estou acostumada, n-não precisa fazer nada.

- Annabeth, você sabe que eu me preocupo com você, você é praticamente minha irmã. Eu não quero que ninguém te machuque. - Engulo em seco.

- Achei que você não se preocupava com ninguém. - Falo tentando fazer graça e afastar o clima tenso, só que não dá muito certo, ainda sou encarada com seriedade.

- E não me preocupo, você é exceção. - Mas ela sorri. - São que horas?

- Hora de ir pra casa. - Falo olhando o relógio da parede. De repente, toda graça se foi. Não deixo que Thalia perceba isso.

- Vamos, levanta essa bunda daí, vem. Já deve estar amassada de tanto estar sentada aí.

- Amassada está a sua.

- Eu vou te deixar aí.

- Duvido muito. - Me finjo de brava, mas acabo sorrindo. - Onde foi parar o discurso de "Você é praticamente a minha irmã" de segundos atrás?

- Que foi? Jason é meu irmão e eu deixo ele e aquela sub-bunda dele conversando com as paredes.

- Está me dizendo que eu também tenho sub-bunda? - Decido brincar um pouco.

- Vira pra cá.

- Thalia!

Reclamo, mas acabo rindo com ela até o estacionamento. Thalia entra no seu carro e eu me despeço.

- Annabeth, está esperando o quê? - Sua cara está confusa. Parece ainda mais malvada quando fica assim. - Entra logo no carro, princesa! Quer que eu vá aí te buscar, é isso?

- Não precisa, é pertinho. - Me apavora a idéia de Thalia me levando até a minha casa com Patrick lá dentro e... Estremeço. Não, Thalia não. Nunca permitiria que ele tocasse um dedo nela, faria o possível para que ele não chegasse perto dela. Ele é extremamente violento e, mesmo Thalia, que é super encrenqueira e barra pesada, não conseguiria conter a fúria de Patrick. E eu também não faço ideia do que ele poderia fazer como retaliação.

- Annabeth, deixa de besteira, entra logo! Eu te levo.

- Mas Thali...

- Nada de "mas". Vamos, eu te levo.

Desisto por fim e entro no carro, sentando no banco do carona.

 

(...)

 

Estamos perto de casa, peço que Thalia me deixe em frente a uma pequena loja de discos, duas ruas antes da minha. Uso a desculpa de querer dar uma olhada.

Espero até ver Thalia já fazendo o contorno da rua, até estar fora de vista, para eu poder ir pra casa. Só espero alguns minutos mais para me certificar.

Enquanto vou andando, vou me preparando psicologicamente para o que vem ao chegar. Sempre há algo.

 

(...)

 

Abro a porta e entro cautelosamente. Tenho medo de fazer qualquer barulho e sofrer mais tarde por isso. É sempre um motivo a mais para ele.

Depois de verificar a casa, percebo que ele não está. Patrick Grey é um homem bem sucedido e invejado. É grande e forte, mas não o tipo dominado por músculos, apenas... forte. A cobiça por ele é algo indiscreto que sempre percebi por parte das mulheres que o cercam. Foram muitas as vezes que escutei dizerem sobre a beleza e o jeito misterioso que ele carrega. Se as pessoas descobrissem que todo esse mistério que ele guarda são as agressões que me causa diariamente... As notícias seriam algo que destruiria seus negócios, com certeza. "Empresário famoso espanca enteada de dezesseis anos sob sua guarda". Faz isso desde os meus catorze, quando sua mágoa e raiva se rebelou contra mim após a morte da minha mãe. A ira o consumiu, ele mudou totalmente. E não havia nada que a minha culpa pudesse fazer. Não há como trazer minha mãe de volta.

Vou para o meu quarto e pego A menina que roubava livros pra ler.

A hora passa rápido e não percebo até olhar o horário no celular. Sete horas da noite. Merda. Me levanto com pressa e me encaminho para a cozinha para fazer o jantar antes que Patrick chegue. Usualmente, ele já costuma chegar em casa irritado pelo trabalho e desconta sua raiva em mim. Dando motivo então...

Assim que termino, vou tomar banho.

A água fria não afasta tudo o que desejo afastar, ainda me sinto sufocada e angustiada. Arrasto a lâmina mais uma vez na pele, a água leva o sangue que escorre. Passo de novo. E mais uma vez. Arde, arde bastante cada um desses cortes, mas essa dor é eficaz pra afastar pensamentos piores do que machucados. A ardência me incomoda muito, e por isso, me tira de pensar demais por alguns segundos. Por alguns segundos eu só me importo com a dor. Nada mais. É anestésico. Passo de novo.

A esse ponto, olhando cada marca, tenho total ciência de que os recortes nos meus pulsos e tornozelos eu não vou conseguir me livrar, mas não me importo o suficiente com isso. Eu estou viva, minha mãe não. Uma cicatriz não é nada perto disso. Eu me tornei um fardo e motivo de humilhação para as pessoas à minha volta. Estar com o pulso liso ou não, não faz a mínima diferença agora. Passo mais uma vez com raiva. Esse dói mais, e não consigo conter o soluço que escapa. A corrente d'água passa por cima do corte levando o sangue assim como nos outros, mas esse deixa o chão vermelho por mais tempo.

Enrolo a toalha no corpo ao sair do chuveiro e guardo a lâmina no seu devido lugar, um fundo falso na gaveta da pia do banheiro. Meus pulsos e tornozelos ardem e latejam, mas isso não me incomoda da mesma maneira há tempos. Deslizo a toalha até a cintura. O reflexo é horrível, mostra uma série de hematomas e cicatrizes, e... não gosto da garota que me encara de volta. Reflete tudo o que odeio ver, e os motivos que eu deveria morrer se tornam mais fortes. Isso me faz chorar mais uma vez. Meu nariz e olhos já estão vermelhos. Me visto e pego novamente o A menina que roubava livros pra ler. Preciso me distrair.

Passados alguns minutos, vou para a sala. Assisto um pouco o filme que está passando, Uma noite no museu, mas meu estômago ronca me lembrando a fome que estou. Sem comer a quase dois dias, contra a minha vontade, minhas pernas se dirigem à cozinha em busca de algo para comer.

Pego um fatia de torta e como. Mas é apenas continuar comendo para me lembrar o motivo porque não faço isso.

Gorda.

Monstro.

Colégio.

Humilhação.

Cuspo tudo dentro da lata de lixo. Levo alguns minutos para me recuperar até ouvir o som que me informa que meu pesadelo começará em poucos instantes. Ouço o som da maçaneta e corro para o meu quarto. Mas assim que viro a porta da cozinha, vejo Patrick atravessar a da sala de cara amarrada e parecendo muito irritado. Também parece ter bebido alguma bebida alcoólica antes de chegar. Sua feição está exatamente da mesma maneira como quando bebe. Seus olhos estão vermelhos e seus movimentos mais lentos, mas seu rosto contorcido em irritação. Ele me olha de um modo hostil e isso faz com que eu me encolha diante desse olhar.

Ele vem caminhando na minha direção.

Calma, calma. Não chora. Não posso chorar, não posso.

- Você fez a comida? - Fala de uma forma fria.

De cabeça baixa, faço que sim com a cabeça. Ele passa por mim e me dá um empurrão com o ombro, fazendo eu me desequilibrar um pouco. Saio do seu caminho.

 

(...)

 

Enquanto come, Patrick olha com repulsa a comida. Estou sentada do lado esquerdo dele, a mesa é grande, mas ele faz essa questão, prefere que eu me sente ao seu lado.

De repente, se levanta abruptamente me dando um susto. Está com a cara raivosa. Isso não é bom, nem um pouco. Faz com que eu se sinta ainda menor perto dele.

- ESSA COMIDA ESTÁ UMA MERDA! - Me encolho pra longe.

Ele me olha como um animal prestes a atacar. Antes que eu dê o primeiro passo para correr, sou pega pelo braço por uma força fora do comum.

Ele me tira do chão com apenas uma mão enquanto olho aterrorizada para ele. Sei o que vem pela frente. 

Meu corpo está inclinado, de forma que meu lado direito está mais elevado por estar sendo puxado pelo meu braço de mesmo lado. Dói.

- Então do que adianta tanta inteligência, ser um gênio, hein?! - "Gênio", mamãe me chamava assim. Ele aperta mais o meu braço. - NA VIDA SÓ SOBREVIVE O MAIS FORTE!

Seu comentário move minha cabeça até minha mãe. Ela não foi forte o suficiente? Eu fui?

Não, ela não teve culpa.

- VOCÊ É TÃO FRACA QUE ATÉ UMA CRIANÇA CONSEGUE TE DERRUBAR, SUA INÚTIL! UMA COISA CHORONA, HORROROSA E DESPREZÍVEL, É DE DAR NOJO! - Não consigo controlar os tremores e soluços, não quero encarar Patrick, me dá medo. Quero puxar meu braço da sua mão, mas não consigo. - VOCÊ É UM ESTORVO! MERECE SER ESPANCADA ATÉ COMPREENDER O QUE É DOR DE VERDADE, AINDA PARECE UMA CRIANÇA! ACHA QUE SABE O QUE É SOFRIMENTO? - Sua outra mão desce com rapidez e sinto um forte tapa ser dado no meu rosto. Não consigo segurar as lágrimas de desespero e recebo um soco no estômago. Perco o ar dos meus pulmões.

- CHORA! CHORA MESMO! VOCÊ SABE QUE AGORA DEVE RESPEITO A MIM! E QUE ISSO TE SIRVA DE LIÇÃO E TE PONHA NO SEU LUGAR! VOCÊ NÃO TEM MAIS VALOR, VOCÊ NÃO ME REPRESENTA NADA INPORTANTE!

Para o meu alívio, ele solta o meu braço, mas, para o meu desespero, ele me puxa pelo cabelo me jogando no chão. Bato fortemente a cabeça, uma tontura me atinge.

Ele é grande, é forte. Eu nunca conseguiria fazer com que goste de mim de verdade agora, ou que me deixe em paz. Eu gostaria que soubesse que me arrependo, que sei que sou culpada, mas minhas palavras não significam nada, elas não são ouvidas.

Patrick me bate sem piedade. Me sinto mais ainda pequena, me sinto frágil, como ele diz. Com ele em cima de mim, me dando chutes e murros, a única coisa que consigo raciocinar é me proteger dos golpes vindos dele.

Ele se diverte me vendo sofrer, acha estimulante o gosto que o seu poder exerce sobre o meu corpo. E sabe, sabe que eu nunca seria capaz de o ferir ou revidar; antes disso, ele já teria me desarmado e me colocado em meu devido lugar, como prega. Ou seja, no chão, no escuro. Pisaria em cima de mim sem nenhum remorso.

- Por favor, p-pa-para. Por favor. - Praticamente imploro, me humilho, mas ele não se importa e continua dando-me murros. - Me desculpa.

- Só estou te relembrando o seu devido lugar, miserável. E segure esse maldito choro!

Já não consigo mais respirar direito. Minha respiração está descompassada e irregular. Tento me manter ao máximo encolhida no canto para me proteger. Minha boca e meu nariz sangram, sinto o meu corpo todo dolorido e não consigo me manter em pé. Definitivamente, força bruta nunca vai ser o meu forte, e muito menos algo que se possa esperar de mim. Eu sei que todos me vêem como alguém que um simples sopro é capaz de desmoronar, e, de fato, parece ser assim.

Ele sorri sádico, isso me aterroriza.

Ele dá grunhidos enquanto me bate, eu dou gritos de dor enquanto recebo as pancadas violentas.

Ele sente o seu peito inflar, eu me sinto impotente.

Ele se diverte e descarrega sua fúria em mim, eu lhe sirvo como saco de pancadas.

Sou pega pela gola da camisa e levantada alguns centímetros do chão, acima da sua cabeça. Tento em vão tirar as suas mãos pesadas da minha camisa. Ele me desfere um soco certeiro no rosto e me solta. Tudo perde a cor.

 

(...)

 

Frio, muito frio. Faz muito frio e dói.

Céus! Muitas dores, dores... todo meu corpo doí muito. Abro os olhos e sinto uma tontura me atingir. Algo quente e líquido escorre do canto da minha cabeça. Sangue.

Tento me levantar, mas minha visão fica fora de foco. Percebo que passei a noite no chão da sala, desacordada.

Fico uns quinze minutos tentando normalizar o foco da minha visão. Vejo tudo embaçado e girando. Ainda deitada de barriga para cima no chão, os mesmos pensamentos de sempre voltam a rodear minha cabeça.

Como será daqui pra frente?

Será tudo a mesma rotina sempre?

Algum dia vamos mudar? 

Podemos mudar? E a faculdade?  

Quero de volta a minha mãe.

Levanto e cambaleio um pouco, vou me apoiando nas paredes até chegar à escada, onde me sento em um degrau para descansar por causa do esforço. Depois de uns minutos de recuperação de fôlego, subo devagar os degraus, tomando o cuidado de me apoiar no corrimão da escada. Tudo o que eu menos preciso é de uma queda agora. Se bem que uma queda poderia dar logo um fim a essa vida de merda, nunca mais incomodaria ninguém e ninguém sentiria a minha falta. Bom... talvez Thalia.

Chego ao topo da escadaria e vou em direção ao meu quarto. Como caí e fiquei no chão da sala, ainda estou com a mesma roupa suja da surra de ontem. Uma calça de moletom bege e uma blusa branca de manga comprida com o símbolo da Corvinal, de Hogowarts. Agora está coberta de respingos de sangue.

Entro no quarto e procuro ver as horas, não posso me atrasar para o colégio e perder matéria. Ou faltar. Patrick poderia fazer algo pior.

Seis e meia. Dá tempo. Começo a me arrumar. Tomo banho tomando cuidado com os hematomas e as minhas cicatrizes nos pulsos e tornozelos. Saio do banheiro vestida com o meu roupão e pego uma caixa de bandaids na gaveta da pia. Coloco um bandaid no corte na lateral da cabeça onde algumas mechas e a franja podem esconder, e coloco mais alguns nos pulsos e tornozelos. Cinco em cada pulso e dois em cada tornozelo, colocados alguns, um por cima do outro. Tudo isso para escondê-los.

Lavo o rosto, penteio o cabelo e o espero secar para prendê-lo. Coloco uma roupa mais fresca, tentando ao máximo aliviar pelo menos o calor que sinto ao vestir as minhas roupas compridas e agassalhadas. Coloco um calça comprida mais soltinha, na cor bege, uma regata branca e uma blusa de mangas compridas amarela clarinha por cima. Prendo o meu cabelo em um coque baixo que, irritantemente, desprende algumas mechas soltas. Coloco minha franja mais para o lado, escondendo um ferimento, e ponho meu óculos. Meus sapatos têm um pequenino salto, bem pequeno mesmo, como aqueles de quem faz sapateado. Passo um pouco de base para cobrir o hematoma. Arrumo minha mochila e verifico o relógio. Sete e vinte e cinco. No horário.

A mesma velha rotina.

Assim que desço, percebo que Patrick ainda está dormindo. Antes que venha a sobrar pra mim por ter esquecido, faço um café-da-manhã já separado para Patrick. Tomo um suco de maçã e vou para o colégio.

Vou andando. Adoro ver o movimento das ruas, os rostos felizes e entusiasmados de algumas pessoas, semblantes esses bem diferentes do meu. Também há os apressados e os despreocupados, os bons e os maus, os animados e os cansados. Em pensar que eu sou apenas mais uma no meio de tantas pessoas, seguindo apenas o papel que a vida impôs a mim...

A vida é bela, o problema é que algumas pessoas a estragam com suas histórias, o que é o meu caso. Às vezes acho que não mereço viver, mas se não existir os fracos, como os superiores vão evoluir na vida?

Em meio a tantos pensamentos bobos, chego ao colégio. Ainda está quase vazio, apenas poucas pessoas. Vou para um dos meus lugares acolhedores de tranquilidade, o canto mais isolado na escadaria do prédio principal da Goode.

Pego o meu caderno de desenho e começo meus rascunhos e rabiscos, aproveitando o clima mais fresco e a tranquilidade de estar sozinha.

 

POV. Percy

Acordo sonolento e abro os olhos com preguiça. Cato o relógio na mesinha ao lado da cama. Sete e quarenta e cinco. PUTA MERDA, TÔ ATRASADO!

Me arrumo com pressa e de mal humor por ir para aquele inferno. Tomo um banho rápido, faço minhas higienes matinais e visto a minha roupa. Vou para a escola.

Sigo caminho para a Goode com o material no banco do carona e carro em uma velocidade que, se minha mãe vir, ela pira.

Chego na Goode mais rápido por ter corrido e saio ao encontro do meu grupo. Jason tenta disfarçar suas carícias com Piper, já que ele é o Senhor Certinho, mas na minha opinião, de santo ele não tem nada. Leo fracassa em vão uma tentativa de conquistar Calipso através do olhar. Hazel abraça timidamente Frank. Luke conversa com Nico sobre algo. Rachel, Silena, Drew, Nancy e Milla discutem e, Will e Jéssica debatem alguma coisa. Mas o pior ainda está por vir, está camuflado de cachos ruivos e bottons como "Salve a natureza ou ela te destruirá!", "A água que você polui é a água que seus filhos beberão no futuro".

Chego mais perto, me aproximando aos poucos. O alvo está na mira, só mais alguns passos e...

- AI! Que isso?! - Exclama Grover depois do murro certeiro que eu deu no seu ombro. Bode infeliz.

- Quanto tempo, hein, princesa?

- Percy, vai tomar no cu.

- Nossa, agora o Grover xinga? - Leo ri.

- Xingo, e xingo mais. Leo, você também vá tomar no cu.

- Já tomei, rapaz. - Não entendo muito o que ele quer dizer, mas decido não perguntar. 

- Wow, não vamos começar a falar merda, o assunto estava tão saudável... - Piper, a Rainha da Pacificação, namorada do Senhor Certinho, se intromete.

- Agora que o assunto estava ficando bom. - Drew olha de um jeito safado para Leo. Eu, hein. Leo me encara estranho pedindo socorro com os olhos.

Percebo que Hazel e Frank não estão mais com a gente. Provavelmente Hazel ficou com vergonha e Frank foi junto com a namorada, e sorrio mais abertamemte ao perceber que o di Angelo tem uma cara emburrada após saber que sua irmãzinha saiu do seu ponto de vista com o namorado.

- Cara, quanto tempo! E aí? - Grover.

- "E aí?" te pergunto eu! Some do nada sem dar explicações e aparece como se nada tivesse acontecido, e ainda me manda um "e aí?"? - Respondo indignado. - Ah, vá tomar no cu!

- Eu saio de viagem e quando volto descubro que tenho uma esposa! - Reviro os olhos para o babacão. - Percy, desde quando somos casados? É que eu não me recordo muito bem, sabe?

- Dá um desconto para o cara... -  Finalmente um do meu lado.

- Obrigado.

- ... Percy acordou de TPM. - Continua.

- Luke, me faz um favor. Vai para o inferno, vai.

- Ué, eu achei que esse lugar já tinha sido ocupado pelo Grover, sendo mandado pra lá por você.

- Então aprendam a dividir e vão os dois.

- Oi, Percyto! - Droga.

- Oi, Drew.

Leo e Nico seguram a risada enquanto assistem a minha tortura. Luke acha graça. Os céus só podem estar curtindo com a minha cara.

- Nossa, Percy, você está bem? - Me pergunta. - Está com uma cara amarrada.

- Nem sei o porquê, né? - Drew não entende a indireta feita pela Rach. - Foi assim de repente. - Continua.

Sorrio. Drew me olha com uma cara confusa, olha para os outros presentes tentando entender a graça. O mais engraçado é que para tentar disfarçar, ela solta uma risadinha sem graça, não percebendo que a piada aqui é ela e sua maneira.

Reparo nela. Está vestida com o uniforme da torcida, e parece personalizado para ser mais sua cara. Seu cabelo está solto e ela mascla um chiclete de um jeito meio provocante. Drew é alta, magra e bonita, sem dúvidas. Puxou todo o jeito da mãe, que é uma modelo aposentada. É linda, mas não faz meu estilo ficar grudado em uma garota que só fala de dieta e regras da moda. Mas também, olhando por outro lado, fala com um charme que consegue levar muitos na manipulação. Além de tudo, tem curvas lindas.

O sinal de entrada toca e todos entramos. Olho o meu horário enquanto vou em direção ao meu armário ouvindo Nico falar de uma garota que ele ficou ontem e Luke fazer piadinhas sobre quem era o homem da relação.

Minhas duas primeiras aulas serão de matemática, pego meu material. O armário do Nico é ao meu lado, o do Luke é um corredor antes do nosso.

- Qual seu tempo?

- Matemática, e o seu? - Pergunto para o di Angelo, enquanto Luke sai para buscar o seu material.

- E aí, gente, que aula vocês têm agora?

- Acho melhor você sair daqui, Grover. Acho que o Percyto aí ainda está puto contigo.

- Do jeito que você fala, Nico, até parece que eu sou um louco, possessivo, ciumento. Por favor, só possessivo com o meu Grover.

-  Vou propositalmente ignorar isso. Que aulas vocês têm agora? - Grover nos corta. - E Percy, eu já pedi desculpas, ou quase isso. - E aí está, o lado paz e amor. Não dá pra ficar chateado com esse ser.

- Matemática. E relaxa, bestão, eu nem estou irritado contigo, só estou tirando uma com a sua cara. - Sorrio.

- Inglês, vou indo. - Nico ao menos dessa vez se despede.

- Valeu, Nico, vai lá, está na hora de aprender alguma coisa, não dá pra ser anta a vida toda, né?

- É, né? Nem te falo nada, Percy.

- Tchau, cara. - Grover e Nico trocam um soquinho e Nico vai embora.

Vamos pra sala. - E Percy, que história é essa de estar tirando uma com a minha cara? E eu aqui pensando que você estava com raiva de mim.

- Relaxa o coração, no começo fiquei com raiva de você. Some assim do nada e não fala nada com seus amigos, seu bode desgraçado, mas depois que eu vi que banquei o irritadinho pra cima de você, e você acreditou...

- Nossa, que amigo que eu tenho, hein!

- Obrigado, obrigado, sei que sou demais pra todos vocês, mas agradeço. - Faço reverências como se estivesse na frente de uma plateia.

- Ihhh, vai começar...

- Desculpe, Grover, mas você não tem esse charme todo aqui. E esse admirável talento para a atuação. - Aponto para o meu corpo.

- Agora esse é o nome para mentiroso? - Grover, como sempre, tentando acabar com meu barato.

Empurro seu ombro.

- PERCY, VOCÊ ACABOU DE ME DAR UMA ÓTIMA IDÉIA!

- Não grita, merda! - Olho para os lados pra ver se alguém ouviu. Os que se viraram pra prestar atenção viram o rosto assim que eu olho para eles. - O que foi?

- Vamos fazer uma aposta. - Fala direto. O que é incomum, e fala sobre apostar, o que é mais incomum ainda. Se arriscar não é nem um pouco o estilo do Grover. Que espécie de Grover essa viagem que ele fez devolveu?

Mas de todo modo, eu adoro apostas, sempre cumpro, e as que cumpro, eu ganho, ou seja, todas elas. E meus amigos sabem como despertar meu instinto competitivo com provocações.

Sou interrompido dos meus devaneios por um Grover sorridente. - Você vai ter que pegar a...
 


Notas Finais


E então, o que acharam?


Capítulo editado 27/04/20.


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