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História O lado bom da vida - Suma da minha frente!


Escrita por: DiaeNoite

Notas do Autor


Desculpem a demora. Aí está mais um capítulo prontinho.


07. 08. 2015

Capítulo 6 - Suma da minha frente!


Fanfic / Fanfiction O lado bom da vida - Suma da minha frente!

Passo a mão no rosto mais uma vez e chego a bocejar, mas não estou com sono. Sonhos esquisitos e sem sentido me fizeram acordar às duas da manhã. Não consigo voltar a dormir inquieto assim.

POV. Annabeth

Não consigo conter o choro enquanto me encolho em um canto da parede tentando achar proteção. Patrick se levantou furioso, suas ações consecutivas são violentas. Olhar nos seus olhos me desperta mais medo. O castanho claro está vermelho de raiva.

POV. Percy

Imagens do sonho que tive me vêm à cabeça enquanto tomo um copo d'água. São puramente bobagens, mas não consigo parar de pensar.

 

Acordo no meio de uma nevada, o lugar parece o Pólo Norte. Só há neve, palidez e sons de sopro ao meu redor. Sei que está bem frio por motivos óbvios, mas eu não sinto nada. Tenho plena consciência de estar em um sonho e estar sozinho, até ouvir o som de um soluço. Viro o corpo e uma menina loura aparece de costas pra mim. Ela usa um vestido branco, quase o mesmo tom da sua pele pálida, e parece ter menos de dez anos. Me aproximo. 

- Por que está chorando?

Mas ela não parece me escutar ou me ver. Deve ter no máximo sete anos, é miúda e mantém seus olhos fechados. Observo o local. Só vejo branco, neve e montanhas ao longe. Paro de observar quando noto que a lourinha se levanta, ela mantém a cabeça baixa e segura uma faca entre seus dedos finos, que só agora paro para perceber que possui. A sigo. É quando, de repente, um homem grande atravessa o meu corpo e passa por mim até a menina. Ele possui uma roupa resistente e encapuzada, é um traje de esquimó tipico da região. Ele grita com a garota e ergue a mão. Então tudo começa a escurecer e sair de foco.

 

Acordo um tanto idiota e confuso pelo sonho.

Tomo o último gole, coloco o copo na pia e subo para o meu quarto. Devo voltar a dormir para mais tarde estar mais disposto para o colégio. Sinto minha visão escurecer e espero que dessa vez não haja sonhos.

POV. Annabeth

Me sinto uma inútil e fraca depois da surra que levei. Meu corpo já deveria ter se acostumado a isso, me tornado mais resistente a dor. Minha cabeça lateja e vejo pequenos pontinhos pretos na minha visão, meu pé direito doí muito, parece que o torci. Não consigo levantar. Deitada sob o chão da sala de estar, meu corpo não consegue se mover sem que me leve a uma forte tontura e me faça tombar de novo, e ainda estou fraca por ter vomitado um sanduíche que tinha comido um pouco antes de Patrick chegar. Patrick já foi dormir, subiu a escada sem nem ao menos olhar para trás. Me apoio no sofá e me levanto, caio logo depois disso, mas na quarta vez, consigo me manter estável em pé. Minha cabeça gira e meus braços e pernas tremem. Vou me apoiando em tudo o que posso até chegar à base do alto da escada; parto para o meu quarto, quero tentar dormir. Assim que me faltam dois passos para chegar à cama, sinto minhas pernas fraquejarem e minha visão escurecer. A última coisa que vejo são os adesivos de estrelas brilhantes colados no teto do meu quarto.

 

...

 

Vermelho. Vermelho escuro. Vejo descendo sob a minha pele e cair em um sonoro barulho abafado na pia. Pingos derramados de sangue vindos do meu pulso, levando com eles toda a raiva, desilusão, incapacidade e covardia que guardo dentro de mim e não consigo me livrar, mas também um outro sentimento presente, agonia. Agonia diante da garota patética que me encara de volta no espelho. Sinto agonia pelos cortes feitos, mas não são nada comparados ao vazio que sinto dentro de mim, no meu peito. Machuca, e é ensurdecedor. Esses cortes são um alívio para deixar de estar sóbria e pensar somente na dor do ferimento. São um desvio momentâneo. Mas também me punem pelo meu erro e me dão o castigo que eu devo considerar em mim. Eu não tenho como voltar atrás nas minhas ações passadas. A minha mãe já está morta. Meus cortes estão aqui, presentes, visíveis, não só na minha frente, como também, na minha mente, me acordando para a realidade. Eles são assustadoramente satisfatórios, apesar de horríveis.

 

(...)

 

A biblioteca certamente é o meu lugar preferido no colégio, é tranquila, em paz e relaxante. Mas principalmente: vazia. Pego o livro Orgulho e Preconceito nas mãos e me deixo levar com a leitura. Conheço a história, mas o sentimento familiar de encontrar com os mesmos personagens é bom. Está manhã de um dia chuvoso e frio, um ótimo dia para se ter um livro em mãos e se enrolar em um cobertor em um lugar confortável. Visto um gorro marrom clarinho, com os meus cabelos presos em um coque desajeitado; algumas mechas rebeldes saem pelo gorro, mas não me importo com elas. Calço botas, também marrons e pequenas, felpudas, meio esquimó. Minha calça caqui verde musgo cobre minhas botas e um costumeiro moletom me esquenta. Me sinto confortável e aquecida. Dou graças por estar chovendo e fazer frio. É mais fácil para esconder alguns detalhes.

Ao olhar em volta, tenho vontade de conhecer muitas pessoas que eu vejo todo dia estarem na biblioteca, pessoas que parecem ser interessantes e valer a pena, mas a timidez e o receio me impedem; todos me conhecem na escola, sabem tudo aquilo que dizem que eu sou. E mesmo se eu conseguisse, o que eu diria? O que eu faria? Eles com certeza não iriam gostar de falar com a Carrie do colégio. Alguns têm medo de atrair pra si a fama que eu carrego e passarem a dividí-la comigo. Outros têm nojo e raiva de mim por culpa dos boatos que rolam sobre quem sou. Como eu chegaria em um outro aluno? Eles me conhecem, mas eu não os conheço direito. Sou eu quem tem medo deles.

Quase no horário de ir para a sala, fecho o livro e o guardo na mochila. Assim que coloco firmeza nos pés, sinto dor no tornozelo direito. Vou mancando até o corredor.

- Ó, meu bem, o que houve?! - Pergunta Mary, uma amiga minha, eu acho. Mary cuida da limpeza do colégio, ela é como uma avó pra mim, tem seus sessenta e cinco anos de idade e é uma das únicas pessoas desse colégio que, eu acho, se importa comigo de verdade.

- Ah, não foi nada. Apenas bati com meu pé em algum lugar. - Sei que ela não acredita muito porque me olha como uma mãe olha para o seu filho quando ele esconde algo.

- Venha, venha comigo, querida. - Mary passa o meu braço para o seu ombro e me segura pela cintura. - Vou te levar até a enfermaria.

- Mas não... -  Tento argumentar.

- "Mas" nada. Vamos, eu te levo. Irei te levar lá, Gabby dará uma olhada, dirá se você deve ser liberada para descanso ou não, se precisará imobilizar o pé, lhe dirá se terá de usar pomada ou não, por quantos dias você deverá andar de muletas, quero dizer, se  precisar andar de muletas...

Mary fala bem rápido, tão rápido que tenho que acompanhar rapidamente o que sai da sua boca.

Na enfermaria, Gabby imobilizou meu pé, dizendo que seria melhor assim, e me deu muletas, mesmo contra a minha vontade. É melhor assim, Annabeth Chase, seu pé ficará bom logo, logo. Houve só uma pequena torção e desse jeito não vai lhe incomodar muito a dor. Havia dito.

De qualquer forma, estou agora indo para a sala de muletas. O problema com as muletas é que elas chamam atenção, e o problema com a atenção é que ela não é exatamente algo que eu goste. A maioria nos corredores do colégio, com exceção de alguns, olham, riem e cochicham apontando para mim. Realmente uma droga.

Chego na sala e a boa notícia, ou a menos pior, é que eu tenho um bom motivo para o meu atraso. A má notícia, é que todos na sala não param de me encarar por causa das muletas. Peço licença ao professor e lhe entrego o atestado, vou para o meu lugar. Não tenho aula com Thalia nesse tempo.

 

POV. Percy

A aula passa lentamente e com uma profunda chatice, como sempre.

Na sala corre o boato de que a Monstrinho está andando por aí de muletas. Bom... seria interessante fazer uma visita a ela para conferir o que foi dessa vez. Do jeito que é, deve ter recusado a ajuda de todos os alunos inocentes que se prestaram a ajudá-la. Seu jeito arrogante é seu maior defeito.

Enquanto viajo nos meus devaneios na aula, acordo para ver Nico cheirando uma cola, e nesse momento percebo o porquê. Flagro quando Thalia o encara e o babaca faz essa babaquice. Realmente, eu não sei qual dos dois é o pior, mas é uma cena engraçada de se ver, o emo provocando a punk. Ele está procurando se encrencar, está cutucando a onça com vara curta. Passo então a encarar os alunos da classe. Do outro lado da sala, Melissa Grint tenta trocar carícias às escondidas com Marcelle Pérgol. Nunca chegamos a conversar, mas as duas parecem legais. Um outro aluno, que acho se chamar Jacob, mantém a cabeça abaixada, tentando, como sempre, esconder os olhos vermelhos causados pelo efeito das drogas que usa. Katie Gardner dá foras em Travis Stoll e o besta sorri maroto. Connor Stoll ri das investidas feitas pelo irmão, que são retribuídas com patadas dadas pela Gardner. Flagro pelo canto do olho Rachel me olhando, a encaro de volta, ela vira o rosto rapidamente, como se eu não tivesse percebido que ela estava me observando.

Volto a olhar em volta da sala. Connor deixou de rir do irmão e agora está empenhado em mais uma de suas pegadinhas, grudar chiclete na cadeira de Miles Smith enquanto o garoto foi ao banheiro. Tudo bem que essa peça é ridícula, ele seria muito trouxa de se sentar e não perceber um chiclete enorme colado bem onde sua bunda iria parar. 

Os drogados continuam de cabeça abaixada, os mais nerds continuam sendo os primeiros a levantar a mão para as perguntas, os vadios continuam vadiando, e assim vai. Essas coisas. Até que...

BINGO! Miles, O Idiota, cai na armadilha de Connor. Enquanto Travis parabeniza o irmão, Miles faz queixa ao professor. Dédalo manda os dois se resolverem na diretoria, Dionísio diria o que fazer com eles. Sorrio com a confusão formada pelos Stoll.

E assim o sinal do intervalo toca, para o meu alívio.

 

(...)

 

- Sério, cara, ela já está na minha! - Fala Leo pela milésima vez.

- É, né? Assim como na centésima primeira vez que você falou isso. Desiste, cara. - Digo dando tapinhas consoladores no ombro do Valdez.

- Por mais que eu odeie concordar com as merdas que saem da boca do Jackson, o Percy tem razão. Desiste da Calipso, procura outra!

- Jason, eu sempre tenho razão. E fala sério, a Calipso já teve uma queda por mim! - Rebato.

- Ah, cala a boca, Percy! Foi passageiro, uma coisa de criança. - Valdez me rebate de volta.

- De quem vocês estão falando? - Hazel entra no assunto.

- Calipso.

- Calipso.

- Caly. - Encaro Leo, assim como Jason e Hazel.

- Calipso? Calipso Ogígia? - Pergunta Hazel. - A que já teve uma queda pelo Percy?

- Ah, cara, você também? - Leo parece a beira de um ataque. Está com uma tremenda cara de desespero.

- Se é que ainda não tem...

- Ah, cala essa boca, Percy!

- Vocês viram o Frank?

- NÃO.

- Calma, Leo! Também não precisa ficar me tratando com grosseria.

- Desculpa, Hazel.

- Tudo bem.

- Liga não, Hazel, Leo só está nervoso porque tomou um pé na bunda. - Jason diz e se desvia de um soco dado pelo Leo, logo em seguida.

- Dor de cotovelo. - Sussurro para Hazel e ela dá uma risadinha.

- Eu ouvi isso, hein, Perseu!

- Ih, sobrou pra mim. - Levanto as sobrancelhas.

- Eu já vou. Tchau, Percy, Leo, Jason e... Jason não deixa ele escapar, hein!

- Pode deixar, e Hazel, eu acho que o Frank deve estar lá na quadra.

- Valeu. Tchau, gente.

- Tchau, Hazel.

- Tchau, Pedra Preciosa! - Grita Leo, sabendo que Hazel odeia que ele a chame assim.

- Cala a boca, Valdez! Já disse pra não me chamar assim! - E vai embora.

Olho para os idiotas na mesa. No momento, Jason se encontra numa chave de braço, Valdez ri igual uma hiena e eu fico parado feito um bobo observando a cena.

- Vou procurar o Grover. - Fecho meu armário e saio.

Ultimamente minha mãe tem pensado muito em faculdade e, de uma forma ou de outra, isso me afeta, eu acabo pensando também. Como agora mesmo. Semana passada falava sobre a época dela, no tempo em que ela ia pra faculdade. Sua distração acabou soltando sem querer que foi lá onde conheceu meu pai. Perguntei mais sobre ele, mas ela ficou mais alerta e não soltou mais nenhum comentário sobre o assunto.

Não vejo meu pai desde os cinco anos. Não sei se ele está morto, se ele está por ai vagando com outra mulher, se ele é casado, nada. Minha mãe evita tocar no assunto, mas percebo que ela também sente a falta dele.

Franzo o cenho. Paro no meio do corredor. Vejo uma aglomeração no caminho,  um pouco à frente. São as meninas da torcida.

Chego mais perto. Estão em volta de uma pessoa, Drew ri e aponta enquanto suas seguidoras riem atrás dela. A curiosidade me pega.

Chego por trás e vejo do que elas tanto estão rindo. É a Monstrinho. E é verdadeiro o boato sobre estar de muletas. Quando lembro das acusações mentirosas que ela já fez na escola, não perco a oportunidade e entro também na brincadeira.

- Oi, Drew. Oi, Monstrinho. O que está rolando?

- Oi, Percy. - Drew se vira para mim empolgada. Seu rosto ao me ver assume uma expressão diferente, longe da zangada que havia no lugar. - Estava passando no corredor com as garotas quando ela esbarrou em mim. Pisou no meu pé com a bota ortopédica, mas nem chegou a se desculpar.

- Ela fez de propósito. Essa aí não olha por onde anda, mas tenho certeza que dessa vez fez de propósito. - Fala uma das fiéis seguidoras da Tanaka. Não sei seu nome. - Oi, Percy!

- E aí? 

- Pamela está certa. - Agora sei o nome da desconhecida. - Ela simplesmente apareceu e topou comigo. Vinha a topo vapor. Ela não está acima de mim, e eu não vou deixar isso assim.

- Deixem eu cumprimentar nossa amiga.

Dirijo minha atenção para a Monstrinho. Sua franja longa e óculos cobrem a visão que tenho do seu rosto. Sua cabeça baixa não se dá o trabalho de olhar para as meninas.

- Então, Annalise, peça desculpas para as meninas e elas vão embora.

 

POV. Annabeth

- Eu já pedi.

Não esperava que ele acertase meu nome, mas também não era a minha intenção esperar que eles me achassem, mas não dá. Eles sempre me acham. 

É mentira. Nada do que Drew contou aconteceu de fato. Não consigo correr com o pé desse jeito, eu não a acertei, ela esbarrou com força em mim. Ainda assim pedi desculpas, mas elas não vão embora! O que querem mais?

- É verdade, Drew? - Perseu pergunta. É claro que ela vai mentir. Ela quer ser sua donzela, seu grande idiota.

- Eu e as meninas não ouvimos nada.

Perseu agora me ronda e Drew solta alguns comentários ofensivos, mas não dou muita atenção a ela, o foco da minha atenção está bem na minha frente, me encurralando. Prefiro encarar meus pés ao olhar para o rosto dele. Patrick faz o mesmo jogo para me assombrar. Me encurrala em qualquer canto de apoio que uso para me proteger e, quando levanto os olhos, as coisas ficam muito piores. Um frio na espinha me atinge quando Perseu volta a falar. Meu corpo treme, minha respiração sai do ritmo.

- Peça desculpas, Monstrinho.

Não quero chorar, não quero gaguejar, não quero responder a esse apelido horrível, não quero falar isso mais uma vez. Mas falo.

- D-desculpa.

As meninas passam a rir.

- Talvez agora aprenda a andar direito. Têm dois apoios para isso. E seria mais delicado da sua parte ao menos olhar para os outros, talvez te fizesse entender onde pisa. - Perseu cospe as palavras para mim. Mas essa sua última vontade não vou atender. É o mesmo pedido final que Patrick faz antes da surra. Mas aqui não estou sozinha, ele não vai me bater no corredor se eu não fizer, vai?

- Perda de tempo, Percy. Sem falar que ela tem uma segurança especial na cola dela. Thalia. Por isso que ela se comporta assim.

Só quero que Drew cale a boca, pare de incendiar o Perseu. Ele odeia a Thalia. Ele me odeia. Quero sair daqui.

- O pé dela não deve ter aguentado o próprio peso e tantas roupas - A menina ao lado de Drew fala para ela. - Agora, pelo menos, ela tem dois suportes.

Não respondo, mas suas palavras me machucam.

Perseu dá um passo a frente. Recuo. Uma das muletas faz um barulho horrível ao ser arrastada no chão. Sinto a parede fria tocando as minhas costas.

- O que aconteceu, Annalise? - Tomo coragem e levanto um pouco o rosto, olhando por entre a franja para entender o que ele quer dizer. Seu olhar zombeiro sorri do meu pé. Desvio o olhar antes que ele note, afasto meu pé machucado. 

O sinal toca me salvando. Em poucos segundos vários alunos já começam a lotar o corredor.

- Vamos, Percy, deixe essa coisa aí.

E todos eles se vão.

Analiso minha situação. A enfermeira Gabby tinha me dito que eu poderia tirar o gesso amanhã se eu não estivesse sentindo mais dores. E eu já quero tirar isso agora. Foda-se a dor.

Vou para a minha próxima aula.

 

(...)

 

POV. Percy

- Quer mais uma vez? - Drew me encara.

Estamos no banheiro feminino do segundo andar, como Drew sugeriu. O acesso à porta está sendo impedido por uma placa de "interditado" do outro lado da mesma e, por garantia, Drew havia trancado-a.

Drew.

Drew, que se encontra no momento sentada na pia do banheiro. Suas pernas estão cruzadas em volta da minha cintura e ainda ofega um pouco trêmula, com as mãos apoiadas firmemente onde segura o mármore da pia. É uma cena linda e excitante, sem dúvida alguma. Infla o meu orgulho. De algum modo, acabamos aqui depois de passarmos um tempo conversando. Seu olhar recai para mim, para baixo, e sorri. - Já está com vontade de novo?

Sorrio. - Ainda temos tempo para mais uma vez.

- Percy, a qualquer momento pode entrar alguém aqui. Daqui a pouco bate o sinal.

- E o sortudo irá nos flagrar e aprender algumas coisas. - Sorrio.

- Percy, seremos castiga... - Me movo bem devagarzinho na sua entrada. Ela estremece e abre um pouco mais as pernas, com uma mão arranha a minha cintura, também devagar. Toco a sua intimidade com os dedos em círculos enquanto continuo só na sua entrada. - Mais. - Atendo o seu pedido e entro com calma dentro dela. Dou uma estocada leve.

- Quer que eu pare? Alguém pode entrar aqui.

- Cala a boca. - Sorrio. - Continua.

Pego em suas coxas e a trago mais para perto, mais para cima, mais fundo. - Okay.

 

(...)

 

- Então nos encontramos mais tarde, Percy! - Drew me dá um tchau e se despede num tom empolgado enquanto me dirijo para a mesa principal do refeitório. A melhor mesa.

Ou como apelidaram, a mesa da galera cool do colégio, a mesa dos populares.

Mesmo achando esse título ridículo ao extremo e clichê, as coisas às vezes precisam de uma liderança ou destaque, um grupo importante e forte, seja para motivar, impactar, governar ou até mesmo para impressionar.

É claro, também existe a mesa dos jogadores de futebol americano, que pra mim, um grupo de babacas, que acham que se igualam ao nosso time e nível de influência; a mesa ocupada pelo grupo de teatro, um grupo de melodramáticos; a mesa dos músicos, que são até legais e bons no que fazem, mas eles não se metem com a gente e nós não nos metemos com eles; a mesa dos excluídos (nem precisa comentar); a mesa dos nerds, entre outras...

Drew vai para o outro lado da mesa com as líderes de torcida.

- Então, Perseu, abre o jogo. Você teria aula comigo no terceiro tempo depois do intervalo, você não foi. Onde é que você estava? - Luke pergunta fazendo ar de suspense.

- Rá! Como se você tivesse total respeito às aulas. - Digo.

- E não tenho, mas estou curioso.

- Luke, Luke... a paciência é uma arte.

- Arte essa que você não tem, e o certo é: a paciência é uma virtude, seus dois imbecis. - Nico me corrige entrando na conversa e aproveitando para me dar um tapa. - Fala logo.

- Não interessa, eu não vou contar.

- Ele estava com a Drew.

- Hazel!

- O que? É verdade. - Baixinha intrometida e linguaruda.

- Ah, então está aí uma boa desculpa pra faltar a aula daquele panaca. - Luke sorri e faz um sinal de joinha para a Hazel, que faz um sinal de joinha de volta meio atrapalhado, e sacode a cabeça.

- Espera só Rachel ouvir você falando isso. - Grover reclama. - Ela idolatra Apolo e suas aulas.

Todos nos entreolhamos e começamos a rir. Ninguém leva muito a sério Apolo, que mais parece um aluno do último ano do que um professor. Mas as meninas são loucas nele. E alguns caras também.

- Apolo é uma tremenda bicha. - Nico.

- Nico!

- Isso não é um palavrão, Hazel!

- Essa não é a questão.

Hazel cruza os braços irritada com o irmão, e encara do seu jeito durona até que ele se renda.

- Tudo bem, tudo bem. Desculpa. - Pronto, agora ela volta a comer seu pudim satisfeita.

- É um supremo mané que se acha o professor galã do colégio.- Jason entra na conversa. - E aí, gente?

- Isso porque ele é o professor galã do colégio. - Piper dá um sorriso amarelo para Jason quando percebe que falou em voz alta.

- Qual é, Piper?

- Ué, opinião feminina. - Diz olhando para todos nós, menos para Jason.

- Tá, né? Se você acha aquele pisca-pisca ambulante maneiro... - Falo pensando nas vezes que Apolo parece brilhar no Sol. É bizarro. - Quem somos nós para discordar?

- Pera aí, pera aí. Eu sou o namorado dela. - Então ele se vira para Piper. - Eu sou seu namorado. E eu discordo. E eu?!

- Jason querido, deixa de ser bobo, você é muito mais importante e especial pra mim, ele não tem nenhum valor para a minha pessoa. Eu não te trocaria por nada. Você é o amor da minha vida. - Piper solta uma risadinha. - Só que eu não sou cega.

Tenho vontade de vomitar.

- Aqui está muito bom, mas virou uma melação tremenda. - Digo me levantando.

 

POV. Annabeth

A tosse seca que queima a garganta vem em meio as pausas que faço, mas recoloco os dedos na garganta impulsionando a comida sair de vez. Isso me faz tremer e arquear as costas. Sinto lágrimas se formando no canto dos meus olhos.

Não como nada desde ontem, mas ainda me sinto inchada desde a última refeição. Forço para que esta saia direto para o vaso. Sinto meu nariz sangrar e minha garganta fechar. Meu cabelo atrapalha um pouco, algumas mechas soltas caem no meu rosto, apesar do cabelo estar preso como sempre.

Um barulho de água me assusta de repente, até me lembrar que esse é o banheiro feminino do segundo andar, e a encanação deste é meio antiga, o pingar de água parada é comum. Com isso, mais a falta de reforma, as garotas da escola preferem usar o banheiro do primeiro piso. Os alunos da Goode adoram dizer que ele é mal assombrado. Por isso ele é vazio, e por isso eu gosto dele.

Uma última fraqueza me pega ao terminar o que faço, e essa vem mais forte do que as outras. Me apoio na parede, dou uma rápida descarga no vaso sanitário e sinto o meu corpo deslizar até o chão.

Espero alguns minutos, talvez 10, até me levantar novamente usando o apoio das paredes. Vou em direção à pia.

O espelho me reflete pálida e trêmula, meus olhos estão vermelhos e inchados pelo choro. A blusa de manga comprida cobre bem meus cortes. Procuro meus óculos na mochila, mas meu nariz retorna a sangrar. Depois que desenvolvi essa rotina de expulsar a comida, isso passou a acontecer quando minha garganta seca e meu nariz arde.

- Droga. - Procuro um lenço na mochila, mas corro para o papel higiênico mais próximo ao meu redor.

Limpo o nariz e me dou uma última olhada. Lavo a boca, refaço o coque no cabelo e recoloco os óculos. Ponho a mochila nas costas e saio com as muletas que desejo me livrar o quanto antes. Dou uma espiada nos corredores e saio de vez.

 

POV. Thalia

Não vejo Annabeth já tem muito tempo, não a acho em nenhum lugar, isso me preocupa. Passo pelos corredores procurando uma cabeça loira quando algo esbarra em mim. Algo não, alguém. Me afasto pelo impacto e percebo com infelicidade que encontrei uma cabeça loira, mas a última que queria ver agora.

- Você não olha por onde anda, não?

- Olha só quem fala! Quem estava andando de cabeça baixa, toda distraída pelo corredor era você! - Luke grita de volta.

- Se você me notou o suficiente para perceber isso, então por que não se afastou?

- ...

Lanço um sorriso presunçoso para ele. Touché.

- Tudo bem, você ganhou. Então para comemorarmos isso, por que você não sai comigo hoje? Te pego às sete. - Luke se aproxima.

Isso fecha a minha cara.

- Se pensa que eu estou te dando mole e que você tem passe livre para vir falar comigo, você está muito enganado. - Seu jeito de agir, tão despreocupado e indiferente ao motivo de não nos falarmos me dá raiva. Sua confiança também. Não percebo quando acerto um chute na sua perna. Só quando já aconteceu. Mas não me envergonho por isso - Espera sentado.

- Ai! Não! Espera, Thalia! Thalia espera, eu quero falar com você! - Já lhe dei as costas. Sigo em frente, mas sinto um toque no meu ombro. - Ei!

- Luke, estou te avisando pela última vez. O segundo chute vai doer mais. E vai ser mais em cima.

- Você continua a mesma de antes. Seu estilo não mudou, e seu palavreado também não. - Luke diz, abrindo um sorriso zombeiro enquanto parece me analisar de cima a baixo. Lhe dou as costas novamente. Ele ri para algo. - Nem seu fanatismo pelo Green Day. - Sei que está falando da minha roupa e o slogan de American Idiot atrás dela. Isso me faz sorrir discretamente pela frase. Mas sinto uma mão no meu ombro novamente e meu sorriso some. - Qual é, Thali...?

Puff.

Viro para trás para ver Luke ajoelhado com as mãos sobre a calça, cobrindo os documentos. O chute acertou a área proibida.

- Eu te avisei, Luke. Se afasta, merda! - Ele com a mão livre segura meu pulso me impedindo de sair, com a outra mão segura o saco. - Me larga!

- Por que você se afastou, hein, Thalia? - Pergunta me encarando. - Lembra quando éramos crianças e seguimos uma cabra porque você tinha cismado que a cabra era do seu pai e de alguma forma estava te dando um aviso. Ou talvez, como você também tinha pensado, te vigiando. Uma loucura. Qual era mesmo o nome dela? Albathera? Anastásia? Calbera?

- Eu me afastado?! EU? Tem certeza? Porque, que eu saiba, quem se afastou foi você, e você sabe muito bem do que estou falando. E de qualquer forma, se você acha que fui eu quem mudou, a que se distanciou, você deveria pensar e rever seus atos pra começo de conversa. Aí, só aí, você vai ver quem realmente mudou.

Me solto da sua mão e me distancio, lhe encarando o suficiente para não ser seguida e ter meu ombro tocado irritantemente outra vez. Luke já de pé, me encara cada vez mais distante. Então, ainda séria, grito para ele:

- Almateia*. - Olhando seu rosto confuso, continuo: - O nome da cabra era Almateia. - E então vou embora.

 

POV. Annabeth

Passo apressada pelos garotos e garotas no corredor para ir de encontro ao campo. Quero mais que tudo, paz. O campo é sossegado e tranquilo, mais precisamente, o jardim próximo à estufa. Lá não vejo confusão e consigo escapar daqueles que não me respeitam e das suas piadinhas idiotas. Passo com rapidez pelo aglomerado de pessoas e só tenho tempo de pensar "Rachel" quando dou um encontrão com um vulto ruivo.

Mas não é Rachel quem se levanta às pressas arrumando seu uniforme de líder de torcida, olhando para os lados para ver se alguém viu algo, é Nancy Bobofit. E desse encontrão eu não tenho como culpar outra pessoa além de mim, foi culpa minha o impacto, e esse foi de verdade.

Os olhos miúdos de Nancy pousam em mim, e só tenho tempo para recolher meu óculos no chão, antes de ser erguida pelo casaco e empurrada por ela.

- FICOU MALUCA, ABERRAÇÃO? - Nacy explode e me empurra mais uma vez. Seu tom de voz me faz passar mal. Gritos sempre antecedem uma surra. - SUA GORDA RIDÍCULA! SUMA DA MINHA FRENTE!

- Eu... - Os tremores me descem da cabeça aos pés. Sinto vontade de chorar, mas seguro bem. Não posso fazer isso aqui, ela vai ser pior.

- EU FALEI: SUMA!

Quando vejo para onde ela olha, vou em direção à muleta com rapidez antes que ela a alcance. Mas diferente do que achei que ela fosse fazer, ela não a acerta em mim, ao pegar a outra, ela lança para longe no gramado.

- Vai pegar, cachorro.

Ela avança um passo.

- Você sabe muito bem o que penso de você.

Mais um.

- É uma praga inútil nessa escola. Sua única função é bajular professor em troca de nota. Não é nada além disso, uma puxa-saco. E não fosse a sua guarda-costas esquisitona...

Seu último passo a faz ficar rente a mim.

- Você já teria sido destruída.

Deixo escapar um soluço.

- Suma da minha frente, AGORA!

 

POV. Percy

O sinal do fim das aulas tocou faz uns quinze minutos, espero impaciente dentro do carro Drew sair do colégio.

Ela aparece com a cara fechada e pensativa, mas assim que me vê, abre um sorriso e vem na minha direção. Não está mais com o uniforme da torcida, ela vem vestindo um jeans e uma blusa branca, com o cabelo escovado para trás. Acho que fica muito mais bonita assim, mas não quero dizer isso a ela e parecer um controlador.

- E aí, vamos para a minha casa?

Sua "casa"... Drew mora em uma cobertura de luxo na zona rica da cidade, que, de acordo com ela, tem mais metros quadrados do que qualquer pobre poderia imaginar. Tem mais dinheiro na conta do que muitos alunos aqui teriam uma vida inteira, ainda mais do que Piper, mas talvez menos do que Rachel. Não é nenhuma novidade para os alunos do colégio que Drew tem a vida dos sonhos, tudo na mão, sempre que quiser. E talvez seja por isso que é a rainha do atraso.

- Você demorou muito.

Ela ri. - Estava mudando de roupa.

- Fica bonita assim. Vamos para a sua casa.

Ela entra no carro.

 

POV. Annabeth

Espero o tumulto dos alunos que se enfrentam na correria para sair do colégio passar para ir embora. Espero quinze minutos em uma cabine no banheiro, antes de sair. Tento não pensar muito no que faço. Fugi de Thalia o dia todo, não quero ser uma maldita responsabilidade pra ela se sentir na obrigação de cuidar o tempo todo para eu não quebrar. Mas também tenho medo de com quem posso me deparar lá fora. Eu... só não posso pensar muito.

Os gritos da Nancy ecoam na minha cabeça.

A quem estou querendo enganar? Esses comentários não deveriam me afetar mais, mas existe uma ponta minúscula de esperança de acreditar que um dia eles possam acabar. E eu volte a ser uma pessoa normal.

Miro o espelho à minha frente, o reflexo me dá raiva. Lágrimas começam a surgir em torno dos meus olhos. Isso me enoja. Minha fraqueza me enoja. Meu corpo me enoja. Pálida demais para parecer saudável, estúpida demais para ter amigos. Vomito na pia o embrulho que chega na minha garganta. Mas nada sai, eu não consigo... me livrar!

Sai. Sai. Sai, por favor.

Mas não adianta. Não consigo colocar mais nada pra fora e a sensação de estar cheia não vai embora. Limpo a minha boca, lavo as minhas mãos, pego a minha mochila e saio para o corredor vazio.

 

 


Notas Finais


*Galera essa cabra existe mesmo na história do Luke e da Thalia, está em Os diários do semideus.

Bjs!

Capítulo editado 20/04/2020.


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