Depois de muito esforço Neji conseguiu enchotar o seu não tão querido amigo de lá. Hinata ainda não havia falado nada desde o momento que ele tinha fechado a porta. O Hyuga a olhou e lembrou da última vez que foram ao restaurante e de como acabou. Seu estômago ainda retorcia de raiva ao lembrar dos olhares que a morena tinha recebido naquele dia -cerrou os punhos e inspirando ele os froxou lentamente- Olhando novamente para a morena ela estava cabisbaixo e parecia suspirar em desânimo.
– Algum problema, Hinata?
–N.nenhum. *ela sorriu sem graça indo a cozinha.* – vou preparar o jantar... Há a.algo que queira?
“claro, você”
– Nada em especial... Ficarei feliz com o que você preparar. *Eu tentava ser o mais amigável possível, pelo que pude perceber na noite anterior, ela estava esse tempo todo escondendo seu real estado de espírito, consegui perceber o quanto ela estava vivendo angustiada e o meu tratamento de merda piorava a situação.* – mesmo achando uma covardia fazê-la cozinhar com uma ressaca dessas... * ouvi ela tossir da cozinha, como se tivesse engasgado as palavras*
Era a primeira vez em dias que consegui mostrar um pouco de bom humor e pensei em como deveria ser difícil para a pequena lidar com outra pessoa tão distante e fria em relação a ela (a primeira é claro seria o Oto-san). Queria fazer algo por ela, a levar para sair, jantar fora ou alguma coisa do tipo, mas lembrei do último incidente e meu estômago começou a corroer novamente.
“você não consegue ser menos egoísta? Ora seu babaca, ela não é sua! Por isso o medo? Pensando bem, qualquer homem no mundo pode ter o prazer de ao menos cortejá-la, mas você não! Nem esse direito você tem.”
Minha pior inimiga adora falar comigo em horas como essas, minha consciência sabia exatamente em qual ferida tocar.
– o j.jantar está pronto. D.deseja... J.jantar agora? *ela me tirou dos meus pensamentos, sua voz saia quase inaudível e eu sorri amigável para ela, notei que a perolada corou e era nítido a dúvida dela se perguntando se eu teria escutado sua pergunta.* – De.deseja?
– você irá jantar comigo? *me esforcei para não sai como uma ordem*
– h.hai *ela balançou sua cabeça de forma leve e caminhou graciosamente em direção a cozinha, notei que ela estava descalça e achei a cena mais bela ainda*
A segui até a cozinha e a mesa já estava posta, não pude deixar de me questionar por quanto tempo eu fiquei discutindo comigo mesmo escorado na porta. Me sentei de frente a morena e sem trocar muitas palavras nos servimos. Elogiei sua comida e a mesma agradeceu. Ouvi seu celular tocar, notei uma certa irritação nela ao levantar para desligar o aparelho.
– Não irá atender? *não controle a curiosidade* – pode ser a Hanabi ou até mesmo o Oto-san.
– n.não são eles, perdão por não ter de.desligado antes do j.jantar.
– a Ino ou alguma colega da escola? * para que tá feio rapaz*
– Oh, não. N.ninguém daqui. *isso só aumentou minha curiosidade e eu rapidamente lembrei que o Oto-san não havia entrado em detalhes do porquê estava mandando a Hinata para aqui. Estava em choque quando recebi a notícia que não pude prestar muito atenção no que ele falou depois e isso me fez querer saber. Mas não iria tocar nas feridas da pequena, a olhei novamente e seu olhar era vago e tristonho.*
De repente a solução mais óbvia chutou a minha mente. Havia um método para saber tudo o que eu queria e um pouco mais. Esse método se chamava: Hanabi
Enquanto imagina a forma mais sútil de começar a conversa com a menor não pude deixar de sorrir imaginando as típicas piadinhas da menor. Antes de dar a última garfada no prato notei que a refeição de Hinata estava apenas na metade, a morena só assanhava a comida com o garfo, seu olhar triste me incomodava profundamente. Engoli seco e olhei fixamente o relógio na parede a minha esquerda, marcava exatamente 19:00 horas.
– diferente de Tokyo *eu comecei atrapalhado e sem jeito* – aqui não existem muitos lugares para onde sair. *respirei fundo tentando manter a coragem, eu estava nervoso como um adolescente chamando uma garota pra sair, ela me olhava atentamente.* – Mesmo assim existe lugares agradáveis para onde ir *sorri, tentando parecer convincente, enquanto a pequena parecia pensativa e distante*
–Ni.nii-san *não conseguia disfarçar o incômodo que eu sentia ao ouvi-la me chamar assim* – Q.qual seu lugar preferido aqui em Kohona? *E se eu respondesse o bar? Sorri sombrio mentalmente. Tentei parecer uma pessoa menos perdida do que eu era e respondi:*
- O parque! *sorri amarelo na ilusão que isso desse mais convicção a mentira, não fui a muitos lugares nessa cidade, além do escritório e dos bares, para falar a verdade, acho que esses foram os únicos lugares em que fui. Por sorte o Lee havia comentado sobre o parque de diversões que abriu há algum tempo e ele sempre que podia levava seu amor platônico lá*
- Lá em Tokyo, eu sempre gostava de ir para o parque.... *ela falou baixinho sem tirar os olhos dos dedos como se eles fossem cair da sua mão no momento em que ela desviasse o olhar*
E se eu a chamasse para o parque?
Ao pensar nisso meu coração acelerou...
- Hina, você gostaria de conhecer o parque de Kohona, eu poderia lhe mostrar – Nesse momento pareceu que meu coração sairia pela minha boca. Não me recordo de ter ficado tão nervoso em convidar uma garota para sair, nem mesmo quando eu as chamava para minha casa ou para um motel qualquer*
- S.sim, eu ia gostar de ir c.com você, Neji ni.nii-san! * Nessa hora meu coração acelerou de um modo que esqueci até a parte do ‘nii-san'*
Enquanto sorria bobo para ela, ela se aproximou de mim e fez um simples toque de lábios, ela me fez corar um pouco e involuntariamente passei a língua de forma discreta nos meus lábios.
MALDITA HORA, QUE EU DISSE “ BEIJO DE IRMÃO” o que eu estava na cabeça?
- Ar.arygató – Ela sorriu como se aquilo fosse algo normal
- quando quer ir? *perguntei ainda sorrindo bobo e sem jeito para ela*
-Amanhã ? Quando eu voltar da escola e....e c.claro quando você sair do trabalho. S.seria poss.possível?
- Hai, sairei mais cedo...
-Hai!
Depois do jantar me despedi dela, alertando que fosse logo para cama já que tinha aula cedo no outro dia. Caminhei até meu quarto e pude ouvir ela entrando no seu alguns instantes depois, meu sono não colaborava comigo e para completar perdi as contas de quantas milhares de vezes passei a mão sobre a boca lembrando dos lábios dela encostando nos meus. Bufei alto levando as mãos até meu rosto ao mesmo tempo que balançava a cabeça de um lado para o outro, na esperança que aquilo fosse de alguma forma capaz de tirar esses pensamentos da minha mente.
Fui a cozinha, passei pelo quarto da morena notando a luz ainda acesa, bebi um copo de água acompanhado de um dos meus frequentes remédios para dormir e subi as escadas. Passei novamente pelo quarto, notando a luz do quarto acesa, a chamei um pouco mais alto que de costume mas ela não respondeu, me aproximei e dei três batidas na porta semi fechada e outra vez não tive retorno, adentrei devagar em seu quarto, como um ladrão, estava deitada e coberta, sem tirar os olhos da pequena, tatiei a parede em busca do interruptor e antes que eu o alcançasse ouvi a voz de Hinata sussurrando algo quase inaudível.
t-Ne.Neji... O...q.que , o.o que ela fazia e.em seu quarto... M.minha c.c.c.calcinha?
Parei estático e posso jurar que nesse momento eu esqueci de como respirar. Minhas pernas vacilaram quando arrisquei mais um mínimo passo a frente. Forcei a boca abrir mas dela nada saia.
– s.só pode... S.ser minha... E.eu sei q.que é....m.mas....n.não...n.não entendo. *ela falava de modo pausado e confuso, ainda sem conseguir falar nada eu me aproximei um pouco mais, ela se mexia minimamente mas seus olhos continuavam fechados.*
– n.não...n.não entendo...
Meu coração parou de querer pular para minha garganta depois que contestei que ela estava a dormir, seu semblante aparentava agonia e o cenho estava franzido, com uma linha de preocupação na testa perfeita. Sem perceber, coloquei a mão em sua testa, bem em cima da linhazinha e para minha surpresa ela estava quente, quase em brasa, suas bochechas estavam rosadas.
– Hinata! *balancei seu corpo de forma firme mas devagar* – Hina. Acorde!
Ela abriu os olhos vagarosamente e se sentou meio perdida.
– Nii-san. O.o que houve?
– levante-se, a levarei ao hospital! *disse nervoso* – vou tirar o carro da garagem, se apront... *a pérolada segurou minha mão e fez um sinal de silêncio com a outra, por um instante eu só a observei intrigado/encantado.
– e.estou bem... N.nii-san, é só...
– está bem?! Você está em brasa!
– Só uma f.febre, tomei algo para baixar antes de dormir...
– Hinata! Não faça isso comigo. Como vai dormir doente sem me dizer nada? E se piorasse? Só sou eu e você nesta casa, você tem que me relatar o que acontece, me deixou preoc...
Parei no instante que ela apertou minha mão e eu pude notar seus olhos perolados marejados, ela me olhava ternamente, parecia está, agradecida?! Agradecida por uma bronca?
De forma tímida ela me puxou para um abraço e não pude destingir se o rubor no seu rosto era de vergonha ou só dado pela febre.
– Arygató... *ela me abraçou mais apertado e eu retribui um pouco mais forte a sentindo arfar em meus braços.*
– Hina...
– Arygató por se p.preocupar comigo.
– Eu sempre cuidarei de você, hime...
Ela relaxou em meus braços e em pouco tempo acabou dormindo, enquanto eu até então involuntariamente fazia carinho no seu cabelo sentindo o seu cheiro invadir minhas narinas, era inebriante, achei melhor deixar seu sono ficar um pouco mais pesado para não acordá-la quando eu voltasse ao meu quarto.
“Sem dúvidas isso não seria nenhum sacrifício, eu estava no meu paraíso”
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