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História O Melhor de Mim - Seis



Notas do Autor


Oiooooi
Capítulo curtinho, só pra finalizar essa primeira parte e começar logo com a ação!

Capítulo 6 - Seis


Fanfic / Fanfiction O Melhor de Mim - Seis

Voltei a despertar somente na manhã seguinte.

Mata estava lá, dessa vez sentado na beira da cama me observando, e me atualizou sobre tudo o que aconteceu.

Já era alta madrugada quando retornaram à enfermaria. Ivan o liberou e, a pedido do próprio recluso, lhe conseguiu uma tornozeleira eletrônica para que pudesse transitar pelas dependências do presídio, o que ele fez a contragosto, mas sem muita opção, já que a ala das celas fora parcialmente destruída e os acessos bloqueados.

A pior parte foi ouvir sobre as baixas: no total seis agentes foram mortos por escombros ou estilhaços dos explosivos, 224 detentos não resistiram aos ferimentos à bala e mais de cem foram internados em hospitais no entorno de Madri, vários deles em estado grave. Apenas dois conseguiram de fato fugir, mas já haviam enviado grupos a procura. Todos os outros foram capturados, a maioria acabou confinada na temida solitária.

Após o horário do almoço, eu seria transferida para o Sanitas, onde tiraria radiografia do pé e fariam todos os procedimentos necessários. Juan havia encontrado minha bolsa e a trouxe pra mim. Aproveitei o que restava da bateria do celular - que incrivelmente havia se esgotado mesmo sem uso - para falar com meus pais, que já estavam a caminho.

- Fiz pra você - Juan me entregou um vasinho de orquídeas lindo, misto de brancas com lilás. Por reflexo, levei até o nariz, mas não tinha cheiro de nada. - Ah não, são de papel seda, não tem perfume. Usei os materiais das aulas de artesanato, aproveitando que a sala tava vazia. Até te daria um arranjo de verdade, mas não temos recursos - ele riu, puxando os bolsos da calça pra mostrar que não tinha dinheiro.

- Obrigado! Agora tenho orquídeas que duram o ano todo e nunca morrem - sorri pra ele.

- Verdade. Mas você não pode regar, se não já era.

Coloquei o enfeite ao lado do travesseiro. Lembrando dos eventos do dia anterior, um pensamento começou a tomar forma.

- Quando estava me trazendo pra cá você mencionou algo sobre tomar cuidado com os outros explosivos espalhados. - de repente me ocorreu que Juan talvez não fosse assim tão inocente. - Por acaso você sabia de alguma coisa?

- Sabia sim - ele nem tentou negar, e ainda confirmou que isso era o que escondeu de mim quando nos vimos na terça. - Eu não participei de nada, mas sabia e não contei... eu poderia ter evitado esse inferno, não é?

- É, talvez - concordei, acrescentando depois de um silêncio incômodo: - Sabe que eu vou ter que relatar isso aos meus superiores, não sabe?

Ele suspirou, cabisbaixo.

- É o seu trabalho, Mila. Faça o que tiver de ser feito. Minha situação não pode ficar mais insustentável do que já está.

Nem cheguei a abrir a boca para responder e fomos interrompidos.

- Ei anão, a hora do recreio acabou. Vaza! - Ivan entrou na sala com uma bandeja de comida. Juan revirou os olhos e fez uma careta o remedando sem que esse pudesse vê-lo, depois deu um beijo em minha testa e saiu, encarando o homem com bravura, o que me fez rir. O que não tinha de altura, tinha atitude.

- Por que o trata desse jeito? Ele fez algo em particular contra você? - perguntei após a saída dele. Ivan ficou confuso, mas sua expressão desanuviou quando apontei por onde Juan havia acabado de ir.

- O Mata? Sério que tá protegendo ele? - indagou incrédulo. - Mila, o que está havendo com você? Cadê sua imparcialidade?

Eu mesma não sabia a resposta, mas imediatamente entrei na defensiva.

- Não é questão de proteção, é respeito! Ele ainda é um ser humano, e tenho certeza que você não gosta quando te tratam do jeito que você o trata, com essa inferioridade. Não seja para os outros o que você não quer que sejam com você, Jung.

Surpreso pelo discurso, sua cara de chinês assumiu um tom rosado que foi escurecendo passando por todas as matizes de magenta. Ele olhou pra baixo, sem graça, e admitiu o erro, de mal-humor.

- Tem razão. Depois eu... eu... - ele parecia um gato tentando cuspir uma bola de pêlos, enojado com o que diria a seguir. Por fim, deu outro grunhido, resmungando algo ininteligível. - Darei um jeito de pedir desculpas.

Assenti, e tratamos de mudar de assunto.

 

 

Graças aos céus, eu havia apenas torcido o tornozelo. Não foi nada demais, os médicos me garantiram após todos os procedimentos. Mas ainda assim, passei o resto da semana e a seguinte de repouso com a perna em cima de almofadas e sob compressas de gelo. O lado bom foi ter a presença de meus pais para me paparicar e, mesmo sendo errado, as picuinhas entre eles me renderam muitas gargalhadas.

Meu atestado se estendeu com a folga recebida por conta da reforma nas instalações danificadas do presídio, que tinham previsão de dois meses para serem concluídas. Passado esse período, lá estava eu - linda, serelepe, calçando ultraconfortáveis sapatilhas, e com a atenção ligada na potência máxima - pronta para retomar meu trabalho junto aos internos que atendia.

Virando a curva no corredor da minha sala, quase trombei com uma moça que vinha andando e ao mesmo tempo conferindo a papelada que tinha em mãos. Sorrimos e ela pediu desculpas pela distração. Percebi que ela tinha um corte de cabelo, a pele e o corpo bem parecidos comigo. A garota também fez uma careta estranhando a leve semelhança.

- Você é Camila, a psicanalista? - indagou.

- Eu mesma - estendi a mão, que ela apertou com dificuldade por conta dos papéis. - Você é a...?

- Paula! Trabalho com os investigadores e o outro psicanalista, doutor Morales - ela sorriu. - E frequentemente, quando estou de costas, as pessoas acabam me confundindo com você.

Doutor Morales... Aquele velho era uma pedra no meu sapato. Ele era o que traçava perfis e atuava durante as investigações, enquanto eu era quem lidava com os presos, tentava descobrir a gênese de suas mazelas e tratá-las para que talvez um dia se tornassem cidadãos melhores, além de dar o aval sobre as condições mentais de quem estava apto a voltar conviver em sociedade ou não. Em outras palavras: ele era o veterano que metia criminosos ali dentro, e eu era a "novata" que ajudava a tirar alguns deles.

O sujeito não poupava críticas à minha atuação, mesmo sem conhecê-la a fundo, tampouco disfarçava seu desafeto por mim.

Mas Paula parecia legal. Passamos alguns minutos envolvidas em uma conversa divertida, onde ela contou sobre as várias situações em que já foram até ela perguntando se podiam conversar, e eu entendi porque alguns guardas às vezes envolviam minha cintura por trás na maior intimidade, e recuavam quando me virava com um grande ponto de interrogação estampado na cara e percebiam que era eu.

Ela se assustou quando conferiu as horas no relógio de pulso e viu quanto tempo tinha se passado. Atrasada, a secretária se despediu e foi andando, não sem antes marcar de sairmos juntas na sexta.


Notas Finais


Bjoss


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