História O momento em que tudo mudou - Ainda bem

Uma semana se passara e Luke havia sido internado em uma clínica psiquiátrica.

As sessões com os psicólogos e terapeutas o estavam ajudando a superar os traumas de infância. Havia ainda um longo caminho a percorrer, mas ele estava disposto a seguir em frente.

Recentemente havia conhecido Even um garoto com transtorno bipolar que era seu parceiro de atividades na clínica.

Even era um cara muito sociável e decidido. Havia altos e baixos em se conviver com Even. As vezes ele era animado, positivo e muito divertido e depois estava deprimido, triste e se isolada de todos.

Luke e Even acabaram desenvolvendo uma cumplicidade e nos momentos mais sombrios de seus tratamentos ambos se apoiavam. Era fácil um ficar do lado do outro. Duas pessoas feridas pelos males da vida, vivendo em perfeita harmonia. Sem julgamentos, sem preconceitos.

Even era espontâneo em seus momentos felizes ao contrária de Luke que a todo momento ficava na sua, em seu mundo de culpa e dor.

Mas se davam bem e as vezes até flertavam um com o outro.

Na sexta era costume na clínica uma apresentação de talentos dos pacientes como parte do tratamento de socialização.

Luke estava sentado em seu lugar e esperava Even chegar para sentarem juntos. Logo seria o primeiro final de semana de Luke naquele lugar.

As apresentações começaram e nada do Even chegar. Luke já estava começando a ficar preocupado se algo tivesse acontecido com Even, sabia que o transtorno bipolar era algo muito difícil para Even que não tinha controle do seu humor e emoções.

Luke se preparou para levantar e sair para procurar o novo amigo quando ouvir o diretor da clínica chamar a atenção de todos.

- Boa noite pessoal! – Temos uma apresentação de Última hora. – Anunciou o homem grisalho e engravatado. – Será uma apresentação de canto interpretado por Even Swan.

O queixo de Luke caiu. Even não tinha contado nada para ele sobre se apresentar naquela sexta.

Luke sentou novamente e se ajeitou ereto na cadeira, não queria perder aquilo por nada.

Even apareceu no palco com uma calça vinho apertada e com rasgos entre as coxas e a pernas.

Uma camiseta branca com gola V e um corvete preto.

- Boa noite galerinha! – Even saudou a plateia e sorriu de lado. – Essa canção é para alguém que é especial para mim. – Eu não sei muito sobre sua vida ou seu passado e não me importo. – Porque nos meus momentos mais sombrios e solitários, ele está ao meu lado, ele não me julga ou se afasta de mim quando nem eu estou me aguentando.

– Então loirinho essa é pra você. – Even falou apontando diretamente para mim.

Ainda bem

Que agora encontrei você

Eu realmente não sei

O que eu fiz pra merecer

Você

Porque ninguém

Dava nada por mim

Quem dava, eu não tava a fim

Até desacreditei

De mim

O meu coração

Já estava acostumado

Com a solidão

Quem diria que a meu lado

Você iria ficar

Você veio pra ficar

Você que me faz feliz

Você que me faz cantar

Assim

O meu coração

Já estava aposentado

Sem nenhuma ilusão

Tinha sido maltratado

Tudo se transformou

Agora você chegou

Você veio pra ficar

Você que me faz feliz

Você que me faz cantar

Assim

Ainda bem

Luke estava boquiaberto com aquela música. Seus olhos ganharam um brilho novo e molhado.

E no meio de tanta gente estranha e chata ele encontrou um Even para ele.

DR DARE

Will acompanhava Josh todos os dias nas visitas ao pai internado.

Josh se fazia de forte mas estava muito fragilizado pelo estado de seu pai. Will fazia de tudo para conforta-lo.

Dr. Dare estava cada vez mais presente na vida deles e em especial na vida da mãe de Josh.

- Dr Dare, você pensou no que eu te disse? – perguntou o Sr Lee.

- Marc, pare com essa história por favor. – Respondeu o médico desconfortável com aquela conversa.

- Pense bem dr.meu filho namora o seu filho. – E não pense que não percebi como seus olhos brilham quando minha esposa está aqui e como ela fica vermelha na sua presença. – Eu vou morrer logo e ela precisará de alguém ao seu lado. – E você pode ser esse alguém!

- Marc eu estou aqui para te ajudar nos seus momentos finais e não tomar sua família.

- Você não está tomando se eu estou dava minha bênção e aprovação.

- Eu...vamos falar disso depois, agora é hora da medicação. – Dr Dare disse e saiu do quarto para chamar uma enfermeira e aplicar a medicação em seu paciente.

Ao sair deu de cara com Josh e sua mãe.

- Olá dr Dare!

- Olá Josh! Mary! - cumprimentei-os com um sorriso caloroso. – Marc está sendo medicado agora, então se quiserem tomar um café comigo?

- Ah! Desculpa, mas vou esperar pelo Will aqui. Podem vocês dois. – Josh falou.

Vi Mary ficar com uma leve coloração nas maçãs do rosto.

Fomos até a cafeteria em silêncio.

- Você quer tomar o que Mary? – perguntei ao chegar no balcão.

- Um chocolate quente está ótimo. – ela respondeu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

Mary era uma mulher muito bonita. Mesmo com seus trinta e poucos anos ainda mantinha um rosto jovial e um jeito de menina tímida que me encantava.

Conversamos sobre nossos meninos e como os jovens são resistentes a tantas provas da vida.

Rimos de histórias de quando eles eram pequenos. Era tão fácil conversar com Mary. As palavras de Marc não saiam de minha cabeça.

Como se fosse levado pela beleza de Mary e as palavras de Marc, fui me deixando envolver pela conversa e quando percebi segura a mão de Mary e olhava fundo em seus olhos.

- Mary, podemos jantar juntos essa semana? – só me dei conta do que tinha feito quando vi a expressão de surpresa de Mary.

- Aí meu zeus! – Me desculpa Mary. – Fiquei extremamente sem graça.

Mary apenas riu e disse que sim desde que pudéssemos levar Josh e Will juntos.

- É claro que levaremos os meninos. – disse rindo e relaxando um pouco.

- Acho que já podemos voltar agora. – Mary disse se levantando e sorrindo.

O sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Meus olhos ficaram nos lábios dela. Minha garganta ficou seca de repente e sua boca parecia um oásis de águas cristalinas.

Balancei minha cabeça para mudar aqueles pensamentos, paguei pelo nosso lanche e fomos até o quarto de Marc.

Talvez eu poderia aceitar a proposta dele afinal...