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História O Mundo de Aura - Nas ruínas de Iarleen


Escrita por: YukiLopez

Notas do Autor


Opa, olha o capítulo novo galera! Boa leitura!

Capítulo 5 - Nas ruínas de Iarleen


Fanfic / Fanfiction O Mundo de Aura - Nas ruínas de Iarleen


 

Por uma semana inteira o grupo viajou à pé, para bem longe de Tóquio. Haku dissera que para chegar à Aura era necessário um portal, e Sakura informou que só existia um único portal no mundo humano que poderia levá-los para lá, e este se localizava em um lugar secreto ao pé do monte Fuji. A rosada comentara também que foi por ele que passou quando fugiu do ataque à Iarleen, quase não sobrevivendo no processo.

Chegaram a uma floresta perto de seu destino ao anoitecer, sem nenhuma habitação. As garotas então foram procurar algumas frutas para comer enquanto Haku juntava lenha e fazia uma fogueira, tendo Aryeh e Lanveh em sua companhia. Elas acharam um pessegueiro carregado, e enquanto colhia as frutas Hinata fazia algumas perguntas à amiga.

— Como era sua vida em Aura Sakura-chan?

— Era boa – respondeu ela simples. – mesmo com os Otsutsuki no Trono Maior. Meus pais eram contra o governo opressor deles, e para dar exemplo aos demais reinos eles atacaram Iarleen e os mataram. Perdi meus poderes, e fui obrigada a atravessar o portal para o mundo humano.

— Por isso eu achava estranho você nunca me convidar para ir até a sua casa. Você não se sentia solitária lá?

— Um pouco. Mas me acostumei a ser sozinha.

Ser sozinha... aquela frase ecoou na cabeça de Hinata de um modo que fez seu semblante cair. Ainda não superara a dor de ter perdido a família naquele incêndio, muito menos aceitou que a família Uzumaki era a responsável pelas desgraças que aconteceram em sua vida. Nesses dias desejou muitas vezes acordar e ver que estava tudo bem, que tudo não passara de um sonho, mas a realidade cruel vinha nitidamente dizer que não. Terminou de colher as frutas e voltaram para junto de Haku e dos leões.

O ar da noite estava fresco e o céu coalhado de estrelas. Para Hinata era uma experiência nova dormir no chão duro e frio e ter que caçar para poder comer. Era engraçado ver Aryeh e Lanveh farejarem passarinhos e esquilos para se alimentarem, mais engraçado era saber que os dois eram seus guardas costas imperiais mesmo com aqueles tamaninhos. Haku contara que se estivessem em Aura eles voltariam as suas formas originais, que eram de enormes leões flamejantes, o que fazia a morena se lembrar da visão que tivera no dia em que os achou.

Comeram os pessêgos colhidos e água que o moreno pegara de um regato perto dali. Eles ficaram ainda um tempo conversando sobre Aura até finalmente pegarem no sono.

A Hyuuga teve um sonho aquela noite. No sonho ela estava parada em frente a uma escadaria que levava à uma enorme montanha, e de súbito uma bela moça de longos cabelos loiros e vestes roxas surgiu ao seu lado e pegou em sua mão, levando-a para cima da escadaria. No fim havia um lugar amplo e um enorme portal em forma circular. Hinata perguntou o que era aquilo e a moça respondeu:

— Este é o portal que levará você e seus amigos para Aura. Use seu amuleto para ativá-lo e então atravesse. Nos vemos lá.

Hinata olhou para o portal meio confusa, e no momento em que ia fazer outra pergunta à moça loira ela havia desaparecido. Quando acordou, o sol já tinha surgido no horizonte.

Tiveram que comer mais pessêgos de café da manhã e só então prosseguiram viagem. Atravessaram uma região entremeada de arbustos e espinhos que lhes rasgavam as roupas, além de árvores altas, e chegaram ao sopé do monte Fuji, onde Hinata localizou a escadaria do seu sonho. Subiram por ela e então chegaram ao local amplo onde se encontrava o portal. Pelas ruínas que haviam ao redor aquele lugar já tinha sido habitado, mas há muito tempo.

— O ar daqui é sombrio – comentou a morena olhando ao redor.

— Realmente – concordou Haku. – Há muito os guardiões que protegiam o portal foram mortos pelos Otsutsuki, eles pretendiam entrar no mundo humano. Porém de nada adiantou, já que precisavam da Marca Imperial.

— Vejam isso – Sakura se aproximou de uma estela de pedra onde estava gravada uma escrita estranha. – Não tinha percebido quando cheguei aqui.

Haku avaliou a escrita antes de dar sua opinião.

— Essa deve ser a escrita que só um membro da família imperial de Aura poder ler. Eu mesmo não entendo uma só palavra.

Hinata deu uma olhada e também achou a escrita impossível de entender. Contudo, aos poucos, quanto mais fixava o olhar nela, mais conseguia compreendê-la, até finalmente descobrir o que ela queria dizer.

— É um aviso – disse, surpreendendo Haku e Sakura, e leu:

A Marca Imperial você deve usar

Para então o portal poder atravessar

Afaste-se quem for humano, não ouse tentar

Ou uma morte terrível e dolorosa você terá.

— Impressionante, você já sabe ler a escrita imperial! – disse a rosada surpresa.

— É, a-acho que sim – falou encabulada.

— Não temos tempo a perder, precisamos atravessar agora – Haku falou em tom urgente. Elas assentiram e Hinata dirigiu-se ao grande arco. No momento em que chegou perto, seu amuleto começou a brilhar e lançou um raio no centro do portal, que revelou um grande clarão. Aryeh e Lanveh lentamente se aproximaram e Sakura e Haku postaram-se cada um do seu lado.

— Pronta? – perguntou o moreno. Hinata sabia que no momento em que atravessasse para o outro lado não poderia mais voltar, porém estava fazendo aquilo por escolha e vontade própria. Respirou fundo e respondeu:

— Estou pronta.

— Estamos com você Hinata – Sakura a incentivou e a morena concordou com um aceno enfático de cabeça. Sem hesitar, o grupo se dirigiu ao portal e passaram por ele. Assim que atravessaram, o portal se fechou.

Hinata teve a sensação de estar flutuando no ar enquanto atravessava o portal. Porém, isso não foi nada comparado ao frio que sentiu quando enfim chegou ao outro lado.

Estavam diante de uma imensa paisagem nevada. Cadeias de montanhas se estendiam cobertas de neve pelo horizonte, e um enorme lago ali perto parecia metal congelado. As árvores estavam todas mortas, e o único barulho que se ouvia era o do vento cortante e congelante. Respirando ruidosamente enquanto tremia de frio, Hinata indagou confusa:

— Aqui é... Aura?

— Nem eu consigo acreditar que este lugar pertença à algum dos Sete Reinos – Sakura comentou abrangendo com o olhar toda a extensão. – Será que nós...

— Não, não nos enganamos – Haku andou pelo local sem sentir o menor frio. – Aqui é Aura. Estamos perto das ruínas de Iarleen, se não me falha a memória.

Sakura ficou sentida. Tanto ela quanto Hinata estavam estranhando tudo, já que era muito diferente do que tinham contado. O frio estava de lascar, mais alguns minutos e se transformariam em picolés humanos. Aryeh e Lanveh nada sentiam, explorando o local com curiosidade.

— A-antes d-de m-mais n-nada n-não é m-melhor n-nos a-aquecermos, e-estou c-congelando a-aqui – disse Hinata com voz trêmula esfregando freneticamente os braços.

— Me deixe cuidar disso – pediu o moreno e por artes mágicas fez um casaco de peles surgir nos ombros da garota, que se espantou com aquilo. Fez o mesmo com a rosada, que perguntou:

— Não vai pôr um casaco também Haku-san?

— Um homem de gelo não sente frio – disse ele com tranquilidade sorrindo em seguida. Hinata arregalou os olhos.

— Homem de gelo?

— Não contei? Sou descendente de iétis – e se pôs a andar, as duas garotas se entreolharam pasmas. Esperavam tudo de Haku, menos aquilo.

— Aryeh, Lanveh, venham – chamou a morena e eles obedeceram.

Atravessar aquele lugar congelado foi cansativo devido ao frio. Hinata por várias vezes quase escorregou, tendo de ser amparada por Sakura, cuja expressão de tristeza não mudava. A Hyuuga não deixava de sentir pena da amiga; a paisagem começava a mudar à medida que avançavam. Por todos os lados só se viam árvores secas e pedras cobertas de gelo, e o ruído do vento só deixava aquele lugar mais triste e sombrio. Parecia que ninguém tinha vivido ali por pelo menos centenas de anos.

Adentraram por uma floresta escura, e lá a Hyuuga começou a sentir calafrios. Tinha a sensação de que alguém os observava escondido entre as árvores nuas. Assustou-se quando ouviu o grasnar de um corvo que pousara ali perto, e desejou sair dali o mais rápido possível.

— Esse lugar me dá arrepios – confessou incomodada.

— Em outra época você não sentiria medo daqui – Haku olhava insistentemente para o topo das árvores. – Mas agora... – e fez sinal para pararem.

— O que foi? – perguntou, já sentindo seu coração acelerar.

— Estão nos observando desde que entramos aqui – e puxou a espada, fincando a lâmina na neve. – Ao meu sinal, façam o que eu fizer.

As meninas se encolheram assustadas, diferente dos leões, que se mostraram agitados. No mesmo instante ouviram o trotar como de cavalos chegando cada vez mais perto, e Haku gritou para que erguem-se suas mãos para o alto, unindo-as em figa. Das árvores, desceram um grupo de mais ou menos quinze mulheres vestidas com trajes de pele de animal que as deixavam quase nuas, apontando espadas e flechas para eles. Mas isso era fichinha comparados aos centauros, que logo apareceram também armados com espadas e flechas. Estavam cercados por todos os lados.

— O que vamos fazer? – indagou Sakura nervosa.

— Fiquem quietas, não façam nada – mandou Haku. Uma das mulheres se aproximou, era mais musculosa que as outras e aparentava ser a líder delas, pois tinha um colar esquisito no pescoço. Além disso, tinha cara de poucos amigos.

— Digam quem são vocês e de onde vem – mandou ela autoritária. O moreno baixou os braços, as garotas fizeram o mesmo e ele então respondeu:

— Eu garanto que nós não somos aridithis.

— É mesmo? Nós vimos vocês passarem pelo portal dos guardiões, ninguém garante que não são inimigos vindos de outro mundo.

— Nós viemos com a Imperatriz de Aura – disse Sakura enchendo-se de coragem. Eles se entreolharam confusos e surpresos, mas não se deixaram levar pelo que foi dito.

— O antigo imperador e sua família desapareceram há dezessete anos – retorquiu o maior e mais forte dos centauros. – Não há como alguém da família imperial ainda existir.

— Mas existe, e ela está aqui – a rosada se pôs atrás de Hinata e a empurrou de leve para a frente. – Hinata é a herdeira do Imperador Hagoromo e governante suprema de Aura.

A morena ficou desconcertada com aquilo. Sua vontade era de sumir, os olhares daquelas mulheres e dos centauros a deixavam extremamente envergonhada. A mulher focou seu olhar nos orbes perolados da garota, nos filhotes e principalmente no amuleto em seu peito, demonstrando uma expressão de surpresa.

— Se for mesmo a Imperatriz, mostre a marca em seu ombro – pediu bondosa. Hinata não se opôs e desnudou o ombro direito com a mão trêmula. A lótus ali destacava-se em sua pele alva, rosada e pequena, arrancando suspiros de assombro de todos.

— Daleghi... Khena – a mulher disse aquelas estranhas palavras e se ajoelhou, sendo imitada por suas companheiras e pelos centauros. Sakura e Haku também se ajoelharam diante da menina, que não sabia aonde enfiar a cara de tanta vergonha, afinal, nunca fora tratada daquela maneira.

— Majestade – disse a mulher se erguendo – Não sabe o quanto estou honrada por finalmente conhecer alguém tão bela e tão nobre da família imperial. Sou Danae, rainha das amazonas, e coloco todas nós a seu serviço.

— E eu sou Ságitos, chefe dos centauros – apresentou-se o homem cavalo. – Faço minhas as palavras da rainha Danae, estamos a seu dispôr para servi-la.

— Eu agradeço pelos cumprimentos, mas não acho que posso ser uma Imperatriz – confessou ela. – Eu mal sei o que é governar alguém ou alguma coisa.

— Se dissesse que estava pronta, não poderia se considerar apta a governar – replicou Ságitos sabiamente. — Um rei ou imperador aprende pela experiência e pelos ensinamentos.

— Arigatou – agradeceu ela e apresentou os amigos. – Estes são Haku e Sakura, e estes são Aryeh e Lanveh.

— Sakura? – a rainha ficou surpresa. – Sakura Haruno, a princesa de Iarleen?

A rosada deu um passo à frente e fez uma reverência à rainha.

— Hai Majestade, sou a princesa de Iarleen.

— Eu a julgava morta Alteza, mas você está aqui, e fico feliz. Seus pais eram grandes amigos e bons reis para o seu povo.

— Majestade, pode nos dizer se há algum habitante de Iarleen ainda vivo? – perguntou Haku. A amazona não soube responder, mas o chefe dos centauros sim.

— Há muitos aurianos de Iarleen ainda vivos e escondidos pelos Sete Reinos, porém há outros que estão presos e servem de escravos aos Otsutsuki. Neste exato momento um exército se reúne do outro lado do mar de Aura, mas são poucos comparados ao exército das trevas.

— Números não são nada se comparados com força e destreza – disse o moreno.

— Em todo o caso venham conosco – convidou a rainha. – Devem estar famintos e precisando de descanso.

Meia hora mais tarde eles se encontravam escoltados pelos centauros e amazonas rumo às ruínas de Iarleen; Hinata sentada no lombo de Ságitos com Aryeh e Lanveh, Sakura sentada em outro e Haku à pé. A garota conversava com eles como bons amigos, e adquiria informações sobre a atual situação dos Sete Reinos.

— Depois que a família imperial desapareceu e os Otsutsuki tomaram o poder, os Sete Reinos entraram em declínio – contou Ságitos. – Muitos se dividiram entre continuarem sendo fiéis ao imperador Hagoromo ou deverem fidelidade ao clã usurpador. Os que não aceitaram o governo opressor foram os reis de Iarleen e Reezan, que foram atacados e resistiram até não aguentarem mais. O exército das trevas tinha como principal arma um amuleto de magia primal, que retirava os poderes de quem fosse mágico.

— Centenas de vidas foram perdidas – continuou a rainha. – Não havia ninguém que pudesse fazer nada, e o melhor guerreiro dos Sete Reinos, o rei élfico de Reezan Pryor teve sua alma presa no mundo espiritual para dar exemplo a quem tentasse desafiar os Otsutsuki. Seu corpo está no castelo imperial, sem vida, nem nada.

— Não entendo porque o clã Otsutsuki fez isso – disse a menina pensativa. – Haku-san e Sakura-chan me falaram que Aura foi criada por uma Otsutsuki que queria a paz, mas esses querem destruição.

— A Primeira Imperatriz era uma mulher benevolente, a progenitora de toda a magia – falou Ságitos. – Seu clã não aceitava que ela tivesse concedido esse dom a todos nós. Por isso eles se dizem com direito ao Trono Maior, fazendo o que querem. Aura já foi um mundo perfeito, belo – olhou para as árvores ao dizer aquilo. – Mas com a traição dos Uzumaki e a chegada dos Otsutsuki, o belo reino que um dia já esteve em seu esplendor não passa de um mundo frio e em ruínas.

Hinata ficou um pouco sentida, pois se lembrou de Naruto.

— E o que houve com os Uzumaki?

— Depois de terem mostrado lealdade ao clã Otsutsuki, eles os pagaram os banindo para o mundo humano – respondeu a rainha Danae. – e os destituindo de sua magia. Traição se paga com traição.

— Que tristeza – disse cabisbaixa. – Não ganharam nada com isso.

— Para mim foi bem feito – Ságitos disse com prazer. – Uma família de traidores merecia uma punição maior.

Sakura e Haku observavam a amiga com um misto de pena e preocupação. Durante o tempo em que estiveram viajando muitas vezes a viram chorar abraçada à foto da família. Mas aquilo estava prestes a mudar. Ela logo poderia vingar a morte deles.

— Chegamos – anunciou uma amazona.

Ruínas e mais ruínas eram vistas por todos os lados, tudo coberto de neve. Casas, armazéns, fontes de pedra e tudo o mais estava destruído. Sakura deixou duas lágrimas escaparem no momento em que pôs os olhos em sua terra natal.

— Tadaima – murmurou, mesmo que não fosse ouvir um “Okaerinasai”. Lembrava-se dos dias felizes, dos amigos que perdera, do quanto seu castelo e sua cidade eram belos e cheios de vida... amaldiçoava o clã Otsutsuki e a família Uzumaki por terem destruído sua vida e a vida de tantos outros aurianos perdidos na incessante guerra pelo Trono Maior. Não sabia quem ainda estava vivo, quem estava morto, era doloroso demais.

— Aqui era um lugar lindo – comentou, Hinata tinha se aproximado naquele momento. – As árvores eram verdejantes, dragões e grifos voavam pelo céu todos os dias, ninguém passava fome porque as colheitas eram fartas. Quando vejo que tudo isso se perdeu em uma noite meu sangue ferve – e cerrou um punho.

— Não há nenhuma maneira de recuperar os poderes que você perdeu? – perguntou a Hyuuga condoída.

— De acordo com o que eu ouvi uma vez, só poderia recuperá-los se o amuleto de magia primal for destruído. Mas talvez isso nunca aconteça, já que o amuleto está em poder do exército das trevas.

— Para tudo há uma esperança – Haku falou, chegando perto. – Essa guerra não irá durar para sempre. E agora que a Imperatriz está aqui, os aurianos se sentirão mais inclinados a lutarem pelo que é seu por direito.

Hinata não gostou nenhum pouco de ter ouvido aquilo. O povo de Aura estava exigindo demais dela. O que esperavam? Que ela fosse declarar guerra a alguém que sequer conhecia assim de uma hora para outra? Ela nem sabia como segurar uma espada, muito menos se sentia inclinada a lutar. Apesar de ser a Imperatriz (mesmo ela não conseguindo ainda aceitar muito bem) sequer conseguia pensar em algo para ajudá-los.

— Está tudo bem Hinata-chan? – perguntou o moreno vendo-a tão pensativa. – Você parece perturbada com alguma coisa.

— Não, não, estou bem – mentiu. – Só me distraí.

A neve tinha começado a cair naquele instante, por isso se dirigiram para uma das casas arruinadas onde algumas amazonas e centauros haviam preparado uma lauta refeição, com frutas, cremes, geléias, omeletes, ovos mexidos de codorna, pães e bolos. Hinata foi servida de uma espécie de chá dourado em um copo de folhas delicadamente entrelaçadas e ao prová-lo apreciou bastante o sabor.

— Hum, que gostoso – elogiou. – Que tipo de chá é esse?

— É chá de darjeeling – respondeu Sakura tomando um gole. – Um dos melhores chás do mundo. Em Aura é bem abundante, cresce em qualquer lugar e é o mais consumido dos Sete Reinos.

— Ainda tenho tanto a aprender...

— Por isso nós vamos te ensinar – disse Haku com um sorriso.

Uma hora mais tarde Sakura, Hinata e os filhotes foram dar um passeio pelas ruínas mesmo ainda nevando até chegarem aonde um dia foi o palácio do rei de Iarleen. Por incrível que pudesse parecer, pelo menos o pátio do palácio havia permanecido intacto; a rosada foi tomada por boas lembranças enquanto verificava cada canto daquele lugar.

— Em dias de primavera minha okaa-san reunia várias crianças para brincarem comigo aqui – contou ela sonhadora. – Não importava a condição social ou raça, todos eram bem vindos. Ela e otou-san gostavam de me ver brincar e interagir com as outras crianças, diziam que eu seria uma boa rainha um dia.

— Deve sentir muita falta – observou a Hyuuga enquanto Aryeh e Lanveh exploravam o local.

— Bastante. Eu nasci e cresci aqui. Dói muito ver este lugar, que um dia foi motivo de paz e felicidade, todo destruído – disse com um olhar triste. Hinata não pôde deixar de sentir pena da amiga, mesmo que não pudesse ajudá-la. Fitou as plantas trepadeiras em uma coluna e comentou:

— Não gosto de ver plantas tão lindas mortas.

— Morreram porque a magia de Iarleen se perdeu, em Reezan também está assim – Sakura fitou o teto abobadado. – Não vai demorar para os outros reinos também ficarem assim.

— Você e Haku-san disseram que o meu amuleto é a fonte da magia de Aura – Hinata o pegou entre os dedos. – Eu não sei, mas... talvez eu pudesse fazer alguma coisa, restaurar o que foi perdido.

— É uma boa ideia, mas fazendo isso você poderia atrair o exército das trevas até nós – a Haruno levou a mão ao queixo pensativa. – Porém, há algo que pode ser feito mesmo ainda não devolvendo a magia perdida.

— E o que seria?

— Há histórias de que o Imperador Hagoromo possuía uma espada mágica, uma katana, capaz de matar um imortal. Contudo, a espada se perdeu antes mesmo do imperador ter sido traído pelos Uzumaki – virou-se para a morena. – Se encontrarmos a espada será um triunfo a mais contra os Otsutsuki.

— Mas... eu nem sei empunhar uma espada, e também não sei lutar – disse a morena preocupada.

— Nisso eu e Haku-san te ajudaremos. Vamos procurá-lo – e saíram com os filhotes. Se tivessem prestado atenção, teriam visto um corvo de olhos vermelhos pousado em uma viga do teto, o mesmo que espionara Hinata quando ela encontrou Aryeh e Lanveh.

Haku se mostrou sério quando Sakura contou sua ideia de encontrar a espada do imperador, inclusive Ságitos e a rainha Danae.

— Não discordo de que seja uma boa ideia – observou o chefe dos centauros. – Mas ao mesmo tempo a considero perigosa. Ninguém sabe onde a espada está, e se aventurar atrás dela seria suicídio.

— Ainda sim peço que reconsiderem – pediu a rosada. – Mesmo que seja quase impossível, recuperar a espada do imperador contará como um triunfo a mais contra os Otsutsuki.

— O único lugar que poderíamos investigar para começar seria o palácio de Aura – replicou a rainha amazona. – E nenhum auriano que preze por sua vida se aproxima de lá.

— Temos que tentar – Haku entrou no meio. – Eu também acho isso perigoso, mas é a única maneira de conseguir reaver algo que pertenceu ao imperador.

— Sua Majestade o que acha disso? – perguntou o centauro à Hinata. A garota cerrou um punho e respondeu:

— Não quero arriscar a vida de mais ninguém por minha causa. Eu não sei lutar, não tenho controle sobre esses poderes que possuo. Perdi minha família por causa do amuleto do meu ojii-san, não aguentaria perder mais alguém por causa de uma simples arma.

— Essa simples arma como diz pode matar um imortal, e lhe dar poderes que nem imagina – retrucou Haku. – Se quer nos ajudar, terá que fazer isso pelo bem de todos.

— Onegai Hinata, não tem outra maneira – disse a rosada.

— E para começar, Sua Majestade irá iniciar seu treinamento logo – decidiu a rainha amazona. – Assim será de mais utilidade na hora do combate.

A morena não tinha outra saída, se viu obrigada a aceitar. Alguns centauros e amazonas não gostaram nenhum pouco da ideia de penetrar o castelo de Aura, uns estremeciam só de pensar.

De fato, desde o desaparecimento da família real e a tomada do Trono Maior, não havia ninguém com coragem suficiente que ousasse penetrar o castelo. O lugar era infestado de orcs e outros seres bizarros, como a rainha Danae contou enquanto escolhia uma arma para Hinata começar a praticar sua luta. Harpias medonhas, sátiros endemoniados, minotauros e até elefantauros podiam ser vistos por toda a extensão dos terrenos do palácio, vigiando de cima a baixo, matando sem dó nem piedade. Rumores diziam que um dragão estava pousado no topo da torre mais alta, porém isso nunca foi confirmado.

Com a ajuda de um amazona a garota foi vestida com uma longa saia rodada de fenda e um bustiê de pele que evidenciava o tamanho de seus seios. Não negou que se sentiu desconfortável, era até um pouco escandaloso, porém de acordo com a rainha era um modelo próprio para se treinar, além de ser bem leve. A parte ruim mesmo era que o treinamento seria feito no frio.

A arma escolhida foi um bastão de combate feito de madeira com uma lâmina fincada na ponta. Hinata foi um prego na primeira vez que o manejou, sempre o tacava na testa ou no nariz, e foi pior na hora de lutar por que apanhou, mesmo que de leve, sem acertar sequer um golpe. O frio e a hesitação não ajudavam, tinha medo de perder o controle e ferir alguém sem querer, mas não aprendia apenas a lutar. Ajudada pelos amigos tomava conhecimento sobre como controlar seus poderes e a usar o amuleto, aprendia também sobre política e bom comportamento e a ser justa quando necessário. Ela jurava que sua cabeça iria explodir com tantas coisas para saber e pôr em prática.

Em uma tarde particularmente fria assistiu Sakura treinar com uma amazona usando uma shinai (espada de madeira), e impressionou-se por ela ter ido tão bem. Uma pena não ter acontecido o mesmo consigo, já que estava sendo treinada pela própria rainha das amazonas; com alguns poucos golpes se encontrava machucada, sem ter acertado nenhum nela. No fim do dia a garota já estava pedindo arrego, suada, cansada, e com a sensação de ter quebrado todos os seus ossos.

— Você não deve hesitar diante de um inimigo – disse a rainha com altivez quando a derrubou com uma rasteira. – Sua fraqueza e seu medo são armas para ele atacar, e isso você não deve demonstrar. Você é a Imperatriz de Aura, deve fazer seus inimigos tremerem diante de você, não o contrário – ajudou-a a se levantar e prosseguiu – Confie nos seus instintos. Por hoje deve descansar, mas amanhã o treinamento continuará.

— Está bem – suspirou ela cansada, levando a mão ao ombro dolorido.

Sakura levou a amiga para uma fonte quente ali perto para que pudesse se recuperar. Hinata se sentia toda dolorida, todavia a água quente ajudava a relaxar seus músculos contraídos. Tanto ela quanto a rosada estavam nuas, e não se envergonhavam por estarem assim, afinal estavam entre mulheres.

— Nunca imaginei que seria tão difícil – comentou a morena após um longo suspiro, a rosada massageava seus ombros. – A rainha Danae não pegou nenhum pouco leve.

— Você não pode hesitar em atacar Hinata, sei que odeia violência, mas é necessário. Como imperatriz você deve ser a mais forte e mais poderosa de Aura.

— Eu sei, mas é que... eu me sinto encurralada, sem saber como reagir. Todos esperam grandes feitos de mim, é muita pressão – confessou cansada.

— Comigo foi a mesma coisa. Desde pequena eu era treinada para batalhar, ser mestra em etiqueta e bom comportamento e a ser uma boa e obediente princesa. Hoje em dia isso não importa mais – fitou o céu enuvuado melancólica. – O que vale agora é treinar para a batalha que virá a frente.

— Se eu continuar a vacilar no treinamento é bom nem contar comigo – disse a morena emburrada.

— Então se esforce para conseguir – retrucou a rosada sabiamente.

Hinata se surpreendeu com a água da fonte por que ela sarou suas feridas completamente. Após o banho voltou a vestir a roupa dada pela amazona e foi dar um volta solitária pela cidade em ruínas, levando consigo seu bastão.

Nevava menos agora, mas não deixava de ser sombrio. Lembrava-lhe muito a época de Natal, quando ela e sua família faziam a ceia e agradeciam por estarem sempre juntos mesmo com dificuldades. Doía-lhe o coração quando se lembrava que eles já não estavam mais consigo, e lágrimas de saudade brilhavam em seus olhos cor de pérola. Ao perceber estar a uma distância considerável, parou para descansar em uma pedra e pôs o bastão ao seu lado, apreciando a paisagem congelada.

Depois de algum tempo a garota começou a se sentir sonolenta devido ter aspirado o aroma de um perfume doce e inebriante. Ergueu-se, mas quase caiu de tão zonza. Uma névoa densa e perfumada formou-se, Hinata lutava para se manter de olhos abertos, e isso estava quase impossível. Pegou seu bastão com dificuldade, apoiando-se nele; suas pernas estavam bambas e mal se aguentava em pé.

— Minha c-cabeça... está tudo girando... o que está acontecendo?

O aroma do perfume ficava cada vez mais inebriante, e ela cada vez mais fraca e sonolenta. Porém, ao pôr a mão sobre seu amuleto o mesmo brilhou e toda aquela névoa perfumada se dissipou. Com isso ela sentiu sua cabeça se limpar e recobrou a lucidez.

— O que será que era isso?

De repente, uma canção macabra e terrível foi ouvida, de modo que os pêlos da nuca da menina ficaram em pé. Assustada, Hinata se pôs em posição defensiva, olhando de cima a baixo para ver quem cantava. A música aos poucos se distanciou até nada ser ouvido além do vento; contudo, a morena não desfez sua posição, o bastão ainda erguido. Sentia que alguém, ou alguma coisa, estava ali pronta para atacar.

Uma pancada forte em suas costas a fez ser jogada de encontro a um pilar. Cheia de dores, Hinata se ergueu, pegando o bastão e viu quem a atacara. Dois metros de altura, pele verde e escamosa, braços compridos com garras letais, serpentes no lugar de cabelos, olhos vermelhos e longa cauda; a górgona avançou com o tronco para cima dela, que se desviou a tempo de evitar o tranco. Hinata saiu correndo, a criatura se pôs a persegui-la, destruindo tudo o que via pela frente para encurralar a garota, que continuava a correr com o bastão firme em mãos. Já começava a se cansar, o rosto suado e afogueado, até se lembrar das palavras de Danae.

São os inimigos que devem tremer diante de você, e não o contrário.

“Como ela quer que eu faça isso se mal sei lutar?” reclamou em pensamento. Antes que pudesse se dar conta, se viu encurralada em um beco sem saída.

“Essa não!”

Virou-se e a górgona chegou mais perto. Evitou encará-la, cerrando os olhos, já que esse tipo de criatura transformava qualquer ser vivo em pedra com o olhar. Mas como iria enfrentá-la de olhos fechados?

Confie em seus instintos.

Hinata fez o possível para se manter concentrada. Seu foco agora era desviar dos ataques da górgona e tentar acertá-la mesmo que não pudesse feri-la.

Pulou quando a criatura ia acertá-la com a grossa cauda ofídica, e conseguiu por milagre se desviar de cada golpe que a criatura dava com as garras afiadas. Sua concentração era absoluta, não abria os olhos de jeito nenhum, e sua expressão era a mais séria e impassível de todas. Bloqueou as garras da górgona com o bastão, os impactos eram fortes, a criatura urrava, porém ela conseguia aguentar. Um golpe com a lâmina do bastão cegou o olho esquerdo da górgona, que se afastou gritando de dor, cambaleando desnorteada. Hinata então avançou, pulou e cruzou as pernas ao redor do pescoço da criatura, que tentava tirá-la de cima de si, e prensou com força o bastão em seu pescoço, o suficiente para quebrar. A górgona caiu para trás, e ainda se debatia enquanto Hinata ainda prensava o bastão, que se quebrou em dois. Ela então se levantou, cansada e ofegante, e ouviu o barulho de passos apressados na neve. Virou-se, e quase caiu de novo porque Sakura lhe deu um abraço apertado. A mesma vinha com Haku, Danae e os filhotes, todos muito preocupados.

— Hinata-chan, onde você tinha se metido? E... – o moreno fitou com espanto a criatura morta. – Isso é uma górgona?

— Foi você que a matou? – perguntou Sakura a soltando surpresa.

— Hai. Acho que despertei minha superforça auriana – disse meio sem graça enquanto pegava os filhotes no colo.

— Vossa Majestade confiou em seus instintos – a amazona falou orgulhosa. – É assim que uma Imperatriz de Aura deve ser.

— Apesar de já ter feito isso antes, mesmo inconscientemente, eu achei que fui bem dessa vez. – Fitou a rainha com um olhar determinado. – Majestade, eu quero continuar com o treinamento, quero me aperfeiçoar cada vez mais. Serei a melhor amazona que verá. E Haku-san e Sakura-chan, quero que me ensinem mais sobre os meus poderes.

— Pode ter certeza de que faremos isso – confirmou a rosada sorrindo.

Haku pegou uma faquinha do bolso e extraiu o olho direito da górgona, que de acordo com ele serviria para fazer poções paralisantes. Hinata contou sobre a névoa perfumada e a canção arrepiante, e a rosada pediu para que não saísse mais sozinha, pois a névoa e a canção arrepiante provinham de uma sirene de gelo, um ser comum do inverno em Aura. Contou que essa criatura horripilante usava essas artimanhas para capturar e devorar viajantes incautos em noites de neve densa. A morena prometeu ser prudente, e sentia-se mais corajosa após enfrentar a górgona.


Notas Finais


Canto macabro: https://youtu.be/1ww7IMU6s_w
Criei algumas palavras, e essa seria a tradução delas na língua de Aura:
Daleghi Khena: Bem vinda Majestade
Aridithis: Invasores
E aí, gostaram? Até a próxima!


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