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História O Outro Lado de Pan - Lar Doce Esconderijo!


Escrita por: VRB

Notas do Autor


Oi gente! Após um final de ano turbulento, eu voltei!! Kkkk😥
Me perdoem a demora. Mas aí está a continuação e a solução da senha misteriosa.
Ps: No próximo capítulo um sersinho mágico de asinhas brilhantes irá aparecer. 🙈🙊

Boa Leitura!!

Capítulo 13 - Lar Doce Esconderijo!


Fanfic / Fanfiction O Outro Lado de Pan - Lar Doce Esconderijo!

 Meus olhos analisavam cada objeto com muita atenção. Aquilo estava parecendo um teste. Por que Peter queria me testar, o que ele queria saber sobre mim? Tudo estava muito confuso, mas resolvi entrar no seu jogo, afinal, eu não tinha muita escolha.

 Me aproximei das três coisas dispostas sobre a pedra e perguntei:

- Eu posso tocá-los antes de escolher?

- Pode, mas tome cuidado. São coisas difíceis de conseguir...

- Tomarei cuidado.

Passo a ponta dos dedos sobre a moldura do pequeno espelho. Era bonito e delicado, devia ter grande valor, mas não chamava tanto a minha atenção. Olhei meu reflexo por alguns instantes e céus! Eu estava toda descabelada e suada, mas não me importava muito com aquilo. Minha boa aparência parecia sem sentido em um lugar como aquele, então ignorando minha imagem, passo a segurar a pena. Com muita delicadeza, tomo muito cuidado para não amassá-la, mas, não resistindo, acaricio meu rosto com ela. Fecho os olhos sentindo a textura macia sobre a pele, me permitindo abrir um breve sorriso, depois afasto ela de minha face e me ponho a admirá-lá. Era simples, mas tão bela! O tom forte, vermelho sangue, contrastava com sua aparência leve e suave. 

Enquanto isso, Peter também fazia sua análise cuidadosa, contudo, seu foco era outro, eu. Cada ação minha despertava uma em resposta nele. Estava vidrado e ter seus instigantes olhos sobre mim era estranho. Me sentia acuada e elétrica, o que despertava uma ansiedade e adrenalina ao mesmo tempo. Ele também parecia ansioso com meus movimentos. Me forcei a não dar atenção a ele, desviando a atenção novamente aos objetos, mas era díficil.

 Soltei a pena e agarrei o intrigante frasco. Chacoalhei o líquido transparente que o preenchia até a metade, parecia ser água, então puchei a rolha que tampava o recipiente com força. Estava prestes a levar o frasco até o nariz, mas Peter me fez parar ao indagar:

- O que está fazendo?

- E-eu não posso?

- Pode o que?

- Cheirar.

- Ah... pode. Isso pode. Achei que fosse beber.

- Eu devo?

- Não!! - disse com pressa.

- Por que não? O que tem aqui dentro?

- Apenas não beba ok? Depois que fizer sua escolha vamos tirar suas dúvidas.

Alternei os olhares entre o recipiente de vidro e Peter, intrigada e confusa. Então voltei a aproximar o objeto de minhas narinas, enquanto Peter me observava com uma das sobrancelhas arqueadas. Senti um cheiro forte e cítrico. Algo entre o doce e amargo que me lembrava remédio. Uma mistura de álcool com limão e mel. Não era muito agradável e logo afastei de perto com uma careta meio enojada. O sorriso voltou na face do ruivo que se escorou no tronco da grande árvore. Mas o que diabos tinha dentro daquele frasco!? Era melhor não saber. Devido a reação de Peter, não devia ser algo bom. 

Apoiei as duas mãos sobre a pedra e encarei todos os objetos de uma vez, tentando achar uma pista ou algo que chamasse a atenção mais pra algum. Eu tinha que pensar como um deles! O que um garoto perdido escolheria? Fechei o olhos por solitários e silenciosos minutos, esperando que alguma luz viesse, então meus ouvidos se atentaram a um piar. O som agudo, estridente e rítmico lembrava meus ouvidos os cantos de Sabiá. A ave não parava de piar e começava a me perturbar. Não conseguia pensar, pra piorar, aos poucos um leve chiado foi se juntando a sonoridade local. Deveria ter algum riacho por perto. Fazia sentido, já que, supostamente eles moravam dentro da árvore. Precisavam de água por perto. Droga Kate! Pare de divagar! Foco! Mas a ave insistia em seu piar. Maldito pássaro! Maldita floresta! Ele livre cantando e eu presa nessa situação...BINGO!

 - Peter eu...

O garoto desencostou do tronco depressa atento a meu chamado.

- Sim Kate! Você...

- Eu... - alternei o olhar entre o frasco e a pena - ...Eu quero saber, se vocês, meninos perdidos, presam pela praticidade.

- Claro! Precisamos ser práticos!

- Hm. E vocês se consideram livres?

- Sim. - respondeu confuso.

- Interessante. Você também se considera livre Piuí?

- É...acho que sim.

- Como acha? Não tem certeza pirralho? - diz Peter um pouco alterado - Nós podemos fazer tudo aqui. Eu sou o rei desse lugar! Eu faço o que quiser aqui e vocês, como meus parceiros, também podem!

- É...tem razão!

- Claro que tenho. - diz Peter convencido.

- E você é o líder Peter, certo? - digo pensativa.

- Sim!

- Hm. E se você pedir pra algum dos seus meninos fazerem algo que você mandou, eles fazem?. 

- Sim... Kate onde está querendo chegar com essas perguntas? O que isso tem a ver com sua escolha? Se pensa em desistir e ir nos distraindo...

- Eu escolho a pena! - ele engole em seco.

- O que? Por que? - diz erguendo as duas sobrancelhas, com ar desconfiado.

- Tem que responder?

- Sim, mas antes...tem certeza da sua escolha?

- Sim.

- Então prossiga, por favor.

- Bom, eu estava com muita dúvida. Principalmente entre o frasco e a pena. O frasco porque queria saber o que havia dentro. E também parece ser o mais útil e prático dos três. Eu ia escolher ele, porém decidi seguir meus instintos. Essa pena chama tanto a minha atenção! Ela me lembra os pássaros e eles me lembram você.

- Eu? Por que eu? - falou surpreso e sorrindo.

- Porque...ah Peter! Não pode me poupar dessa explicação e só me dizer se poderemos entrar ou não? Estou cansada. - olhei com súplica.

Ele bufou desapontado e continuou:

- Só mais um pouco de esforço, lhe prometo. Me responda a pergunta que te fiz e te direi o que acontecerá.

- Tudo bem! - disse cansada - Você é livre como os pássaros para voar e fazer suas escolhas. As vezes é irritante como os piados deles, mas acima de tudo, você é o líder e tudo nessa ilha parece girar ao seu redor, esse jogo também. Apesar de você dizer ser prático, com certeza presa muito mais por sua liberdade, assim como eu, e imaginando que o que o líder escolhesse, seria considerado adequado, decidi escolher algo que me lembra você e que provavelmente você também escolheria. 

Ele deu uma risada de leve e claramente estava se achando com minha resposta.

- Interessante. - disse se aproximando - Então tudo gira ao meu redor, sem novidades. Agora será que você se deu conta que quando diz tudo, isso inclui você?

- O que!? - de início fico indignada e o encaro com fúria, mas depois me dou conta que meu olhar não concordava com a boca, que deixava um sorriso de canto escapar. Solto uma gargalhada em sua cara. - Ah! Por favor! Se encherga né!

Então ele coloca a mão no peito e faz cara de indignado, depois pega o mini espelho em nossa frente e começa a se ver pelo reflexo, dá uma lambida no polegar e passa o dedo pelas sobrancelhas, ajeitando alguns pelos fora de ordem. Exibe seu melhor sorriso e responde:

- Não vejo nada de mal! Só vejo beleza.

- O que está fazendo? - falo junto com uma risadinha. 

- Atendendo ao seu pedido. Me enchergando!

- O que!? Você tem problemas menino! - solto outra risada nervosa. 

- Na verdade você é que tem. - disse sério largando o espelho. - Você vai ter que passar a noite...- mudei minha expressão, decepcionada, já esperando o pior.

- Deu tudo errado né!

- Sim. Eu não esperava que fosse escolher justo a pena. Para sua infelicidade, terá que aguentar mais um pouco minhas piadas de noite, mas dessa vez, ao lado dos outros meninos perdidos.

- Espera. Isso quer dizer que...- volto a sorrir pra ele entendendo a situação - Vamos poder entrar! Eu escolhi certo né!?

- Sim Kate...você escolheu bem. Bem até demais. - solta a última frase meio baixo, mais como uma autobservação. - Pegue o que você escolheu e devolva o resto. Os meninos estão esperando.

Obedeci e após alguns minutos um buraco se abre sobre o chão. Eu encarei a cavidade e percebi que se tratava da continuidade do tronco. Ele era largo e oco. Peter reparou na minha dúvida e disse:

- É só fazer o que eu farei, vá depois de mim. 

Então ele passou por mim, cruzou os braços sobre o peito, como uma múmia e se jogou de pé. Só pude ouvir um uivo de empolgação. Me aproximei do tronco e ouvi um distante e abafado "Pode vir", mas continuei parada e de pé, encarando o estranho buraco. Resolvi ir. Me sentei sobre a borda, cruzei os braços sobre meu corpo, assim como ele havia feito, e então dei impulso deixando o corpo ser levado. Meus olhos estavam bem fechados e só podia sentir o vento contra o corpo. Me lembrava de um daqueles brinquedos de parque, escorregador. Meus irmãos costumavam andar neles. De repente senti um leve impacto nas costas. Abri os olhos e percebi que tinha caído sobre um colchão de folhas. Em volta, vários olhinhos curiosos me encaravam, então Peter estendeu a mão me ajudando a levantar e logo em seguida Piuí parava sobre o mesmo colchão. 

A "casa" era subterrânea e não penetrava a luz do dia, a iluminação era através de velas, muitas velas. As paredes eram recobertas por galhos e raízes e o chão era preenchido por pedras grandes, lisas e acinzentadas. Havia uma longa mesa e bancos feitos com tronco de árvore. Na parede do canto do cômodo, haviam várias armas pinduradas. Facãos, punhais, arcos, espadas...cada uma em sua respectiva divisória, com um nome pintado de tinta preta identificando o dono. A frente, na parede oposta, havia uma cadeira diferente das outras. Era mais trabalhada e rebuscada, essa tinha um encosto feito com finos galhos entrelaçados e o assento era coberto com pêlo de urso. Em baixo da mesma cadeira também havia um tapete com o mesmo tipo de pelo. Distribuídos pelo local, estavam bancos mais simples feitos de cipó. Aquela área parecia se tratar de outro cômodo. 

Atrás da mesa grande tinha duas mesas menores, também feitas se tronco e sobre elas copos de bambu junto com vasilhas e potes de cerâmica. Dando acesso ao que parecia ser outro cômodo, tinha um pano meio tribal, que chegava o mais próximo de uma porta.

Era um ambiente rústico, mas acolhedor. Me sentei sobre um dos bancos de tronco e fiquei encarando Peter e os meninos que vestiam roupas surradas, algumas de pelo de animal. Minha cabeça ainda tinha dúvidas sobre aquele estranho teste, realizado minutos atrás. 

- O que achou do meu palácio, madame? - falou Pan.

- É bem diferente, mas eu gostei. Me sinto bem.

- Que bom que gostou, porque vai ter que se acostumar com seu novo lar.

- É...

- Imagino que esteja cheia de dúvidas.

- Sim, várias.

- Então me diga para que eu possa desfazê-las. - comentou puchando um banco ao meu lado, mas antes que eu pudesse dizer algo,um dos jovens puchou a barra da blusa de Peter dizendo:

- Quem é ela Peter?

O garoto se virou assustado, como se desse conta da presença dos jovens só agora e começou a falar empolgado:

- Essa é a Kate meninos! E ela será a mãe de vocês.

- Mãe? - falou outro surpreso - Mas não é proibido garotas aqui?

- É, mas ela não é uma garota qualquer. Katherine é esperta, destemida e tem o charme de uma... - todos começaram a olhá-lo com uma cara estranha - digo, ela é uma garota, deve ter o instinto de mãe dentro dela e vocês vivem reclamando que sentem falta de cuidados e mais atenção. Aí está! Kate será a mãe e está decidido.

Alguns exibiam sorrisos tímidos, outros me encaravam desconfiados, mas após um tempo todos deram de ombros e voltaram a fazer o que faziam antes, alguns estavam comendo, dormindo,outros pulando e poucos conversando, menos Piuí, que se voltou para Peter perguntando:

- Quando vai ir atrás da Sininho pra contar a novidade?

- Sininho! Como pude esquecer!? Assim que eu resolver alguns assuntos com a Kate, irei atrás dela. 

- Hm. - o menino disse apenas isso e se retirou para falar com os outros. Aproveito a deixa para resolver minhas dúvidas.

- Que assuntos você pretende falar comigo? Ainda tenho minhas dúvidas...

- Eu sei. Isso mesmo que temos que resolver. Não pode haver desconfianças entre nós, mas vamos discutir isso em um lugar onde não haverá interrupções. 

Ele me pucha pela mão passando pela "porta" de tecido e avisto o que deveria ser o quarto deles. Só havia uma cama feita de madeira, o resto eram redes espalhadas pelo espaço. Peter se senta sobre uma das redes e eu me sento em outra de frente pra ele.

- Belo quarto.

- Eu não diria belo, mas dá conta do recado.

- É legal. Gosto desse estilo meio, selvagem e indígena.

- hahaha Acha que somos selvagens?

- Um pouco...hahaha

- Talvez, mas me fale o que tanto lhe aflige. 

- Qual foi o sentido daquele teste da pena?

- Ah, isso. Era um teste de personalidade. Temos que ter um controle de quem entra e sai do esconderijo. Os piratas são burros, mas Gancho é determinado. Dificilmente ele vai desistir de nos capturar, então inventei uma senha pra saber se quem aguarda do lado se fora é confiável ou não.

- E por que Piuí parecia tão surpreso?

- Ele é meio novo nisso tudo. Estava com medo de você escolher um objeto comprometedor e ficarmos presos do lado de fora, com piratas nos caçando por aí.

- Certo. E por que a pena era o certo? O que os outros dois representavam?

- O espelho de ouro representa a vaidade e ganância. Certamente uma pessoa que não fosse muito inteligente e confiável o escolheria.

- Está se referindo aos piratas?

- Também. A maioria deles escolheria o espelho, mas poderia ser qualquer pessoa.

- E os outros objetos?

- O frasco é uma escolha interessante, a maioria dos garotos escolhe ele. Representa a curiosidade, praticidade e estratégia. O frasco tem muitas funções por aqui. Ele pode servir de armazenamento, arma, e seu líquido é um sonífero que vem das fadas. Quem o escolhe é esperto, prático e curioso, por não saber o que tem dentro.

- E a pena?

- A pena...é o meu objeto como você deduziu. - falou com as bochechas rubras - Ninguém havia escolhido ela antes, além de mim. Ela representa leveza, liberdade e proteção. Quem escolhe ela tem o espírito livre e sonhador. Acredita em fantasias e tem um coração guerreiro. 

- Que demais! Mas, se ninguém escolheu a pena, quer dizer que todos os meninos perdidos escolheram o frasco.

- Na verdade não. Cada objeto escolhido fica com quem escolheu. Eu sempre vou substituindo por outros que tenham o mesmo significado. Mas a pena sempre permanece. Por isso ela tem essa ponta estranha. Na verdade, ela é uma chave. A chave do líder pra entrar e sair quando quiser daqui.

- Mas eu escolhi a pena! Você vai ficar sem chave?

- Não!! Haha essa é uma chave falsa a verdadeira sempre anda comigo.

- Nossa! Você pensou em tudo mesmo! Que esperteza a sua. - ele dá de ombros e fica um pouco corado.

- Não costumo dar nó sem ponta.

- Aé? Não acredito nisso, você sempre pensa em tudo? - digo provocando-lhe. Então ele se impulsiona pra frente e se aproxima deixando um curto espaço entre nós. Fica de joelhos, fazendo com que nossos olhos ficassem da mesma altura e a ponta de nossos narizes se encostassem de leve. Eu sentia o ar quente e abafado da respiração saindo de sua boca entrando em choque com a pele fria do meu rosto. Um silêncio repentino toma conta do espaço e nossos olhos iam se fechando juntos, como se estivéssemos ligados. Ele diminui a distância mais ainda e quase podia sentir o toque dos seus lábios. De pálpebras semicerradas, arqueando cautelosamente os beiços, ele responde arrastando a voz com seu leve tom arrogante:

- Sempre.









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