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História O Outro Lado de Pan - A Lagoa das Sereias


Escrita por: VRB

Notas do Autor


Queridos leitores, nesse capítulo, podem surgir dúvidas. Algumas serão respondidas futuramente, no decorrer da história, mas caso tenham, escrevam nos comentários e tentarei responder todas.
Parte da demora em escrever foram as pesquisas que fiz sobre as belas e místicas sereias, que vão aparecer nesse trecho da fic. Mais informações sobre elas se encontram no Notas Finais.
Tem um trecho do capítulo que vai estar em negrito e em outro idioma, a tradução está no Notas Finais junto com o link da música do cap.
Agradecimento especial pra quem favoritou a fanfic e para aqueles que continuam me acompanhando.

Boa Leitura! 😉

Capítulo 15 - A Lagoa das Sereias


Fanfic / Fanfiction O Outro Lado de Pan - A Lagoa das Sereias

Estávamos voando fazia alguns minutos, Peter me segurava pela cintura deixando minhas costas contra seu peito. Sininho havia sumido e por mais que meus pensamentos felizes parecessem infinitos, não acompanhavam a finitude do pósinho. Era uma situação bem incômoda, mas não havia jeito, Peter queria porque queria me mostrar as maravilhas da Ilha e usar minhas pernas não era uma opção para ele. Fazia questão de se gabar e mostrar o quanto era bom na arte do voo e eu não podia negar que era, além disso, apesar da minha insistência em caminhar, sabia muito bem que meu coração ansiava em poder voar. A sensação de liberdade era meu novo vício.

- Peter já estamos chegando?

- Já chegamos na verdade haha e faz tempo.

- Então por que não descemos!?

- Achei que ia gostar de ficar um tempo comigo.

- Ai Peter, como você se acha! Quero descer.

- haha Está bem! Mas eu sei que você gosta! - não respondo nada, porque no fundo ele tinha razão. Passar um tempo com aquele garoto era algo que eu não conseguia explicar, mas sabia que era bom.

Nós descemos, parando na margem de uma lagoa. Tinha uma cachoeira atrás e terminava com um estreito acesso ao mar. A água fazia um degradê, predominando em um azul celeste, mais próximo do mar e puchando para um verde água, perto da cascata. O próprio céu em seus dias mais bonitos, não ganhava daquele azul intenso e cristalino, mas apesar da beleza do lugar ter boa parte da atenção voltada a paisagem, o mais encantador não estava nisso, mas sim, nas belas e misteriosas figuras que se encontravam sentadas sobre as pedras.

Com suas formas definidas, os traços meigos e a beleza exótica de uma figura divina, elas penteavam com os dedos seus longos e ondulados cabelos coloridos, descendo um pouco os olhos era possível ver as escamas em furta-cor.

- Sereias!!

- Xiiu! Vai fazer com que percebam nossa presença!

- E qual é o problema?

- Não são criaturas muito receptivas com estranhos.

- Hm entendi, elas podem fugir.

- É mais fácil você fugir delas. - ele solta um sorriso intimidante.

- Por que eu faria isso?

- Não se deixe enganar pela aparência, elas são perigosas. 

Olho para elas e depois para Peter e faço uma cara desconfiada, mas decido não discutir, afinal, se alguém parecia conhecer aquele lugar, era ele.

- Você quer olhá-las mais de perto? - pergunta com um sorriso compreensivo. Instantaneamente balanço a cabeça em afirmativo.

- Está bem vou te levar até as pedras, mas não entre na água por nada! 

- Entendido.

- Está bem, vamos lá!

Levantamos voo até as sereias, onde o menino me solta no meio de uma rocha grande e achatada. Assim que ele põe os pés na pedra e encara as criaturas, elas pulam na água, abrindo espaço suficiente para nós dois sentarmos. Não foram embora, apenas nos observavam atentas de dentro do mar. Os olhares direcionados a mim eram curiosos e alguns intimidantes, já para Peter, eram atrevidos e provocativos. Duas delas se apoiam de bruços na rocha e começam a falar:

- Olha só Larimar! O que temos aqui? 

- É uma garota? Mas que estranha, ela não tem cauda.

- É porque ela é humana! - diz Peter Pan.

- Peter!! Quanto tempo não te vejo. Pelo jeito continua andando com os mundanos.

- Só com as crianças Lygia.

- Claro...por que você é muito bom para andar com os adultos. - diz em tom irônico.

- Exatamente! - afirma o garoto.

- haha Isso é porque não conheceu o humano certo. Aquele que vai fazer com que você deseje ser um adulto. - nesse instante ela me lança um olhar.

- Nunca! Humano nenhum vai me fazer querer crescer e ter um bigode de taturana! 

- hahaha Claro! Nenhum... hahaha - ela continuava em tom irônico.

Enquanto os dois discutiam, eu e a outra sereia nos encarávamos silenciosamente. Ela era tão bonita! Seu cabelo era azul em dois tons, predominando o turquesa e quando o sol batia as mechas em tom mais claro, quase branco, eram refletidas, causando uma estranha sensação para quem olhava de estar sendo tragado pelo o mar. Seus olhos, curiosos, também eram azuis e a pele alva. Sobre o pescoço uma pedra grande e achatada da mesma cor do cabelo. Estava tão deslumbrada com a moça que o ambiente em volta se perdeu. Era só eu e ela, em uma espécie de transe. Eu queria tocá-la! Uma vontade incontrolável me passava em constatar se meus sentidos não estavam me enganando com tamanha perfeição. Mal sabia a burrice que estava cometendo, até sentir um braço me puchar abruptamente.

Tomei consciência e percebi o que estava acontecendo. Minhas pernas já estavam submersas até os joelhos e por pouco não fui levada as profundesas pela bela criatura. Peter mostrou seus dentes e soltou um grunhido feroz, a sereia fez o mesmo exibindo dentes pontiagudos, em seguida a outra começa a falar algo com ela.

Prohibere! Quid est agis?

- Ea est hominum!

Scio! Pan cum ea, oportet esse aliquam causam.

Respice ad collum eius! Pan causa non interest!  Memento ultimum tempus puella apparuit.

- Si interest, aut no, ego decernere. Nolo pugna cum Petro Pan.

Assustada, cochichei para Peter:

- O que elas estão dizendo?

- Não sei. Eu não falo latim. - disse secamente.

- Latim!? O idioma das sereias é o latim?

- Não, elas possuem uma outra língua própria, mas o latim é frequentemente utilizado. - Mantém o tom com um certo desprezo no final, como se o que dissesse fosse algo óbvio. Estranho o seu jeito, mas não ligo muito.

- Não estou gostando dessa conversa. Elas parecem estar brigando.

Ele nada responde, sequer me encara.

- Acha que elas estão brigando? 

Dessa vez ele me olha, um olhar ressentido.

- Não sei Kate! O que você acha!? Mas seja lá o que for não é bom e a culpa é sua!

Me surpreendo com o jeito que ele me trata, eu quase sou afogada por sereias, que por sinal foi ideia dele me mostrar e sou tratada assim? É isso mesmo?

- Por que está falando assim comigo!?

- Porque eu mandei você não entrar na água por nada! E vc me desobedeceu!

- E você acha que a culpa é minha!? Você mesmo viu a sereia. Ela fez algo e...

- Não interessa!! Que droga Kate! Eu só te pedi isso, será que você não consegue se controlar. Se acha tão dona de si, mas é persuadida por uma sereia.

- Não creio! Você realmente está dizendo que a culpa é minha!

- Sim isso mesmo, porque se você não tivesse entrado na água, me obedecendo, elas não estariam discutindo.

- Ah CLARO, pq do nada eu pensei "Hm, me deu uma vontade de me jogar na água e ser afogada por sereias." - falo ironicamente -  Elas são lindas e mágicas! Eu me deixei levar sim, vc nunca se encantou por algo novo?

Ele abriu a boca para argumentar, mas depois desistiu e ficou me encarando por um tempo, mas não muito, pois logo virou a cara e permaneceu calado.

As sereias tbm haviam parado de discutir tendo a atenção fixa em nós. Uma delas, Lygia, se aproximou de Peter e tocou  em seu braço de maneira cautelosa. Ela lhe falou algo baixinho e o menino concordou com cabeça, então a figura passou a nadar em minha direção.

- Preciso que me dê sua mão. - falou de um jeito sereno.

- Para quê? - digo desconfiada.

- Para o ritual.

- Do que está falando?

- Da logo a mão pra ela Kate, eu autorizei. - se manifesta Peter.

- Mas você acabou de brigar comigo por ter quase entrado na água e agora quer que eu dê meu braço a ela? Pra fazer sabe-se lá o que com ele!

- Ela não vai te machucar. Ela só...argh! Dá logo o braço pra ela e pare de fazer perguntas!

- Não! Essa coisa quase me matou! 

- Ainda me questiona!?

- Sim!

-  Agora é diferente, estou dizendo que eu autorizo.

- Não confio nelas!

O garoto solta um suspiro impaciente e desiste de falar. Então a sereia retoma a fala:

- Está tudo bem, não precisa nos temer. Eu não sou como a Larimar. Digamos que ela não tem uma boa experiência com humanos.

- Nem eles com ela, imagino.

- Ela nem sempre foi assim. - sua expressão ficou séria.

- O que você quer com o meu braço?

- Então, Larimar descumpriu com uma das 100 Regras Pérolas do Mar. Ela atacou um ser sob proteção de um líder de respeito.

- Eu no caso! - disse Peter, sorrindo com arrogância. 

- Como dizia, quando se quebram essas regras, o ser marinho que as descumpriu deve reparar seu erro ou será punido.

- Não sabia que vocês tinham regras.

- Somos formas de vida inteligentes, assim como vocês humanos. Também vivemos em grupo. Precisamos de regras para manterem a paz e o bem estar social entre a vida marinha e outros tipos de sociedade.

- Essas 100 regras, é algum tipo de 10 Mandamentos de Deus?

Ela fez uma cara estranha, obviamente não entendeu o que eu falei.

- É uma história antiga... No início do casamento entre o rei dos mares com Anfritite, a vida marinha era pacífica e os seres híbridos, metade humanos e metade peixes não eram muitos. Desse casamento surgiram ninfas do mar, sereias, tritãos e outros diversos seres que aumentaram as colônias e sociedades marinhas.

 Logo o caos se instaurou, não haviam regras fixas e os seres começaram uma luta entre si em busca da sobrevivência. Um dia uma das filhas do casal real, Lorelei, foi atacada por um elfo do mar, este não sabia que a jovem sereia era filha do rei e matou ela para alimentar-se. O senhor das águas, quando soube do ocorrido, ficou furioso e foi atrás do elfo e dos restos mortais da filha. Ele encontrou o elfo dormindo sobre uma pedra, jogado ao lado o colar que a filha usava feito com 100 pérolas negras junto com algumas escamas e ossos. Tomado pela fúria, ele resolveu extinguir a espécie dos elfos marinhos, soltando um veneno na água, tóxico apenas para os elfos. 

O rei dos mares queria restaurar a ordem, para que ninguém sofresse o tipo de situação que ele viveu, então para cada conta do colar uma regra inviolável foi criada e assim surgiram as primeiras leis aquáticas.

- Certo, e o que o meu braço tem a ver com isso?

- Larimar precisa reparar seu erro. Ela deve fazer um ritual de redenção, onde ela vai lhe conceder um dom mágico. Para isso, preciso que deixe eu mexer no seu braço. Encare como um pedido de desculpa.

Penso um pouco sobre a situação e decido escutar o que a sereia tem a me oferecer.

- Que tipo de dom?

- O Dom das Línguas.








 








Notas Finais


Link: https://youtu.be/eJGjZ0Xka_4

1- O nome Lygia e Larimar são nomes de sereias da mitologia.

Lígia/Lygia: Variante portuguesa de Ligeia, um nome feminino grego derivado de Ligys, que significa “de voz clara”, “estridente”, “melodioso”, “quase um assovio”, como era descrita a voz das sereias.

Larimar – Uma pedra que segundo a crença, seria capaz de melhorar a comunicação de um ser humano com seres em geral, como golfinhos por exemplo. O dominicano que descobriu a pedra, por volta de 1916, nomeou-a a partir da mistura do nome da sua filha, Larissa, e da palavra “mar”, pela similaridade da cor da pedra com a cor das águas do mar.

Anfritite: Esposa de Poseidon, Deus das águas na mitologia grega. É filha de Nerei, sendo uma ninfa do mar.

2- A Lenda das 100 Regras Pérolas foi uma criação minha.

3- Tradução:

Prohibere! Quid est agis? / Pare! O que está fazendo?

- Ea est hominum! / Ela é humana!

- Scio! Pan cum ea, oportet esse aliquam causam. / Eu sei! Pan está com ela, deve haver algum motivo.

- Respice ad collum eius! Pan causa non interest! Memento ultimum tempus puella apparuit. / Olhe para seu pescoço! A causa de Pan não interessa! Me lembro da última vez que uma garota apareceu.

- Si interest, aut no, ego decernere. Nolo pugna cum Petro Pan. / Se interessa ou não, eu vou decidir. Não quero briga com Peter Pan.


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