História O que faz Você... - Grande Hotel

Era uma tarde feita para sair de casa, porém, Himemiya Chikane não via desta forma. 

Estava pensando e pensando... refletindo e refletindo... No salão de música de sua casa, estava sentada ao piano, olhando o caderno de composição e nada, a folha estava em branco.

A Regente estava ficando estressada de verdade, não conseguia pensar em nada para poder adicionar na nova trilha sonora que precisava fazer para o concerto de primavera. 

- Ah... o que a Himeko diria se estivesse aqui?... -falou para si mesma. 

Ah sim, Chikane é casada com Kurusugawa Himeko, uma Fotógrafa renomada. As duas descobriram tantas coisas com sua própria história que mal pensaram que foram de fato, destinadas uma para a outra... e como se amam... 

E Bem, no momento, Himeko estava fora do país, trabalhando, deixando a esposa sozinha, e na visão delas, era ruim ficar longe por muito tempo, porém, se não fosse necessário, não fariam isso. 

A morena refletiu: Himeko! Talvez ela seja a resposta para o problema! 

Correu até seu quarto e revirou suas gavetas, encontrando uma caixa bege onde deixava muitos papéis com suas primeiras composições, guardados. E foi lá que encontrou um dos poemas que escreveu para Himeko (e nunca lhe entregara) quando ainda não tinha certeza sobre seus sentimentos (ou simplesmente achava que fora rejeitada). 

Mesmo usando um vestido tão longo, correu pelas escadas e voltou pro salão de música... - Tem que dar certo! Eu preciso fazer um arranjo decente pra isso! 

Ao sentar-se ao piano novamente, Chikane suspirou e começou a cantar primeiro, logo em seguida, encontrando um arranjo que batia com a melodia a qual dava vida. 

"Se a gente não tivesse feito tanta coisa,
Se não tivesse dito tanta coisa,
Se não tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor Grand' Hotel"

Ainda concentrada no que fazia, começou a lembrar de como se sentiu naquela época, quando achava que Himeko lhe rejeitara por causa de Soouma Oogami, amigo de infância da Kurusugawa e também, a pessoa que tinha uma... "paixonite aguda" por ela. 

Oogami era visto como o aluno perfeito que disputava em igualdade com Chikane no quesito Perfeição, mas a grande briga entre esses dois, era a própria Himeko. 

"Se a gente não fizesse tudo tão depressa,
Se não dissesse tudo tão depressa,
Se não tivesse exagerado a dose,
Podia ter vivido um grande amor"

Para mantê-la longe dele, Chikane insistiu muito que as duas morassem juntas, na casa de seus pais, na época. Himeko só aceitou porque não queria dar mais trabalho para Saotome, sua amiga desde sempre (Chikane até então não sabia que podia ter um ciúme possessivo da esposa). 

Até agora, usar seu poema para fazer um arranjo no piano estava dando certo. 

"Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "Bom Dia"..."

Oh sim, foi uma sensação terrível de perda quando Himeko aceitou sair com Oogami. Foi como um tiro pelas costas. 

Sem querer deixar, uma lágrima fina, amarga e quente desceu dos olhos azuis da Himemiya, porque aquela sensação foi muito vívida e intensa, ela não gostava de lembrar da cena. Era como se Himeko lhe dissesse que só estavam juntas por pena, o que elas sabiam não ser verdade. 

"Qual o segredo da felicidade?
Será preciso ficar só pra se viver?
Qual o sentido da realidade?
Será preciso ficar só pra se viver?"

Esta pergunta já lhe atormentou muitas vezes... Era mesmo preciso ficar só para se viver feliz?

Chikane desacreditava disso, mesmo tendo passado um pouco da situação; e ela tinha razão: Himeko lhe escolhera invés de ficar Oogami. Era umas das raras coisas que podia considerar 'Suas'. 

Himeko era sua amiga, sua namorada, sua esposa, sua razão, sua emoção, sua convicção das coisas, era simplesmente seu mundo. 

Mesmo que os outros considerassem um amor exagerado, para elas não era nada mais que o amor que demoraram tanto para poderem demonstrar uma pela outra, sofreram demais para que chegarem onde estão hoje, não era justo que lhe negassem ou tirassem esse sentimento tão profundo e especial. 

"Se a gente não dissesse tudo tão depressa,
Se não fizesse tudo tão depressa,
Se não tivesse exagerado a dose,
Podia ter vivido um grande amor"

Chikane lembra bem como se sentiu o pior monstro do mundo com o tratamento que dera para Himeko quando ela e Oogami estavam saindo. Ela não queria ter lembrado de que sempre foi sozinha e, que a jovem Kurusugawa foi quem lhe fez ver o outro lado da vida. 

Doeu tanto... suas noites até pareceram mais frias a vazias na época. Até se envolveu com pessoas erradas para chamar a atenção da amiga. 

"Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "Bom Dia"..."

Quando foi que amar se tornou sinônimo de dor? Bom, não que fizesse diferença, só importava que as duas finalmente estavam juntas e era praticamente um sonho estarem assim. 

Chikane enriqueceu a melodia, ouvindo algo mais que belo sair do piano... Ficou impressionada consigo, até que conseguia quando tentava de verdade...

Nem havia se dado conta de que havia outra pessoa além dela no salão de música, estava concentrada demais para notar.

"Qual o segredo da felicidade?
Será preciso ficar só pra se viver?
Qual o sentido da realidade?
Será preciso ficar só pra se viver?
Só pra se viver..."

Ao terminar de tocar, ouviu aplausos gentis e muito alegres, conhecia aquele som melhor que ninguém: encarou a poltrona vermelha, onde lá, estava a pessoa mais incrível do mundo. 

- Estava lindo, Chikane-chan! 

- H-Himeko! 

Levantando às pressas, a morena subiu a esposa no colo, nunca pensou que ficaria tão feliz e aliviada ao encontra-la em casa. Distribuiu beijos por todos os cantos do rosto dela, beijara os lábios rosados mais delicados que conhece, apertou mais a cintura da calça que cobria as longas pernas da fotógrafa. - Quando chegou?! Devia ter avisado, eu teria ido busca-la no aeroporto! 

- Não precisa se exaltar assim, está tudo bem! -ela riu como sempre- 

- Você é tão fofa, Himeko! 

- Você sempre irá falar isso de mim, não é? 

- Claro! Porque você é fofa mesmo! 

- Bom, mas posso perguntar uma coisa? 

- Sim? 

- Era desse jeito que estava sentindo-se quando eu te larguei?... 

Um sorriso sincero e elegante brotou nos lábios vermelhos da regente; ao encostar suas testas, suspirou fundo. 

- Sim. Eu senti que precisava entender melhor os seus sentimentos porque não queria voltar a fazer coisas erradas pelos motivos certos. 

- Chikane-chan... 

- Eu te amo tanto... agora sei que sozinhos, podemos conseguir muitas coisas, mas jamais seremos felizes ao todo se não houver alguém com quem poderemos contar pro resto da vida. Não precisa ser um marido ou uma esposa, pode ser um filho, um pai, uma mãe, um avô... até mesmo um amigo, daqueles que jamais te vira as costas...

- O que faz você pensar assim? 

- Você, Himeko... 

E dane-se os óculos desajeitarem-se do rosto da loira, só importava que estava em casa novamente, com a pessoa mais importante do mundo. Sorriu feito criança e desatou a beijar a testa da esposa. 

- Minha Lua mais brilhante... -falou baixo- a mais alta e a que me deixa mais completa... Você é incrível, Chikane-chan... 

- Você é realmente tão fofa... -o olhar da Himemiya estava ficando diferente, bem diferente- 

- C-Conheço essa cara... 

- Então sabe o que eu quero, não sabe, Meu Sol? 

- S-Sei bem... -Himeko corou da cabeça aos pés, mesmo casada com Chikane, nunca irá se acostumar com "essa" parte da relação.