Flashback on:
– Onde estou? – O jovem abriu seus olhos estranhando o ambiente nada familiar.
– Caíste do céu. – Uma voz respondeu-lhe.
O principezinho levantou e focou sua vista no animal à sua frente. Um cão olhava-lhe curioso.
– Mas... que fazes aqui? – O cachorro perguntou-lhe.
"Eis uma pergunta que não quer calar..." Pensante, o principezinho olhou em volta o planeta em se encontrava. Ele era grande, não tanto quanto a terra, mas o bastante para ter uma árvore e ainda sim gozar de espaço o bastante para que o cão e ele se instalassem confortavelmente.
– Oras! Deveria ter aterriçado em meu planeta. – O príncipe falou mais para si do que para o cão. – Em que asteroide nos encontramos?
– E 760. – O cão respondeu.
– Mas... E o asteroide B 612?
– Meu amigo, se estás a procura deste em especial, sinto em lhe informar que fica a uma grande distância deste que nos encontramos.
O Pequeno Príncipe não conseguia entender mais nada, quando deixou a terra jurava estar de baixo de sua estrela, no mesmo local de quando chegou.
A verdade era simples para o jovenzinho, depois de ter sido picado pela cobra, não se lembrava de nada com exatidão.
– Para que lado devo ir? – Ele indagara ao animal.
– Para lá! – Ele apontou com o focinho. – Posso pergunta-lhe uma coisa... Para quê tanto necessitas de voltar ao seu planeta?
O menino de cabelo dourado retirou um papel dobrado do bolso e sorriu olhando para o desenho de uma caixa onde se encontrava seu carneiro o qual seu amigo desenhara.
– Tenho uma rosa para cuidar, sabes como são delicadas as rosas, e a minha tem apenas quatro espinhos para defender-se... Sem falar dos baobás que ameçam crescer e esmagar-lhe.
– Ah, sim. – O cão concordou.
-Necessito voltar imediatamente, tenho que cuidar dela... Tenho um carneiro que pode comer as ervas daninhas.
– Mas estás tão longe da tua casa. – O cachorro recordou-lhe.
– Mesmo assim, ela precisa de mim!
– Então, boa sorte! Mas faz um favor? Leva teu amigo junto!
– Que amigo?
– Aquele que caiu do céu junto contigo! É esfomeado e tenta comer todos os pássaros que por aqui passam!
Nisso o jovem acompanhou o cão até outra área do planeta, ele andava mancando devido a picada em sua perna, mas pelo menos, ainda estava vivo.
Quando sustentou o olhar, não pôde conter a surpresa.
– Raposa? – Exclamou o príncipe. – Como?
– Já era hora de acordar. – Cordial, o animal correu para ele. – Estava ficando preocupado.
– Como? – O príncipe perguntou de novo.
– Depois que me deixou, caminhei pelo deserto querendo encontrar-te, mas vaguei no calor por tantos dias que senti que em breve, teria meu fim... Foi quando avistei-lhe sofrendo maus bocados com aquela cobra e tentei chegar perto de ti, porém uma luz forte envolveu-lhe arrastando-o para cá e a mim junto.
– Pois já que estás aqui, faça-me companhia e venha comigo em uma viagem! – Ofereceu o principe.
–Vais ver tua rosa?
– Sim.
– Então vou contigo.
Após se despedirem do cão, deixaram o mundo habitado apenas por ele e pela árvore.
Flashback off.
Agora, seis anos depois, o jovem ainda se recordava de que queria encontrar sua flor, porém, a caminhada até seu asteroide era difícil e ele parara no meio do caminho no asteroide C 93, junto com a raposa. Os dois fadigavam e estavam cansados depois de dias sem comer quando chegaram ao planetinha no qual foram muito bem recebidos.
Este planeta era tão grande, a ponto de acomodar um pequeno povoado e possuir um rei e sua a filha, a princesa.
Logo, ele e a menina se aproximaram e o príncipe esqueceu-se de seu propósito quando num certo dia a garota disse:
– Vais ao encontro de uma flor? Depois de todo esse tempo e pelo o que disseste-me sobre teu planeta, provavelmente ela deve ter secado ao sol...
O príncipe ficou abalado e triste, fora o bastante para se convencer de que não queria ver sua rosa e principalmente, morta.
Então, ele decidiu permanecer no asteroide junto com o rei e a princesa. Era um homem de confiança do rei e apesar de querer e muito rever sua florzinha, tinha medo do que poderia encontrar.
Em um jardim, o príncipe pensava em todas estas coisas, o lugar era dotado de rosas silvestres sem ninguém as ter plantado, isso lhe enchia de pensamentos de sua flor.
Sua memória ultimamente fazia questão de lembrar-lhe o que sua companheira a raposa disse-lhe:
– Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa.
– Eu sou responsável pela minha rosa. – O príncipe falou para si enquanto olhava as flores silvestres.
– No que pensas? – A raposa apareceu o pegando de surpresa.
– Na Rosa.
– Achei que tivesses esquecido dela.
– Tento, mas ela não sai de meus pensamentos.
O rapaz tinha em mãos o velho e amassado desenho do carneiro.
– Pois acho que deveria visitar teu planeta. – A raposa sugeriu. – Foi tolice tua convencer-te de não mais procurá-la.
– Mas... E se os baobás tomaram conta do solo? E se a rosa... Morreu? – Causava-lhe desgosto falar aquelas palavras.
– Só vais saber se for até ela.
– Mas, se ela estiver viva? – O jovem supôs com esperança.
– Coloca ela num vaso e trazes para cá... Ou fique em teu planeta junto dela.
– Não acha que ela ficaria incomodada num vaso?
– Plante aqui, junto com as outras rosas, assim, nunca ficará só.
– Mas, e se alguém passa e arranca minha flor pensando que ela é igual as outras?
– Não te encha de perguntas sem antes saber da tua rosa, procura a verdade e depois se questione sobre o que deve ou não fazer. – A raposa aconselhou seu amigo.
– A verdade pode doer.
– Mas será a verdade que tu cativou e a única verdade que mereces, pois tu colhe aquilo que planta.
O príncipe ficou por alguns instantes pensativo. Quando saiu da terra, tinha o único propósito de cuidar de sua Rosa. Sentia falta do seu cheiro, de sua rebeldia e daquela doçura que ela sustentava por trás da frieza.
– Tens razão, jamais deveria ter deixado minha caminhada, parto pela manhã, meu amigo... Vens comigo?
– Para onde tu fores!
– Vamos antes ao rei e sua filha, lhes alertar sobre nossa partida.
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– Então, vocês vão mesmo? – O rei perguntou com pesar, gostava do jovem príncipe e de sua amiga, a raposa.
– Partiremos pela manhã, aproveitando a migração de pássaros que ainda ocorre.
– Sendo assim, irei com vocês! – A princesa pois um sorriso forçado no rosto, pois não queria ver o príncipe partindo para ver uma simples "erva daninha."
– Não, não será necessário. Para onde vamos é tão pequeno.
– Então permita-me enviar meus poucos soldados junto a ti. – O rei sugeriu, seu planeta não era tão grande, mas lhe permitia viver em completo conforto junto de seu povo, ele possuía até mesmo um castelinho.
– Não. – Tornou a negar o príncipe. – Para onde vamos é realmente pequeno.
– Então do que precisam?
– De nada...
– Ora, não fique acanhado! Deixe que eu mesmo cuidarei dos preparativos de tua saída!
Antes mesmo que o príncipe pudesse protestar, o Rei levantou de seu trono e saiu pelos corredores a falar!
– Tenho muito a fazer! Muito a fazer! – Deixando para trás a princesa o jovem e a raposa.
– É um bom homem! – Elogiou a raposa.
– Acho que nada posso fazer para mantê-lo aqui.
– Concordo contigo. – O loiro se aproximou da nobre. – Eu voltarei. – Sorriu com seu jeito pacífico de ser.
– Assim espero. – Encabulada, ela sorriu.
Ao amanhecer, todo o povo do asteroide foi despedir-se do jovem príncipe.
– Eu voltarei. – Ele olhava para o povo, mas suas palavras iam de encontro a princesa.
– Pronto? – A raposa perguntou.
O jovem deu um aceno de cabeça e esperou que um revoado de pássaros que migrava se aproximasse e o envolvesse...
E daquela maneira quase mágica e surreal, o príncipe e a raposa de pelo cor de fogo deixaram o planeta, partindo mais uma vez em sua promessa de rever a rosa.
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