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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 15


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Boa leitura *-*

Capítulo 16 - Capítulo 15


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 15

– O que há de errado com a princesa Niss hoje? – a voz de Peeta me trouxe de volta à realidade, e acabei dando um pequeno sorriso em troca. – Nem tocou no seu almoço.

– Sem fome, Peeta. – falei baixo, olhando distraidamente ao redor, mesmo que a cantina estivesse praticamente vazia, se não fosse por uma turma que estava sem aula, e que ocupava três mesas no lado oposto ao nosso.

– Aconteceu alguma coisa? – questionou, fazendo-me encara-lo.

Sim. Eu havia demorado treze anos para descobrir que eu era uma idiota que tinha esperanças em alguém que não se importava nem um pouco comigo.

– Não. Só estou cansada. – dei um sorriso fraco. – Tem certeza que quer começar a dar aulas hoje? – torci o nariz.

Peeta sorrio analisando meu rosto. Franzi o cenho.

– As ruguinhas. – ele explicou apontando para mim. – Ainda acho encantadoras.

Minhas bochechas esquentaram e eu desviei o olhar para não ter que encara-lo.

– Deixa disso. – resmunguei.

– Tudo bem. – ele riu. – E sim. Começaremos hoje. – voltei a olha-lo. – A não ser que você não queira.

Ponderei por alguns segundos mesmo sabendo que ele me olhava em expectativa. Talvez eu precisasse realmente disso. Não apenas por necessitar aprender como lidar com os meus alunos, mas também por ter certeza de que Peeta me distrairia do mar de pensamentos que se alojavam em minha cabeça.

– Eu quero sim. – dei um pequeno sorriso.

– Nos encontramos na sala do segundo ano. – Peeta piscou com o olho direito. – Preciso ir até o Snow. Ele disse que quer falar comigo. – ele levantou.

– O que ele quer com você? – perguntei receosa.

– Acho que é pra falar sobre ontem. – Peeta deu de ombros, dando a volta na mesa para se aproximar de mim.

– Sobre ontem? – indaguei confusa.

– Sim. Claramente eu o desrespeitei durante a reunião. – ele riu despreocupado e se curvou, beijando minha testa. – Mas não se preocupe. Snow não me assusta.

– Assusta a mim. – murmurei assim que Peeta se afastou.

– Não precisa. Eu cuido de você. – ele piscou. – Nos vemos mais tarde.

Afirmei levemente com a cabeça, vendo-o se afastar.

Passei alguns minutos encarando meu prato que ainda estava intocado, até que alguém se aproximou, sentando-se a minha frente.

Ergui a cabeça, recebendo o sorriso de Cato em minha vista.

– Não devia estar na aula? – perguntei.

– Talvez. – ele deu de ombros. – O que faz aqui sozinha, professora? – questionou.

– Estou pensando no quanto queria estar em casa. – esbocei um sorriso.

Respirei fundo pegando meu celular que estava ao lado da minha bandeja, analisando a hora.

– Precisa ir? – Cato pergunto ao me ver levantar.

– Sim, tenho que pegar minhas coisas na sala dos professores. – expliquei alcançando a bandeja, levando-a até o balcão.

– Eu tenho um atalho pra você. Vem comigo. – Cato saiu andando a minha frente, e eu acabei decidindo segui-lo cantina a fora.

Caminhamos em silêncio, até entrarmos na oficina de automóveis que era usada para cursos extracurriculares.

– É permitido circular por aqui? – perguntei duvidosa, andando atrás dele.

– Se você não for pego, é sim. – ele deu de ombros.

– Não acredito. – murmurei apertando meus passos. – Você está querendo me encrencar?

– Claro que não. – Cato parou na porta, colocando a cabeça pra fora, olhando os dois lados do corredor. – Só estou tentando ajudar. – ele fez um sinal com a mão, pedindo que eu o seguisse, e assim o fiz.

Andei pelo corredor deserto atrás de Cato, parando assim que o mesmo parou, e virou em minha direção.

– Aqui só é usado para a detenção, que acontece depois do horário de aula. – começou a dizer se referindo as salas vazias. – Então é completamente vazio antes disso.

– E como faço para chegar até a sala dos professores? – questionei, olhando para os lados, e voltando a encara-lo.

– Antes preciso te perguntar uma coisa. – ele deu um passo em minha direção, fazendo-me franzir o cenho. – Na verdade quero pedir um conselho. – Cato coçou a nuca.

Acendi o visor do celular, constatando que eu tinha alguns minutos de sobra. Voltei a olha-lo, colocando o aparelho no bolso da calça.

– Pode falar. – cruzei os braços, aguardando.

Cato abriu um pequeno sorriso, coçando a parte de trás da cabeça.

– Eu tô afim de uma garota, e não sei se eu teria chances com ela. – falou rapidamente.

– Você está me pedindo conselho sobre garotas? – questionei confusa.

– Você é a professora mais jovem daqui. Você lembra como é complicado estar no colegial. – se justificou, colocando as mãos nos bolsos da frente de sua calça jeans de lavagem escura.

– Mas sou péssima com esse assunto. – falei dando um sorriso sem muita vontade. – Bom. Você não me parece ter dificuldades em se comunicar. – suspirei. – Fale com a garota.

– Então. É que ela é mais velha do que eu. – Cato encolheu os ombros.

Ergui uma sobrancelha.

– O quanto mais velha? – questionei baixo.

– Quantos anos você tem? – perguntou pensativo.

Abri a boca, mas nenhum som saiu, enquanto meus olhos se estreitavam pela surpresa.

– Fui direto demais? – Cato indagou ao notar que eu não falaria nada. – Desculpa. Eu acho. – ele coçou a nuca novamente. – Eu só queria que você soubesse disso. Sei que é errado, mas logo eu faço dezoito anos e eu...

– Que coisa mais feia, Ludwig. – uma voz feminina me fez finalmente sair do estado de choque. Atrás dele consegui enxergar Cressida, que era acompanhada por Clove. – Dando em cima da professora? – ela se aproximou, passando por ele.

As duas pararam ao meu lado, encarando Cato que havia fechado a cara para elas.

– Não sei porque ainda tenho esperanças que você vai se endireitar, Cato. – Clove falou cruzando os braços. – E você deveria andar mais com professores do que com os alunos. – ela se dirigiu a mim.

– Quieta, Clove. – Cressida ralhou com ela. – A professora Everdeen é legal demais para andar com outros professores. – Cressida ainda encarava Cato. – Mas também não merece ter um idiota desse como companhia.

– Acho que vocês não deviam se meter. – Cato disse encarando-as de volta, com uma certa raiva no olhar.

– Você é quem não devia se meter com a professora Everdeen. – Cressida retrucou. – Você devia saber que não é com ela que você irá resolver isso, caso essa cena chegue aos ouvidos de outra pessoa.

Franzi o cenho novamente, mais confusa do que antes.

– Como assim? – Cato questionou.

– Professor Mellark. – ela respondeu, me fazendo arregalar os olhos.

– Chega. – me manifestei finalmente, recebendo os três pares de olhos sobre mim. – Você só pode ter perdido o juízo. – me dirigi a Cato. – Não importa quantos anos você tenha ou vá fazer, eu não poderia me relacionar com um aluno. E nem quero. – as palavras saíram rapidamente da minha boca. – Então não espere uma atitude diferente da minha parte, Cato, porque você não a terá. – respirei fundo, olhando para as duas ao meu lado. – E obrigada pelo apoio, apesar de saber que tudo se resume a raiva que as duas parecem sentir por ele. – suspirei. – Eu realmente não devia andar por ai com alunos. – murmurei mais para mim do que para os outros três. – Agora, vocês. – apontei Cressida e Clove. – Me levem até a sala dos professores, porque mal sei onde estou. E você. – olhei para o Cato. – Esqueça essa besteira. Ou melhor. Esqueçamos essa besteira. Nós quatro. – falei, passando por Cato, e ouvindo os passos das outras duas atrás de mim.

– Não sabia que você conseguia falar tanto com alguém. – Cressida comentou ao alcançar meu lado direito.

– Eu não sabia que ela conseguia falar algo que não fosse sobre autores mortos e livros empoeirados. – Clove disse alcançando meu lado esquerdo.

– E eu não sabia que alunos se metiam tanto na vida dos professores. – murmurei. – Me sinto uma adolescente perto de vocês. Isso é ridículo.

Cressida riu despreocupadamente.

– É porque sua idade é mais próxima da nossa, ao invés de ser próxima a dos outros professores. – respondeu.

Decidi me calar, seguindo as duas pelos corredores da escola. Cressida e Clove pararam imediatamente assim que Peeta surgiu a nossa frente, fazendo-me parar também.

– Onde estão indo? – perguntou curioso.

– Eu preciso ir. Vem comigo. – passei por Peeta. – Obrigada. – olhei de relance para as duas que permaneceram imóveis encarando minhas costas e as de Peeta que já havia se virado para me seguir.

– Qual é o problema? – questionou ao fechar a porta da sala dos professores.

Alcancei meu celular, para averiguar a hora. Tinha cinco minutos até o sinal bater. Respirei devagar, olhando ao redor, constatando que estávamos sozinhos. Me aproximei de Peeta, que pareceu confuso, mas não se moveu.

– O Cato disse que gosta de mim. – sussurrei.

O semblante de Peeta mudou completamente, e seu rosto se retorceu levemente em uma careta que parecia raivosa.

– Ele não fez nada com você, certo? – questionou com a voz grave, transparecendo preocupação, o que aumentou meus batimentos cardíacos.

– Não. – continuei a falar no mesmo tom. – Mas eu me sinto estranha. – resmunguei. – Eu sou a professora dele. E as duas meninas agem como se eu fosse uma colega delas. – mordi o lábio inferior.

– Isso vai mudar, Katniss. Assim que começarmos as nossas aulas. – sua voz soou mais mansa, e um sorriso torto surgiu em seus lábios. – Mas enquanto não muda, se quiser eu resolvo pra você.

– Não. Não precisa. – disse com pressa, lembrando-me que Cressida havia citado seu nome como se ele fosse meu protetor. Eu não queria um protetor. – Eu vou me virando. – esbocei um sorriso.

– Você vai ficar bem? – questionou se aproximando um pouco mais. – Suas bochechas estão coradas e nem é por minha culpa. – sua mão alcançou a lateral da minha cabeça, e seu polegar contornou o desenho da maçã esquerda do meu rosto. – Me prometa que se o Cato incomodar você, eu serei o primeiro a saber. – Peeta pareceu implorar.

– Prometo. – falei baixo, sem condições alguma para dizer o contrário.

O carinho em minha bochecha havia enlouquecido mais meu coração idiota, e eu só faltava precisar prender o ar para me controlar.

Peeta sorrio e curvou seu tronco lentamente, depositando um beijo casto na ponta do meu nariz, afastando-se em seguida, soltando sua mão ao lado do corpo.

– Hora de ir. – ele disse enquanto ouvíamos o sinal tocar. – Te vejo depois. – Peeta piscou com o olho direito e fez menção de passar por mim.

– Espera. – segurei seu braço, fazendo-o me olhar atentamente. – Não fale com Cato sobre o que te contei. – pedi.

– Por que acha que eu falaria? – indagou curioso.

– Algo me diz que além de falar, você tentaria resolver, mesmo que eu tenha pedido para que não faça. – falei baixo, soltando-o. – Apenas deixe pra lá. Não preciso de problemas.

– Tudo bem. – Peeta deu um sorrisinho sem vontade. – Vou indo. – ele abriu a porta e sumiu rapidamente por ela.

Soltei um suspiro, caminhando em direção ao meu armário, torcendo para que Peeta me desse ouvidos.

 

~||~

 

– Está preparada para a aula? – Peeta perguntou ao entrarmos na sala do segundo ano.

A escola estava silenciosa, parecendo restar apenas nós dois, mesmo que agora eu soubesse que do lado oposto havia algumas salas com alunos em detenção.

– Não muito. – respondi andando até a primeira carteira. – Mas depois de hoje mais cedo, vejo que não tenho muita escolha. – sentei, espalhando o que eu carregava ainda da última aula sobre a pequena mesa.

– Então espero que esteja pronta para fazer anotações. – Peeta andou até a mesa dos professores, abrindo a gaveta. – Porque você vai precisar.

– Acho que tem alguém empolgado demais. – peguei meu caderno que eu costumava usar para anotar sobre os conteúdos dados em sala de aula, abrindo-o nas últimas páginas.

– Você não sabe o quanto. – ele sorrio pra mim.

– Deu para notar. – peguei um lápis, voltando a atenção para ele. – Pode começar, querido professor.

Pude ouvi-lo rir, quando o mesmo se aproximou do quadro negro.

– Regra número um. Se achar necessário, grite com eles. – Peeta disse escrevendo no quadro negro com o giz que ele segurava. – Eles precisam se sentir intimidados. – completou, virando em minha direção.

Eu o observava, com as sobrancelhas ligeiramente unidas.

– Você sabe que não sei gritar com ninguém. – torci o nariz, batendo a ponta do lápis em meu caderno.

– Regra número dois. – ele ficou de costas para mim novamente, voltando a escrever no quadro negro. – Aprenda a gritar.

– Nossa. Que simples. Por que não pensei nisso antes? – falei com sarcasmo, erguendo uma sobrancelha.

Peeta voltou a me olhar, colocando o giz sobre a mesa. Com seus passos largos ele se aproximou de mim.

– Você quer aprender a gritar ou não? – questionou dando um sorriso torto.

– Como? – soltei o lápis duvidosa.

– Vou te deixar irritada. – disse simplesmente.

Ri baixo e neguei com a cabeça.

– Peeta. Eu nunca fico irritada de verdade. – cruzei os braços. – Por isso não sei gritar com ninguém. É mais fácil eu ficar chateada do que irritada.

– Então finja estar irritada. – ele apoiou as mãos sobre minha carteira e analisou meu rosto. – Consegue fazer isso?

Eu observei seus olhos azuis, que pareciam estar com expectativas demais sobre mim.

– Não. – falei baixo soltando um longo suspiro em seguida, fazendo-o franzir as sobrancelhas. – Eu não consigo fazer isso. Não adianta. – fechei o caderno que eu nem havia usado, começando a juntar minhas coisas.

– Onde pensa que vai? Eu não acabei. – Peeta ergueu sua sobrancelha direita e disse sério. – Você só sai daqui quando eu mandar.

Estreitei os olhos.

– É sério isso? – questionei.

– Sim. E se você não gostar, terei que trancar as portas. – ele se afastou cruzando os braços fortes sobre o peito.

– Você não faria isso. – coloquei-me de pé.

– Experimente tentar sair. – me desafiou com os olhos.

Franzi o cenho e lhe dei as costas, fazendo menção de andar, porém os braços de Peeta me agarraram pela cintura, e me puxaram contra seu corpo.

Resfoleguei, engolindo em seco, sentindo meu coração acelerar. Minhas costas estavam tão coladas em seu peitoral, que eu podia sentir cada vez que ele respirava.

– Eu disse que não é pra sair daqui. – Peeta sussurrou em meu ouvido, causando-me arrepios e me fazendo fechar os olhos.

– Essa aula está virando algo físico demais. – balbuciei tentando respirar, mas eu quase ofegava.

Ele me soltou, por isso abri os olhos rapidamente, enquanto ele me fazia virar, ficando de frente pra ele.

Peeta sorrio pra mim, e eu me sentia idiota por estar tão agitada.

– Não se sentiu nem um pouquinho irritada? – questionou.

Respirei devagar, tentando me controlar. Eu havia sentido tudo, menos irritação.

– Não. – respondi por fim. – Isso não vai funcionar.

– Temos muito para treinar. – ele riu baixo. – Mas prometo que dará certo. Não vou desistir em tentar te ajudar.

Mordi o lábio inferior, enquanto minha respiração finalmente voltava ao normal.

– Obrigada.


Notas Finais


Beijos ♥


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