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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 16


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Boa leitura *-*

Capítulo 17 - Capítulo 16


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 16

– Eu não vou usar fantasia, Peeta. – resmunguei, colocando água no copo sobre o balcão.

– E qual é a graça de estar em um baile de Halloween sem estar fantasiado? – questionou unindo levemente as sobrancelhas, pegando o copo que eu havia enchido. – Obrigado.

– Não é para ter graça. Somos supervisores e professores, não alunos. – deixei a garrafa de vidro sobre o mármore.

– Para de bancar a rabugenta. – ele retrucou depois de beber sua água. – Eu estarei fantasiado amanhã, e espero que você também esteja, ou então eu vou...

– Você vai...? – o encorajei, desafiando-o a continuar.

– Você saberá caso não vá ao menos com uma máscara. – Peeta deu um sorriso torto.

Os dias se passaram rapidamente. Já era dia vinte e seis de outubro. Eu e Peeta estávamos mais próximos do que antes, o que me dava certa liberdade com ele, então nem é preciso citar como a liberdade de Peeta havia se duplicado comigo desde então.

Nossas aulas haviam acontecido poucas vezes, já que precisamos nos ocupar com os preparativos do baile, ajudando a coordenadora com os alunos.

Peeta frequentava meu apartamento ao menos duas vezes por semana, pois meu pai fazia questão de sempre estar convidando-o, o que já não me incomodava mais, afinal de contas, o último contato físico que havíamos tido de forma que ultrapassasse os limites de amizade, havia sido na primeira aula, quando ele me puxou e quase enlouqueceu meu coração.

– Estão nessa discussão ainda? – meu pai perguntou ao aparecer na cozinha.

– Jared. Fala pra sua filha que o legal do Halloween é a fantasia, por favor? – Peeta pediu.

– Filha. – meu pai me olhou, fazendo-me rolar os olhos. – O legal do Halloween são as fantasias. – ele riu ao terminar de falar.

– O senhor está virando um traidor quando se trata do Peeta. – resmunguei.

– Claro, benzinho. Olhe pra mim. – Peeta piscou com seu olho direito.

– Do que estamos falando? – Annie invadiu o apartamento, sendo seguida por Finnick.

– Que o legal da fantasia é o Halloween. – Peeta se embaralhou nas palavras, me fazendo rir. – Não. Ao contrário. O legal do Halloween são as fantasias. – se corrigiu rindo comigo.

– Concordo. – Finnick se manifestou fechando a porta. – E os doces também. – ele disse carregando algumas sacolas, vindo em direção a cozinha. – Mal vejo a hora de ter filhos, para que eles peguem doces e tragam pra mim.

Annabelle o encarou com os olhos semicerrados, mesmo que o mesmo estivesse de costas, se ocupando em colocar o que ele carregava, sobre a pia. Ela permaneceu encarando-o, parecendo absorta no que fazia, o que me deixou levemente curiosa, mas decidi não me manifestar.

Pelo menos não agora.

– O jantar em família mudou pra hoje? – perguntei confusa.

– Sim. Papai não te avisou? – Annie perguntou, voltando sua atenção pra mim.

– Não. – eu o olhei, notando que o mesmo tinha um sorriso culpado.

– Então é melhor eu ir. Não quero atrapalhar. – Peeta desencostou do balcão.

– Você não vai embora. – Annabelle o encarou. – Na verdade é legal que esteja aqui.

– Isso mesmo. – meu pai disse. – Fique. Logo Madge e Gale estão por ai.

Meus olhos se tornaram agitados, enquanto eu entreolhava entre minha irmã e meu pai. Eu olhei em direção a Peeta, notando que o mesmo já me olhava.

– Posso falar com você? – ele me perguntou.

– Claro. – falei baixo e levemente sem graça, olhando ao redor. Com a casa cheia era difícil ter privacidade. Respirei devagar. – Venha comigo. – pedi caminhando pelo corredor.

Peeta me seguiu, enquanto entravamos em meu próprio quarto. Fechei a porta, virando-me em seguida para olha-lo. Ele estava parado bem no meio do cômodo, olhando curiosamente pelos cantos parecendo analisar minhas coisas.

– Quer falar sobre o quê? – questionei para chamar sua atenção.

Ele me olhou dando um sorriso torto.

– Você sabe que apesar de eu ser cara de pau, não quero invadir seu espaço, certo? – perguntou me observando atento demais com seus olhos azuis.

– Sei sim. – falei baixo, cruzando os braços. – O que tem isso?

– Eu gosto de estar com você, e com sua família, mas preciso saber o quanto se sente à vontade com isso. – ele falou devagar.

– Por que isso agora? – perguntei. – Você vem aqui toda semana.

– Porque só hoje notei seu olhar de espanto quando disseram que comeriam todos juntos e eu era um convidado. – Peeta deu um pequeno sorriso. – Seria a primeira vez desde seu aniversário que eu estaria presente com todos eles.

Suspirei, descruzando os braços e caminhei até ele.

– Eu gosto da sua companhia. – disse olhando em seus olhos. – E fico feliz em saber que minha família gosta de você. Foi uma reação exagerada da minha parte. Desculpa.

Peeta estendeu a mão, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Certeza? Eu não vou ficar chateado se disser algo diferente disso. – ele deu um sorriso torto, acariciando minha bochecha com o polegar.

Mordisquei a parte interna do meu lábio inferior.

– Sim. Tenho certeza. – falei baixo. – Eles já te consideram da família.

– E você? – questionou.

– Prefiro não dizer em voz alta. As coisas costumam dar errado quando eu faço isso.

– Como assim? – ele franziu as sobrancelhas.

– Se eu disser o quanto você significa pra mim, algo pode estragar tudo, como sempre vem acontecendo em minha vida. – falei baixo, dando um sorrisinho. – Você tem sido um ótimo amigo, um ótimo professor, e eu gosto de você. Mas não te direi o quanto. – senti minhas bochechas esquentarem.

– Mas você gosta de mim o suficiente para ir fantasiada amanhã? – perguntou com um sorriso pidão.

Acabei rindo baixo, balançando a cabeça devagar.

– Ultimamente eu não consigo dizer mais não, pelo menos quando se trata de você e sua insistência. – suspirei. – Vou arranjar alguma coisa.

Peeta sorrio e me abraçou pela cintura, tirando-me do chão.

– Para com isso. – resmunguei, mas acabei gargalhando quando o mesmo me girou no ar. – Me solta.

– Seu desejo é uma ordem. – zombou, parando para me colocar no lugar.

Cadê aqueles dois? Estão se pegando lá dentro? – a voz de Madge do lado de fora me fez congelar.

Minhas bochechas esquentaram mais, enquanto Peeta me lançava um sorriso presunçoso.

– Sua família acha que a gente fica se pegando por ai? – questionou.

– Madge é sem noção. – falei baixo. – Isso porque nem sabe sobre o beijo.

– Beijo? Que beijo? – Peeta franziu o cenho. – Não lembro de beijo nenhum.

– Como assim não lembra? – murmurei envergonhada.

– Não lembro. – ele se aproximou, me fazendo arregalar levemente os olhos, enquanto ele se curvava em minha direção. – Deixa eu testar minha memória. – sussurrou a centímetros do meu rosto.

Meu coração acelerou e minhas mãos adquiriram um leve tremor. Continuei petrificada, encarando seus olhos azuis que pareciam sorrir para mim, enquanto suas mãos seguravam minha cintura.

Minha respiração estava alterada, fazendo meu peito subir e descer com certa força. Meu estomago parecia dar cambalhotas, e minhas mãos passaram a tremer um pouco mais ao notar que os olhos de Peeta haviam se escurecido como da outra vez.

Suas mãos me apertaram com certa força antes dele me soltar, e dar alguns passos para trás.

– Acho que lembrei do beijo. – Peeta deu de ombros despreocupadamente. – Sabor maracujá. – ele sorrio, piscando pra mim.

Permaneci parada, tentando controlar meu corpo, enquanto o encarava desacreditada.

– Você é um idiota. – soltei as palavras devagar.

E então veio em minha mente o que Annie e Gale haviam dito no dia em que saí com Peeta. Eu realmente mal usava essa frase, e agora estava usando-a com ele. Meu coração voltou a acelerar, e um certo desespero tomou conta de mim.

Peeta, que estava pronto para retrucar ou fazer alguma piada com o que eu havia dito, franziu as sobrancelhas.

– Você está bem? – perguntou.

Engoli em seco, piscando algumas vezes.

– Sim. Vamos... Vamos pra lá. Ajudar. Ajudar no jantar. – gaguejei. – Ou melhor. Vai na frente. Eu já te alcanço.

– O que houve, Katniss? – Peeta se aproximou novamente. – Se foi pela brincadeira, desculpa.

– Não. Tudo bem. – dei um sorriso fraco. – Eu só estou um pouco enjoada. Preciso encontrar um remédio para o estomago. Está tudo bem. – virei, abrindo a porta do quarto. – Diga a eles que eu já vou.

Peeta me analisou por alguns segundos, antes de se mover.

– Se precisar, me chama. – ele disse baixo, beijando minha testa, antes de sair.

Fechei a porta, virando a chave algumas vezes, para me trancar dentro do quarto. Minhas costas tocaram a madeira, e meus olhos se fecharam com força exagerada, enquanto eu sugava o ar com certa urgência pela boca.

Aquela frase não significava nada. Annabelle e Gale estavam completamente errados sobre isso. Era apenas uma frase. Apenas uma frase.

Fechei a boca para tentar regularizar a respiração usando somente o nariz.

Droga. Se era apenas uma frase, por que eu estava entrando em pânico? Seria por que eu tenho medo suficiente para não aceitar que eu sinto algo a mais por Peeta?

Duas batidas na porta me fizeram dar um pulinho de susto. Abri os olhos.

– Quem é? – perguntei.

Gale. – meu amigo respondeu.

Respirei fundo, antes de me afastar para abrir.

– Parece que voltamos alguns meses atrás, e você vai fazer sua prova final da faculdade. – ele disse assim que me viu. – O que aconteceu aqui? Peeta estava estranho quando apareceu na sala.

– Ele estava? – perguntei, mordendo meu lábio inferior.

– Sim. Na verdade, ele mal falou comigo e com Madge. Apenas disse que você estava enjoada, mas que logo apareceria. Depois foi ajudar Annie e Finnick no jantar. – Gale explicou. – O que aconteceu nesse quarto, Catnip?

– Nada. – falei baixo, passando a mão por meus cabelos, tentando ajeitar minha franja rebelde. – Deixa pra lá. Vamos. – passei por ele, fechando a porta do quarto, e caminhando em direção a sala.

 

~||~

 

– O que aconteceu, Niss? – Annie sussurrou, parando ao meu lado, enquanto eu ensaboava um dos pratos. – O clima pareceu tenso entre você e o Peeta. Ele mal falou durante o jantar.

– Não aconteceu nada. – falei baixo, já que os homens estavam na sala assistindo um reprise de futebol americano.

– Aconteceu sim. – Madge se meteu. – Conhecemos você.

– Se me conhecem deviam saber que não adianta perguntar. – enxaguei o prato, entregando para Annie secar.

– Deixa de ser chata. – minha irmã resmungou, passando o prato seco para Madge guardar.

– Se quer falar tanto sobre acontecimentos, por que não nos conta sobre a olhada feia que você deu ao Finnick, quando ele falou sobre filhos? – perguntei direta, encarando Annabelle, que havia paralisado. – Vamos lá, Annie. Não é gostoso falar da vida dos outros? Vamos falar da sua. – falei enérgica com certa irritação.

Madge havia parado o que estava fazendo para também encarar Annie.

– Isso não diz respeito a vocês. – ela respondeu em tom baixo.

– Ah, é mesmo? – falei fingindo piedade. – Por favor, né? – fechei a torneira para encara-la melhor. – Você se mete na minha vida o tempo todo. Conta logo.

Annabelle suspirou, desviando os olhos para o chão, enquanto apertava o pano de prato com certa força.

– Finnick quer ter filhos, mas eu não quero isso agora. – murmurou. Eu e Madge trocamos olhares, antes de voltarmos a olhar minha irmã que ainda estava cabisbaixa. – Só que ele anda chato com esse assunto. Fica me jogando indiretas, e me provocando. – Annie ergueu seus olhos verdes em nossa direção. – E toda vez que isso acontece, a gente acaba brigando.

– Finnick briga com você? – perguntei incrédula.

– Não. Meu marido é um amor. Eu quem brigo com ele. – sussurrou. – Eu estou cansada de brigar com o Finn.

– Então pare. – Madge sugeriu dando levemente de ombros. – Explique de maneira adulta, porque não quer um bebê agora, e ele vai entender. Finnick Odair é a pessoa mais compreensível que eu conheço, Annie. – a loira disse baixo. – Ganha até do Gale.

Annabelle deu um pequeno sorriso para Mad, afirmando com a cabeça devagar.

– Vou tentar. – ela me olhou. – Sua vez de falar.

– Nem que o papai me peça. – voltei a virar meu corpo, retornando a minha tarefa de lavar louça.

– Olá, meninas. – a voz de Peeta fez meu estomago gelar. – Por que não me deixam ajudar a Katniss? – pediu.

– A vontade. – minha irmã respondeu, e pude ouvir as duas se afastando.

– Se sente melhor? – perguntou ao parar do meu lado.

Virei o rosto para olha-lo, notando que ele não sorria como sempre fazia.

– Um pouco. – esbocei um sorriso, voltando a olhar para a frente.

Peeta se calou, enquanto me ajudava, finalizando toda a arrumação da cozinha em poucos minutos.

– Eu preciso ir. – virei para olha-lo, recebendo o pano de prato que ele estendia em minha direção. – Você pode me acompanhar até lá fora? – perguntou.

Afirmei devagar com a cabeça, secando minhas mãos, e jogando o pano de qualquer jeito sobre a mesa.

Enquanto Peeta se despedia, eu andava para o lado de fora do apartamento, esperando-o no corredor. Minha cabeça havia voltado ao momento em meu quarto, e minha frase, que havia causado certo desconforto a mim mesma, apenas pelo medo do que ela realmente significava em meu vocabulário.

Suspirei, encostando-me na parede, e fechando os olhos. Segundos se passaram, até eu ouvir passos anunciando que alguém também saia.

Logo dei de cara com Peeta que parava a minha frente.

– Não está chateada comigo, está? – questionou.

Analisei seu rosto devagar. Seu pequeno sorriso que tinha uma leve ponta de preocupação era perfeito. Seus olhos azuis, mesmo agitados, eram os mais bonitos que eu já tinha visto. Sua barba que estava um pouco mais curta do que o normal, já que ele havia a raspado alguns dias atrás, parecia deixa-lo ainda mais lindo. Meu coração batia descompassado no peito apenas por observa-lo, e então eu soube.

– Não conseguiria me chatear com você. – me aproximei. – Até amanhã. – falei baixo, ficando nas pontas dos pés para beijar sua bochecha, porém alcancei apenas seu maxilar, o que foi suficiente para causar um sorriso nos lábios de Peeta.

– Até amanhã, pequena. – ele apoiou a mão em meu ombro, curvando-se em minha direção. Peeta beijou minha testa, e desceu os lábios até a ponta do meu nariz. – Durma bem. – falou ao se afastar.

– Você também. – dei um pequeno sorriso, vendo-o lançar um último sorriso pra mim, antes de me dar as costas e caminhar corredor a fora.

Eu estava realmente apaixonada por Peeta, contudo, isso me deixava amedrontada.

Quanto mais gostamos de alguém, torna-se cada vez mais difícil se reconstruir quando a vida decide levar-nos por outros caminhos.

E eu sabia que a partir do momento que eu me rendesse a esse sentimento, tudo se tornaria mais intenso e mais frágil para alguém como eu, que vivia trancada em meu próprio mundo, sem ao menos saber demonstrar verdadeiro afeto pela própria família.

Suspirei, desencostando-me da parede, caminhando em direção ao meu apartamento.

“Fico com medo. Mas o coração bate. O amor inexplicável faz o coração bater mais depressa.”
​– Clarice Lispector.


Notas Finais


Beijos ♥


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