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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 21


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Oioi gente.
Capítulo está todo em itálico porque tudo são lembranças da Katniss.
Boa leitura.

Capítulo 22 - Capítulo 21


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 21

Seus olhos se abriram rapidamente, tendo em vista o teto branco com algumas estrelas que brilhavam no escuro. Katniss havia notado uma fresta na cortina, que permitia que os raios solares da manhã invadissem minimamente o quarto. Um sorriso surgiu instantaneamente em seus lábios assim que sua cabeça começou a funcionar. Dia sete de setembro finalmente havia chegado.

Sentou-se na cama, jogando suas pernas para fora, e em um salto, seus pés já tocavam o piso frio. Seu olhar caiu sobre sua irmã que dormia tranquilamente, e seu sorriso apenas aumentou quando se aproximou de sua cama.

– Annie. Acorda. – Katniss a chamou, cutucando seu braço. Annabelle se mexeu, mas não abriu os olhos. – Acorda. – cutucou novamente com um pouco mais de força.

– Me deixa dormir, pirralha. – sua irmã resmungou, ficando de costas para ela, e cobriu sua cabeça com o cobertor.

Katniss bufou colocando as mãos na cintura e passou a bater o pé direito no chão.

– Não me chama de pirralha. – retrucou se aproximando mais. – Acorda! – com sua mão, sacudiu o ombro da irmã, várias vezes.

– Argh. Para de ser chata. – Annie falou nervosa, saindo para fora do cobertor e sentou-se na cama. – Não podia esperar um pouco? – perguntou esfregando seus olhos com os nós dos dedos.

– Não. Você prometeu que acordaria comigo. – Katniss cruzou os braços. – Você esqueceu? – sua voz saiu chorosa, e sem que ela percebesse um pequeno bico havia se formado em seus lábios rosados.

Sua irmã abaixou as mãos, e passou a observa-la, enquanto fazia um coque desajeitado em seus próprios cabelos ruivos.

– Claro que não. – um sorriso nasceu nos lábios de Annabelle, enquanto ela levantava e se aproximava da irmã mais nova, que ainda estava emburrada. – Parabéns, Niss. – seus braços passaram ao redor de Katniss, apertando-a em um abraço forte. – Dez anos, hum? – Annie disse, fazendo a caçula sorrir.

– Será que o papai e a mamãe já acordaram? – perguntou eufórica quando Annabelle a soltou.

– O papai com certeza. – a ruiva sorrio. Ela ergueu seus olhos, parando-os na porta. – O que faz aqui?

– Era surpresa. – Gale resmungou, fazendo Katniss virar com pressa. O garoto sorrio, e abriu os braços. – Parabéns, Catnip.

A garota de cabelos loiros não perdeu tempo e se jogou nos braços de seu melhor amigo. Ela ainda sorria quando Gale a soltou.

– Como veio? – Katniss perguntou.

– Seu pai pediu para minha mãe. – ele deu de ombros. – Ah, ele está te esperando.

O sorriso da garota apenas se alargou, enquanto passava por Gale. Ela sabia que ele e sua irmã a seguiriam, por isso não se preocupou em chama-los.

– Papai? – falou ao parar na sala.

Jared surgiu sem que ela visse, e a pegou no colo com facilidade, fazendo-a rir.

– Parabéns, princesa. – ele sorrio beijando seu rosto.

Katniss apenas sorria, abraçada ao pescoço de seu pai.

– A mamãe acordou? – perguntou olhando em direção ao corredor, e voltou a olhar Jared.

– Na verdade ela foi comprar seu presente. – segredou no ouvido da filha mais nova, que arregalou os olhos e sorrio, sentindo lágrimas de alegria se formarem.

– O Gale vai com a gente, papai? – Annie perguntou observando-os.

– Claro que vai. Ele é da família. – Jared sorrio, colocando Katniss no chão. – Estão preparados para conhecer o Canadá?

– Sim, eu quero tanto ver um alce. – a aniversariante falou empolgada.

A viagem ao país vizinho era rápida, considerando que Detroit fazia fronteira com a cidade de Windsor, Canadá, sendo separadas apenas pelo rio Detroit. A distância era de quase quinze minutos usando um carro, e mesmo assim a família de Katniss nunca havia estado lá. Por isso seus pais haviam prometido que em seu aniversário de dez anos, ela conheceria uma pequena parte do país, e até mesmo passariam o dia todo em busca do tão sonhado alce que Katniss gostaria de ver. A garota não podia estar mais eufórica como estava naquele momento.

– Vai ter bolo? – Annie perguntou.

Katniss olhou o pai em expectativa.

– E desde quando eu deixei uma de vocês sem bolo? – ele sorrio, piscando para as filhas.

– Vai ser o melhor aniversário de todos. – a garota deu um sorriso sonhador, unindo suas mãos e entrelaçou seus dedos, apoiando seu queixo sobre eles. – Podemos fazer panquecas para esperar a mamãe voltar? – pediu ao pai.

– Ótima ideia. – Jared concordou ainda sorrindo. – Traga meu óculos, por favor, filha. – se dirigiu a Annie, enquanto ia para a cozinha.

– Tá. – a garota ruiva correu pelo corredor.

Gale e Katniss seguiram Jared para a cozinha.

– Será panquecas com quê? – perguntou aos dois que pareciam sua sombra.

– Com chocolate. – Katniss lambeu os lábios.

– E você, Gale? – Jared perguntou ao garoto que estava silencioso.

– O aniversário é dela, tio. Ela que manda. – ele deu de ombros. – Só quero comer.

Jared riu e começou a juntar os ingredientes sobre a pia.

– Papai. – a voz de Annabelle chamou a atenção dos três. – Olha... – ela se aproximou, fungando baixo. – Eu achei isso no armário onde fica as coisas da mamãe.

Jared se virou, mas antes que ele alcançasse o papel das mãos da filha mais velha, a mais nova já havia feito isso.

– Devolva isso, Katniss. – Jared pediu.

– Não. – ela falou se afastando dos outros para tentar ler.

Mesmo criança, Katniss tinha plena consciência de que sua irmã não chorava por qualquer coisa, por isso, seu coração infantil sabia que boa coisa não era.

“Jared. Sei que você não vai entender meus motivos, por isso não tentarei me explicar ou defender minha conduta por fazer isso com você, e com as meninas. Eu estou indo embora, e como eu sabia que você tentaria me convencer a ficar por elas, preferi mentir e deixar tudo para trás. Sinceramente, não espero por perdão. Não se preocupe, eu realmente estou saindo da vida de vocês, então, em hipótese alguma tentarei tira-las de você. Dê parabéns a Katniss por mim, e diga que sinto muito pela viagem. Manoela.”

Depois de se esforçar para ler tudo, a garota simplesmente soltou o papel, deixando-o planar e cair no chão, assim como as grossas lágrimas, que rolavam por suas bochechas, sentindo a dor da perda, do abandono e da decepção em seu peito, que mesmo tão pequeno, parecia caber tantos sentimentos doloridos.

Jared alcançou o papel e começou a lê-lo, apertando os olhos pela ausência de seu óculos. Katniss se aproveitou da distração do pai para correr em direção ao quarto e se trancar lá dentro.

Ela entendia que sua mãe não voltaria, mas não entendia como ela tinha coragem de abandona-la. A garota amava a mãe tanto quanto amava o pai, e seu coração não conseguia compreender a dor que apenas aumentava, enquanto as lágrimas caíam de seus olhos.

– Filha. – Jared chamou, batendo na porta. – Abra pra mim, princesa.

Ela havia sentado em sua própria cama, balançando os pés pra frente e pra trás, soltando pequenos soluços baixos.

– Katniss. – seu pai chamou, encostando a testa contra a porta, sentindo os olhos arderem.

Ele não tinha culpa alguma do que estava acontecendo. Sua esposa nunca havia dado indícios de que faria aquilo. Para Jared eles eram uma família consideravelmente feliz, tirando coisas estressantes do cotidiano. Ele amava as filhas, amava Manoela, amava poder cuidar das três, e não fazia ideia de que um dia precisaria passar por aquilo. Que precisaria tentar consolar suas filhas por terem sido abandonadas pela própria mãe, que não tinha dado nenhuma explicação plausível para tal ato.

Annabelle já tinha seus quinze anos e compreendia melhor sobre relacionamentos do que Katniss. Claro que não entendia por que sua mãe tinha ido embora, mas sabia que a confusão na cabeça de “Niss” seria maior do que a que se formava na dela. Por isso, ela mesma tomou a iniciativa de se soltar dos braços do pai ao notar que Katniss não estava mais na sala. Annie quem lhe avisou, e lhe assegurou que ficaria bem, mas que sua irmã precisava dele.

Katniss saltou da cama e virou a chave, abrindo a porta. A garota não disse nada quando seu pai agachou e a abraçou com força. Ela havia agarrado seu pescoço, enquanto seu choro se intensificava.

– O senhor não vai me deixar também, vai? – murmurou com a voz abafada, já que seu rosto estava no ombro esquerdo de Jared.

Ele sorrio tristemente.

– Não, filha. Jamais vou deixar você ou sua irmã. – falou baixo, tentando conforta-la, acariciando suas costas com uma das mãos. – Eu vou cuidar de vocês, Katniss. Eu não vou te deixar sozinha. – Jared beijou os cabelos loiros da filha.

Katniss fungou baixo.

– Por que ela foi embora, papai? – perguntou chorosa, se afastando para ver o rosto de Jared.

– Eu não sei, Katniss. – falou soltando um suspiro. – Eu realmente não sei.

 

~||~

 

– Eu não quero contar. – murmurei baixinho, sentindo minhas bochechas quentes e minhas mãos tremerem.

– Anda, Niss. Não vai doer. – Annabelle disse cruzando os braços.

– Eu não quero falar, Annie. – resmunguei fechando os olhos com força e tampando meu rosto com as mãos.

– Você precisa me contar o que aconteceu, Katniss. – ela disse com certa impaciência. – Eu prometo que não vou fazer comentários.

Abaixei as mãos e abri os olhos, suspirando.

– Você vive prometendo coisas, mas sua língua sempre te impede de cumprir. – acusei.

– O que está acontecendo aqui? – meu pai entrou no quarto, alternando seu olhar entre mim e minha irmã.

– Katniss não quer me contar sobre... – minha irmã se calou, já que eu praticamente a queimava com os olhos.

Eu tinha certeza que Annabelle já sabia o que eu tanto insistia em não falar. Ela sempre foi esperta, e talvez, Annie tenha dado falta de algo em sua bolsa.

– Sobre o quê? – meu pai perguntou curioso.

Nós duas permanecemos caladas. Ele sorrio e negou com a cabeça.

– Annie. Deixa eu falar com sua irmã. – pediu se aproximando e sentou ao meu lado, na beirada da minha cama.

– Mas papai... – ela começou, pronta para retrucar.

– Por favor, filha. – pediu.

Annabelle suspirou e saiu do nosso quarto, fechando a porta.

– O que foi, princesa? – ele perguntou docemente, estendendo a mão pra tocar meus cabelos.

– O senhor sabe que eu já tenho doze anos, e que não gosto desse apelido, né? – falei baixo.

Meu pai riu, e abaixou a mão.

– Sim. Eu sei. – ele me analisou. – Quer me contar o que aconteceu?

Neguei devagar, olhando meus pés, que se moviam pra frente e pra trás. Meu pai ficou em silêncio, o que me fez olhar em sua direção. Ele tinha sua cabeça virada pra mim, mas não me olhava diretamente, parecendo perdido em pensamentos. Logo algo pareceu iluminar seu rosto, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

– Acho que já sei. – falou baixo, olhando pra mim.

– O quê? – uni as sobrancelhas.

– Acho que você realmente devia ter essa conversa com Annie e não comigo, filha. – ele suspirou. – Mas tem algo a ver com... Você virar mocinha? – perguntou baixo.

Corei instantaneamente. Voltei a encarar meus pés, que se moviam novamente. Meu pai estava certo, mas eu não sabia lidar com aquilo. Normalmente uma mãe quem dá instruções para a filha nessa situação. Eu tinha Annabelle, mas as vezes ela era tão intrometida, que eu tinha medo de contar o que se passava comigo. E eu amava meu pai, porém eu sabia que certas coisas, talvez ele não soubesse me responder, e eu também, não teria coragem de perguntar.

– É isso, Katniss? – questionou.

Afirmei devagar com a cabeça, questionando em pensamento, como ele havia descoberto tão fácil. Senti seu braço passar sobre meus ombros, e um beijo foi dado levemente no topo da minha cabeça.

– Eu sinto muito por ter que compartilhar isso comigo. – murmurou. – Mas sou seu amigo, filha. – ergui os olhos em sua direção. – Mesmo que sejam coisas de garotas, se você não se sentir confortável com sua irmã que fala demais, eu estou aqui pra você. – meu pai abriu um pequeno sorriso. – O que eu não souber responder, prometo que vou procurar a resposta certa pra você.

O canto da minha boca se ergueu levemente em um sorriso de lado, mandando toda a vergonha embora. Eu confiava em meu pai mais do que em qualquer outra pessoa.

– Obrigada, papai. – mordi a parte interna do lábio inferior. – O que eu faço? – soltei quase em um sussurro.

Ele riu baixo.

– Vou marcar um médico pra você. – meu pai suspirou. – Minha caçula está virando uma mocinha. – ele negou com a cabeça.

– Para, papai. – resmunguei, corando.

Meu pai riu novamente, beijando o topo da minha cabeça.

 

~||~

 

– Papai. – entrei em nosso apartamento com pressa, batendo, sem querer, a porta com força.

– O que foi, Katniss? – ele perguntou vindo da cozinha, enxugando as mãos com um pano de prato.

Olhei ao redor, mesmo sabendo que Annabelle estaria trabalhando, apenas para me certificar de que estávamos a sós. Respirei fundo, segurando as mãos em frente ao corpo, entrelaçando meus dedos.

– Sabe o Michael? – falei baixo, sentindo meu nariz arder, enquanto eu encarava meus pés.

– O garoto que te pediu em namoro semana passada e você aceitou? – perguntou, me fazendo assentir com a cabeça. – O que tem ele?

Ouvi seus passos, que anunciavam que ele estava se aproximando.

Lágrimas se formaram em meus olhos, mas já fazia quase quatro anos que eu não chorava por nada, não seria Michael que me faria fazer isso.

Ergui os olhos para olhar meu pai, suspirando baixo.

– Ele ficou com outra garota no colégio. – murmurei, engolindo o nó que havia se formado em minha garganta.

Seus olhos se arregalaram levemente, depois se estreitaram.

– Quer que eu mande o Gale bater nele? – perguntou. – Eu não posso bater, mas o Gale faria o serviço, rapidinho.

Esbocei um sorriso. Com certeza meu melhor amigo faria isso. Porém eu não queria que Gale soubesse sobre Michael. Pelo menos não agora.

– Não, papai. – passei as pontas dos dedos contra meus olhos, retirando as lágrimas deles. – Eu só... Precisava te falar, porque... Dói. – falei baixo a última palavra.

Meu pai sorrio brevemente, jogando o pano de prato sobre o balcão de mármore, e segurou minha mão, puxando-me em direção ao sofá. Sentamos lado a lado, e eu o olhei atentamente.

– Você tem quinze anos, filha. Infelizmente isso vai acontecer algumas vezes ao longo da sua vida. – ele suspirou.

– Mas ele foi o primeiro cara que me beijou, meu primeiro namorado. – murmurei chorosa. – Como consigo quebrar a cara logo de primeira? – questionei.

Meu pai me analisou por alguns segundos.

– Você está apaixonada por ele? – perguntou.

Ponderei por alguns instantes, com as sobrancelhas franzidas.

– Não sei. Acho que não. – respondi finalmente. – Mas mesmo assim... Dói.

Ele sorrio.

– Eu sei que sim. Mas passa. Eu prometo. – meu pai beijou o alto da minha cabeça.

– Eu não quero mais namorar, papai. Nunca mais. – balbuciei.

– Nunca mais é muito tempo, Katniss. – ele riu. – Quando você se apaixonar de verdade, você vai esquecer essa promessa.

– Como vou saber se estou apaixonada por alguém? – perguntei curiosa.

Meu pai voltou a sorrir e se levantou.

– Quando eu achar que você chegou nesse ponto com algum rapaz, te aconselharei sobre isso. Eu prometo.

– E se o senhor não perceber? – levantei-me também, analisando meu pai.

– Não há nada que eu não conheça sobre você e Annabelle, filha. – ele respondeu, caminhando em direção a cozinha.


Notas Finais


Obrigada pelo apoio de todos.
Beijos seus lindos.
Amo vocês ♥


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