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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 40


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 41 - Capítulo 40


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 40

– Com licença, professora Everdeen. – a voz de Cressida me fez olhar em direção a porta da frente, onde ela havia acabado de bater e abrir. – Hora da entrega dos cartões do dia dos namorados. – ela sorriu movendo levemente o corpo, fazendo as asas de cupido balançarem em suas costas, e ergueu a cesta vermelha, enfeitada com corações, balançando-a na altura de seu rosto.

Acabei rindo com o ato, enquanto eu fechava o livro, que eu usava para ler um trecho para o segundo ano.

– Fique à vontade. – respondi, apoiando meu quadril em frente à mesa de madeira.

Os dias vinham passando rapidamente, e uma das datas que eu mais odiava no passado, havia chegado.

Dia quatorze de Fevereiro. Dia dos namorados.

Dia em que há entregas de cartões, flores, chocolates, declarações nas caixas de som da escola, no refeitório, e todo o resto, coisas que deixavam alguém solteiro, completamente desconfortável. Bom. Pelo menos foi assim comigo, durante toda minha adolescência, e até mesmo quando eu já estava na faculdade. Todo dia quatorze, eu estava sozinha, e consequentemente, não gostava de participar do ritual que contagiava a todos nesse famoso dia.

Porém, esse ano, seria diferente.

Apesar de eu ter odiado o fato de Annie ter cobrado no último fim de semana, um encontro duplo em pleno dia dos namorados, meu coração estava agitado e genuinamente feliz, desde que Peeta me acordou pela manhã, com um sorriso torto nos lábios, e um “eu te amo” sussurrado, enquanto ele me entregava um simples bombom de chocolate. Então, mesmo que aquela noite tivesse tudo para ser incomoda, lembrar que Peeta estaria comigo, fazia todo o resto se dissipar facilmente.

– Professora Everdeen. – Cressida chamou minha atenção, fazendo-me olha-la. Ela estava parada a minha frente, com um sorriso. – Acho que esse ano a professora de álgebra perdeu pra você.

Franzi o cenho, claramente confusa, até que olhei para a mão de Cressida que segurava um pacote considerável de cartões.

– O que é isso? – questionei.

– Cartões do dia dos namorados. – ela deu de ombros. – É comum os professores receberem cartões dos alunos, mas você bateu o recorde esse ano. – Cressida os colocou sobre minha mesa.

– Você contou quantos tem? – perguntei, ficando de costas para a turma para analisar a pequena quantia de corações feitos de cartolina sobre a mesa.

– Vinte e sete. – Cressida se aproximou, ficando ao meu lado. – Ano passado, a professora Cashmere recebeu dezenove. Apesar de ser um nojo, os meninos a acham bonita. – sussurrou a última frase.

– Então eu ganhei dela? – sussurrei de volta.

Cressida riu baixo.

– Até eu escreveria um cartão pra você, caso eu gostasse de garotas. – ela piscou pra mim.

– Informação desnecessária. – rebati, negando com a cabeça devagar e rindo silenciosamente. – Acabou suas entregas?

– Não. O mais importante ficou para o final. – Cressida olhou em direção a porta. – Clove! – ela chamou.

Logo a garota de cabelos negros entrou na sala, segurando um grande buquê de rosas vermelhas.

– Você devia estar assistindo minha aula. – cobrei Clove, que sorriu pra mim.

– Sou a cúpido ajudante. – explicou. – Isso é para você. – ela estendeu o buquê em minha direção.

– Você é a única a ganhar flores nessa sala. – Cressida comentou, enquanto eu acolhia as rosas contra meu corpo. – Imagina de quem seja? – ela sorriu de lado.

Mordi meu lábio inferior timidamente, colocando o livro que eu ainda segurava, sobre a mesa.

– Com certeza é do professor Mellark. – Clove disse, mas eu não a olhei.

Apesar de eu tentar nos manter com certa privacidade ainda, eu e Peeta não éramos mais novidade para ninguém.

– Se não for, temos um problema aqui. – Cressida disse divertida, deixando claro que ela quem havia recebido a entrega, enquanto eu alcançava o cartão branco que estava preso no meio das flores.

– Vocês não tem mais entregas para fazerem? – indaguei, virando o rosto para encara-las, ao notar o olhar curioso das duas no papel em minha mão.

– Talvez. – Clove deu de ombros.

– Então é melhor vocês irem. – sugeri, mostrando a porta com os olhos.

– Tudo bem. – Cressida disse vencida. – É que você e o professor Mellark são tão fofos juntos. Queria um pouco de romance nesse dia dos namorados, que não fosse de adolescentes imaturos. – reclamou.

Acabei rindo com o comentário.

– Andem, meninas. – insisti, e logo as duas me deram as costas, caminhando para fora da sala.

Ergui o bilhete, encontrando a letra levemente desajeitada de Peeta.

“Que tal um almoço a luz de velas? É válido? Só nós dois, e uma pizza. Tenho novidades. Te encontro no estacionamento depois da aula. – Peeta”.

Curvei a cabeça em direção as rosas, e inspirei devagar. Sem nem perceber, eu estava sorrindo.

 

~||~

 

– Isso tudo é seu? – Peeta perguntou, encarando o pequeno pacote de cartões em minha mão direita.

– Sim. – ajeitei o buquê em meu braço esquerdo. – Desculpe o atraso. Fiquei para tirar dúvidas de alguns alunos. – me justifiquei, dando um beijo casto nos lábios de Peeta, assim que ficamos próximos.

Ele entortou a cabeça na diagonal.

– Mas são seus mesmo? – insistiu na pergunta, ainda olhando para minha mão.

Rolei os olhos.

– A Cressida disse que é normal alguns alunos entregarem cartões para os professores, Peeta. Eu nem li ainda. – estendi o buquê para que ele segurasse, e logo ele o tinha nas mãos. Abri minha bolsa, jogando todos os corações de cartolina dentro dela. – Satisfeito, querido? – perguntei, pegando de volta as flores.

– Não muito. – Peeta coçou a nuca.

– Então você não recebeu nenhum cartão? – decidi perguntar, elevando a sobrancelha esquerda.

– Alguns. – ele deu de ombros. – Mas deve ter mais de vinte cartões ai.

– Vinte e sete. Cressida contou antes de me entregar. – dei um meio sorriso ao ver as sobrancelhas de Peeta se unirem. – Você fica tão lindo com ciúmes. – meu tom de voz saiu como se eu falasse com um bebê, e em seguida apertei sua bochecha. – Meu amorzinho. – continuei com o mesmo tom de voz quando notei que ele quase sorria. – Dá um sorrisinho pra mim.

– Céus, Katniss. – Peeta murmurou, soltando uma risada baixa em seguida. – Você tem se saído mais debochada do que eu. Credo. – ele fez uma careta, enquanto eu ria.

– E mesmo com todos esses cartões, o único que me chamou a atenção foi o seu. – falei, depois de transformar meu riso, em um sorriso. – Obrigada pelas flores.

Peeta sorriu, e se aproximou um pouco mais.

– É algo clichê, mas eu não consegui evitar. – respondeu. – Você gostou?

– Como não gostar, Peeta? – respondi com outra pergunta, sorrindo novamente.

Um vento gelado passou por nós, fazendo-me estremecer levemente.

– É impressão minha, ou até esse sol tá frio? – Peeta questionou.

Olhei ao nosso redor, até que meus olhos alcançaram um ponto mais distante. A alguns quilômetros, o céu estava completamente fechado, carregado com nuvens que variavam de um cinza claro para quase preto, porém, em meio a imagem quase monocromática, o sol tentava aparecer, com seus raios fortes e alaranjados, que deixava mais nítido a rajada de água que já caía naquele local.

– Acho que vai chover, querido. – comentei, ainda com os olhos no mesmo ponto.

– Percebi. – ele respondeu, fazendo-me olha-lo. Peeta olhava na mesma direção que eu estava olhando. – Pelo menos o sol nos dá esperança de que em algum momento vai esquentar.

Abri um pequeno sorriso.

– Sim. Podemos ver dessa maneira. – falei, recebendo seu olhar sobre mim. – É melhor nós irmos, antes que a tempestade nos alcance.

 

~||~

 

– Não achou que eu fosse te levar para algum lugar, com esse frio, né? – Peeta disse, ao colocar a caixa de pizza sobre a mesa da cozinha de sua casa.

– Não é o lugar que importa. – falei depois de me livrar da minha bolsa, e colocar o buquê de rosas sobre a mesa de centro. – E sim a companhia. – sorri ao olhar na direção de Peeta, que já olhava pra mim.

– Você está ficando boa com as palavras. – ele elogiou, com um sorriso divertido, aproximando-se de mim. – O que acha de fazer uma declaração de cinco minutos, dizendo o quanto eu sou incrível? – questionou, agarrando minha cintura, e trombando meu corpo contra o dele, fazendo-me resfolegar.

– Não vai dar. – respondi, depois de respirar calmamente. – Estarei ocupada nos próximos cinco minutos. – sorri timidamente, ao sentir que Peeta tirava meu grosso sobretudo.

– Ah é? – ele arqueou as sobrancelhas. – Ocupada fazendo o quê? – indagou.

Eu o ajudei a tirar meu sobretudo, e o joguei sobre o sofá. Voltei a encara-lo, e olhei para sua boca, vendo um sorriso torto aparecer. Acariciei seu nariz com o meu, dando um meio sorriso.

– Comendo. Estou morta de fome. – selei nossos lábios, antes de me afastar rapidamente, e passar correndo pelo outro lado da mesa de centro.

– Nem um beijo de verdade? – reclamou.

– Não. Quero pizza. E você prometeu que seria a luz de velas. – eu o lembrei, abrindo sua geladeira sem cerimônia. – Suco ou refrigerante?

– Suco. – Peeta respondeu. – Não será a luz de velas. Será a luz da lareira. Vamos comer por aqui mesmo.

Abri um sorriso, enquanto alcançava dois copos grandes e enchia com suco industrializado de laranja.

Olhei em direção a sala de estar, ao ouvir algo sendo arrastado. Peeta havia afastado a mesa de centro, deixando seu tapete felpudo completamente livre, e bem em frente à sua lareira a gás, que já havíamos usado em outras ocasiões.

O inverno em Detroit sempre foi frio demais. Em nosso apartamento, não tínhamos um aquecimento muito bom, por isso eu, meu pai e Annie sempre nos escondíamos no quarto de meu pai, que era o cômodo mais quente. Já na casa de Peeta, além do aquecedor funcionar perfeitamente bem, tinha o conforto de sua lareira, que era algo que eu adorava ficar observando queimar, enquanto nos esquentava.

– E então? Qual a novidade que você tem pra me contar? – perguntei, encarregando-me de pegar os copos, quando o vi alcançar a caixa de pizza.

– Vamos sentar primeiro. – sugeriu, colocando a caixa sobre o tapete, e sentou, repousando suas costas na parte de baixo do sofá.

Entreguei os copos para ele, e sentei-me ao seu lado.

– Anda, Peeta. – pedi, curiosa, ao vê-lo colocar os copos entre nós dois, e abrir a caixa de pizza.

Ele riu, e pegou uma fatia.

– Tudo bem. – Peeta me olhou. – Snow me chamou para conversar antes da primeira aula. – começou a falar, mordendo seu pedaço.

– E...? – instiguei para que continuasse.

– Você não estava morta de fome? – perguntou de boca cheia, depois de morder um pedaço maior de sua pizza.

– Agora eu estou curiosa. – retruquei, fazendo-o me olhar.

– Eu não devia contar. Nem me beijar você quis. – dramatizou, voltando a dar atenção para sua fatia.

Rolei os olhos.

– Você é muito chato. – resmunguei, pegando um pedaço na caixa. – Eu te beijo depois que me contar. – propus, mordendo a ponta da fatia.

Peeta voltou a me olhar.

– Quem garante? – indagou, dando um sorriso torto.

– Como se beijar você, fosse uma tortura pra mim. – voltei a retrucar, tirando a azeitona da minha fatia, e a coloquei de volta na caixa.

Pude ouvi-lo rir, mas não o olhei, já sabendo que eu estava corada.

– Conta logo. – insisti, mordendo um pedaço maior de pizza.

– O antigo treinador do time de basquete pediu demissão. Snow me convidou para substitui-lo. – Peeta soltou a informação.

Eu o olhei, e sem que eu percebesse, um largo sorriso havia se formado em meus lábios. Talvez fosse o fato de que meu namorado já me olhava com um sorriso lindo e brilhante.

Essa era sua paixão. Seria impossível não vê-lo feliz com um convite desses.

– Quando você começa? – perguntei animada.

– Eu não dei uma resposta ainda. – Peeta falou um pouco mais baixo, colocando o resto da fatia na boca.

Franzi o cenho.

– Por quê? – decidi perguntar.

Ele demorou a responder, enquanto mastigava, deixando-me mais curiosa.

– Porque eu não faria nada sem te consultar primeiro. – respondeu com a maior naturalidade do mundo.

Meus olhos se arregalaram levemente, e eu simplesmente perdi a fala, enquanto o fitava, com certeza com cara de idiota.

– Fiz mal? – Peeta indagou, parecendo inseguro.

– Não... Quero dizer. – balancei a cabeça em negativa devagar, tentando organizar meus pensamentos. Suspirei, colocando a metade da minha fatia dentro da caixa. – Achei lindo isso, Peeta. – dei um pequeno sorriso, voltando a olha-lo. – Mas você não precisa fazer isso, só porque estamos namorando.

– Minha vida gira em torno de você, Katniss. Não tomaria nenhuma decisão sem te consultar. Não seria eu mesmo, caso fizesse isso. – ele respondeu, dando um sorriso torto.

Analisei seu rosto devagar, deixando meus olhos estudarem desde suas sobrancelhas escuras, até os traços quadrados e fortes de seu maxilar, que vinha acompanhado de uma barba curta, porém bem desenhada. Seus olhos azuis estavam atentos a mim, como se esperasse que eu reagisse, e antes mesmo que meu cérebro assimilasse o que eu faria em seguida, eu o beijei, e prontamente fui correspondida.

Não era um simples beijo. Era quente, era desesperado, era intenso. Era algo que fazia todo meu corpo reagir de maneira estranha, como se pedisse para que eu me aproximasse mais de Peeta. Como se pedisse para que eu o sentisse mais perto de mim, e foi o que tentei fazer. Porém, assim que me movi para mais perto, no segundo seguinte, senti algo gelado, molhando toda minha calça.

Afastei-me rapidamente dele para olhar pra baixo. Os dois copos de suco haviam caído, sujando grande parte do tapete, da minha calça, e começava a chegar em Peeta.

– Acabei de estragar seu tapete. – murmurei, erguendo os olhos para encarar meu namorado.

Ele não olhava para baixo, e sim para mim. Seus olhos estavam escuros, e o ar escapava levemente por sua boca.

– Não tem problema. – Peeta respondeu por fim. – Onde estávamos? – questionou.

Mordi o lábio inferior, sentindo que minhas bochechas estavam coradas.

– Acho que em um beijo empolgado demais. – respondi timidamente.

Claro que não era a primeira vez que as coisas esquentavam entre a gente, afinal de contas, passávamos bastante tempo juntos, porém, Peeta sempre interrompia antes de ficar mais sério. Eu sabia que era pelo simples fato de eu demonstrar insegurança, e eu tinha certeza de que ele me respeitaria por isso. Mas pela primeira vez, eu não estava pensando. Apenas o beijei, e teria continuado, se não tivesse tomado um banho de suco de laranja.

– Quer voltar a me beijar? – perguntou em voz baixa, olhando em meus olhos.

Pisquei devagar, sentindo meu coração bater forte e acelerado no peito. Eu já estava raciocinando, e tinha acabado de travar completamente. Peeta seria minha primeira vez, e eu ainda corava apenas por receber seus beijos.

– Eu... Eu... – gaguejei. Minha respiração estava levemente descompassada, enquanto eu tentava formular alguma frase coerente. – Nós... – apertei meus lábios um contra o outro. – Estou nervosa. – confessei, fechando os olhos.

Ouvi sua risada baixa, mas não fiz questão de olha-lo.

– É só um tapete. – Peeta disse, mas algo dentro de mim me dizia que ele sabia que esse não era o motivo para eu estar gaguejando. – Acho que consigo limpa-lo. – senti que ele havia se aproximado, por isso ergui as pálpebras, recebendo seus olhos sobre mim. – Vai tomar um banho. – Peeta sorriu torto pra mim. – Terminamos a pizza depois, na cozinha. – ele beijou meus lábios rapidamente, e se colocou em pé.

Levantei também, ainda sentindo-me envergonhada a ponto de evitar olha-lo.

– Separei as duas últimas gavetas da minha cômoda para colocar as roupas que você deixou aqui. – Peeta disse, e eu acabei erguendo os olhos em sua direção. – Fica mais fácil pra você.

– Tenho minhas próprias gavetas? – perguntei timidamente.

Ele sorriu, antes de abaixar para pegar a caixa de pizza e os copos vazios.

– Tem sim. – respondeu. – Use o banheiro do quarto. Você sabe que o chuveiro é mais quente.

– Obrigada. – falei baixo, e não esperei mais nada para ir em direção a suíte de Peeta.


Notas Finais


Kisses ♥


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