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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 50


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Demorei, mas voltei *-*

Capítulo 51 - Capítulo 50


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 50

Katniss

– Kat. Acorda.

Sentei apressadamente, ao sentir alguém sacudir meu corpo.

Minha respiração estava desregulada, e meu coração batia descompassado no peito. Eu me sentia levemente tonta, e ainda não havia conseguido focar meus olhos agitados em lugar nenhum.

Era como se meu cérebro estivesse por conta própria, sem avisar os outros membros que eles não poderiam fazer nada a respeito.

– Katniss. – a voz insistiu em me chamar, e só então consegui focar em Madge, que parecia preocupada ao me analisar.

– O que você está fazendo aqui?

Perguntei com a voz levemente rouca, quando senti que minha respiração começava a normalizar, depois de passar um tempo em silêncio encarando Mad, que apesar de ainda parecer preocupada, me olhava com paciência.

– Você me disse para tomarmos café. – respondeu. – Eu entrei faz alguns minutos. Estava usando a cafeteira, quando te ouvi gritar. Acho que você estava tendo um pesadelo.

Me movi lentamente, jogando as pernas para fora da cama, e só então senti o quanto o pijama estava grudado em meu corpo.

Passei as mãos pelo rosto, apoiando-as em seguida, na borda do colchão.

Pisquei devagar algumas vezes, tentando me lembrar o que havia me perturbado a ponto de me fazer gritar durante o sono, mas eu não me lembrava de nada, a não ser de muita escuridão, solidão e silêncio.

– É. Deve ter sido. – concordei por fim, e abri um leve sorriso para minha amiga. – Obrigada por ter me acordado. – agradeci, e deixei as solas dos meus pés tocarem o piso.

A frieza do chão, estranhamente subiu por minhas pernas, causando calafrios por todo o meu corpo, mas decidi ignorar.

– Você dormiu bem? – perguntou, enquanto eu já enfiava a cabeça dentro do meu guarda roupa.

– Tirando o pesadelo, dormi sim. – menti, mexendo em meus cabides.

A verdade é que fazia um bom tempo que eu não tinha uma noite tão longa.

Eu tinha desistido de chorar antes mesmo de deitar em minha cama – que a propósito cheirava a Peeta, e eu não havia conseguido me livrar do cheiro, mesmo depois de trocar os lençóis –, porém, nada no mundo me faria deixar de lado a situação.

Eu havia passado quase metade da noite tentando compreender por qual motivo a vida me via como um alvo para coisas do gênero. Na outra metade, eu tentava compreender porque Peeta havia, praticamente, escolhido me magoar.

Com certeza, foi uma soma, que resultou no pesadelo, no pouco tempo de sono que eu tive.

– Vai conseguir trabalhar? – Madge perguntou, no momento que joguei algumas peças de roupa sobre a cama.

– Claro. – eu a encarei. – O que te faz pensar que não? – indaguei, franzindo o cenho.

Madge me analisou, e entortou a cabeça para a esquerda.

– O fato de você parecer doente. – ela se aproximou. – Suas bochechas estão vermelhas, e parece que suou a noite toda.

Ela estendeu a mão para tocar minha testa, mas eu dei um passo pra trás, impedindo-a de me tocar.

– Eu me sinto bem. – falei antes dela, que tinha aberto a boca para protestar. – Deve ser início de uma gripe. A chuva me pegou de jeito ontem. – dei um sorrisinho. – Um banho irá ajudar. – passei por Madge, e caminhei pra fora do quarto.

 

Peeta

Não era como se eu quisesse comer alguma coisa, ou até mesmo sentar sozinho na mesa da cafeteria da escola, por isso, eu estava sentado no sofá da sala dos professores, tentando me distrair com uma revista cientifica que eu havia encontrado sobre a mesa.

Faltava poucos minutos para o sinal bater, por isso, eu sabia que corria o risco de encontrar com Katniss, e esse era o motivo de eu estar ali.

Minha noite havia sido conturbada e exaustiva, e apesar de me lembrar constantemente de sua voz quase me implorando para deixa-la em paz, a necessidade de tentar ter uma conversa civilizada com Katniss não me deixaria sossegar.

– Isso sim é novidade. – a voz de Cashmere me fez erguer a cabeça para procura-la, encontrando-a caminhando pela sala.

Silenciosamente eu a questionei, franzindo as sobrancelhas, claramente confuso com sua frase.

– Você sozinho. – explicou, desviando o olhar para a jarra da cafeteira que ela havia acabado de pegar. – Onde está Katniss? – perguntou, se servindo com café em um copo descartável.

– Alguém falando de mim? – a voz doce e angelical, me fez olhar em direção a porta, enquanto eu sentia meu coração idiota reagindo ao seu sorriso encantador que, estranhamente, era lançado para Cashmere. – Bom dia.

Era impressionante como um término forçado podia mexer com a cabeça dos outros. Era como se eu não a visse há dias.

Ela estava simplesmente linda.

– Bom dia. – Cashmere respondeu parecendo confusa.

Katniss olhou em minha direção, e pude perceber seu sorriso vacilar por um breve segundo, mas ela o manteve aberto.

– Bom dia, Peeta. – ela cumprimentou, andando até seu armário.

– Bom dia. – respondi baixo e quase sem piscar.

– Está tudo bem com vocês? – Cashmere perguntou curiosa.

Katniss terminou de mexer em suas coisas, e bateu a porta do armário, antes de virar para olhar Cashmere.

– Eu estou ótima. – ela respondeu, segurando dois livros contra o peito, e olhou em minha direção. – E você, Peeta?

– Já tive dias melhores, com certeza. – respondi.

Katniss me analisou por poucos segundos, parecendo não saber o que dizer.

– Eu preciso ir. – foi sua resposta, enquanto ela ajeitava sua bolsa no ombro. – Até mais ver, Cashmere.

Ela se virou, e caminhou em direção a saída.

– Está tudo bem entre vocês? – Cashmere perguntou assim que Katniss sumiu pela porta.

Não a respondi, mas levantei com pressa do sofá. Joguei a revista sobre a mesa, e saí da sala dos professores com passos apressados, já sabendo qual direção eu deveria tomar para seguir Katniss pela escola.

Não demorei muito para enxerga-la passando por entre os alunos, com certeza indo em busca da sala do primeiro ano.

– Katniss. – eu a chamei, quando consegui diminuir a distância entre nós, porém ela continuou com seu caminho, o que não me surpreendeu. – Katniss! – repeti seu nome em voz alta, chamando a atenção de vários alunos para mim quando decidi parar de segui-la.

Ela paralisou onde estava, e demorou alguns segundos para virar em minha direção, com um sorriso que eu reconhecia como nervosismo.

Katniss andou até mim, segurando seus livros com tanta força, que deixava os nós de seus dedos esbranquiçados.

– Oi? – ela disse delicadamente ao parar na minha frente.

– Quero conversar com você. – falei em voz baixa.

Katniss olhou ao nosso redor, notando os olhos curiosos sobre nós.

– Tudo bem. – respondeu, voltando a olhar pra mim.

O sinal tocou, fazendo a maioria dos alunos começarem a correr em direção as suas salas.

– Mas agora não é um bom momento. Vou me atrasar. – Katniss disse, pronta para me dar as costas, parecendo aliviada.

– Prometo que serei rápido. – meu tom saiu quase como súplica.

Ela parou o movimento e me fitou. Seus olhos passearam lentamente por meu rosto, antes dela suspirar, e afirmar com a cabeça.

– Onde você vai? – Katniss perguntou quando passei por ela.

– Precisamos de privacidade. – expliquei, já ouvindo seus passos atrás de mim.

– Eu não quero ficar sozinha com você. – ouvi seu murmúrio, quando ela alcançou meu lado direito.

– Prefere ter essa conversa no corredor, onde outras pessoas podem ouvir? – questionei, olhando em sua direção.

Katniss bufou, enquanto caminhávamos, mas não me respondeu.

Ela pareceu surpresa quando abri o armário de produtos de limpeza, porém não se manifestou, até estarmos fechados lá dentro.

– A única coisa que eu te pedi, foi pra você me deixar em paz. – Katniss ralhou comigo, colocando seus livros sobre a prateleira mais próxima. – Será que é pedir demais?

– Claro que é. – retruquei, acendendo a luz. – Você acha que é simples pra mim, ver que eu estraguei tudo com você? – perguntei, olhando em seus olhos.

Ela pareceu engolir em seco, e desviou o olhar.

– Você não pode ter me trazido até aqui para dizer esse tipo de coisa... – Katniss disse em tom descrente, negando com a cabeça.

– Realmente não foi. – respondi, fazendo suas sobrancelhas arquearem. – Eu quero saber se você está bem.

– Como assim? Eu disse que estou ótima. – ela cruzou os braços.

– Eu conheço você. – falei baixo. – Sei que não confia mais em mim, e que provavelmente você prefira me tratar como um estranho, em relação a se abrir comigo. Mas... Eu ainda estou aqui pra você. – Katniss abriu a boca para me interromper. – Eu sei que você não quer que eu esteja aqui pra você. – soltei rapidamente, fazendo-a fechar a boca. – Mas eu estou.

Ela passou alguns segundos me encarando, completamente calada. Seus olhos brilhavam mais do que o normal, mas eu sabia que eram apenas lágrimas que ela lutava para que não se formassem.

Suas bochechas estavam avermelhadas, porém, segundo o meu vasto conhecimento sobre ela, não era por constrangimento.

– Você quer mesmo saber como eu estou? – perguntou com a voz embargada, chamando minha atenção novamente para seus olhos brilhantes, e eu apenas assenti. – Eu estou me questionando se a culpa disso tudo é minha por ter confiado em alguém que eu mal conhecia. – Katniss disse, soltando os braços.

– Mas você me conhece. – dei um passo em sua direção, contudo ela deu um passo pra trás.

Suspirei, e parei onde estava.

– Você queria saber como eu estava, e eu já te respondi. – Katniss alcançou seus livros.

– Não respondeu diretamente. – retruquei.

– O que você quer ouvir? – perguntou em tom irritado. – Que eu passei a noite em claro, chorando por você? Passei a noite em claro sim, mas não foi me afogando em lágrimas. Eu apenas fiquei tentando entender porque você tinha me escondido algo, que eu tenho certeza de que você sabia, que me magoaria quando eu soubesse. Isso me fez duvidar da intensidade dos seus sentimentos por mim. E é por isso que hoje eu estou com toda a raiva que eu não estava ontem. Porque você sabia que me machucaria, e mesmo assim me permitiu ficar no escuro sobre o assunto. Custava me contar quando me conheceu? – questionou, voltando a jogar seus livros na prateleira. – Ou quando sentiu tanta vontade de me beijar pela primeira vez. Até mesmo antes de me pedir em namoro. – ela continuou, gesticulando com as mãos. – Olha só, quantas oportunidades você teve, antes das coisas ficarem realmente sérias entre nós.

– O que você faria se eu te contasse que eu era casado? – perguntei.

– Provavelmente eu não teria me tornado sua namorada. – respondeu sem hesitar. – Assim teríamos poupado todo esse sofrimento.

Afirmei silenciosamente com a cabeça, e franzi a testa, enquanto cruzava os braços.

– Eu só tenho mais uma pergunta pra você. Depois você pode ir embora. – falei, deixando meus olhos atentos em sua feição.

Ela suspirou com impaciência.

– Pergunte. – Katniss disse, voltando a pegar seus livros, parecendo pronta para sair correndo pela porta.

– Você está mesmo com raiva de mim? – perguntei.

Seus olhos vasculharam meu rosto, mas ela permaneceu em silêncio.

– Responde, por favor. – pedi, soltando os braços. – Você está mesmo com raiva de mim? – voltei a perguntar, dando outro passo em sua direção.

Katniss tentou dar mais um passo pra trás para se afastar de mim, mas esbarrou em um grande balde, que armazenava rodos, vassouras e outros acessórios com cabos de madeira. O barulho foi alto, quando tudo caiu pra trás, obrigando-a a parar, assustada. Seus livros caíram, atingindo o chão rapidamente. Seu rosto se voltou pra baixo, e meus olhos captaram o movimento excessivo de seu peito, anunciando que ela estava com a respiração alterada.

– Katniss. – chamei.

Ela ergueu a cabeça, e me encarou. Suas bochechas estavam mais coradas, e seus olhos brilhavam novamente.

– Não. – seu olhar passeou devagar por meu rosto. – Eu... – Katniss suspirou. – Eu não estou realmente com raiva. Eu estou decepcionada, triste e magoada com você. O que nós tínhamos era tão perfeito, que eu parei de pensar que as coisas podiam dar errado, e talvez esse tenha sido meu maior erro. – ela deu um sorriso triste. – Eu não estava nem um pouco preparada para perder você.

– Você não me perdeu, Katniss. Eu estou aqui. – estendi a mão esquerda, e toquei sua bochecha que estava quente.

Katniss fechou os olhos, e deu um meio sorriso, enquanto erguia sua mão para repousa-la sobre a minha.

– Acredite. Eu tentei argumentar sobre isso comigo mesma durante a madrugada. – ela murmurou. – Mas meu coração é teimoso, Peeta. Eu sou teimosa. – Katniss abriu os olhos. – Não conseguiria deixar de lado essa dor que me consome ao lembrar de tudo. Ao ouvir Johanna me contando a verdade, ao invés de você, foi como se tudo dentro de mim desmoronasse. – ela deu uma pausa, e apertou levemente minha mão, antes de obrigar-me a abaixa-la. – Eu não odeio você. Mas também não posso fingir que está tudo bem.

Eu a fitei por alguns segundos, antes de abaixar para alcançar seus livros. Em seguida, eu os estendi pra ela, que os pegou rapidamente.

– Tudo bem. Vou te deixar em paz. – falei, tentando soar tranquilo, mas algo em sua feição mudou levemente, deixando-me confuso. – É isso o que você quer, certo?

– Sim. – Katniss respondeu com pressa, apertando seus livros. – É o melhor pra nós dois.

– Discordo, mas não importa. – falei, sentindo meu coração batendo dolorido. – Só quero que você fique bem. – soltei quase em um sussurro, me aproximando mais dela, que parecia ter ficado em alerta com meu movimento. – E quero que se lembre, que eu sou o tipo de cara idiota, que teria coragem de te esperar pelo resto da vida. – dei um sorriso torto. – E eu vou... Eu vou esperar, porque... Uma vez você me disse que nem o tempo, nem a distância, nem as pessoas ao nosso redor poderiam mudar o fato de você ser minha. E meu coração imbecil acredita muito nisso.

– Peeta... – Katniss murmurou, e pude notar lágrimas marejando seus olhos.

– Shh. – sussurrei, curvando-me em sua direção. – Eu te amo, pequena. E não vou desistir de você. – beijei sua testa demoradamente.

Franzi o cenho, afastando-me um pouco, apenas para observar seu rosto, que ainda estava avermelhado. Antes que ela me repelisse, toquei o local que eu havia beijado com o dorso da mão.

Katniss me observou em silêncio.

– Você parece estar com febre. – soltei em tom preocupado.

– Eu... Tomei toda a chuva de ontem. Estou ficando resfriada. – explicou, afastando a cabeça pra trás para se livrar do meu toque. – Não precisa se preocupar.

Seu olhar havia mudado, como se implorasse para sair dali, e por mais que eu quisesse arrasta-la a força para cuidar dela, eu apenas assenti em silêncio, e lhe dei as costas, abrindo a porta, logo estando do lado de fora.

– Senhor Mellark, o que está...? – a voz de Effie me assustou, por isso virei rapidamente, buscando por ela. – Senhorita Everdeen?

A coordenadora estava pregando alguns avisos em um quadro, que ficava a poucos metros de distância do armário de produtos de limpeza. Ela nos olhava com as sobrancelhas franzidas, parecendo pensar em alguma coisa.

– Não me digam que estavam agindo feito adolescentes dentro desse armário? – ela questionou abismada e em tom baixo, enquanto andava até nós dois.

Katniss permaneceu em silêncio, parecendo lutar com as lágrimas que ainda estavam presas em seus olhos.

– Acredite, Effie. Eu gostaria de estar agindo feito um adolescente ali dentro. – fiz piada, fazendo a coordenadora arquear as sobrancelhas.

– Eu... Eu estou atrasada. – Katniss murmurou. – Com licença. – ela passou por Effie com seus passos apressados, e não demorou nada para sumir de vista, virando para a esquerda.

– Senhor Mellark? – a coordenadora chamou, fazendo-me olha-la. – Está tudo bem?

Suspirei, sentindo meu coração afundar lentamente no peito.

– Nós terminamos ontem. – respondi em voz baixa.

– Oh! Eu sinto muito. – Effie estendeu a mão, e tocou meu ombro como se tentasse me confortar. – Gostava tanto de vê-los juntos.

– Eu também. – falei, dando um sorriso sem vontade. – Mais do que ninguém eu gostava de nos ver juntos.


Notas Finais


Tenham paciência.
Beijos ♥


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