História Obsceno - Park Jimin - Fugir

Num súbito, Sun-hee empurrou o rapaz e saiu dali, sem dizer nada. Seus olhos ainda estavam arregalados e de sua boca saíam ofegos de adrenalina. Park Jimin era demais para ela, sua insistência, seus olhares, sua boca. Definitivamente, mais um minuto ali e Sun-hee não responderia por seus atos.

Com o coração a mil, a garota sentou na cama que pertencia a sua melhor amiga e respirou várias vezes. Seu peito subia e descia com o movimento dos pulmões e quando percebeu, havia adormecido.

 

-

 

-Amiga? Acorda! –Myu sacodia o corpo deitado na cama com certa violência, até que este, finalmente, deu sinal de vida.

-Ah! Finalmente! –Sun-hee se levantou depressa e abraçou a amiga, comemorando por não estar sozinha com aquele cafajeste do seu irmão.

-Dormiu bem? –Indagou aos risos. –Parecia estar exausta.

-Sim. –Disse simples, fazendo uma careta um tanto estranha de curiosidade em seguida. –Mas e aí, como foi com o senhor deus grego Taehyung?

-Não seja ridícula. –Revirou os olhos. –A gente não fez nada demais.

De repente, Sun-hee soltou uma risada alta e irônica, dirigindo um olhar pressionador sobre Myu logo após.

-Myung-hee, trate de contar detalhadamente cada minuto da madrugada de ontem imediatamente!

-Você é realmente muito irritante! –Bufou, sentando na cama depois. –Senta que é muita coisa. –Riu outra vez vendo a colega sorrir de canto.

 

Flashback

Ambas as mãos estavam conectadas ao chegaram à residência. Era uma casa média e agradável, com decorações neutras, bem o jeito de Taehyung.

-Bem-vinda. –O mais alto sorriu ladino e deu espaço para a garota entrar. –Eu não costumo ficar muito em casa, então não admire se ela parecer arrumada demais.

-É linda! –Elogiou, sentindo a presença do garoto perto de si. –Você tem bom gosto. –Sorriu, recebendo um beijo no rosto de volta.

-Então, o que quer fazer? –Perguntou. –Tem filme, jogos, bebida... Se preferir podemos sair por aí.

-Bom, se a escolha é minha, eu quero jogar!

-Certo. –Piscou. –Os jogos estão no andar de cima, eu já volto. –Myu assentiu, vendo Kim subir as escadas devagar.

Seu corpo levemente casado prostrou-se sobre o sofá, até que finalmente o garoto retornou com uma mísera caixinha de baralho.

-Esse é o jogo? –Riu baixinho.

-Na verdade, eu pensei em sugerir algo mais divertido. –Falou pegando-a pela mão e guiando até uma mesinha baixa. –Sente-se. –Apontou para a pequena almofada vermelha no chão, perto da superfície de madeira.

-A brincadeira é a seguinte. –Colocou o baralho sobre a mesa. –Vamos montar uma partida clássica de poker e, se você perder, terá que me dar algo em troca.

-Como assim, Tae?

-Eu não tenho fichas então, esse é meu modo de substituí-las. Mas isso é só se você quiser Myu.

-Bom... –Pensou por alguns momentos, sem tirar os olhos de Taehyung. –Eu aceito. –Falou meio insegura, recebendo um sorriso como resposta.

Cartas íam, cartas vinham. Nenhuma palavra foi dita até o momento em que Kim revelou sua jogada provavelmente planejada desde o princípio. Seu olhar percorreu tortuosamente a mesa até subir pelo corpo de Myu e alcançar seus olhos esverdeados.

-Eu ganhei. –As palavras cortaram os ares até chegarem aos ouvidos da menina.

-E?

-Tem que me dar suas “fichas”. –Seu rosto permanecia sem expressão aparente, apenas esperando pela ação que viria em seguida.

-Mas, eu. –Myu se calou ao finalmente entender do que se tratava o jogo. –Aish..

Sem muita pressa, a garota pôs-se de pé e com certa demora criou coragem para deslizar o claro vestido pelos seus ombros, até que este alcançou o chão. Kim Taehyung abriu a boca por alguns segundos e logo depois sorriu leve. Seus olhos transbordavam a mais pura luxúria e sem pensar duas vezes, disse: - Você é linda sem esse vestido. E deve ser ainda mais sem esse lingerie.

As bochechas de Myu ficaram rosadas, fazendo com que a garota se sentasse rapidamente.

-Continue.

-Tem certeza? –Kim indagou olhando-a profundamente. –Sabe que se perder, terá que tirar isto. –Fez sinal com a cabeça, apontando.

-E se eu ganhar? –Falou firme.

-Daí eu infelizmente terei que tirar minha camisa. –Sorriu malicioso.

-Pegue seu baralho. –Determinada, distribuiu as cartas e iniciou novamente aquele jogo.

 

-É tudo o que precisa saber.

-Safada. –Riu alto outra vez. –Não tem vergonha não?

-Aish, não enche!

-Mas, vocês... é... treparam?

-Que arrogante! –Bateu no ombro da amiga, ambos rindo. –Não lhe interessa ok?

-Ta, ta. –Bufou.

-Bom, e você? Ocorreu tudo bem com a praga aqui? –Perguntou. Sun-hee engoliu seco lembrando-se do que acontecera na noite anterior. Ele ainda estava ali?

-Eu nem percebi que ele estava aqui, para ser sincera. –Riu sem jeito.

-Entendi. –Myu deu de ombros e foi para perto do guarda-roupa, onde pegou uma pequena bolsa. –Vamos sair?

-Claro! –Já se animou. –Para onde?

-Taehyung disse que quer ir almoçar fora hoje. Ele me convidou e eu estou te convidando.

-Está me chamando para ser a vela é isso?!

-Primeiramente, ninguém usa velas durante o dia. Segundamente, nós vamos almoçar, entendeu? Só isso.

-Que seja. –Procurou por alguma roupa e tratou de vesti-la.

 

-

 

Era tarde. O sol brilhava no céu, fazendo com que ambas as amigas vestissem roupas de tecidos finos e o menos calorentos possíveis. As folhas das árvores se remexiam com o vento, consequentemente desprendendo-as de seus respectivos caules.

-Ali está ele! –Myu correu ao encontro do castanho, pulando e o abraçando. –Onde está o carro?

-Logo ali. –Deixou um beijo sobre sua testa, abrindo um sorriso charmoso logo que viu Sun-hee. –Olá Sun.

-Oi Taehyung. –Respondendo vendo o casal caminhar até um carro desconhecido.

Assim que alcançaram o veículo, Kim abriu a porta de trás, permitindo a entrada de Myung e seguidamente, fez o mesmo.

-Vá na frente.

Obedeceu as ordens e abriu a porta da frente, curiosa para ver quem seria o motorista daquele belo carro.

-Boa tarde! –Aquele maldito sorriso outra vez. –Entra.

Engolindo sua alma, a garota se sentou no banco tentando produzir o mínimo de barulho possível e colocou o cinto. Com certa discrição, olhou para o lado e notou que Jimin a encarava com um sorrisinho estampado na cara.

-O que é? –Indagou com uma voz mais rude do que queria.

-Tem uma folha no seu cabelo. –Riu baixo e se inclinou para frente, na tentativa de alcançar o objeto. –Pronto. –Jogou o fragmento esverdeado pela janela e se concentrou em dirigir para o restaurante.

 

-

 

Como se não bastasse terem sentado juntos no carro, Jimin e Sun-hee formaram par no estabelecimento, já que todas as mesas tinham bancos com apenas dois lugares cada.  Aquilo estava se tornando até suportável se não fosse pelo exato momento em que a garota falou a frase mais burra de sua vida.

-Não tem ninguém para me levar em casa hoje.

-Eu te levo. –As orbes negras observaram-na por uns instantes, até voltarem a encarar o prato. –Não tenho mais nada para fazer o resto do dia mesmo. –Deu de ombros e continuou comendo.

Puta que pariu. Foi a única coisa que pensou quando ouviu aquilo.

-Tudo bem para você amiga? –Myu despertou-a de seu desespero interior.

-Ta, pode ser. –Falou com pressa. Ninguém tinha que saber que ela estava quase morrendo por dentro.

 

-

 

O casal proibido desceu do carro, tornando o caminho livre para Sun-hee mudar de lugar. Não aguentava mais aquela pressão de Jimin ao seu lado.

-Juízo Kim Taehyung. –Riu irônico. –Ela ainda é minha irmãzinha. –Viu Myu revirar os olhos e bufar.

-Pode deixar.

-Te vejo depois. –Piscou e ligou o carro.

Seu olhar buscou por Sun, que estava ao seu lado até pouco tempo. Virou-se para trás, vendo a menina encolhida no lado oposto do carro, observando a paisagem fora da janela.

-Tá fazendo o que aí?

-Esperando você me levar.

-Por que não quer ficar perto de mim? –A garota sabia que aquele par de olhos estava te encarando, então nem se atreveu a desviar o rosto.

-Será que você pode ir logo Jimin?

-Tudo bem, senhorita. –Riu soprado. –Só há um problema, eu não faço ideia de onde você mora.

-Eu posso ensinar daqui.

-Não seja teimosa, garota. –Sua voz soou firme. –Venha logo para frente antes que eu. –Sua frase parou nessa exata palavra. Park virou-se para frente de uma vez e esperou que Sun-hee fosse para seu devido lugar.

-Você o que? –Indagou assim que voltou para o banco de origem.

-Por onde eu vou? –Ignorou sua pergunta completamente.

Sem insistir, Sun apenas guiou-o pela cidade até chegar a sua residência. Não houve grandes despedidas, apenas um “tchau” e um sorriso mais que forçado de Jimin.

O que havia de errado com ele?

 

-

 

Semanas se passaram após a trágica tarde com Park. Sun-hee não havia nem se quer o visto desde então. Não era algo para que ela se preocupasse, no entanto, ela se preocupou.

 

[Green Eyes – 13:25]

-Quer dormir aqui?

-Não sei...

-Por que não sabe?

-Ah... É que eu me sinto desconfortável com Jimin aí.

-Ele não está aqui, relaxa.

-Ok. Apareço ás seis.

 

Seria menos uma preocupação para Sun-hee se aquela “praga” não estivesse lá. Definitivamente, ela não queria ter que empurrá-lo outra vez, até porque não sabia se seria capaz de fazer tal coisa de novo.

As horas passaram bem mais rápido do que esperava e, quando notou, estava em frente a grande entrada de um dos melhores condomínios da cidade, ou traduzindo, a casa da sua melhor amiga.

-Pode entrar. –O porteiro, que já a conhecia, sorriu e abriu o portão.

Suas pernas completavam vagarosamente o percurso das escadas e, quando finalmente alcançou a porta, foi recebida pelos gritinhos animados de Myu.

-Achei que não viria mais!

-Foi mal, eu me enrolei com algumas coisas lá em casa.

-Tudo bem. –Puxou-a para dentro do apartamento, já contando todos os inúmeros planos para a noite entre amigas.

Myung sempre foi o tipo de pessoa animada demais, porém nem todas as vezes ela cumpria com suas promessas de diversão noturna. Assim que o filme acabou, seu corpo se dirigiu automaticamente para a cama, sem nenhuma explicação.

-Você tem que banhar, porca! –Bateu nas costas da menina. –Levante-se!

-Aish! Eu estou indo. –Levantou com um bico insatisfeito e foi para o banheiro.

Tranquila, Sun-hee foi dar uma volta pelo grande apartamento. Aquele lugar era grande, por mais que fosse apenas uma pequena porcentagem do condomínio. Seus passos foram se estendendo até chegar ao quarto de Park Jimin, de onde saía um delicioso cheiro de pirulito.

-Praga. –Riu baixinho enquanto observava as peças de roupa jogadas na cômoda.

Um som de “click” foi feito e em seguida, a porta de entrada foi aberta. Alguém havia chegado em casa. Desesperada, a garota correu de volta para o quarto da amiga, lugar onde sempre se escondeu em casos de medo.

Passos preencheram o local, até que uma voz muito bem conhecida por Sun foi ouvida.

-Myung! Cheguei! –Deu algumas batidas na porta e foi para provavelmente, seu quarto.

Assim que o vapor do banheiro alcançou a fresta do local onde a menina se escondia, ela teve certeza de que Myu tinha saído. Com certeza, estava encrencada!

-Voltei. –Sorriu, desfazendo o mesmo assim que viu o olhar matador da colega. –O que foi?

-Por que não disse que ele viria?! Sabe bem que não gosto de ficar aqui com ele presente!

-E você acha que eu gosto? Só não queria que você recusasse por uma besteira dessas, afinal de contas, o que ele pode fazer? Nada! –Colocou suas roupas de dormir rapidamente e se sentou na cama. –Sua vez de banhar.

-Aigo. –Resmungou baixo e seguiu seu caminho, pegando a toalha pendurada na porta.

Estava fora de cogitação ser pega por Park Jimin novamente. Dessa vez, ela seria esperta. Com muita agilidade, correu até o cômodo e fechou a porta ofegante, comemorando mentalmente por ter conseguido “fugir” do rapaz.

Logo, retirou suas vestes e desfrutou de um bom banho, deixando a água fluir em sua pele. Obviamente aquele bendito garoto vagava em sua mente enquanto seus olhos permaneciam fechados. Era incrível como apenas o olhar dele podia a fazer arrepiar. E Sun não podia negar que Park era proprietário de um dos corpos mais sexys que já havia visto e sentido tão perto.

Só havia uma palavra que o definia. Obsceno.