Estava caminhando lentamente rumo a minha escola, por algum motivo aquele dia estava mais frio do que de costume, mas não era por causa disso que eu sentia meu corpo arrepiado, eu nem havia conseguido dormir direito por causa das palavras que vinham com aquele pequeno cartão que acompanhava um buquê caprichado. Meu coração insistia em acelerar a cada vez que eu observava as pessoas ao meu redor, receoso por encontrar aqueles olhos tão conhecidos por mim.
- Bom dia, Bill! – Eu quase levei um susto ao ouvir aquela voz tão repentina vinda de atrás de mim, era de Piedro.
- Ok, eu comprovei que você quer me matar do coração... – Suspirei pesado e ele soltou uma gargalhada baixa enquanto caminhava ao meu lado rumo aos corredores da escola.
- Acho que sei o motivo de você estar assim hoje, a mensagem, certo? – Eu o olhei e ele sorriu de leve para mim. - Eu tinha lido antes de você ir para sua casa...
- Certo, eu estou com um pequeno pavor de fazer dupla com um pirralho audacioso como ele, não aceito isso... – Suspirei cansado e ele me encarou.
- Oras, vamos! Não deve ser tão ruim assim, e outra, ninguém confirmou isso, talvez ele só esteja brincando contigo para ver sua reação, já pensou?
Agora que Piedro falou... Ele pode estar certo! Maldito pirralhos ninjas, mal posso ver seus movimentos!
- Eu espero que não seja isso, não quero ter problemas, sabe?
- Entendo Bill, mas não se preocupe, você tem a todos nós para te ajudar, afinal você é popular, não vai ser um cara feito o Trümper que vai acabar com seu dia, né?
- Você está certo! Qualquer coisa é só me jogar nos braços do primeiro ou primeira que aparecer... – Rimos juntos e aguardamos o sinal bater. Mas novamente um pirralho sorridente veio em minha direção totalmente sorridente, era meu “tampinha”.
- Bom dia Bill, bom dia Piedro! Como vocês estão? – Gabriel me deu seu melhor sorriso, aquele menino tinha um sorriso muito bonito, ele era a alegria em pessoa, acho que é por isso que nos tornamos amigos.
- Bom dia Gabi, estou muito bem, obrigado. – Piedro parecia nem ligar, mas tanto ele quanto Gabriel estavam acostumados.
- Estou bem, e você Bill?
- Levando, mas parece que você está bastante feliz hoje. – Resolvemos todos andar juntos, afinal não poderíamos nos atrasar.
- Sim, estou realmente feliz! Eu tive um sonho muito bom, por isso eu estou mais alegre. – Ele soltou um suspiro e me olhou, tenho até medo de perguntar...
- Certo, certo, bom, eu vou ir pra minha sala, boa aula para vocês! – Piedro e Gabriel sorriram indo para suas salas, enquanto eu ia para minha. Era um dia qualquer como qualquer outro, mas... Por algum motivo eu sentia que tinha algo diferente, será que sou eu? Em alguns instantes a sala foi lotada por alunos e em seguida nosso professor chegou todo sorridente.
As aulas foram tranquilas, mas realmente, tinha algo estranho... Todos estavam mais animados do que o costume... Ou eu estava me auto torturando? Aquele sentimento estranho crescia de uma forma que eu desconhecia, era tão bom e assustador ao mesmo tempo, é como se eu pudesse sorrir e ao mesmo tempo gritar de desespero... Por favor, sei que me acham louco, mas meu coração é tão frágil, tão... Ah... Deixa para lá, suspirei pesado e me apressei para sair daquela sala, eu quase corri. Estava angustiado e não sabia o motivo... Eu ando tão estranho e perturbado que isso realmente está me incomodando.
Pessoas e mais pessoas surgiram de todos os lados, o lado ruim do intervalo é que todos tinham o olhar para mim, os olhares eram sempre os mesmos, desejo, raiva, admiração entre outros, eu amava isso... E odiava também. Resolvi ir para a pracinha da escola, era um lugar calmo e pouco frequentado, eu queria ir lá para pensar, se eu realmente tivesse que fazer dupla com aquele pirralho eu teria que aceitar, de todas as formas eu não quero ficar com notas ruins por causa dele e nem por ninguém, eu tenho meu orgulho. Quando estava quase chegando aconteceu algo que nem se quer podia acreditar... O que eu vi me quebrou todinho por dentro, me fez gelar e paralisar a onde eu estava.
- Tom... Ah... Por favor, pare, se alguém nos pegar aqui? – Uma loira gemia enquanto o pirralho lambia o pescoço e se esfregava nela, ele a pressionava contra a parede e segurava as pernas da piranha.
- Se vierem eles não vão fazer nada, relaxa gata. – Tom sorriu de forma maliciosa e aquilo me fez ferver o sangue de ódio, eu definitivamente não vou fazer dupla com alguém tão nojento feito ele!
- Tom... – A loira fechou os olhos e eu fechei os punhos, eu te odeio pirralho! Peguei meu celular e tirei uma foto de ambos, eles ouviram o barulho e Tom se virou, me olhando totalmente assustado.
- É mesmo, senhor Trümper? Isso resultaria na sua expulsão, seria tão lindo ver isso, sabia? – Sorri irônico enquanto olhava para a piranha, ela estava mais assustada que ele, isso era uma delícia de se ver, meu sangue ainda corria de forma acelerada e minha raiva só aumentava. Em pensar que eu estava realmente gostando dele, me dá um nojo...
- Bill! O que... – Eu o interrompi dando alguns passos à frente, olhando diretamente nos olhos daquela garota, tão assustados, tão nojentos que me dava dó.
- Saia! Preciso conversar com ele, depois vocês trepam em outro lugar. – A garota se arrepiou todinha e empurrou Tom para poder correr, assim que ela saiu eu pude soltar uma risada de deboche, me sentei em uma das mesinhas da praça e o encarei. Sei que ele podia me agredir, podia me xingar ou qualquer coisa do tipo, mas ele somente manteve seu olhar sobre mim.
- Você disse “conversar”? – Ele ajeitou a roupa dele e se sentou no banco a minha frente.
- Se levante, e fique longe de mim! – Ele fez uma pequena careta, mas me obedeceu, sorri de lado ao notar. – Sim, eu disse conversar. Eu odeio garotinhos feito você, senhor Trümper, mas o que eu recebi realmente me perturbou. Pensa que pode fazer dupla comigo, é?
- Eu... – O interrompi novamente.
- Não te dei permissão para tal coisa! Por acaso você me perguntou se eu queria fazer dupla com você? – Nesse momento Tom ficou calado apenas me olhando, virei meu rosto para o lado e me levantei, guardei meu celular no bolso e pude notar que tinha mais alguém ali.
- Bill Kaulitz? – Virei meu rosto em direção daquela voz e vi um cara do terceiro ano, ele também era um dos mais populares da escola, eu sabia disso por que eu o vi algumas vezes e claro, meus amigos também me contavam. Ele tem cabelos loiros meio liso, seus lindos olhos azuis intensos e um perfume que meu Deus!
- Sim, o que foi? – Tom mordeu seu lábio inferior em forma de nervosismo e ficou me olhando, talvez ele tivesse medo de eu falar algo.
- Me perdoe por interromper a conversa de vocês, mas é que o professor mandou eu te chamar, poderia me acompanhar? – Ele estendeu a mão para mim e naquele momento meu rosto corou de leve, me aproximei e segurei a mesma enquanto virava meu rosto para olhar Tom.
- Nossa conversa ainda não acabou, mas vamos adiá-la por enquanto, já pode ir se encontrar com sua namorada, senhor Trümper. – Acompanhei aquele cara cheiroso com meu coração partido, eu parecia ser tão forte, mas na verdade estava tão destruído... Tom ficou para trás e eu apenas acompanhei aquele lindo cavalheiro. Nem tinha me dado conta que o intervalo já havia acabado, acho que foi por isso que o professor mandou me chamar...
- Bill... – Eu abaixei a cabeça de leve e suspirei.
- Me perdoe, eu te incomodei não foi? Eu perdi a hora, foi por isso que o professor Leandro me chamou, não foi?
- Não Bill, me desculpe, mas o professor não me mandou... – Nessa hora eu parei de andar e olhei para ele.
- Não? Então...? O que está fazendo?
- Deixe-me me apresentar adequadamente, me chamo Luke Henri e sou do terceiro ano. O motivo pelo qual eu menti foi para te tirar de perto do senhor Trümper.
- C-Como é? – Engoli em seco enquanto olhava aqueles lindos olhos azuis, eles pareciam tão tristes e profundos, aquilo estava doendo em mim.
- Sabe, somos bastante conhecidos aqui na escola, nós temos um amigo em comum, o Gabriel... – Nessa hora eu suspirei, Gabriel é bastante falador e deve ser por isso que esse cara me conhece.
- Ah sim, muito obrigado por me tirar de lá, o clima estava tenso... – Ele se aproximou e pegou minhas duas mãos enquanto ainda me olhava, aquilo me fez perder uma batida do coração.
- Bill, ontem eu vi que o senhor Trümper mandou rosas para ti, mas... Também vi que ele mandou rosas para aquela garota que estava com ele, e eu realmente não gostei dessa atitude, quando se manda flores para alguém, tem que ser de coração, tem que ter um significado... Eu não podia simplesmente ver ele fazer isso e ficar quieto, pois desse jeito ele vai te deixar confuso. – Ele suspirou de leve e eu o olhei, ele é tão bonito, não entendo como fui gostar daquele pirralho e não dele, que é tão gentil e educado.
- Eu acho que compreendo... Mas não se preocupe Henri, eu e o senhor Trümper não temos nada em comum, eu apenas fiquei perturbado com o que ele me disse no cartão, mas já foi resolvido.
- Então... Por que está chorando, Bill? – Me assustei com as palavras de Luke, eu não estava... Chorando... Estava?
Passei a mão pelo meu rosto e senti algo molhado, eu realmente estava chorando, era algo tão cruel que eu simplesmente não conseguia segurar, me afastei um pouco, mas Luke segurou meus pulsos e me encostou contra a parede, aproximou seu lindo rosto do meu lentamente, me olhando de forma intensa, tão intensa que fazia meu coração disparar feito louco.
- L-Luke, o que está fazendo? – Abaixei minha cabeça enquanto soluçava de leve, Luke soltou meus pulsos e encostou uma de suas mãos na parede, com a outra segurou meu rosto de forma carinhosa e me fez olhar para ele, olhei diretamente para seus lábios, um sorriso carinhoso se formou. Ele não era uma má pessoa, na verdade ele era muito carinhoso, sempre que eu o observava eu via que ele cuidava das crianças da rua, sempre queria ajudar as pessoas da melhor forma possível, mas... Eu realmente era digno de pena?
- Vou te fazer parar de chorar, uma pessoa tão bela como você não pode chorar por um cara como aquele, Bill, por favor, permita-me... – E a cada palavra, a cada passo eu me sentia mais entregue.
- Luke eu... Eu não sei... – Levei uma de minhas mãos até o canto de sua boca enquanto o olhava nos olhos.
- Confie em mim, nunca irei te decepcionar, por favor, Bill...– Eu não conseguia falar mais nada, aqueles lindos lábios com sabor de morango se juntaram com os meus com certa urgência, meus olhos se fecharam automaticamente e meu corpo ficou mole. Aquele arrepio que eu estava sentindo só piorava, era uma mistura de frio com outra coisa que eu ainda não sabia o que era... Eu não queria aquilo, mas eu precisava, eu estava tão destruído que se alguém realmente quisesse fazer algo comigo, conseguiria, mas ele não estava ali para de destruir, pelo contrário, ele estava ali para cuidar de mim, e eu sentia isso.
Passei meus braços ao redor do pescoço de Luke e aprofundei mais aquele beijo, sua mão macia e quente foi envolvida envolta da minha cintura. Era tão gostoso, carinhoso e quente, nossas bocas se moviam de uma forma tão gostosa que eu me sentia um pouco nas nuvens, meu corpo aos poucos foi se aquecendo e aquela sensação ruim desaparecia, quem você realmente é, Luke Henri?
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