História Ódio á primeira vista - A despedida

- S/N!!! O café está pronto!

Odeio quando me acordam gritando, na verdade, odeio quando me acordam...

Olhei para os lados, procurando algo que fizesse sentido, procurando meu rumo, e, depois de alguns muitos minutos, eu finalmente acordo de fato e pego o meu celular... AH QUE DROGA! ESTOU ATRASADA! DE NOVO! JÁ SÃO 7:00!

Levanto correndo, visto a minha calça jeans, que a propósito, eu odeio, porque é desconfortável, enfio uma camiseta qualquer, coloco os tênis, um vans preto, básico, e esse é o resumo do meu estilo. Desço as escadas quase voando, chego até a mesa me sentindo uma corredora profissional, o único detalhe é que eu sou sedentária demais pra ser uma corredora, pego uma torrada e um copo de café, e quando eu estou indo em direção a minha mochila, sou interrompida pela mesma voz que me acordou com berros, a minha mãe:

- Onde a senhorita pensa que está indo?

- Hmm... Pra escola, talvez?

E subitamente, minha mãe cai na gargalhada, deixando-a tão vermelha quanto um pimentão, e eu, mais vermelha ainda, de raiva, pois odeio quando as pessoas dão risada de algo que eu não sei o que é, mas o motivo sou eu, provavelmente, me sinto envergonhada, e são nesses momentos que queremos cavar um buraco no chão e apodrecer lá.

Depois de alguns momentos, ela recupera o fôlego e diz:

- Filha, você não tem aula, hoje é sábado.

- Então por que você me acordou em pleno sábado de manhã?

- Porque tem um vôo marcado pras 09:00, e você nem arrumou as malas.

- Ah... então é isso... Eu não sei o motivo de a senhora me obrigar a ir até o outro lado do mundo só pra estudar um uma escola diferente. Qual o problema da minha escola atual?

- Sua escola atual não tem os melhores professores, os melhores recursos, a melhor estrutura, sua escola atual é a única que eu posso pagar até o momento, mas, essa escola a qual você vai estudar a partir de segunda-feira é uma das melhores escolas e graças a sua habilidade artística que a senhorita ganhou a bolsa de estudos. Se eu estivesse no seu lugar, tiraria proveito dessa situação e absorveria cada gota de conhecimento.

- Tá bom, tá bom... Sim capitã, a senhora que manda...

Depois dessa conversa típica de pensamentos divergentes com a minha mãe, eu tomei meu café e fui para o meu quarto. São em momentos como os momentos em que eu e minha mãe brigamos, que eu sinto falta do meu pai, ele sempre me apoiava em qualquer situação, ele morreu há dois anos, em um acidente de carro, desde então, somos só eu e a minha mãe.

Enfim, chega de ficar pensando, tenho que arrumar as malas.

Enquanto eu nadava naquele mar de roupas, sapatos e preguiça, recebi uma mensagem da minha melhor amiga, Savana:

"Hey S/N! Como estão as coisas! Sei que você ainda nem saiu da cidade, mas já estou com saudades. Topa tomar um: sorvete antes de ir? "

"Claro que sim! Pode ser 08:30?"

"Combinado"

Corri contra o tempo pra arrumar as malas, fui até o banheiro, escovei os dentes, arrumei o cabelo, passei o rímel nosso de cada dia e desci as escadas.

Minha mãe já estava me esperando com lágrimas nos olhos e um pacote na mão.

- Ihhh alá! A senhora está chorando? É isso mesmo?

- Não estraga o momento.

Caímos as duas numa gargalhada misturada com um choro.

- Isso aqui é um presente meu. Se você perder, eu te mato.

- Obrigada, eu não vou perder não, tenho amor à vida.

Quando abri, vi um colar com um pingente de uma paleta de pintura e um pincel, o que era, definitivamente, minha personificação em formato de colar. Agradeci mais uma vez, pendurei o colar no pescoço, abracei minha mãe e sai.

Fui caminhando até a sorveteria e lá estava a famosa Savana, a garota swag, sentada na mesinha de sempre.

- Hey hey Sa!

- Olha aí a garota da vez! S/N!

Me juntei a ela e antes de dizer qualquer coisa, ela se ajeitou na cadeira, pegou um microfone imaginário e começou seu questionário:

- Como está se sentindo com tudo isso?

- Com sono e com fome.

- Quais são as expectativas para a nova escola?

- Não tenho expectativas.

- Você está indo para o segundo colegial, é isso mesmo?!

- É isso mesmo.

- CADÊ A EMPOLGAÇÃO NESSA MERDA?!

- Ah, desculpa, eu só não tô muito animada, meu objetivo é passar despercebida, ser como um fantasma, não passar vergonha, não ser muito conhecida, tirar notas na média e ir pra faculdade.

- Caralho, se empolga! Não tenta passar despercebida! Se joga! Curte a juventude! Você só tem 17 fucking anos!

- Ta, ta...

-Vamos escolher os sorvetes.

- PUTA MERDA! Eu to atrasada! São quase 09:00!

- E lá vai S/N, correr como sempre. Hahaha

- Obrigada por tudo! Agora eu tenho que correr!

- Tchau tchau, a gente se vê qualquer hora!

Correndo, como sempre, eu cheguei no aeroporto á tempo do embarque.

Me acomodei confortavelmente em uma poltrona e dormi. Só espero me dar bem com essa nova cidade, com esse novo começo.